O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sábado, 30 de março de 2013

XCVIII - Doutrina comunicada pelos apóstolos a seus sucessores






No artigo precedente procuramos demonstrar, sem recorrer a fontes espúrias mas ao Evangelho somente, a perfeita conformidade existente entre os ensinamentos de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e os ensinamentos ministrados pela Santa Igreja Ortodoxa e Católica; nossa Mãe, Mestra e Senhora.

Agora reforçaremos tal demonstração recorrendo ao testemunho da pena apostólica e certificando que a mesma doutrina que recebida do Verbo pelos apóstolos foi comunicada pelos apóstolos a Igreja Apostólica.

E que os protestantes como os gnósticos, opondo-se a Igreja opõem-se aos apóstolos e opondo-se aos apóstolos opõem-se aquele que os constituiu e enviou.



  1. De Deus ou seja da Trindade: "A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, amor do Pai e a operação do Espírito Santo, estejam convosco." II Cor 13,13 
  2. Da Divindade de Cristo: "O qual possuindo a natureza divina por direito e não por usurpação assumiu a natureza de servo." Fl 2,6
  3. Da Divindade do Espírito Santo: "Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus." I Cor 2,10
  4. Da Natureza humana de Cristo: "Fez-se semelhante aos homens na condição de homem." Fl 2,7 "Mandou o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado." Rm 8,3 "Ele foi constituído em tudo a nossa semelhança exceto no pecado." Hb 4,15 "Assim de certo modo e por um tempo, menos que os anjos foi feito."
  5. Da vontade humana de Cristo: "Aprendeu a obediência pelas agruras que veio a sofrer." Hb 5,8
  6. Da vontade divina de Cristo: "Ele sempre foi fiel aquele que o estabeleceu." Hb 3,2
  7. Da livre vontade: "Sendo livre por ocasião do chamado se fez escravo de Jesus Cristo." I Cor 7,22 "Se não forem chamados e não ouvirem o anuncio como haverão de vir a crer?" "Realizai a vossa salvação com temor e tremor." 
  8. Da possibilidade da queda: "Aquele que esta de pé tome precaução para não cair." "Não seja neofito para que a vaidade não o leve a cair e a ser condenado como o Demônio." I Tm 3,6 "Estavam conosco mas não eram dos nossos." 
  9. Graça e comunhão divina: "Onde no passado super abundou o pecado hoje prevalece as graça."
  10. Pecado ancestral: "Por Adão todos os filhos vieram a pecar e o padrão do pecado entrou no mundo." obs: Pela imitação do pecado de Adão e não por contaminação metafísica.
  11. Libertação integral: "Todo o que permanece nele não pode mais pecar; aquele que peca nem o viu nem o conhece." I Jo 3,6 "Aquele que é nascido de Deus vence o mundo." I Jo 5,4
  12. Perfeição a que fomos chamados: "Tudo posso naquele que me fortalece."
  13. Diferenciação dos pecados: "Se o irmão cometeu pecado que não é de morte, suplique por ele; agora se cometeu pecado que é para a morte não digo que supliqueis por ele." I Jo 5,16
  14. Do mérito: "Que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa meritória aos olhos de Deus." I Pe 2,20
  15. Da Suprema virtude: "Agora subsistem estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade; PORÉM A MAIS EXCELENTE É A CARIDADE." I Cor 13,13 "A CARIDADE aniquila a multidão dos pecados." 
  16. Das boas obras: "Abençoados aqueles que morrem no Senhor porque suas obras acompanham-nos." Apoc 14,13 "Estar circuncidado ou incircunciso de nada vale MAS A FÉ QUE OPERA PELA CARIDADE APENAS." Gl 5,6 "A fé sem obras sendo morte em si mesma para nada serve." Tg 2,17
  17. Da Igreja: "Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade." I Tm 3,15
  18. Da Unidade da Igreja: "Mantende entre vós a unidade que é o vínculo da paz." Ef 4,3 "Assim chegamos a UNIDADE DA FÉ, pela comunicação de Deus em Cristo Jesus..." Ef 4,13 "Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejais em pleno acordo e que não haja entre vós divisões. Vivei em boa harmonia, no mesmo espírito e no mesmo sentimento." I Cor 1,10 "Rogo-vos, irmãos, que desconfieis daqueles que causam divisões e escândalos, apartando-se da doutrina que recebestes. Evitai-os!" Rm 16,17
  19. Santidade da Igreja: "Esposos amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se imolou por ela com o objetivo de purifica-la... para te-la perfeita, imaculada, sem ruga, defeito; mas Santa e Irrepreensível." Ef 5,25 
  20. Catolicidade da Igreja: "Não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus." Gl 3,28
  21. Ortodoxia da Igreja: "Deus é imutável e sem sombra de variação." Tg 1,17 "Deveis permanecer firmes naquela fé que uma única vez foi comunicada aos Santos." Jd 3 "Então eles não haverão de suportar mais a doutrina da salvação; mas tomando mestres ímpios para si aderirão as novidades profanas." II Tm 4,3 
  22. Infalibilidade da Igreja: "Assim pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais..." At 15,28
  23. Da autoridade apostólica: "Que assim os homens nos vejam como MINISTROS DE CRISTO E DISPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS." I Cor 4,1 "Assim hei de ai estar convosco e de examinar não só as palavras mas as ações dos homens vaidosos... desejais o que que vos visite com a vara ou com espírito de amor e mansidão?" I Cor 4,19 sgs
  24. Da sucessão apostólica: "O que de mim recebeste  diante das testemunhas oculares, confia-o a varões idôneos para que estes, a seu tempo, instruam a outros." II Tm 2,2 
  25. Do Batismo: "Unicamente em virtude de sua misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo." Tt 3,5
  26. Da Eucaristia: "Perseveravam na doutrina dos apóstolos, na prece e na fração do pão." At 2,42
  27. Da presença real: "Assim todo aquele que tomar deste pão e beber deste vinho indignamente RÉU SERÁ DO CORPO E DO SANGUE DO SENHOR. EXAMINE POIS A CONSCIÊNCIA ANTES DE VIR A MESA E AO CÁLICE. COMO E BEBE PARA SUA CONDENAÇÃO, INDIGNAMENTE, TODO AQUELE QUE NÃO DISCERNE (DIAKRINOS) O CORPO DO SENHOR." I Cor 11,27 sgs
  28. Penitência: "Não imponhas as mãos apressadamente sobre quem quer quer seja para que não te tornes participantes de seus pecados." I Tm 5,22
  29. Da ordenação: "Após terem jejuado tomaram Paulo e Barnabé e tendo-lhes imposto as mãos e enviaram-nos." At 13,3 "Reaviva pois a chama do dom de Deus que de mim obtiveste pela imposição das mãos." II Tm 1,6
  30. Da Evkelaion"Se houver alguém enfermo no meio de vós, chamai os presbíteros da Igreja; estes rezarão sobre ele e ungirão com óleo em nome do Senhor, esta prece salvará o enfermo pois o Senhor o confortará com o perdão dos pecados." Tg 5,14
  31. Da Crisma: "Quando a congregação de Jerusalém soube que a Samaria acolhera a palavra de Deus, remeteu-lhes Pedro e João, para que rezassem sobre eles e pudessem receber o Espírito Santo... Eles impunham as mãos sobre eles e recebiam o Espírito Santo." At 8,14 sgs "Assim após terem sido batizados em nome de Jesus, Paulo lhes impôs as mãos e comunicou-lhes o Espírito Santo." At 19,6
  32. Da Coroação: "Por isso homem e mulher passarão a ser uma só carne e grande é este Mistério porque toca a Cristo e a Igreja." Ef 5,31
  33. Da intercessão pelos mortos: "Que Deus se compadeça da casa de Onesiforos, porque muitas vezes confortou-me e não envergonhou-se dos meus grilhões; antes tendo vindo a Roma procurou por mime encontrou-me; QUE O SENHOR TENHA COMPAIXÃO DELE NO GRANDE DIA." II Tm 1,16 sgs
  34. Dos votos monásticos: "Não admitas nem recebas viúvas demasiado jovens porque desejarão casar-se novamente, tornando-se culpadas por terem faltado ao compromisso assumido." I Tm 5,11 sgs
  35. Da Kourbana: "Os que oficiam o culto dele participam, os que servem ao altar dele vivem." I Cor 9,13
  36. Da Cruz vivificante: "Assim a Cruz e loucura para aqueles que se perdem; mas para aqueles que se salvam é uma virtude de Deus." I Cor 1,18
  37. Dos três grandes sacramentos: "Assim é impossível que aqueles que já foram ILUMINADOS, que SABOREARAM O DOM CELESTIAL, e que receberam o Espírito Santo..." (Batismo, Eucaristia e Crisma) Hb 6,3 "Assim a doutrina DOS BATISMOS E DA IMPOSIÇÃO DAS MÃOS." (Batismo, Batismo no Espírito Santo que é a Crisma, e a Exomologese que é a Penitência) Hb 6,2
  38. Do celibato: "O casado cuida das coisas do mundo, de como agradar o conjuge; o solteiro cuida das coisas do Senhor e de como servir o Senhor." I Cor 7,33
  39. Da comunhão dos Santos: "Então eu vi junto ao altar celestial as almas daqueles que haviam sido martirizados pela palavra de Deus; e elas clamavam em alta voz: Até quando Senhor Santo e verídico...." Apoc 6,9 "Assim secundados por esta nuvem de testemunhas, deixamos o peso que nos retem e obtemos a vitória sobre o pecado." Hb 12,1
  40. Da imortalidade consciente: "Assim em espírito ele foi pregar aos espíritos que estavam no cárcere, os que haviam sido impenitentes nos tempos de Noé..." I Pe 3,19
  41. Da ressurreição: "Uma vez que Cristo ressuscitou dos mortos como há gente dizendo que não haverá ressurreição dos mortos?" I Cor 15,12
  42. Da restauração final: "A vontade de Deus é esta: que todos se salvem pelo pleno conhecimento da verdade." 
  43. Do Jejum: Os membros da congregação de Antakia jejuaram antes de ordenarem a Paulo e a Barnabé. At 13,3
  44. Da inferioridade do Antigo Testamento: "Caso a primeira aliança tivesse sido eficiente não haveria lugar para uma segunda." Hb 8,7 "Assim a nova faz antiquada a primeira, e o que esta antiquado e velho esta para perecer." Id 8,13
  45. Da formação do Novo Testamento: "Assim nosso irmão Paulo vos escreveu com a sabedoria que lhe foi dada..." II Pe 3,15
  46. Da tradição apostólica: "Intima-mo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido." II Tes 3,6 "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa." II Tes 2,15 "Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Guarda o precioso depósito; pelo poder e virtude do Espírito Santo." II Tm 1,13
  47. Da ressurreição de Cristo: "Se Cristo não se levantou dos mortos vã é vossa fé e vossa esperança."
  48. Da ascensão de Cristo: "Aquele que desceu é também o que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas." Ef 4,10
  49. Da segunda vinda ou advento de Cristo: "Não vos altereis como se o dia do Senhor estivesse já próximo." II Tes 2,2
  50. Do juízo final: "Ao som da trombeta final os mortos ressurgirão incorruptíveis." I Cor 15,52 
  51. Da eternidade bendita: "Quando da manifestação do Senhor céus e terra dissolver-se-ão no ardor do fogo. Nós no entanto aspiramos segundo sua promessa; POR NOVOS CÉUS E NOVA TERRA NOS QUAIS IMPERARÃO A JUSTIÇA." II Pe 3,12 "Surgiram então novos céus e nova terra. Porque o primeiro céu e a primeira terra já passaram; eu contemplei a cidade santa, nova Jerusalém, que ataviada como uma noiva descia dos céus..." Apoc 21,1 
  52. Símbolos e ritos (incenso, luzes, etc): Todo livro do Apocalipse esta repleto de alusões a lâmpadas/luzes, incenso, instrumentos musicais, etc os quais se podem ser empregados pelo hagiógrafos com o intuito de elucidar a santa doutrina também podem ser da mesma forma empregados pela Igreja na adoração com idêntica finalidade.
  53. Do dia do Santo Domingo da Anastasis do Senhor: "No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o pão." At 20,7 "No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que tiver podido poupar, para que não esperem a minha chegada para fazer as coletas." I Cor 16,2 
Conclusão: apesar dos dois mil anos que separam esta nossa geração do convívio carnal do Salvador e dos abençoados apóstolos é para pasmar e maravilhar que praticamente toda doutrina Ortodoxa seja confirmada pelas penas Evangélica e Apostólica com profusão de testemunhos.


