O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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domingo, 3 de março de 2013

Um emissário muito polido e uma Virgem muito púdica...




Nem casadoura, nem mãe solteira...




Rezam as santas e divinas escrituras que um ser chamado Gabril manifestou-se a Virgem Santa e saudou-a dizendo: Ave, plena de graça, o Senhor é contigo!

Esta manifestação foge ao comum de tais manifestações sejam verídicas ou não.

Pois nos demais casos é sempre a criatura humana que cai por terra e sauda o emissário ou arauto divino.

Aqui é o arauto que se dirige a uma simples criatura, a uma jovem representante do sexo feminino, com o intuito de salientar a profunda comunhão existente entre o Supremo Criador e este humilde ser. Tal o sentido das palavras "Plena de graça" ou seja cheia do favor, da amizade, do beneplácito de Deus... e "Deus é contigo" ou seja unido a ti pela beleza da tua alma.

A próprio Virgem, que em sua ingenuidade nada compreendeu, mais tarde, sob moção do Espírito de profecia, explica o mistério de sua união com Deus: Ele considerou a simplicidade de sua serva.

Pouco depois completa o mesmo emissário: "Conceberás em teu seio e darás luz a um filho..."

E declara que a Virgem conceberia em qualquer tempo futuro, sem precisar qual fosse este tempo; ou dar a supor que se sucederia no mesmo momento.

E no entanto mesmo sendo noiva ou seja, estando já compometida com José, e estando prestes a casar a Virgem perturba-se e indaga: "Como se sucedera tal coisa uma vez que não conheço varão???"

Com razão tais palavras despertaram a atenção dos críticos, porque como já foi salientado por nós Gabril não diz, neste momento ou agora, mas em qualquer momento futuro e; ou seja, após a consumação do matrimônio em vias de realizar-se.

Era pois de esperar-se que a Virgem não demonstra-se qualquer tipo de surpreza e que encara-se a dita promessa com toda naturalidade do mundo. Pois se estava comprometida, estava prestes a conhecer varão e assim, de fazer juz as palavras do arauto...

É pois perfeitamente justo inferir das palavras da Virgem: 'Não conheço varão.' que não pretendia conhecer varão ou consumar matrimônio em qualquer tempo futuro por ter consagrado sua virgindade, não a Deus, que dela não precisa, mais ao serviço fraterno.

Por cogitar manter-se descompromissada tendo em vista prestar auxilio a seus semelhantes, perturbou-se a Virgem em seu coração e não pode compreender, aprenssiva, o que qualquer noiva prestes a casar teria compreendido perfeitamente.

Quanto a esta tendência de seu coração, para dedicar-se a assistência, percebe-mo-la em todo tempo ao cabo de sua vida. Pois nem bem recebe o feliz anúncio e já não pensa em si mesma mas na idosa prima Isabel, da qual sem demora vai ao encontro com o objetivo de servir.

É curioso que a Mãe do Senhor oferece-se para servir a mãe do Servo e precursor e não para ser servida; assim compreendemos o sentido das palavras: Quem se humilhar será exaltado e quem se exaltar será humilhado.

Exaltada foi a Virgem por Deus acima de todos os mortais porque mais do que todos humilhou-se e buscou servir.

E por isto vai as bodas de Caná para auxiliar os noivos e tomar parte no serviço da casa.

Assim já podemos aquilatar que mãe prestimosa e dedicada escolheu o Salvador para si.

Humilde ela declara: "Fez em mim grandes coisas o Senhor."

Sem cogitar que o Senhor só pode fazer tais coisa na criatura racional, porque esta criatura sempre colaborou com ela, sempre esteve a disposição, sempre disse sim...

Então porque teria ela aceito a proposta de casamento???

Porque naquela cultura a mulher não dispunha de vontade própria não cabendo a qualquer moça fugir a norma e regra geral que era converter-se em mulher casada, dona de casa e mãe.

Numa tal sociedade as aspirações elevadas da Virgem seriam encaradas como desatino, ficando ela exposta a mais acrimoniosa censura...

Por outro lado não podia Deus em seus planos, cogitar em nascer duma mãe solteira...

Cogitado ou sabido o Mistério desde o principio, atrairia logo a atenção de todos com grande perigo para a segurança do menino. Era necessário que a econômia da Encarnação fosse discreta, mantendo as aparências.

Devia a estrutura familiar do tempo ser mantida para que a Virgem e seu filho não fossem evitados por todos e morressem de fome...

Alguma alma nobre e virtuosa deveria prover suas necessidades, esta alma nobre e virtuosa; que pela fé viogorosa mereceu tomar parte no mistério e ser reverenciado como pai adotivo de nosso Deus, foi um viuvo chamado José.

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