O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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terça-feira, 5 de março de 2013

O tempo e o espaço da Encarnação...

Uma das perguntas mais frequentes com que se objeta o mistério da encarnação diz respeito ao tempo e ao lugar em que o Supremo Senhor se fez homem: a Palestina e cerca de 2000 anos atrás.

Porque teria ele esperado tanto tempo para associar-se a nossa condição, permitindo que tantos e tantos seres humanos vivessem e morressem privados de sua graça e doutrina durante o espaço de no mínimo quatro mil anos a contar do surgimento da escrita. Isto sem mencionar as centenas de milênios precedentes...

Lapso de tempo tão grande que tem levado muitos críticos a classificarem o mistério como tardio e a descrever o Supremo Senhor como lerdo ou desleixado.

A segunda questão consistem em perguntar porque o Supremo Senhor, caso desejasse ser crido e conhecido pelas multidões de seres humanos optou por nascer na insignificente e obcura Palestina e não num dos grandes centros urbanos mundiais como Roma, Atenas, Antakia, Skandaria, Pataliputra ou Chang an??? Porque motivo teria ele nascido e vivido nas proximidades dos desertos e montanhas da Galiléia e Judéia; paragens demasiado inóspitas mesmo no tempo presente??? Bom lugar para se ocultar e esconder - dizem os críticos - péssimo para se manifestar.


Em verdade tais questões tem sido lançadas desde os primeiros séculos.

Pelos apologistas pagãos como Luciano, Celso, Porfírio, Hierocles, Jamblico, Juliano, etc e repetidas, desde então por todos os adversários da instituição Cristã, sejam rabinos, ulemas ou livre pensadores a partir do iluminismo. Todos tem exigido as razões da nossa esperança neste sentido e ridicularizado nossa doutrina.

A uns e outros, sejam ateus, materialistas, incrédulos ou infiéis, convem dar a competente resposta e demonstrar que nossa fé, ao contrário do que dizem e pensam eles e do que sustentam os sectários miseráveis, não é cega; mas esclarecida pela luz natural da razão.

Quanto ao tempo da Encarnação do Senhor devemos considerar dois elementos:

  1. Sua missão, de natureza ética ou moral que consiste em aniquilar a maldade, o vício, o crime, o pecado e iniquidade, estabelecendo aqui mesmo nesta terra o Reino da virtude e a lei universal do amor.
  2. As condições puramente naturais que viriam a assegurar o mais completo sucesso ao plano divino.

No que diz respeito ao primeiro iten é bastante provável que o Senhor tenha aguardado o mal disseminar-se e atingir o máximo de maturação possivel com o objetivo de iniciar sua destruição.

Da mesma maneira como os médicos do corpo aguardam muitas vezes o desenvolvimento duma determinada moléstia até certo ponto para só então iniciar a terapia.

Assim com a catarata ocular que costuma ser operada apenas quando atinge determinado gráu e não antes.

Esperou o médico divino até que a enfermidade tomasse conta de todo corpo e que os tempos se tornassem mais dificeis para só então iniciar o processo curativo, e assim; quando todas as esperanças estivessem já perdidas manifestar seu poder e sua habilidade.

Parece que o Salvador esperou para entrar no mundo as vésperas da suprema crise social que viria a assolar os fundamentos das sociedades mais avançadas a ponto de destrui-las por completo.

Parece ter esperado a falência da ciência e da Filosofia, para só então ministrar o remédio sobrenatural da graça divina.

Parece ter esperado a derrota de Sócrates, Mo tse, Aristóteles, Arquimedes, Hipócrates - esmagados pela fúria insana do neo platonismo - ou seja dos homens mais ilustres e preparados; para intervir.



Já no que diz respeito ao segundo iten, devemos considerar que aspirando pela manutenção de sua doutrina, deveria o Verbo, aguardar a invenção ou descoberta da Escrita. Pois sob a tutela duma tradição meramente oral, a manutenção da mesma doutrina em termos de incorruptibilidade seria impossivel.

Portanto a condificação do Evangelho esteve na dependência do surgimento da Escrita.

Quanto ao mais, já fornecemos a explicação necessária no primeiro iten.

Podemos o entanto adicionar uma outra hipótese de certa relevância.

A qual diz respeito a 'pax romana' implantada por Augusto.

Durante quase todo reinado de Augusto e mesmo durante as década subsequentes, esteve fechado o templo de Jano...

Isto signfica que os romanos não estavam ocupados em guerrear ou em expandir o Império; mas em conservar a paz. Mormente após a desastrosa vitória de Varro em Teutberga.

Já então, como dissemos haviam os romanos fechado o círculo do Mediterrâneo, a ponto de chamarem-no 'mare nostrum'.

E tendo em vista facilitar o deslocamento das legiões e dos produtos, a semelhança do persa Dário, investiram na criação duma vasta rêde de estradas que ligasse os pontos mais remotos do império ou seja do pais de Gales ao Sudão, do litoral da Espanha ao Eufrates...

Juntamente com este complexo viário, estabeleceram os romanos um considerável 'aparelho' marítimo, ligando os principais portos do Mediterrâneo e tendo em vista garantir o fornecimento de trigo enviado pelo Egito e pelo Norte da África partindo dos portos de Skandaria e Cartago. Gigantescos navios capazes de transportar até meio milhar de seres humanos, singravam o 'mare nostrum' ligando as principais cidades: Cartago, Skandaria, Cesaréia, Antakia, Atenas, etc a capital Roma.