XCVII - Da doutrina que havia sido comunicada por Jesus Cristo aos apóstolos






Via de regra os 'ortodoxos' e 'papistas' creem que os protestantes foram os primeiros a supor que as doutrinas comunicadas pelo Salvador a seus abençoados apóstolos diferiam essencialmente das doutrinas professadas por nossa veneranda mãe a Santa Igreja Católica.

Vimos no entanto que os primeiros a levantarem-se contra a esposa de Cristo, pela qual sofreu e verteu seu sangue precioso, e a classificarem a Igreja apostólica como infiel foram os gnósticos.

Os quais em seus escritos mencionam a grande e antiga igreja como correspondendo a uma instituição grosseira e carnal.

Como desejavam Omegna e Flacius, tiveram os protestantes antecessores espirituais e de certo modo uma 'sucessão', sucessão anti apostólica.

E sucessão bastante antiga pois remonta a Tebutis, Menandro e Simão, o mago; que foram os primeiros a resistir aos apóstolos e a romper com o padrão fixado pelo Senhor Jesus.

De fato os gnósticos corresponderam a anti igreja ou a congregação da maldade durante a Era dos apóstolos, mártires e padres... assim os pentecostais e sectários continuam o trabalho deles, correspondendo a anti igreja e congregação da maldade nestes tristes tempos.

Para certificar que gnósticos e protestantes estão espiritualmente ligados e aparentados uns com os outros, demonstraremos que não há diferença alguma entre a doutrina professada atualmente pela Santa Igreja Ortodoxa e Católica e a doutrina comunicada pelo Verbo aos apóstolos seus vigários e arautos.





  1. De Deus ou seja da Trindade: "Ide pois e batizai as gentes todas da terra EM NOME DO PAI, E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO." Mt 28,19
  2. Da divindade do Filho: "O pai não cessa de agir e eu com ele." Jo 5,17
  3. Da divindade do Espírito Santo: "O pecado contra O pai do céu será perdoado, o pecado contra o Filho do homem será perdoado, mas o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado nem nesta Era nem na futura."
  4. A natureza humana de Cristo: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós." Jo 1,13
  5. A vontade humana de Cristo: "Meu Deus, meu Deus porque me desamparaste." Mc 15,34 "Jesus chorou."
  6. A vontade divina de Cristo: "Que eles sejam um conosco como Eu e tu, meu Pai somos um." Jo 17,21
  7. Da livre vontade: "Jerusalém, Jerusalém eu quis acolher teus filhos como a galinha acolhe os filhotes debaixo das asas mas tu não o quiseste." Mt 23,38
  8. Da graça e comunhão divina: "Sem mim nada podeis fazer." Jo 15,5
  9. Do pecado ancestral: "Todo o que comete pecado é escravo do pecado." Jo 8,34
  10. Da libertação integral: "Se o Filho vos libertar sois de fato libertos." Jo 8,36
  11. Da perfeição a que fomos chamados: "SEDE PERFEITOS COMO VOSSO PAI CELESTIAL É PERFEITO." Mt 5,48 
  12. Da diferenciação entre os pecados: "Maior pecado tem aquele que me entregou a ti." Jo 19,11
  13. Do mérito: "Assim deverias multiplicar a quantia que te entreguei para que eu obtivesse rendimentos do que é meu." Mt 25,27 "Assim a semente caindo na terra boa dá FRUTOS cem, sessenta ou trinta por um." Mt 13,23
  14. Da suprema virtude: "Assim saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros." 
  15. Das boas obras: "Brilhe a vossa luz diante dos homens para que observando vossas obras exaltem vosso Pai que esta nos céus." Mt 5,16 "Não pode a árvore má produzir bons frutos e nem a árvore boa produzir maus frutos; pelos frutos sereis conhecidos." "Se sois meus discípulos farei o que vos mando." "O que fizestes a estes meus irmãos mais pequeninos foi a mim mesmo que fizestes... o que deixastes de fazer a um destes meus irmãos mais pequeninos foi a mim que deixastes de fazer." "Eu vos constitui para que possais ir e produzir fruto e assim este vosso fruto permaneça."
  16. Da Igreja: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno jamais prevalecerão sobre ela." Mt 16,18 "Se não ouvir a igreja seja tido em conta de infiel." Mt 18,17
  17. Da Unidade da Igreja: "Que eles sejam um como eu e tu meu Pai somos um." Jo 17,21
  18. Da Catolicidade: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações para que observem tudo quanto eu determinei, e convosco estarei até a consumação dos séculos." Mt 28,20
  19. Da autoridade dos apóstolos: "Quem vos ouve é a mim que ouve e quem vos despreza a mim é que despreza." "Aquele que recebe um profeta como profeta será recompensado; aquele que recebe um enviado recebe aquele que o enviou."
  20. Do Batismo: "Aquele que não nascer da água e do Espírito não entrará no Reino dos céus." Jo 3,5 "Ide pois e batizai as gentes todas da terra EM NOME DO PAI, E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO." Mt 28,19
  21. Da Eucaristia: "Fazei isto em memória minha." Lc 22,19
  22. Da presença real: "Minha carne é verdadeira comida e meu sangue verdadeira bebida." Jo 6,56
  23. Penitência: "Aqueles aos quais perdoardes os pecados serão perdoados e aos que retiverdes serão retidos." Jo 20,23
  24. Ordenação: "Assim soprou sobre eles e disse - Recebei o Espírito Santo." Jo 20,22
  25. Evkelaion: "Eles - os apóstolos - ungiam os dementes e enfermos com óleo e eles ficavam sãos." Mc 6,13
  26. Da Crisma: "Ele estabelecerá um Batismo do Espírito Santo e do fogo."
  27. Da coroação: "O que DEUS mesmo juntou não separe o homem."
  28. Do lava pés: "Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros." Jo 13,14
  29. O celibato: "E há eunucos que se fazem eunucos por amor do Reino dos céus." Mt 19,12 ALÉM DO EXEMPLO DO PRÓPRIO SENHOR QUE JAMAIS CONTRAIU MATRIMÔNIO.
  30. Da maternidade divina de Maria: "Que se me dá que a MÃE DO MEU SENHOR venha até mim." Lc 1,43
  31. Da Virgindade perpétua de S Maria: "Como se fará isto se não conheço varão?" Lc 1,35 "E seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a Páscoa; e quando fez doze anos foi com eles a cidade." Lc 2,41 "Disse a sua mãe: Eis teu filho; e ao discípulo amado: eis tua mãe; A PARTIR DAQUELE MOMENTO RECEBEU-A O DISCÍPULO EM SUA CASA." Jo 19,26
  32. Que os 'irmãos de Jesus' são mais velhos, logo filhos de um primeiro casamento de S José: "Disseram-lhe seus irmãos: parte daqui para a Judéia, assim teus discípulos vejam as obras que realizas; pois ninguém age ocultamente se pretende revelar-se ao mundo!" Jo 7,3
  33. Da comunhão dos Santos: "Fazei amigos com as riquezas iníquas, e assim faltando estas POSSAM ELES RECEBER-VOS NOS TABERNÁCULOS ETERNOS."
  34. Da imortalidade consciente: "Deus não é Deus de mortos, por isso nele todos estão vivos." "Eis que junto a ele falavam dois varões Moisés e Elias, ambos cheios de majestade." Lc 9,30 "E quando o viram caminhar sobre as ondas perturbaram-se e disseram: É UM FANTASMA." Mt 14,26
  35. Da condição dos mortos: "Morreu o mendigo e foi conduzido pelos seres ao seio de Abraão... morreu o rico e foi precipitado nas regiões inferiores." Lc 16,22
  36. Da temporalidade as penas ou castigos extra tumba: "Não digo para perdoar sete vezes mas setenta vezes sete." 
  37. Da ressurreição final: "Aquele que come minha carne e bebe meu sangue ressuscitarei no último dia para a vida eterna." Jo 6,55
  38. Da oração: "Assim deveis rezar: Pai nosso que estais nos céus..." Mt 6,9 "E ainda outra vez repetiu a mesma súplica ." Mc 14,39
  39. Do Jejum: "Quando o noivo for recolhido haverão de exercer Jejum." 
  40. Do Evangelho: "Por Moisés foi dada a lei, por Jesus  A GRAÇA E A VERDADE." Jo 1,17 "Assim Pedro disse: Só tu Senhor tens palavras de vida eterna."
  41. Da ressurreição: "Daqui a pouco já não me haveis de ver; mas passado algum tempo me vereis de novo." Jo 16,17
  42. Da ascensão: "Eis que a ti retorno Senhor Pai Santo." Jo 17,11 "Não me toques porque a meu Pai ainda não fui ter." Jo 20, 17
  43. Da segunda vinda: "Como um relâmpago que vai do Oriente ao Ocidente assim haverá de ser o retorno o Filho do homem." Mt 24,27
  44. Do juízo final: Mateus 25,31sgs
  45. Do dia do Santo Domingo da anastasis: "oye de sabbatwn th epifwskoush eiV mian sabbatwn..." > "No fim do sábado (sabado judeu do sétimo dia) como já principiasse o sábado (sábado Cristão do primeiro dia i é o Domingo da ressurreição)" Mt 28,1; Mc 16,9; Lc 24,1 e Jo 20,1





