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A consciência histórica do Cristianismo

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segunda-feira, 11 de março de 2013

XXXVIII - Aspectos da vida de Jesus > Relações sociais






Durante o tempo em que floresceu a sublime personalidade do Filho de Maria, a organização social era marcada por uma rigidez monololítica.

Havia um ideal abstrato ou metafisico de sociedade que ia do país a família, ideal fundamentado sobre as concepções e crenças religiosas predominantes.

As pessoas ou grupos que não se encaixavam neste padrão eram automaticamente excluidas das relações sociais por todas as pessoas respeitáveis ou como se diz hoje pelos 'homens de bem'.




O homem de bem era antes de tudo homem, e não mulher; era já adulto e não criança; era heterosexual e em hipótese alguma 'homo'; era proprietário e não pobre; era são, e não enfermo; ortodoxo e não cismático ou samaritano...

Mulheres, crianças e trabalhadores manuais eram encarados como seres de categoria inferior e comumente desprezados.

Os homossexuais proscritos e sujeitos a pena capital; os samaritanos odiados, os leprosos encarados como punidos pela mão divina, as prostitutas e cobradores de impostos ostilizados pelo populacho.

Nenhum fariseu ou escriba ousaria sequer tocar um dos elementos acima e no caso de toca-los buscaria purificar-se de imediato oferecendo sacrificios e hóstias de carne no templo de javé.

Determinava a boa regra e norma que se mantivesse distância de tais rebotalhos humanos.

Ainda hoje há quem encare preconceituosamente a mulher, o homossexual, a criança, o operário, o estrangeiro, etc Imaginem então naquelas priscas eras!!!

Segundo a ótica dos fariseus Jesus não era um homem de bem ou um judeu respeitável.

Pois frequentava os círculos que eles abominavam e relacionava-se com as pessoas que eles odiavam.

Efetivamente o Redentor ignora as peias fixadas pela cultura hebraica e viola-as sucessivamente, uma após a outra; como autêntico revolucionário ou iconoclasta que nada respeita.

Até parece que ele desejava exasperar a consciência honesta dos fariseus procurando relacionar-se com tais elementos...

Então entre a mente do aluno de Gamaliel: Paulo de Tarso, e a mente divina de Cristo há um abismo.

O 'fariseu filho de fariseu' apresenta a mulher como inferior ao homem, determinando que lhe seja submissa e fechando-lhe os oficios da igreja.

Jesus no entanto vivia cercado por mulheres e não receia de palestrar com Marta e Maria a respeito dos mistérios divinos. Embora os fariseus proibissem já o rebento do sexo feminino de aprender a lei sagrada de Moisés!





A lei vedada igualmente que um homem conversasse a sós com uma mulher. E damos nós com Jesus a informar um prostituta samaritana sobre os mistérios divinos!!!

E recebe Madalena no círculo dos apóstolos, de modo que a igreja Ortodoxa até hoje apresenta-a como como 'mulher pertencente a grei dos apóstolos'!!! E ao ressuscitar manifesta-se primeiramente a duas mulheres: sua abençoada Mãe e Maria Madalena, a qual incumbe de comunicar o evento aos apóstolos!!!

Todo cercado pelo elemento feminino que o segue e serve fielmente não se vê como o Mestre amado podia nutrir os mesmos preconceitos que Paulo e encarar a mulher como ser de natureza inferior, destinada a submeter-se ao homem. Não, os atos de Nosso Senhor, seus gestos, seus exemplos, sua suna, mostram que ele encarava homens e mulheres como perfeitamente iguais e capazes!!!

Assim Jesus desfere rude golpe sobre as pretenssões machistas acalentadas pelos mestres de israel e expõe seus flancos a reação...

Se a mulher era tida em semelhante conta, imaginai então a condição da prostituta???

Condenadas a morte pela lei viviam elas miseravelmente. Não era israel uma Hélade em que hetairas como Aspasia e Lais arrebatassem os espíritos e grangeassem a admiração...

Destarte aqueles que deitavassem com elas envolvidos pelas sombras da noite afetavam despreza-las logo que a luz do sol nascesse...

Jesus no entanto apresenta-nos tais mulheres entrando no Reino eterno antes dos rabinos, padres, pastores, etc e outros tantos que prostituem seus conhecimentos...