Destarte estavam os transportes garantidos com máxima eficiência tanto por terra quanto por mar favorecendo ao máximo a comunicação e difusão de novas idéias e crenças. Não menos notável eram os meios de comunicação de que estava provido o Império e sua rêde de correios, a qual permitia efetivo contato entre as comunidades mais dintantes.

Naturalmente que tais meios de transporte e comunicação redundaram para o máximo proveito da fé Cristã e para a disseminação da boa nova entre os povos e comunidades de todo Império.



Quanto ao porque do Senhor ter escolhido nascer entre os judeus da obscura Palestina, certamente que muito preocupa os negros africanos, os indigênas americanos e os asiáticos do extremo oriente. Com razão murmuram os chinezes a respeito do porque 'Deus não se fez chinês' uma vez que atualmente, constituem eles a maior parcela do gênero humano.

No tempo em que o Salvador manifestou-se porém, o Império romano - que formava uma Unidade - superava em termos populacionais o Império Chinês.

Ainda aqui devemos convir que o Salvador deva ter escolhido a parte mais corrompida do sistema para intervir, no caso o império romano.

Pois não são os saudáveis mas os enfermos que precisam de médico.

Talvez os negros, indigenas americanos e asiáticos, desfrutassem de condição mais saudável em termos de principios e valores. Então eles não foram vizitados não por serem inferiores, mas justamente por serem - ao tempo da Encarnação - moralmente superiores aos romanos e hebreus.

Desejando Jesus atacar o fóco da contaminação, manifestou-se no império romano.

Seja como for, caso consideremos que as diferenças existentes entre as diversas raças são apenas superficiais, externas e aparentes; e que de modo algum afetam ou comprometem a Unidade da espécie humana devemos concluir que ao fazer-se judeu, Jesus se fez homem e como homem: grego, africano, amerindio, chinês, nipônico, etc Todos os tipos, formas ou raças foram assumidos pelo Verbo divino.

Devo agora responder aqueles que aludem a obscura judéia ou a palestina, isto é a parte do Império romano escolhida pelo Verbo para aparecer aos mortais.

Neste ponto devemos considerar que ao tempo de Augusto Cesar o único grupo humano que havia exposado majoritariamente o sistema monoteista eram os judeus.

Pois enquanto na Judéia até os elementos mais degradados pertencentes as massas incultas, faziam galas a respeito da Unidade do Supremo Ser, na China, na India, em Roma e mesmo na metrópole mais ilustrada da terra: Atenas; o monoteismo predominava apenas entre as elites ou seja entre os letrados; entregando-se o povo como um todo ao politeismo mais grosseiro, a idolatria mais degradante e a superstição fetichista. Não encontrando qualquer éco entre eles as exortações de um Sócrates, de um Platão, de um Aristóteles, de um Diagoras, de um Evemeros; face as quais mantinham-se completamente surdos, prestando culto a milhares de entidades inexistentes e assim, praticamente ignorando o Supremo e Infinito Ser, o qual para ser Supremo e infinito de fato deve ser necessariamente Um.

Em Roma como refere Agostinho seguindo Varrão, o povo rezava para o deus da porta, do trinco, da fechadura, da chave, dos batentes e do dintel... As deusas nutrizes eram 'tão poderosas' que uma impedia a criança de cair, outra fazia engatinhar, outra andar, e assim sucessivamente...

Jesus no entanto não desejava apresentar-se como um entre milhões, isto é como ser limitado por outros tantos seres; mas como o ilimitado, infinito, eterno, perfeito e único. Destarte a doutrina inculcada aos hebreus até certo ponto facilitava-lhe o trabalho... mesmo se temos em vista a cruz, porque a cruz foi como que o palco do Verbo.

Portanto se o Divino Mestre aspirava por padecer e morrer; os hebreus estavam dispostos a dar cabo de qualquer mortal que se apresenta-se como Deus. A lei deles era bastante clara a este respeito determinando que os blasfemadores fossem supliciados...

Em Grécia e Roma, apresentando-se como 'deus' ou seja como mais um 'deus'; seria Jesus, muito provavelmente inserido no panteão gentílico - tal e qual Alexandre de Abotonica e Apolônio de Tiana - emprestando mais forças a este falso sistema e morrendo na obscuridade da paz. Foi exatamente assim que os hindus fizeram frente, primeiro ao budismo e em seguida ao Cristianismo, deificando primeiro Buda e depois Jesus Cristo e inserindo-os em seu panteão...

E assim budismo e cristianismo perderam suas forças no vale do Indo.

Tal o futuro da mensagem divina se comunicada aos pagãos dentro de seu sistema politeista. Num primeiro momento Jesus seria apenas mais um ser divino e num segundo momento seria esquecido...

Eis porque teve de encarnar-se na Palestina, entre os judeus para apresentar-se como único e verdadeiro Deus fora do qual não há outro.

Por outro lado como a doutrina da Encarnação chocava os antigos hebreus, ficava-lhe igualmente franqueado o acesso ao martírio da cruz.

Concluimos pois que o tempo e o espaço que ele escolheu para fazer-se um de nós, Emanuel, Deus conosco; depõem a favor de sua infinita sabedoria.




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