sexta-feira, 29 de março de 2013

XCVI - Menandro, Cerinto e Nicolau.





Segundo se diz Menandro, samaritano de Carapatéia, tendo ouvido as lições de Simão ou lido seu livro, cultivou as artes da magia e conseguiu estabelecer uma pequena comunidade em Antioquia (Antakia). Justino I Apologia XXVI

Parece que seu seguidores eram batizados em seu próprio nome e que, a exemplo dele, acreditavam adquirir a juventude eterna e a imortalidade. Irineu Ad Haeres I, 25, 5 

Coisa difícil de se acreditar caso não estivéssemos informados a respeito duma mulher, que há bem pouco tempo dissipou todos os seus bens por acreditar que certo 'líder espiritual' seria capaz de ressuscitar-lhe a progenitora, morta e enterrada há meses!!!

Daí os sábios ensinarem que duas coisas são infinitas: A paciência do Santo Deus e a ignorância humana; nem pode Deus perder sua paciência e entregar-se a ataques de cólera, nem pode o homem com facilidade emancipar-se desta triste condição.

Cerinto, procedente talvez do Egito, estabeleceu-se na Ásia menor enquanto o apóstolo João ainda vivia.

Policarpo contava a seus discípulos uma história segundo a qual tendo S João entrado nas termas e sido informado de que Cerinto ali se encontrava, saiu as pressas, quase nu, por temer que o edifício viesse abaixo. (Irineu)

Desde então principiou a redigir o quarto Evangelho.

Ele ensinava, dentre outras coisas, que o 'homem Jesus' haveria de ressuscitar no último dia juntamente com todos os seres humanos. Hipolyth 'Philosophumena' VII, 22

Ele também ensinava o surgimento de um Reino milenar antes da ressurreição e do juízo.

Também manteve a observância da lei judaica.

Representando uma espécie de convergência entre o gnosticismo e o ebionismo.

Do pouco que sabemos a respeito deste personagem conjecturamos ter florescido cerca de 75/80 desta Era, pertencendo a segunda geração de heréticos com Tebutis, Menandro e Nicolau.


A respeito de Nicolau, fundador da seita dos Nicolaítas, Irineu declara ser o mesmo diácono abençoado pelos apóstolos.

S Clemente de Alexandria no entanto, refere que Nicolau fora mal compreendido pelos catecúmenos, os quais tomaram seu nome com o intuito de justificar o consumo das carnes imoladas aos deuses, a fornicação e outros pecados. Vict Poet 'Comm in Apocalip' Eles, ensinavam, muito provavelmente, algum tipo de teoria fideista que pondo a fé acima das obras acenava com uma salvação 'no' pecado.

João, o presbítero, no livro do 'Apocalipse' declara que o erro dos nicolaítas deve ser odiado.

Eles devem ter florescido cerca de 70/80.










XCV - O jugo de Nero







Após Claudio ter sido envenenado por sua esposa Agripina, a Jovem; Nero Claudio César Augusto Germânico, ascendeu ao sólio imperial & contava com cerca de dezessete anos pelo ano 54.

Por parte de Agripina era sobrinho de Calígula, sobrinho neto de Claudio, neto do bravo Germânico e tataraneto de Otávio Augusto. Por parte do pai Cneu Domício Aenobarbo descendia de uma das famílias patrícias mais nobres de Roma.

Como fosse neto de Germânico e sua educação tivesse sido dirigida pelo pensador Sêneca e pelo prefeito Afrânio Burrus; suscitou a ascensão de Nero as mais felizes esperanças de felicidade nos corações de seus súditos.

Orientado por Sêneca e Burrus a um lado e por Agripina a outro buscou Nero corresponde as expectativas de que era objeto e já nos primeiros dias de seu reinado comprometeu-se a restituir a autoridade do Senado.

Efetivamente os primeiros sete anos de seu reinado parecem ter sido excelentes.

Basta dizer que reduziu a taxa paga como imposto pelos mais pobres e cerceou a cobiça dos mais ricos. Ele pôs limites ao valor das fianças e multa, limitou os honorários dos advogados e colocou-se ao lado dos libertos contra o senado.

Tendo em vista reduzir os preços dos gêneros de primeira necessidade Nero isentou os barcos destinados a transporta-los do imposto; no entanto como ainda pairasse a ameaça da fome doou parte de seu tesouro pessoal ao erário.

Ele também financiou a construção de ginásios e teatros em todo império financiando a encenação dos clássicos gregos, a drenagem dos pântanos e abertura dum canal navegável no istmo de Corinto.

No entanto admirava ocultamente a seu tio Caio Calígula.

Eis porque Burrus e Sêneca acabaram por abandona-lo a seus instintos destrutivos.

Então perdendo o rumo solicitou que Locusta preparasse uma poção e mandou servi-la a Britânico, filho de Claudio e Messalina, o qual veio a óbito logo em seguida.

Diante disto sua mãe e suposta amante, Agripina, rompeu publicamente com ele.

Nero todavia já havia corrido com ela do palácio imperial.

Ela no entanto optou por tecer acrimoniosas críticas a seu imperial filho.

E acabou sendo mandada assassinar por ele. (Segundo rezam os cronistas ao aproximar-se do cadáver de sua progenitora Nero teria levantado seu vestido e exclamado: Que corpo tinha ela!)

Posteriormente o próprio Sêneca tendo entrado na conspiração de Pisão recebeu ordem para cortar as veias...

Desde então Nero foi assumindo uma postura cada vez mais cruel e debochada; a semelhança de seu desditoso tio. (Há uma tese de que, no caso dos imperadores romanos, a demência adviria do acetato de chumbo ingerido através da água e do vinho contaminados.)

Assim sendo cerca de 65, após ter encenado uma peça agrediu a pontapés sua consorte Popeia Sabina; a qual estando grávida veio a falecer bem como a criança, filha de Nero.

Antes disto no entanto (em 64) Roma foi assolada por um pavoroso incêndio, que destruiu cerca de 1/3 e atingiu metade da 'Urbe'. Segundo Suetônius e Dion Cassio enquanto a cidade era dominada pelas chamas Nero, do terraço de seu palácio entoava Iliupersis, e tangia sua lira. Tácito no entanto registra que o Imperador encontrava-se em Anzio, sua cidade natal, e que ao ser informado sobre a catástrofe, tornou de imediato a cidade disponibilizando seu tesouro pessoal e abrindo as portas de seu palácio aos desabrigados.

No entanto como tanta benevolência de sua parte despertasse suspeitas principiaram a correr boatos e rumores a respeito de ter ele mesmo provocado o incêndio.

Tendo em vista dissipar tais suspeitas, Nero, aconselhado muito provavelmente por Tigelinus, acusou a Congregação Cristã de Roma e determinou que os Cristãos fossem caçados, presos e sumariamente condenados a crucificação. 

Demos a palavra a Tácito

"Assim, começou-se por deter os que confessavam a sua fé; depois pelas indicações que estes deram, toda uma ingente multidão (multitudo ingens) ficaram convictos, não tanto do crime de incêndio, quanto de ódio ao gênero humano. A sua execução foi acompanhada por escárnios, e assim uns, cobertos de peles de animais, eram rasgados pelos dentes dos cães; outros, cravados em cruzes eram queimados ao cair o dia como se fossem luminárias noturnas. Para este espetáculo, Nero cedera os seus próprios jardins e celebrou uns jogos no circo, misturado em vestimenta de auriga entre a plebe ou guiando ele próprio o seu carro. Daí que, ainda castigando os culpáveis e merecedores dos últimos suplícios, tinham-lhes lástima, pois acreditavam que o castigo não era por utilidade pública, mas para satisfazer a crueldade dele próprio."