Ele sabe que muitas vezes a infeliz pratica o ato sem vontade ou com um elemento degenerado; só para obter algumas moedas com que alimentar os pais idosos e enfermos ou um filho ilegitimo...

Então quando levam apenas a mulher, a Madalena; para ser apedrejada, ele vai escrevendo na areia os nomes de seus parceiros do sexo masculino e revelando a hipocrisia deles...

Assim Jesus denuncia a iniquidade deles e expõe seus flancos a reação.






Também a criança recebia seu quinhão naquele tempo.

E até o 'Emílio' de J J Russeau teve de recebe-lo afetando comportar-se como um adulto em miniatura. Renunciando até mesmo aos encantos do lúdico, encantos que lhe são próprios.

Mesmo os apóstolos pareciam partilhar deste vezo. Assim quando as mãe levavam as criancinhas para que fossem abençoadas pelo divino Mestre, procuravam eles espanta-las como se fossem seres isentos de qualquer importância.

Jesus no entanto replica e declara: Deixai que a mim venham as criancinhas, não as impeçais!!!

Prova de que o Senhor não nutria qualquer prevenção a respeito delas e sinal de que não gostaria de ve-las surradas a vara como animais!!!

Ainda aqui Jesus expõe os flancos a reação!!!




Aos trabalhadores manuais, agricultores e campesinos tratavam os fariseus por 'gentinha da terra' ou por 'galileus malucos' bem no estilo da melodia 'Caneta e enxada'.

Como parte deles não soubesse ler e ignorasse a elevada ciência da Torá, eram comumente descritos como 'povo amaldiçoado'...pelos escribas.

Escriba ou fariseu algum ousaria entabolar relação com tal tipo de gente.

Jesus no entanto toma por alunos um grupo de pescadores que fediam a peixe.

E não recusa aproximar-se desta gentinha vulgar desprezada pelos mestres e doutores de israel.

Até declarar que 'Os mistérios do Reino foram destinados aos humildes e não aos ricos e poderosos.'

E dizer que veio: 'Anunciar a boa nova aos pobres.'

De fato ele não viveu a sombra de Anás, Caifas, Herodes, Pilatos, Hilel, Gamaliel, etc brilhando nos salões. Mas na companhia do Simão, da Hannah, do Judas, da Noemi, do João, da Lídia, do Davi, etc foi com tais pessoas de origem obscura que ele viveu...

Aqui, mais uma vez Jesus expõe seus flacos a reação e vai completando a medida até transbordar...





Parece no entanto que Jesus gostava de desafiar ou seja de provocar seus desafetos, os fariseus e escribas.

E por isso tomo por discipulo ao menos um publicano ou seja um cobrador de impostos, que colaborava com a máquina imperialista de Roma e que por isso mesmo era odiado pelos patriotas e detestado pelos fariseus.

Mateus no entanto é recebido no colégio apostólico e o divino Mestre recebido a casa de Zaqueu...

Daí murmurarem os piedosos: Se le fosse verdadeiro profeta não entraria na casa de um publicano i é de um excomungado.

Jesus no entanto redargue com sabedoria e doçura: Não são os sãos mas os enfermos que carecem de tratamento.

Mostrando que veio para corrigir e educar os pecadores e não para massagear o ego daqueles que se julgavam virtuosos. E com quanta indulgência não julgam os homens a si mesmos!!!

Jesus no entanto esta decidido a romper todas as barreiras do preconceito e a demonstrar que é de fato um homem póstero, para muito além de seu tempo.






Assim sendo ele viola mais uma vez a lei dos judeus e toca o leproso que se ajoelhara diante dele para purifica-lo.

Os leprosos no entanto despertavam tanta repulsa nos homens daquele tempo que mal apontava algum deles a cem metros e já todos fugiam apavorados...

Comumente eram tais homens, inda que doentes; vistos como castigados por Deus e odiados por ele; o que tornava sua condição ainda mais díficil.

Jesus no entanto parecia não temer ir na direção deles, ouvi-los, toca-los e conceder-lhes a cura. Jesus não fugia dos leprosos, acolhia-os.

E também aqui caminhava em sentido contrário ao dos 'justos' segundo aquela sociedade.

Medida por medida ia o divino Mestre destruindo a paciência dos líderes religiosos da tribo de Judá. E nada fazia com que ele parasse...






Grande espanto deve ter causado entre o povo judeu saber que Jesus havia tratado amigavelmente com um centurião romano.

