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sexta-feira, 15 de março de 2013

XLVIII - Bem aventurados os que choram: O mistério da dor educadora.




Incomoda a dor o homem.

Desperta, atinge, provoca e incomoda o homem esta companheira indesejável.

Toca-o, estimula-o e movimenta-o nossa irmã a dor.

E por isso o homem a odeia e dela foge como de uma maldição.

E a dor brutal e avassaladora persegue-o cruel, tenaz e obstinadamente até alcança-lo.

E estertora o homem, qual misero verme, as guarras da dor; esmagado pelo dor pungente.

Em vão debate-se, grita, blasfema e ruge a criatura racional, pois a dor jamais a abandona-a.

Antes caminha com ela do berço ao túmulo.

E houve quem tivesse chegado a conclusão que se devemos chorar ao entre neste báratro de sofrimentos; deveríamos rir e festejar ao sair dele...

Mesmo homens sábios como Ch Darwin, ao estudarem a natureza animal, e nela darem com a dor; tornaram-se soturnos.

Como pode a dor fazer parte duma lei natural disposta pelo Deus bom?

Não seria semelhante Deus tão mau quanto a dor que estiola nossas almas e corpos???

Pois contemplas um inseto e lá esta a dor, e contemplas uma gaivota e lá esta a dor, e contemplas uma gazela vitimada por um tigre e lá esta a dor... onipresente esta a dor para onde quer que espraies teu olhar.

Não só mundo moral conhece a dor que atinge o espírito e obscurece o cárater; mas o mundo natural também esta todo ele imerso em sangue, suor e lágrimas que não foram produzidas pelo homem, pela vontade ou pelo pecado.

Então esta a dor na natureza enquanto obra e parte dela, ou seja, enquanto obra de Deus!

O homem no entanto, guiado por um falso principio moral, que consiste em classificar como mau tudo quanto  o incomoda, classifica a dor, presente no mundo natural, como má e não pode fugir a consequência lógica e terrivel que consiste em classificar o autor da natureza como mau; imaginando que foi produzida por uma espécie de demônio ou que não existe Deus algum. Exceto a dor...

Eis porque reconhecendo a bondade divina não evitamos reconhecer como boa a dor indesejável.

Se reconheces em Deus o autor da natureza e te deparas com a dor no mundo natural; não podes deixar de concluir que a dor, enquanto obra de Deus, é boa e que corresponde a algum propósito salutar.

E tanto mais excelente o papel da dor quanto mais a fundo penetramos a esfera do mundo moral regido pela vontade livre.

Aqui assume ela o posto de pedagoga ou educadora do gênero humano.

Quantas e quantas almas antes notáveis pela leviandade não se tornaram sóbrias e reflexivas após terem tido um encontro com a dor???

Quantos tocados e incomodados pela mão do sofrimento não foram levados a rever seus princípios e valores...

Quantos atingidos pelos tentáculos do 'monstro' não se deram conta dos males que até então haviam feito, e emendaram-se.

Quantos lançados a um leito de dor aprenderam a elevar suas mentes carnais ao infinito cogitando nos bens superiores e nobres do espírito.

Eis porque também o Cristo bendito optou por trilhar a estreita senda do calvário e da cruz; pois sendo ele o supremo educador dos mortais, não podia furtar-se a tarefa de dar exemplo aqueles que haveriam de ser educados...

Assim abraçou ele a dor educadora mesmo sendo virtuoso e inocente; para dar-nos exemplo de paciência e demonstrar que mesmo sendo Deus perfeito e todo poderoso, não quis prevalecer de sua condição sublime, para escapar ao processo educativo fixado por si.

Destarte tendo em vista estimular a resistência dos que sofrem e vertem copiosas lágrimas, toma ele mesmo o caminho do sofrimento, sendo suspendido num madeiro infamante...

Não sem antes ter sido manietado, fustigado, esbordoado, cuspido e coroado de espinhos.

Até merecer o título de 'varão de dores' e ficar completamente desfigurado, tendo em vista a intensidade das violências que sofreu.

Sofre Deus humildemente para ensinar ao homem mortal como deve sofrer.

Não é pois o Deus dos Cristãos Ser que tortura a natureza sem ser torturado.

Mas Deus que torna-se companheiro da natura em seus sofrimentos.

Não é o Deus dos Cristãos um demagogo que põe sobre os ombros dos mortais fardo que nem mesmo com o dedo pretenda empurrar...

Mas Deus que se adianta e que conosco caminha rumo ao gólgota...

Não é o Deus dos Cristãos um deus sádico, que tudo assiste, impassivel, de seu camarim nas nuvens.

Mas Deus que toma parte e que se faz irmão e amigo sobre a cruz.

Deitado ele sobre a cruz de madeira e nós deitados sobre a cruz da vida mortal...

Ele carregando sua cruz e nós as nossas... pois cada homem, cada criatura, cada ser; carrega sua cruz e participa do mistério...

Todos vertendo copiosas lágrimas, todos chorando, todos pranteando...

E no entanto sem desesperar.

Tendo em vista a promessa:

Bem aventurados os que choram
Pois serão consolados.

Onde???

Naquele mundo transmutado pela graça de Cristo, no qual já não haverá: velhice, dor, enfermidade e morte; pois lá o próprio Cristo 'enxugará todas as lágrimas' e fará cessar para sempre o sofrimento.

Aniquilado o verdadeiro mal que é o mal moral também o desconforto e a angústia serão eliminados.

Subsistindo apenas a eterna e infinita felicidade que é a posse de Deus e a contemplação de Jesus Cristo Senhor Nosso.

Melhor consolação do que esta impossível conceber ou imaginar.











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