De que modo no entanto havia a Congregação Cristã de Roma atraído a atenção de Nero ou que Tigelinus???

Certificamos já que a primitiva comunidade de Roma, plantada por aqueles que haviam escutado o Sermão de Pedro em Pentecostes e assumida por ele vinte ou mesmo vinte e cinco anos depois (58/59) era uma comunidade tipicamente judaica; a comunidade de Paulo, fundada muito depois, deveria ser, por isso mesmo, muito menor.

Agora que tipo de literatura circulava entre os grupos de judeus e judaizantes daquela geração???

Ao que tudo índica Judeus e judaizantes eram igualmente 'castastrofistas' e tributários da literatura apocalíptica forjada nos séculos precedentes, a partir de Daniel e Enoc.

Desde então inúmeros outros apocalipses haviam sido compostos em nome de Elias, Baruc, Ezra, etc Alguns dos quais bastante virulentos.

Basta dizer que aguardavam a aniquilação do Império por meio de um 'dilúvio de fogo' em meio ao qual pereceriam todos os pagãos enquanto os eleitos permaneceriam incólumes no meio das chamas, como alude S Melião, na Homília Pascal. Tal a esperança viva dos judeus e judaizantes e por cuja realização oravam todos os dias pedindo vingança.

Basta dizer que este tipo de literatura enigmática e obscura, apreendida pelos esbirros de Tigelinus no Transtevere e que de algum modo relacionava o fim do Império com um incêndio, deve ter sugerido aos romanos a ideia duma conspiração urdida pelos Cristãos.

Não partiram os acusadores do 'nada' mas de algumas evidências mal compreendidas relacionadas com a superstição catastrofista ou apocalíptica. 

Disto resultou o apressamento de Pedro, Paulo e dos demais líderes da congregação e sua posterior execução. Agora cogitam alguns que Nero tenha publicado um Édito ou determinado uma perseguição universal...

Quanto a isto devemos convir que nem há qualquer evidência a respeito de um 'Édito' ou duma proscrição formal e que embora a perseguição ocorrida na capital do império até possa ter suscitado perseguições em algumas outras metrópoles ou capitais, esta primeira perseguição jamais assumiu um cárater de universalidade, atingindo, como querem certos apologistas, todas as regiões ou cidades do Império.

De qualquer modo e maneira, os Cristãos, infectados pela mentalidade judaica ou farisaica; ao invés de terem intercedido e suplicado amorosamente pela sorte eterna do Imperador, converteram-no numa espécie de mostro abominável, e chegaram a crer que haveria de ressuscitar ou de reencarnar no fim dos tempos para novamente assolar a Igreja as vésperas da 'grande conflagração'. Tais os estragos que a mentalidade grosseira do judaísmo acarretou a sublime mensagem de Jesus Cristo.

Nem compreendiam nem compreendem os homens vulgares que os tiranos e demagogos como Judas, Calígula, Nero, Domiciano, Tamerlão, Bismarck, Lênin, Stalin, Hitler, Von Mises, Haiek, Friedmann, Bush, etc foram, ao menos em parte, fabricados por eles mesmos (ou seja pela própria sociedade) e que apesar disto, enquanto seres mutáveis são capazes de mudar de mentalidade, de melhorar e de progredir. De modo que nada nos autoriza a perder a esperança a respeito de qualquer criatura racional.

E tampouco a odiar tais pessoas; quando deveríamos nos compadecer delas.

Na História não há espaço para mocinhos e vilões como nos romances de cavalaria ou faroeste; mas apenas para mentalidades mais ou menos esclarecidas e evoluídas postas diante da sublime figura de Jesus Cristo, o supremo referencial a ser considerado.






quinta-feira, 28 de março de 2013

XCIV - O caminho das seitas - O gnosticismo







Tal o ecleticismo helenista no campo da Filosofia, tal o sincretismo religioso ou gnosticismo.

Fruto da inter relação ocorrida entre o pensamento platônico e os mistérios a um lado e as grandes religiões orientais, como zoroastrismo, hinduísmo e budismo, a outro.

No gnosticismo ou sincretismo pagão tudo se identificava e completava-se por assim dizer.

Nele havia lugar para o deus supremo e incognoscível... e para os deuses tradicionais ora convertidos em anjos, arcontes ou eões...

Para a transmigração...

Para o maniqueísmo...

Para a teurgia...

Para o ascetismo...

Para o catastrofismo...

Destarte não demorou para que toca-se ao judaísmo, atingindo primeiramente os judeus helenistas e certamente, antes de todos, os de Alexandria.

Pois se, para Filon, Moisés estava de mãos dadas com Platão, para muitos Platão estava de mãos dadas com Orfeu, Zarates, Buda, etc

Ademais a alegoria tudo permitia e tudo conciliava.

Não demorou pois para que o gnosticismo principiasse a flertar com o Cristianismo.

Afinal se Moisés além de recorrer a alegoria, ministrara alguns ensinamentos secretos a um seleto grupinho de iniciados, por que Jesus não teria procedido do mesmo modo e maneria.

Assim, como os judeus cabalistas davam com toneladas de 'ensinamentos ocultos' debaixo de cada letra da Taurat; os 'cristãos' gnósticos forcejavam por encontrar os mesmos ensinamentos em cada 'entrelinha' do Evangelho...

Do mesmo modo e maneria, os 'cristãos' gnósticos acreditavam que um tipo de Cristianismo mais refinado havia sido revelado, ou pelo Senhor a alguns dos apóstolos - como Pedro, Paulo, Tiago maior, João e Tomé - ou pelos apóstolos a alguns de seus ouvintes quais fossem: Marsanos, Cleóbio, Silvano, Glaucias, etc

A respeito de tais figuras nada sabemos ao certo, embora algumas fontes pareçam corroborar-lhes a existência.

Os gnósticos no entanto afirmavam terem sido eles os prediletos dos apóstolos e os instrutores de seus mestres Menandro, Saturnino, Marcos, Valentino, Carpócrates, Heráclio, Ptolomeu, Bardesaian, etc

Assim, de terceira mão ou oitiva, no segundo século, eles passaram a codificar certas tradições supostamente apostólicas e a compor Evangelhos e Atos e nome de Pedro, Paulo, Tiago, João, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, etc

Duvidoso é antes de tudo o alegado vínculo existente entre seus Mestres e as citadas personagens que teriam se assentado aos pés dos apóstolos.

Embora seja certo que nenhum desses Evangelhos ou Atos seja anterior ao ano 100 ou mesmo a 120.

O que todavia indica a anterioridade do movimento ou da corrente. Que bem pode ter infectado os elementos da Igreja a partir de 70 ou mesmo de 60, independentemente da ação de Simão, o mago.

Destarte já sabemos porque Paulo, nas pastorais (escritas em 65/66) alude já, a tais elementos - Alexandre, Himineu, Filetos, Cleobio (na III Cor) - mas não como discípulos prediletos senão como opositores e apóstatas. O mesmo declara; joão, o discípulo (ou presbítero) a respeito de Diotefres.

Portanto se Marsano, Silvano e Glaúcias; dentre outros existiram de fato; ou tiveram seus nomes tomados de empréstimo; ou apostataram e mereceram o anátema dos apóstolos, a exemplo de Simão, o mago e Cleóbio.

Como já foi dito por nós os gnósticos acreditavam que do Deus Supremo (Abyssus ou Theos agnostos) procediam uma série de emanações ou entidades, uma mais imperfeita do que a outra - Sofia, Sofia Filha, Teletos, etc - até que a mais imperfeita e por assim dizer maligna produziu este nosso mundo material.

Diziam ainda que as entidades mais elevadas e puras por terem cometido algum delito foram precipitadas nos corpos dos homens mortais.

Que o demiurgo mau apresentou-se como 'deus' aos homens deste mundo com o objetivo de mante-los escravizados pela ignorância. Outros no entanto alegavam que ele dividiu este mundo com seus irmãos, ou seja, com as demais entidades malignas, de modo que cada qual tomou para si um povo ou uma nação; recebendo o nome de governador ou arconte. Tal a origem dos diferentes deuses...

Cada deus ou arconte oprimia seu 'rebanho' exigindo oferendas e sacrifícios.

Assim os homens, sob a tirania dos eões, anjos ou arcontes, permaneciam completamente ignorantes a respeito da origem divina de suas almas. E iludidos permaneciam neste plano e tomavam posse de novos corpos materiais perpetuando seus sofrimentos...

Compadeceu-se no entanto o Pai incognoscível e determinou 'redimir' tais homens comunicando-lhes o verdadeiro conhecimento sobre a origem da alma.

Eis porque enviou sua emanação primordial: o Logos, Filho ou Cristo cósmico, a este mundo material, com o intuito de instruir um grupo de iniciados. O Cristo cósmico apossou-se - durante o Batismo - do corpo do homem Jesus, filho natural de José e Maria, o qual veio a abandonar quando estava prestes a ser supliciado... Outros ensinavam que sendo o corpo de Cristo de matéria sutil ou aparente, desprendeu-se da cruz ou evaporou-se... ou declaravam ainda que Judas, ou Barrabás, ou Cirineu; havia sido pregado em seu lugar.

