O verbo se fez carne...

O verbo se fez carne...

A mãe do Verbo Encarnado

A mãe do Verbo Encarnado

A consciência histórica do Cristianismo

A consciência histórica do Cristianismo

sexta-feira, 15 de março de 2013

LIII - Pondo o dedo na ferida





Dissera Jesus que jamais haveria de abolir o Decalogo e que este haveria de subsistir para sempre.

E no entanto pouco mais adiante declara: "Foi dito aos antigos 'Não mataras' e quem matar será réu de assassinato. EU PORÉM VOS DIGO - Quem odeia seu irmão será réu de juízo.'

Suprimira Jesus aquilo que pouco antes dissera não desejar suprimir?

Se por abolir, cancelar ou suprimir; consideramos o ato negativo de destruir não percebemos que Jesus tenha abolido qualquer coisa.

Altera sim, mas não abole, não suprime, nem cancela.

Imaginemos uma construção bastante antiga, a qual em função do tempo tem seus pisos e fundamentos enterrados e ocultos; novo proprietário a adquire e desenterra o piso original trazendo a luz dos fundamentos, podemos dizer que ele a demoliu???

É exatamente o que faz Jesus; ele não anula nem suaviza o teor dos mandamentos; antes amplia e aprofunda visando atingir o principio mesmo do pecado que é a natureza, a consciência ou como já foi dito a intencionalidade humana.

E assim identifica e condena ele não só o efeito ou a manifestação que é o pecado enunciado por Moisés; mas o sentimento do ódio que é a fonte e raiz do assassinato.

Eliminando a causa que é o sentimento do ódio arraigado no coração do homem, pretende Jesus eliminar o efeito que é o homicidio.




Dissera Moisés: Não adulteraras!

Jesus no entanto diz: "Aquele que imagina adulterar já adulterou..."

Porque o principio de todo pecado é a imaginação.

Assim se consentes em adulterar na tua mente porque não haverias de adulterar também na prática?

Por outro lado aquele que aborrece o adultério até mesmo no interior da mente, como haveria de comete-lo materialmente?

Se com toda naturalidade encaras a situação hipotética de adultério, a que título deixaras de executa-lo?

Pois o adultério consumado é simples manifestação do adultério concebido e acalentado.

Eis porque deve o homem virtuoso policiar a mente, a fantasia e a imaginação.

Pondo freio a imaginação jamais chegará ao ato.

Fantasiando desbragadamente ensaia já o primeiro passo para o delito...

Assim Jesus aludindo a contemplação interior atinge a fonte e raiz do adultério e da infidelidade.




Dissera Moisés: "Não darás falso testemunho e em falso não juraras... eu porém vos digo de modo algum deveis jurar; mas declarar a verdade com simplicidade."

Aqui a sabedoria chega as culminâncias da sublimidade.

É necessário evitar a todo custo a prática do juramento e limitar-se a declarar sim ou não.

Tomando por testemunho a própria consciência e não Deus.

Pois antes de tudo deve o homem ser fiel a si mesmo.

E como tal declarar a verdade.

Quando o homem que jura recorre ao testemunho externo de Deus procede de modo inadequado manchando sua consciência.

Pois implica dizer: indigno sou de crédito, desonesto e mentiroso quando falo por mim mesmo sem aludir a divindade.

No entanto o que este homem deve temer não é Deus ou seus imaginários castigos e punições, mas a mentira e suas consequências.

Aquele que não teme manchar a consciência e profanar a verdade, acaso hesitara em afrontar a divindade?

Não respeitando a imagem de Deus como haverá de respeitar o protótipo?

Como saberá honrar a Deus aquele que é incapaz de honrar a si mesmo?

Agora se sabe honrar a si mesmo porque precisa recorrer a fórmulas mágicas de juramentos???

Não deve o homem tomar a Deus por testemunho de suas ações mas seu cárater e sua consciência apenas.

Não deve recorrer a qualquer entidade exterior, nem mesmo a Deus, tendo em vista o exercício da honestidade.

Não deve alimentar o temor supersticioso da plebe, mas declarar com simplicidade tudo quanto sabe ou silenciar.

O que passa disto - ou seja o ato de jurar - procede do maligno.

Pois quando alguém percebe que os demais acreditam em suas mentiras graças ao nome de Cristo, habitua-se a mentir e enganar em nome do mesmo Cristo e Cristo torna-se fiador da mentira por meio do juramento.

E converte-se a prática dos juramentos em estimulo a mentira.




Nós três casos acima citados poz o Salvador o dedo na ferida indo ao fundo da chaga como que para extrair a matéria purulenta e restabelecer a plena sanidade.








Nenhum comentário:

Postar um comentário