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A consciência histórica do Cristianismo

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domingo, 17 de março de 2013

LXIII - Por que morreu Jesus ou quem o matou???






'Nem Jesus pôde agradar a todos.' é sentença exata e comum.

Por isso que Jesus foi morto, ou melhor dizendo, assassinado, martirizado ou supliciado.

E até hoje acusa a Cristandade aos judeus e estes aos antigos romanos de modo que ninguém se entende; pois uns de acusam aos outros.

Certo é que ele mesmo aspirou morrer para assim persuadir a humanidade a segui-lo; assim sendo foi ele mesmo causa primária de sua morte e de certo modo um Deus suicida; na medida em que desejou imolar-se pelos outros...

Quanto aos agentes secundários de sua morte, primam os judeus pela culpa; ao menos aos olhos vulgares do populacho.

Apesar disto não percebo que seja justo acusar os judeus de hoje; una vez que não tomaram parte no processo e que absolutamente nada fizeram contra Nosso Senhor. É necessário deixar bem claro a inocência deles.

Também não me parece justo condenar os antigos judeus como um todo.

Pois se alguns ouviram a mensagem e aderiram; enquanto outros tantos armaram ciladas, parece que a maior parte do povo não se envolveu, ignorando supinamente a questão.

Assim poderíamos no máximo culpar a população ortodoxa de Jerusalem.

No entanto mesmo isto seria um desatino.

Pois contava Jerusalem naquele tempo com centenas de milhares de habitantes.

Enquanto aqueles que trocaram Jesus pelo criminoso Barrabas não deviam chegar a cem...

Então já sabemos que o Mestre amado não foi condenado pelo Povo Judeu; mas pelas autoridades e líderes religiosos de Israel ou seja pelas casas e famílias sacerdotais dos saduceus e pelos escribas, doutores e rabinos fariseus que compunham o Sanhedrim.

Sobre estes chefes e falsos mestres religiosos é que recai a culpa do assassinato mais aviltante que a História já registrou.

No entanto, ao que parece, saduceus e fariseus procederam por motivos bastante diferentes.

Os saduceus, bem mais práticos, temiam que Jesus se envolvesse em algum tipo de conjura ou sedição que saisse fora de controle e atraisse os olhares do império romano.

Encaravam pois a Jesus como a um jovem idealista, espécie de revolucionário ou de baderneiro que poderia trazer péssimas consequências políticas para toda nação.

É possível que alguns dentre eles receassem que a pregação do Senhor, com sua ênfase a respeito da ética ou da virtude, ao menos a longo prazo, reduzisse o número de peregrinos e de sacrifícios, dos quais eles, sacerdotes, tiravam os meios de subsistência.

Em todo caso não nos parece que este tenha sido o principal móvel do partido saduceu.

Quanto aos fariseus o caso era bem outro.

É perfeitamente compreensível que uma pequena minoria dentre eles, fizesse caso de questões teológicas tanto mais abstratas ou metafísicas qual seja a Unidade de Deus e sua transcendência absoluta; o próprio Evangelho dá a entender que alguns deles cogitavam em eliminar Jesus por este motivo...

Parece-nos no entanto que havia algo de mais prático ou de mais próximo motivando a maioria deles a condenar Jesus.

E nós supomos que o 'leit motif' responsável pelo martírio de Jesus Cristo tenha sido justamente sua fidelidade ao ideal profético da Catolicidade.

Referi-mo-nos aqui a crença de que o Deus dos judeus acabaria por dilatar ou por estender seu pacto a todos os povos ou seja a totalidade do gênero humano.

Mas a simples idéia de que javé venha a acolher todos os homens, atraindo-os e chamando-os a verdade, comporta uma faceta sinistra: A descendência carnal de Abraão haveria de perder seus supostos privilégios ou seu monopólio espiritual.

Monopólio espiritual do qual os fariseus acreditavam ser a elite.

Então eles não podiam sequer suportar a idéia de partilhar o reino de Deus com o escarro ou o lodo da gentilidade; votado segundo criam a aniquilação ou a servidão por obra e graça do Messias guerreiro cuja manifestação aguardavam.

Eis quanto aparece um pretenso Messias, enviado por Deus e declara explicitamente que eles; os filhos de Abraão; os filhos da promessa; os santos por herança... haveriam de ser não igualados; mas, pasmai; substituídos pelos gentios ou seja pelo odiado romano!

Aspiravam os fariseus por um deus e um céu só para eles; por obra e graça dos genes, isto é, da carne e do sangue do patriarca Abraão e o pretendido Messias lança-lhes em face que haveriam de ser lançados fora do Reino e submetidos a punição espiritual...

Como não podiam nem queriam repudiar a idéia fixa da eleição puramente carnal; repudiaram ao verdadeiro rei Messias, classificando-o como falso e fazendo-o perecer miseravelmente.

Para nós o dogma ou a questão da eleição parece ter sido crucial e levado Jesus a morte.

O Sanhedrim legal ou ilegalmente condenou; o romano pressionado aferiu.

Aferiu por receio, medo, temeridade... mas aferiu; tomando parte na imolação de um homem honesto e virtuoso, o qual deveria a todo custo ter protegido.

Convenhamos no entanto que caso Jesus tivesse levado a causa da igualdade, da fraternidade e do abolicionismo a Roma, não teria sido tratado doutra forma e seu corpo haveria de ser lançado as gemônias; sequer sendo precipitado a rocha Tarpéa como a gente de bem...

Assim se o judeu condenou o romano concedeu potência e autoridade para que o ato fosse consumado.


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