Quanto aos homens estavam divididos em três grupos:


  1. Os Pneumáticos ou espirituais: que procediam das entidades mais elevadas sem mistura com a matéria má. Alguns diziam que ele haviam sido criados pelo Logos ou por Sofia; sem que conhecimento do Demiurgo; tais os gnósticos que se salvam pelo conhecimento da verdade apenas
  2. Os psíquicos ou racionais: Neles há mistura entre o elemento procedente das entidades mais elevadas e a matéria má. Por isso eles precisam duma redenção pela fé e pelos sacramentos; até que a matéria má seja eliminada por completo. Tais os Ortodoxos, que purificados poderiam renascer como pneumáticos.
  3. Os hílicos, animais ou carnais (alogos): Neles não há elemento material, mas apenas matéria má procedente deste nosso mundo; são os filhos gerados pelo Demiurgo e devem desaparecer com este sistema. Tais os pagãos.


Segundo dizem eles quando o Demiurgo cessar de produzir entidades materiais Sofia filha retomará seu lugar no Pleroma, correspondendo esta redenção ao plano arquitetado pelos demais eões. E com ela irão os pneumáticos.

O próprio Demiurgo será integrado ao Kenoma com os psíquicos que restarem ao tempo.

Quanto aos carnais perecerão juntamente com a matéria má que compõem este nosso mundo.

Para eles Cristo, Nous, Espírito Santo, Salvador, etc constituiam diferentes eões ou anjos.

Eis porque nos deparamos em seus escritos com os mesmos nomes. O significado no entanto é totalmente diverso; porque enquanto nós acreditamos numa Trindade indivisível eles acreditavam em Trinta ou sessenta emanações ou entidades com vontades diferentes e operações opostas. Pois seu Pleroma é formado por trinta deuses partindo da Ogdoada e o Kenoma da mesma forma.

Naturalmente que cada mestre ímpio apresentava o sistema a sua maneria; assim sendo Sofia, Nous, Cristo, Salvador, Espírito Santo, Demiurgo, etc desempenham papéis diferentes, segundo a imaginação de cada um... E havia tantos 'pleromas' quanto cabeças...






XCIII - A sorte de Tomé






Tendo saído de Al Kudush com os demais apóstolos, seguiu Tomé Dídimo - cujo prenome era Judas - com Bartolomeu, Simão e Judas Lebeus para jundo de seu pupilo Addai em Edessa (Urhoi).

Ali se separaram seguindo Bartolomeu para o Norte em demanda da Armênia e da Citia, e Simão e Judas até Cetsifonte, Tomé seguiu e direção do Leste atravessando a partiena até a Sogdiana, a Aracósia e o Beluquistão que hoje se chama Paquistão e que antes fazia parte da Ìndia.

É duvidoso que tenha atingido a parte oriental do Pais que fica para lá do Ganges ou mesmo atravessado o Indo; pois Bardesaian escrevendo no ano 180, assevera que não havia Igreja alguma naquelas regiões.


Então devemos compreender que ele plantou a igreja que floresceu entre o Paquistão e o Afeganistão e não a igreja de Cormandel ou Kerala; junto a Meliapore e Travancor; as quais todavia devem ter sido estabelecidas pelos membros da igreja de S Tomé em meados do século III, sendo bastante provável que parte das relíquias do apóstolo tenham sido levadas para lá.

A principio ele obteve sucesso convertendo o rei Gondofares e parte de seu povo.

Passando porém as terras do rei Mahadeva e tendo atraido sua esposa Terítia e seu filho Jusanes; atriu a fúria do potentado, o qual fez carrega-lo de cadeias e po-lo na prisão.

E tendo feito isto determinou que fosse supliciado.

Temendo no entanto o povo saiu com Tomé em demanda dos arredores da cidade. E como todos pensassem que ele desejava consultar o servo de Jesus Cristo, não houve quem levasse a mal, exceto Jusanes.

E chegando a um ermo tornou o rei a cidade deixando o apóstolo sob a guarda de quatro soldados e com ordens expressas para que fosse morto.

Alcançou-os no entanto Jusanes e tomando o homem santo pela mão fazia menção de leva-lo consigo para liberta-lo.

Tomé no entanto resistiu e disse: "Não posso pagar tão elevado preço que são estas quatro almas sobre as quais teu pai exercerá vingança caso eu venha a escapar."

Toma pois algumas das moedas que tens contigo e entrega a eles enquanto faço minhas orações.

E enquanto Jusanes pagava o serviço dos soldados, o apóstolo, tendo erguido suas mãos e olhos para o céu, proferiu estas palavras:

"Meu Senhor e Deus, Mestre e esperança de todos os povos e nações, eis que tenho te servido fielmente até este dia sem desviar-me por outros caminhos. Assim tenho executado o decreto que ouvi da tua boca e anunciado aos infiéis a tua palavra da Verdade. E para libertar esta gente me fiz escravo. E para conduzi-los a perfeição que vem de ti caminho para o fim desta vida terrena. E tendo encerrado minha carreira caminho para ti sem qualquer receio. Só uma coisa eu te peço: que firmes este rebanho na tua palavra, e que não se perca qualquer um daqueles que se voltaram para ti com o coração sincero. Eu te rendo graças Senhor, Deus e Mestre pelos séculos dos séculos. Amim."

Tendo dito isto o justo voltou-se para os soldados e disse: Exercei agora o ofício para o qual fostes bem remunerados.

E eles quase que ao mesmo instante atiraram suas lanças contra ele; e atravessado por elas ele rendeu o seu espírito.

E segundo o mistério da grande piedade ele foi sepultado pela congregação.

Posteriormente suas relíquias ou melhor, parte delas, foram trazidas para Edessa (Urhoi); segundo testifica Efraim, o diácono. Elas devem ter sido depositadas na Igreja de S Tomé, na qual, segundo a peregrina Etéria, os Atos ou memórias deste apóstolo ainda eram lidos em meados do século V.


XCII - A sorte de S Mateus





No Talmude Bavli (Sanhe. XLIII,a) "Mattai' é formalmente alistado como sendo um dos assistentes de Yeshua.

Na Escritura divina é denominado Levi, cobrador de impostos, que de sua 'banca' foi retirado e santificado pelo Senhor.

Segundo a tradição apostólica (apostoliké paradosis) e a tradição dos infiéis (muçulmanos) ele teria principiado a evangelizar a Judeia, passando rapidamente pera o Egito e seguindo para a Etiópia na retaguarda do Eunuco convertido por Filipe.

Assim o Eunuco fundou a congregação local e Mateus assumiu o comando.

Depois seguindo em demanda do Sul, o apóstolo chegou a terra dos antropófago; onde reinava Polvanos.

E tendo exercido bom ministério veio a atrair a esposa do rei Polvana, seu filho Polvanos e sua nora Erba, os quais receberam a iluminação e tornaram-se muito dedicados a Mateus.

O rei no entanto tendo permanecido fiel ao 'padrão' de seus pais e notado como sua família servia fielmente a igreja sentiu-se contrariado.

E desde então tramou para que o homem apostólico perecesse.

Mas não podia mata-lo sem algum pretexto, porque era bastante estimado pelo povo.

Mateus no entanto não cessava de profligar contra os deuses e seus simulacros.

Diante disto Polvanos mandou chama-lo e disse: Cessa de clamar contra os deuses dos antepassados!

Ao que Mateus replicou: Diz estátuas e não deuses.

Então Polvanos mandou prende-lo e condenou-o a ser lançado ao fogo.

Foi preparada uma grande fogueira e nela lançaram asfalto, óleo, resina, cera, mel e outras matérias comburentes; em seguida lançaram o ancião e fizeram fogo; e eram as chamas tão fortes e o calor tão grande que alguns dos que estavam perto pereceram imediatamente.

Mateus todavia, mesmo estando envolvido pelas chamas, rezava:

"Santo Senhor dos Exércitos recebe em paz a minha alma."

E dizendo mais algumas palavras espirou.

E tendo a fogueira apagado notaram que suas roupas estavam intactas e que ele parecia estar dormindo.

Seu diácono, Platão desceu até a terra do Egito onde foi feito Bispo e sucedeu ao apóstolo.

Acaso todas estas narrativas não estão registradas nos 'Atos de Mateus'? Então aquele que desejar obter mais informações tome o registro e leia.

terça-feira, 26 de março de 2013

XCI - Ebion e seu significado





Esta seita como já fizemos questão de observar foi criada por Tebutis, o 'ebion' ou pobre, logo após Simão ter conduzido o povo a Pela, na Peréia; segundo Epifânio, a mudança de local e de Bispo (porque S Tiago fora executado em 65) favoreceu a criação do grupo.

O mesmo escritos informa que Tebutis era procedente da aldeia de Cocabe, cerca da Batanéia.

Segundo Jerônimo haviam diversos tipos de Ebionitas ou melhor diversas seitas que partilhavam deste nome.

O elemento comum porque estavam unidas era a fidelidade irrestrita ao mandamento da limitação de riquezas ou como diziam em seu idioma a 'pobreza'.

Uma vez que parte deles se extinguiu e parte se desviu da sã doutrina a respeito de Jesus; e que nossa Santa Igreja veio a ser demasiado tolerante para com a posse e acumulo das riquezas condenadas por Cristo; muitos de nossos mestres e doutores tem se esforçado por calunia-los.

E alegam que eles ensinavam que a salvação é comunicada apenas aos que permanecem materialmente pobres e que o homem é salvo pela pobreza, e que rico algum poderia ser salvo.

O fato deles terem proibido o acumulo material de bens não significa que desconsideravam a pobreza da alma ou o desapego; mas que acreditavam que a 'pobreza espiritual' tinha certamente uma expressão material; e que proibindo o acumulo criavam circunstâncias favoráveis ao desapego.

Ele apenas exerceram a prudência recomendada pelo Salvador; enquanto que a Igreja, lamentavelmente relaxou... e introduziu os ricos parasitas no Reino dos céus; em franca contradição com a palavra do Senhor.

