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A consciência histórica do Cristianismo

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quinta-feira, 14 de março de 2013

XLVI - Saboreando o sermão da montanha - Seu significado




Quase todas as teofanias da antiguidade tiveram lugar no alto de alguma montanha.

Foi entre as montanhas do maciço central da Pérsia que o mitico Zarates ou Zaratustra encontrou-se com Ahura Mazda, no alto de uma das sete colinas de Roma Numa recebeu as 'tradições'... referem-se as mais vetustas inscrições sumerianas a 'montanha dos deuses' e sobre o 'Olimpo ampliselvoso' habitavam os imortais da antiga Hélade.

Onde não haviam montanhas de verdade erguiam os mortais Zigurates, piramides, estupas, piramides escalonadas, etc em memória da morada dos deuses.

Eis porque o legislador dos hebreus sobe ao Sinai para conferenciar com o rude javé e dele receber as tabuas da lei.

Também Eliha, o grande profeta; sai em demanda da presença divina e ruma para as montanhas onde javé se lhe manifesta.

O próprio templo de Jerusalem, como todos os santuários israeliticos, fora construido sobre um lugar alto, ou seja, o pico do monte de Moriah; ao qual a tradição vinculava o sacrificio de Isaac, filho de Abraão.

Estar na montanha significa estar mais próximo do transcendente e do divino. Estar na montanha significa estar face ao sagrado e ao numinoso.

Sobe o corpo ao cume da montanha enquanto a alma assoma presença divina, diz com propriedade Origenes.

O éco duma tradição vetusta punha na boca do mítico Moisés estas palavras: O Senhor suscitara futuramente Legislador parecido comigo, deveis dar ouvidos a ele e quem não der será cortado do povo.

Destarte, qual novo Moisés, qual novo Mestre e legislador, qual novo vidente e profeta, cônscio de seu dever, sobe Jesus a montanha e do alto duma elevação ministra seus ensinamentos, a saber, a nova e eterna lei, o novo e perpétuo decalogo, a boa nova da salvação.

O decalogo fora de fato construção precária.

Na medida em que comporta normas, decretos e regulamentos.

Mas o novo Decalogo é construção sólida e perfeita, e inabalavel.

Porque comporta principios e valores; cuja natureza é imperecivel.

O decalogo busca punir a manifestação ou resultado. Após a ação ter sido cometida.

O sermão da montanha vai até a fonte ou raiz do problema, tendo em vista impedir que a ação seja cometida.

Ali se castiga; aqui se evita. A ação do decalogo se faz a posteriori, a do Sermão da montanha a priori...

O decalogo tem em fóco o delito ou o crime; o sermão da Montanha somente atinge a condição humana.

A lei dos judeus é obra de homens sábios e tributária doutros códigos elaborados por outras culturas.

A lei de Jesus Cristo é obra do Verbo, de Emanuel, do Deus encarnado e procedente do céu.




Diante disto não há como deixar de pasmar quando tomamos a consciência de que a Instituição Cristã permaneceu agrilhoada ao decalogo, i é, a lei de Moisés, fazendo muito pouco caso e prestando muito pouca atenção as sublimas palavras e ensinamentos ministrados por Jesus Cristo sobre o monte.

Como Cristãos de fato somos muito mosaicos... e como gentios bastante judeus ainda...

Agora veja só com que gula citam os 'estudantes da Bíblia' mesmo ortodoxos e romanos; as frioleiras do antigo testamento, o livro do apocalipse, a carta aos romanos, etc, etc, etc até mesmo outras palavras de Jesus... enquanto o sermão da montanha fica obscurecido, menosprezado, ignorado pelo público em geral.

Quão pouco teem os 'cristãos' lido, estudado e cogitado a respeito do 'coração do Evangelho'...

E no entanto: da 'Bíblia' o Novo Testamento; do Novo Testamento o Evangelho e do Evangelho o Sermão da montanha... não há como fugir a esta lógica segundo a qual o filé das escritura, sua parte mais nobre, elevada e importante é o sermão da montanha.

Diante do caviar permanece o homem comendo bolotas e diante da água pura, cristalina e viva; abrindo poços de água salobra...

Diante do tutano ou da medula optam os cristãos por canja e perante o vinho novo generosamente oferecido por Deus preferem água de flor de laranjeira...

Diante da luz vivificante escolhem a sombra, a realidade preferem a figura, a coisa em si preferem o simbolo, ao cumprimento opõe o vaticinio!!! Como amam os homens as dificuldades e obscuridades...

Mas fogem e recuam esbaforidos diante das palavras divinamente claras do Redentor.

No frigir dos ovos Jesus continua sendo o que sempre foi: persona nom grata' ao menos para grande parte dos cristãos nominais; embora estes tenham-no elevado a categoria de 'deus'; talvez para desencargo de confiança.

Triste é constatar que alguns tenham feito barganha e optado por adorar aquele que de modo desejam obdecer ou imitar. No entanto apesar de ser mesmo Deus verdadeiro pelos séculos, Jesus prefere certamente que obedeçam-no e imitem-no ao invés de buscar lizongea-lo com louvores dos quais ele não precisa nem sente falta. Assim a má consciência de uma Cristandade farisaica encontra certo alivio prestando culto de adoração aquele que sistematicamente trai e apunhala pelas costas.

Agora veja só os homens malvados prostram-se diante dele e erguem-se com o coração repleto de ódio para com seus semelhantes!!!

A maioria de nós não esta preparada para dar com o Salvador face a face no sermão da montanha.. dai os continuos recursos a Moises, David, Salomão, Paulo, etc Homens cujo ideal vulgar esta bem mais próximo do nosso. O ideal apontado por Jesus no entanto...

Por isto evitamos ler, estudar e compreender o sermão da Montanha. Melhor ler as ameaças do Apocalipse... que afagam nosso instinto de destruição e de vingança.

A leitura do Sermão da montanha não. Produz desconforto, constrangimento, humilhação; na medida em que denuncia nosso comodismo e a superficialidade de nossa vida religiosa.

Afinal quantas de quantas bem aventuranças somos dignos???
Apesar disto tens no Sermão da montanha e não no decalogo, no apocalipse ou na carta aos romanos, a tua carta magna.

O código divino que deveria regular toda tua existência.

Então compreenda muito bem amigo leitor, leitor amado; que o Cristianismo só florescera novamente e só recuperara sua dignidade quando este sermão for lido, conhecido, posto em prática e vivido! E que disto depende a salvação da República Cristã.

Não há outra solução ou caminho: ou o sermão da montanha ou a morte.

Ele é o sopro de vida capaz de vivificar e de ressuscitar as Cristandades históricas e apostólicas.

Desejais a paz e o bem estar da Igreja, sua prosperidade e avanço? Principiai cumprindo o sermão da montanha e demonstrando que sois Cristãos de fato, conscientes, militantes... e não cristãos de mera fachada, acomodados...

Lamento que não haja solução de compromisso entre o presente sistema de coisas e o Belo Sermão. Algo deverá acomodar-se e não julgo que Deus deva faze-lo. Então se algo deve ceder é a estrutura falaciosa deste nosso mundo.

O Sermão da montanha. Ele é o antidoto, o soro, o contra veneno e o remédio de que a consciência Cristã precisa neste momento para reconciliar-se com seu Senhor.



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