Já por ser romano e como tal vil escarro em comparação com os 'filhos predestinados de Abraão' não costumavam os rabinos ortodoxos receber semelhante tipo de gente ou dar-lhes atenção.

E no entanto o Verbo divino diz a ele: Eis que vou a tua residência e curo teu 'amigo'.

Acontece que aquele 'amigo' era mais do que um amigo; correspondendo ao éfebo ou amante que os militares gregos e romanos costumavam levar as campanhas e provincias.

Estamos pois diante de uma relação homoerótica e Jesus tem a sua frente um 'invertido'... que lhe impetra a cura do parceiro...

Por isso que o homem, sentindo-se constrangido, alega: Não sou digno para que entres em minha residência porque segundo vossa lei sou homem pecador. & e completa:

Mas como eu costumo dizer a meus subordinados: vai faz isto, vai faz aquilo; caso digas uma só palavra o meu servidor querido será salvo.

Como qualquer rabino ortodoxo poderia Jesus ter atalhado: Vai-te embora sodomita! Pois tanto tu quanto teu servo estais destinados aos tormentos da geena!

Malafaia e Feliciano não usariam outras palavras com que molestar o pobre homem.

Jesus no entanto procede de modo diverso.

Pois ao contrário dos rabinos, papas e pastores diz e declara: Fé igual jamais vi na casa de Israel.

E concede aquilo que o centurião pagão lhe pedira curando seu amante.

E demonstrando que não leva em consideração detalhes insignificantes como a opção sexual da pessoa, a idade, o gênero, a condição social, etc mas apenas e tão somente o cárater, a virtude, a pureza de intenções.

Apenas os fariseus de ontem e hoje preocupam-se obcessivamente com o corte das roupas, a dieta, a posição ou as preferências sexuais, etc como se tais coisas fossem objetos da religião verdadeira e divina. Cujos principios e valores são a justiça, a honestidade, a alteridade, a justiça, a fraternidade, a paz, o amor, etc Tal a religião do céu ou divina, revelada por Nosso abençoado Mestre.




E como fizesse parte de sua missão verter a última gota dágua no gomil e ferir ao máximo a suceptibilidade dos fasos mestres, fiel a sua missão, o Senhor não hesitou em introduzir um 'herético' ou cismático no Reino dos céus.

Dando por certo, que apesar de sua importância, a correção ou Ortodoxia doutrinária, não pode ser posta a frente da caridade; que é a pedra de toque da verdadeira religião.

De fato todos os sistemas que precederam o Evangelho preconizaram a doutrina.

Jesus no entanto, apesar de ter vindo com a missão de ensinar e revelar a verdade, faz questão de esclarecer muito bem que, em que pese o imenso valor da doutrina, nem por isto esta ela acima do bem ou da caridade; virtudes que sobre a instituição Cristã exercem absoluto primado.

Antes de desejar saber em que o cidadão acreditava, o Mestre amado deseja saber que fez ele com relação a seu próximo, irmão ou semelhante.

Daí asseverar que o Sacerdote e o levita; que deixaram de socorrer o homem ferido não eram dignos do Reino eterno apesar de estarem perfeitamente cônscios quanto a verdade doutrinal. E suster que o odiado samaritano, mesmo isento da verdade religiosa em sua integralidade, agirá como filho do Reino.

E merecer o ódio eterno por parte dos fariseus e de todos os judeus ortodoxos...

Como mereceria ainda hoje o ódio de muitos caso suas preferências fosse reveladas tal e qual encontram-se registradas no Santo e divino Evangelho.

Eis porque cobriram o rosto divino de Jesus com a máscara de Paulo, discipulo de Gamaliel. Para poderem apresenta-lo como um homem 'normal' ou seja como partidário de todos os preconceitos de ontem e hoje.






Desde então iniciaram os homens a grande mentira e escandalosa farsa de apresentarem um Jesus reacionário ou conformista: machista, homofóbico, puritano, etc

E criaram falsos jesuses a imagem e semelhança deles mesmos.

Tal o Jesus de Calvino, de Spurgeon, de Mc Intire, de Malafaia, de Feliciano, etc

Jesus mais fariseu do que os fariseus e patriarca dos hipócritas.

No entanto Jesus violou todas as regras de conduta daquele tempo, agindo como autêntico revolucionário.

Na medida em que posicionou-se a favor dos direitos de todas as minorias detestadas e persseguidas.













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