Neste ponto, relativo a pobreza, não há o que censurar aos ebionitas por sua insistência; antes cumpre louva-los, porque ao menos aqui foram os únicos a permanecer rigorosamente fiéis e a honrar o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Alias a origem de todas as seitas é justamente a falta de empenho em algum ponto da doutrina ou mesmo da prática por parte da Igreja. No caso dos ebionitas aproveitaram-se eles dos novos 'compromissos' surgidos entre os servos de Cristo e o Reino de Mamon...

Quanto a heresia deles dizia respeito a observância da Lei de Moisés.

Pelo que insistiam a respeito dos animais puros e impuros, da circuncisão, da guarda do sábado, etc

Fácil é perceber que eles tiveram sua origem nos fariseus convertidos que formaram o 'partido da circuncisão'; e que resistiram a orientação do Espírito Santo até formarem uma seita, e que detestavam particularmente os ensinamentos anti legalistas do apóstolo Paulo. O qual era por eles frequentemente apontado como o 'homem mau' que lançou a cizânia no campo de Cristo.

Diziam ainda, que ele, Paulo, era de origem grega; mas que, tendo ido com alguns amigos judeus ao templo veio a arder pela filha de um sacerdote a ponto de circuncidar-se para poder desposa-la. No entanto como não pudera obter a mão da moça, encheu-se de ódio e pos-se logo a escrever contra a circuncisão, a dieta e o sábado.

Viviam pois como judeus, filhos de Abraão e discípulos de Moisés.

E por isso não viram com bons olhos a entrada dos gentios na Igreja e a ruptura da Igreja com a sinagoga.

Eis porque não dava a seus lugares de culto o nome de igreja mas de 'sinagoga de Cristo' (!!!)

E de fato ficaram entre a Igreja e a sinagoga; atraindo simultaneamente a ira dos Cristãos e dos judeus.

Os cristãos odiavam-nos - declara Renan - porque observavam rigorosamente a Lei de Moisés; enquanto os judeus odiavam-nos porque apresentavam Jesus como o verdadeiro Messias.

Segundo o já citado Jerônimo haviam ebionitas que guardavam em tudo a fé da Igreja; insistindo apenas a respeito da 'Lei'...

Enquanto outro grupo ensinava ter sido Jesus filho natural de José e Maria e que o Espírito de Cristo nele penetrou sob forma de pomba no momento do Batismo.

Diziam ainda ser o Espírito de Cristo um dos primeiros espíritos criados; juntamente com seu irmão gêmeo: Satanás; a Cristo teria sido entregue a posse do mundo futuro, enquanto que a posse deste nosso mundo havia sido confiada a Satanás; correspondendo tal atribuição a um decreto divino.

Outros aplicavam a Cristo e a Satanás a parábola dos dois irmãos. Cristo seria aquele que disse 'Não vou' mas que acabou por entrar no corpo do homem Jesus e proclamar a boa nova; enquanto Satanás seria aquele que disse 'Vou'; mas recusou-se a vir; sendo por isso mesmo precipitado dos céus...

Por via do Evangelho dos Hebreus, um original de S Mateus que eles em parte completaram e em parte corromperam, acabaram tais narrativas encontrando eco até mesmo nos Escritos de Taciano e Lactâncio.

Destarte para eles Jesus era um simples homem naturalmente gerado e o Cristo uma espécie de 'deus' constituído (E não verdadeiro por via de geração.) ou de líder dos anjos e arcanjos.

Outros dispensavam quaisquer atavios e ensinavam muito francamente que Jesus, o Cristo; não passava, a princípio de um 'homem ordinário' - isento de preexistência - ou do último e supremo profeta; o qual por sua santidade e íntima comunhão com Deus mereceu o título de Filho.

Cerca do ano 101, um de seus membros Elxai ou Elkasai apresentou-se como profeta. Segundo dizia fora enviado pelo verbo, um anjo gigantesco, do tamanho duma montanha; e por sua 'mãe' o espírito santo, outro anjo de proporções assombrosas... tal a vertente dos elkassaitas.

Ele anunciou o fim do mundo para 119, isto é para o terceiro ano após a guerra dos partos... apesar disto seu sucessor Alcebíades de Apaméia traduziu suas profecias para o grego e conquistou certo número de seguidores, dentre os quais Mani. Em 220, sob Calisto, uma versão latina apareceu em Roma...

Assim entre eles e entre suas seitas haviam grande divergência de opiniões, da 'Ortodoxia' ao 'arianismo' passando pelo gnosticismo... todos no entanto porfiavam em cumprir a Lei de Moisés e em viver sobriamente conforme a determinação de Nosso Senhor.

Ao tempo de Jerônimo e Epifânio eles ainda proliferavam na Péreia e na Batanéia e já haviam traduzido para o hebraico ou o aramaico o Evangelho de João e os Atos dos apóstolos...

De fato eles subsistiram até a chegada do Islã no século VII; quando suas 'sinagogas de Cristo' foram finalmente varridas da face da terra... juntamente com as seitas dos marcionitas, montanistas, docetas, arianos, etc

Reapareceu esta heresia nos tempos modernos sob a alcunha de 'judeus messiânicos' ou de 'judeus para Jesus' e reproduzindo os mesmo erros pestilenciosos.










XC - Ministério da iniquidade - a multiplicação das seitas





Entre os primeiros movimentos heréticos de alguma forma vinculados ao Cristianismo nascente Hegesipo menciona explicitamente os Docetas; esclarecendo que esta vertente havia sido fundada por um certo 'Dociteo'; outros escritores antigos alegam da mesma maneira que a seita dos Ebionitas fora fundada por um certo Ebion.

Tais acepções estão erradas, pois o termo 'doceta' é derivado do termo primitivo 'Dokeo' que significa aparência. Não é nome de homem, mas designativo da tendência prevalecente no grupo; assim Ebion significa simplesmente pobre, designando uma outra tendência. Nós no entanto, conjecturamos que a seita dos ebionitas tenha sido formada pelo 'Tebutis' mencionado nas já citadas 'Memórias' de Hegesipo.

Quanto ao grupo dos docetas não temos acesso ao nome de seu fundador.

Sabemos no entanto, que durante os anos subsequentes a 70, passou a formar uma verdadeira seita com ampla disseminação. Tanto que vieram a constituir grave preocupação para João, o presbítero e para Inácio Mártir; os quais não cessam de anatematiza-lo em suas epístolas.

Legítimos herdeiros do ódio tributado pelos platônicos e gregos em geral; a matéria e ao corpo, sustentavam ele a impossibilidade da Encarnação.

Sendo a matéria má e o corpo igualmente mau; não podia Deus ter assumido semelhante complemento sem contaminar-se.

Destarte o mistério central de nossa fé não passava duma farsa ou duma espécie de possessão transitória.

E como não havia acordo entre eles uns ensinavam que o corpo de Jesus era aparente ou feito de matéria fluídica; outros que não passava duma imagem ou ilusão e outros enfim que o Cristo cósmico se havia apoderado do corpo do homem Jesus, filho de Maria e feito uso dele até ser pregado na cruz; momento em que veio a abandona-lo a sua própria sorte.

Aqueles que pertenciam ao primeiro grupo advertiam que quando Jesus era apresentado comendo ou bebendo; tratava-se apenas de atos aparentes ou imaginários... a semelhança do corpo físico... Eis porque quando o 'fantasma' desapareceu no calvário ou ascendeu aos céus, o Cirineu foi crucificado e morto em seu lugar.

Segundo o Evangelho de Barnabé Judas, o traidor, é que "Pelo Deus grandioso foi mudado na figura e fala de Jesus e supliciado."

Enquanto o Evangelho de Pedro sustenta que ele esvaneceu-se diante deles assim que a cruz fora suspensa. (Os maometanos sustentam até hoje este erro.)

De qualquer modo Jesus jamais experimentara a dor ou morrera verdadeiramente. O mesmo Evangelho petrino assevera que ele permaneceu 'calado' - e impassível - até sem recolhido.

Sendo sua paixão; como sua Encarnação e nascimento pura ilusão...

E sua ressurreição outro erro ou equívoco grotesco. Afinal como poderia recobrar a vida do corpo aquele que jamais viera a assumi-la em verdade.

Eis porque a ressurreição da carne não fazia qualquer sentido. E os sinais sensíveis dos mistérios, e o culto das ícones, e a comunhão dos santos, e a própria igreja visível e hierárquica. A tudo estes heréticos repudiavam em nome da transcendência absoluta e do maniqueísmo.

Ao contrário dos nossos protestantes que repudiam as consequências ou efeitos: A igreja visível, os sinais sensíveis dos sacramentos,  a iconofilia, a comunhão dos Santos, etc & mantem as premissas: ou seja a veracidade da Encarnação do Verbo.

Os docetas eram mais coerentes pois demoliam tudo e buscavam aniquilar formalmente o mistério da Encarnação.

Toda a vida e obra de Jesus fôra uma questão de aparências e engano, uma encenação ou farsa enfim. A grande e antiga Igreja por sua vez não passava dum lamentável equívoco, provocado pela ignorância de alguns apóstolos demasiado 'carnais'.

Esta teoria foi retomada parcialmente pelo ímpio Juliano de Halicarnaso e seus asseclas aftardocetas nos séculos VI e VII.




segunda-feira, 25 de março de 2013

LXXXIX - Uma outra vinda de Jesus: A destruição de Jerusalém...




Tendo Jesus iniciado a proclamação da boa Nova em 27/28 e terminado em 33/34; a metade de seu ministério corresponde a 30/31 desta era. Sendo possível que neste ano tenha passado da Galileia a Judeia e Jerusalém.

Compreendemos já porque, o fim dos quarenta anos de penitência reservado aos judeus, corresponde a 70 desta Era, ocasião em que o Templo foi destruído.

No que concerne a destruição do Templo dos judeus é necessário fazer um esclarecimento necessário.

Pois muitos tem ensinado que Jesus Cristo desejou exercer vingança contra os judeus e castigar a cidade infiel.

Ora esta explicação é totalmente falsa e blasfematória.

Pois aquele que disse: "Amai-vos uns aos outros." jamais excluiu o povo judeu.

De fato ele abominava a religiosidade e os falsos princípios adotados pelos filhos de Abraão; mas não os filhos de Abraão, aos quais sempre amou e desejou conduzir a verdade.

Por outro lado sendo Deus eterno e impassível jamais encheu-se de cólera como um homem ou pretendeu vingar-se daqueles que criou para beneficiar apenas.

Jamais desejou Jesus punir ou castigar uma nação ou cidade.

Toda esta ideia é muito primitiva e absurda.

Havia no entanto a necessidade de destruir o Templo.

Porque a maior parte dos Cristãos procedentes do judaísmo permanecia espiritualmente ligada a ele. E mesmo um apóstolo da estatura de Paulo não deixava de observar os ritos judaicos.

A totalidade do povo de Cristo acreditava que o judaísmo correspondia a uma espécie de dispensação ou de Revelação anterior ao Cristianismo; destarte subsistiam duas dispensações, revelações ou instituições, paralelamente... e isto não podia deixar de produzir certa confusão espiritual.

Grosso modo podemos dizer, que para a irmandade daquele tempo, a manutenção do sacerdócio judaico, dos sacrifícios e do templo significava que aquele padrão não havia sido oficialmente revogado por Deus, e; logo, que permanecia válido, devendo o Cristianismo permanecer ligado a ele como uma seita e respeita-lo.

Esta situação anormal opunha-se aos interesses sagrados do Cristianismo e não poderia estender-se por muito tempo.

Todavia o Salvador desejara dar algum tempo aos habitantes de Jerusalém e assim salvar da catástrofe o maior número deles. Eis porque em seu amor e misericórdia, concedeu-lhes Jesus Cristo quarenta anos!

Nem deixaram os líderes do povo de prevaricar durante todo este tempo; expulsando os apóstolos, maltratando os discípulos e oprimindo com braço forte a congregação de Jesus. E já vimos como os fanáticos deram cabo dos dois Tiagos, encarceraram Pedro e tramaram contra Paulo...

Entrementes a condição moral daquele povo se deteriorava. Assim, cerca de 60/65 Yhoanan Ben Zachai; pupilo de Gamaliel, diante de um número tão grande de adultérios, optou por suspender o ritual das águas amargas.

E enquanto o povo passava fome os filhos de Sadoc levavam uma vida principesca... Daí a parábola: "Ganhei um cordeiro para cear, veio um filho de Sadoc e disse: os quartos são meus; e logo mais outro que disse: o peito me pertence, e outro, e outro... até que não me sobraram nem mesmo os pés e fiquei sem ter o que comer. Eles no entanto mostravam a barriga sempre estufada."

Enquanto a miséria, a imoralidade e a angústia aumentavam os zelotes açulavam o povo! E acenavam com a promessa do Messias assegurando que após terem tomado as armas contra os romanos ele viria em auxilio deles.

E não poucos profetizavam sua vinda iminente.

Em breve as nuvens do céu se abririam e o guerreiro invencível desceria, esmagando as legiões romanas com o sopro da sua boca e inaugurando o reino milenar.

Bandos de vagabundos inspirados reuniam-se nos bosques, desertos e montanhas; das quais saiam com o intuito de passar os soldados romanos e demais estrangeiros a fio de espada.

A rebelião principiou em 66 quando o procurador romano Floro requisitou dezessete talentos de ouro ao tesouro do templo.

Indignados os judeus fizeram uma 'coleta' simbólica e enviaram a Floro.

Este, enfurecido, entregou parte da cidade de Jerusalém ao saque e mandou crucificar aqueles que haviam concebido a 'troça' e dela participado.

E como os judeus não dessem qualquer mostra de receio, decretou uma carnificina geral. Assim muitos homens e mulheres inocentes foram passados a espada nos logradouros públicos.

O próprio filho do sumo sacerdote, Eleazar, compos tropa e ocupou a fortaleza Antonia. Feito isto os rebelados sitiaram a III Legião (Gallica) em Mariane e ao cabo de alguns dias massacraram todos os seus componentes - mesmo sob rendição - a exceção do prefeito Metelo. Em seguida os zelotes tomaram Massada, Ciprus, Maqueronte, etc Assim a revolta chegou a Idumeia e a Galileia granjeando inúmeros partidários.

A hora da redenção havia chegado.

Tendo acabado de substituir Valério Córbulo frente a prefeitura da Síria, Caio Céstio Galo cuidou talvez ser este seu momento de glória. Assim sendo juntou quatro legiões (cerca de 28.000 combatentes) e poz-se a caminho de Jerusalém, acreditando que os judeus se renderiam assim que contemplasse seu exército, sem mesmo ditar quaisquer condições...

E tendo posto cerco a cidade levantou-o, sem qualquer explicação, após cinco dias; tendo em vista a estrada para Lod.

Foi quando os Cristãos da cidade, após terem contemplado as águias romanas, recordaram-se das palavras de Jesus e atravessando o Jordão rumaram para Pela na Peréia. Assim puderam retirar-se facilmente enquanto a tropa dos zelotes ia no encalço de Céstio, ficando a cidade pouco guarnecida.

Tampouco foram eles molestados pelos habitantes do Leste; pois estes haviam acorrido em massa a cidade para a festa dos tabernáculos.

Assim tudo foi propício aos adoradores e servos de Jesus Cristo.

Mas não a Céstio, que teve seu exército atacado em Beth horon, escapando-se para Cesaréia com pouco mais de 400 homens e deixando 6000 mortos espalhados pelo caminho; além dos estandartes.

Este desastre foi tão feio que Céstio faleceu em menos de um mês; pois angustiado cessou de alimentar-se...

No começo de 67 Tito Flavio Sabino Vespasiano foi designado por Nero para conter a revolta dos judeus; em junho deste mesmo ano tomou Gabara e sitiou Jotapata; rendendo-a em menos de dois meses e passando logo a Galiléia; onde capturou Tverias, Tarychaeae, Gamala e Giscala; assenhorando-se de toda Galiléia.

Feito isto passou a Judéia onde capturou Jericó e a fortaleza de Cyprus; em seguida dirigiu-se a costa submetendo Lida e Iavné; té retornar ao centro e tomar Emaus.

Em seguida Vespasiano dirigiu-se a região do Mar Morto onde destruiu o centro essênio de Qumran e laço parte de seus ocupantes as águas do Mar Morto. E saindo desta região tornou ao centro, destruiu diversas vilas e aldeias situadas nas montanhas e cercou Al Kudush com suas tropas.


"Durante quarenta anos depois que a condenação de Jerusalém fòra pronunciada pelo Salvador; ainda quis o ele retardar seus juízos a respeito da infeliz cidade. Maravilhosa foi a longanimidade de Cristo para com aqueles que haviam repudiado seu Evangelho. A parábola da árvore infrutífera representa o destino final do templo; assim fôra decretado: "Seja cortada; pois ocupa a terra inutilmente e sem produzir qualquer fruto."

Prevaleceu a misericórdia no entanto e ela foi poupada por algum tempo ao invés de ter sido imediatamente varrida. Muitos havia entre o povo que nada sabiam a respeito de Jesus e sua mensagem. E os filhos não haviam desfrutado daquela luz que os pais haviam feito apagar. Assim mediante a pregação dos apóstolos e discípulos; Deus faria com que a luz resplandecesse por uma última vez entre eles.

Assim foram comunicados e informados não só sobre a vinda, o nascimento e o ministério de Jesus Cristo; mas ainda a respeito de sua morte e ressurreição.]

Os filhos não foram condenados pelos pecados dos pais; quando porém, ficaram cônscios da graça que fora concedida e rejeitada pelos pais; os filhos quiseram imita-los, procedendo do mesmo modo e maneira e  desprezando a oportunidade que lhes fora concedida; tornaram-se participantes da obstinação e da cegueira dos pais e antepassados.

A protelação no entanto apenas confirmou os hebreus em sua contumácia. Em sua loucura, como refere Eusébio, eles perseguiram os santos de sinagoga em sinagoga dando-lhes caça como a animais selvagens; assim repudiaram a derradeira oferta de paz e misericórdia que lhes era feita pelo Eterno Deus.

Retirou deles o Pai a sua benção e entregou-os aos desejos infrenes de seus corações.

E sem acesso ao sagrado suas almas voltaram-se para o mal.

E foram completamente subjugados por suas paixões e instintos destrutivos.

Assim não mais puderam raciocinar."

E por isso não deram ouvidos as sábias palavras de seu próprio rei Agripa II; o qual estando entre eles proferiu discurso repassando a História de cada nação conquistada e mantida pelo império romano: Atenas, Esparta, Macedônia, Gália, Ibéria, Egito, Etiópia, Arábia Pétrea, etc Salientando que os latinos dominavam do Eufrates a Gades; do Saara a recém descoberta Britânia (Albion ou Inglaterra)... e que não havia quem lhes fizesse frente ou resistisse.

A arrematou aconselhando para que permanecessem em paz.

Então arremessaram-lhe pedras tal e qual os Aztecas haveriam de fazer a Montezuma, e expulsaram-no da cidade.

"Sinais e prodígios parecem ter assinalado a aparição iminente do juízo. Ao meio da noite luzes pairavam como larvas soturnas sobre o templo e o altar; assustando os transeuntes. Sobre as nuvens do céus com cores de sangue apareciam figuras de carros e homens de guerra...

Os sacerdotes que oficiavam pelo turno da noite relatavam terem ouvido gritos e gemidos vindos do lugar santíssimo.

E durante a hora do sacrifício mais solene sacerdotes e levitas ouviram nitidamente as seguintes palavras: "Saiamos deste lugar."... no mesmo dia a meia noite a grande porta oriental, tão pesada que dificilmente poderia ser aberta por vinte homens fortes; abriu-se por si só.

Durante sete longos anos um homem esteve a subir e a descer as ruas e ladeiras da cidade santa gritando em alta voz: 'Voz do Oriente, voz do ocidente, voz dos quatro cantos, voz contra esta cidade de Jerusalém e voz contra este templo; voz contra noivos e noivas, voz contra os enlutados, voz contra fiéis e sacerdotes, e voz contra todo este povo.". Foi este personagem diversas vezes preso e açoitado sem que jamais deixasse de exclamar "Ai de Jerusalém e de seus habitantes."; enfim deram-no por louco e não mais se ocuparam dele. Té que durante o cerco dirigiu-se a uma das praças da cidade e gritou: "Voz contra mi mesmo." sendo de imediato atingido por um projétil e eliminado.

No entanto após terem dizimado as tropas de Céstio, encasquetaram os habitantes de Jerusalém que Deus os estava a proteger com sua mão poderosa e que já não poderiam ser derrotados pelos romanos. Videntes, profetas e sacerdotes a chusma puzeram-se a declarar a invencibilidade do povo e a vinda iminente do rei Messias... fanático algum duvidava que o Império romano estava com seus dias contados e comemoravam já a inauguração do reino tão esperado.

Deus se lhes manifestara e demonstrava que, como nos tempos da arca do pacto, lutava por eles.

E no entanto Tito fez cercar a cidade na ocasião da Páscoa, quando milhões de peregrinos judeus, vindos de todas as partes do mundo habitado lá estavam.

Para piorar a situação as provisões de víveres que tendo sido amontoadas e vindo a ser bem administradas poderiam suster os naturais da cidade por mais de cinco anos; haviam sido destruídas devido as lutas suscitadas entre as facções.

Assim sendo toda aquela multidão estava posta aos horrores da fome.

Uma simples medida de trigo valia um talento.

E assim os mais pobres, que nada possuía, principiaram a devorar seus cintos, suas sandálias e as coberturas dos escudos.

Diante disto não poucos atreviam-se a sair da cidade, na calada da noite, com o objetivo de colher ervas silvestres que cresciam no entorno das muralhas; e tantos quantos eram apanhados eram estripados e postos a cruz pelos romanos...

Enquanto os que regressavam com víveres para os seus, eram deles despojados a força pelos soldados.

Aqueles que aparentavam não estar perdendo peso ou sofrendo com a fome; eram denunciados e postos a tormentos com o objetivo de declarar onde estavam escondidas suas reservas.

Assim desapareceu daquela cidade toda reverência.

Ali marido tirava o pão da boca da mulher e mulher tirava provisão a boca do marido.

Os jovens sendo mais fortes disto prevaleciam para arrebatar alimento aos próprios pais e avós.

A pergunta do profeta: "Acaso pode uma mãe esquecer-se do filho que gerou em suas entranhas?" recebeu, dentro dos muros da cidade condenada, uma resposta inaudita: "As mãos das mulheres piedosas assaram os próprios filhos e alimentaram-se deles por ocasião da destruição da cidade real."

"Maligno sera o olho da mulher mimosa contra seu esposo e seu próprio filho... e tantos mais tiver; devorara cada um deles as ocultas durante o cerco; e com mais aperto o inimigo irrompera a tuas portas!"

E como aquele obstinado povo não consentisse em negociar ou em abrir as portas da cidade; determinou o amável Tito que tantos quantos fossem pegos e aprisionados fossem sumariamente crucificados diante dos muros da cidade; e diariamente centenas de cruzes eram erguidas do Vale de Josafá ao Getsemani; até que não haviam mais árvore alguma nas redondezas; e uma muralhas de madeira cercou a cidade; como se ela toda estivesse crucificada."

Escapou-se a custo Yhoanam ben Zachai dentro de um féretro, fazendo-se passar por morto.

Tito tudo fez para por termo aquela hecatombe; evitando assim a destruição total da cidade. E mostrava vivo horror ao ver os Vales atulhados de cadáveres.

No entanto, a guerra e a fome associou-se a terceira parca: a peste; pois os mortos permaneciam insepultos e os vivos estavam fragilizados... Foi quando a peste fez com que caíssem como moscas pelas ruas e praças...

O general tendo dado com as vistas no soberbo templo, deu ordem para que nenhuma de suas pedras fosse tocada.

Quando isto veio a acontecer já não se notava qualquer sinal de fumaça saindo dos pátios; pois como já não haviam cordeiros na cidade, após centenas de anos a fio, os sacrifícios cessaram de ser oferecidos.

Cumpriam-se as palavras de Jesus: "Eis que venho para eliminar vossos sacrifícios; cessai de imolar ou exercerei juízo sobre vós!" Ev dos Hbs

Diante disto, o remanescente do sacerdócio, tido em conta de inútil e odiado por ter se oposto desde o princípio a revolta, passou a ser dizimado pelos zelotes.

Tendo tentado inutilmente escapar foi o derradeiro sucessor de Aarão e Sadoc, com suas barbas untadas e cabelos aromatizados; encontrado nos túneis dos esgotos e imediatamente passado a espada.

Nem por isto deixavam as facções rivais de Ya ir, Simon Bar Giora e Yhoanan de Giscala de dar combate sem tréguas umas as outras...

Como o rei Agripa havia predito e como já havia sucedido a Cartago; dia houve em que os legionários enfurecidos fizeram brecha a cidade impenitente e irromperam em seu interior.

A esse tempo Jerusalém mais parecia um cemitério a céu aberto do que outra coisa; estando ruas e praças atulhadas de cadáveres insepultos.

Os fanáticos no entanto acorreram ao Templo. Pois acreditavam que o lugar era invulnerável e que Javé não permitiria que o romano profanasse o santuário; assim sendo ele fico completamente lotado, e suas pesadas portas foram fechadas.

E erguendo aos mãos e os olhos para os céus os hebreus entoavam Salmos e hinos, suplicando pela vinda do Messias.

Consternado foi Tito até eles e rogou aos líderes para que não o constrangessem a macular o local sagrado com sangue. Se lhes fosse do agrado eles poderiam sair e o derradeiro combate travar-se-ia noutro lugar mais apropriado... pois romano algum estava disposto a violar a santidade do templo.

O próprio Josefo se lhes dirigiu a palavras assegurando que ao renderem-se salvariam a si mesmos, a cidade; e o que era mais importante, o Templo.

Eles no entanto, compreenderam que tais palavras não passavam duma vã tentativa para afasta-los dum sítio 'invulnerável' que os próprios romanos sabiam ser impossível conquistar, e lançaram pedra e setas contra seu derradeiro mediador humano, que acenava-lhes com a possibilidade de salvação.

Os judeus haviam rejeitado os apelos e rogos do Cristo e agora estavam disposto a ir até o final, as últimas consequências. Embalde foram os esforços de Tito para preservar o Templo da destruição; imperador mais elevado decretara que dele não sobraria 'Pedra sobre pedra' e que seria completamente devastado.





Assim decidiu Tito por tomar o Templo de assalto; resolveu-se todavia a salva-lo da destruição.

No entanto, como estivessem os legionários exacerbados com a resistência dos fanáticos, não foi atendido.

Pois assim que se retirara para sua tenda, os judeus, dando uma sortida fora do templo, atacaram alguns soldados; um destes, indignado lançou um archote através das janelas, e imediatamente o cortinado precioso pos-se a arder e pouco tempo depois o revestimento interno feito com cedro do Líbano.

E aquilo converteu-se logo num palheiro de chamas.

Tendo Tito sido informado a respeito do que se sucedera acorreu ao local acompanhado por seu estado maior; e instou com os legionários para que apagassem as labaredas. Sem prestar-lhe atenção os soldados puseram-se a lançar mais archotes nas salas contíguas ao santuário...

E enquanto milhares de milhares de judeus morriam queimados aqueles que tentavam sair e escapar eram passados a fio de espada pela soldadesca ensandecida; té que rios de sangue escorriam pelas escadas e ladeiras.

Acima de tanto barulho alguns ouviram uma voz que dizia: Ichabod ou seja 'Foi-se a glória'...

Aspirou Tito por ser o último mortal ao contemplar o santo dos santos ou lugar santíssimo.

E comovido diante de tanta beleza fez mais um esforço para salva-lo. Liberalis, o centurião, tudo fez para persuadir os soldados a conterem o incêndio, todavia quando deram com o brilho do ouro que ornamentava as paredes ficaram como que 'loucos', pondo-se a destroçar tudo... foi quando um deles, furtivamente, lançou uma tocha por entre os gonzos da porta; fazendo com que os cortinados de seda e o revestimento de madeira ardessem... O denso fumo e o fogo, logo vieram a cobrir os oficiais e a obriga-los a abandonar o nobre edifício a sua própria sorte.

E assim, engolfados pelas chamas de fogo consumiram-se as auríferas abóbadas e desabaram-se marmóreas colunas umas após as outras; com tremendo fragor tudo vinha abaixo e o cume do Moriah mais parecia um vulcão em atividade do que qualquer outra coisa.

Posteriormente foi aquele lugar lavrado como um campo...

E tal espetáculo era assistido por tantos quantos haviam buscado refúgio entre as montanhas vizinhas, no alto das muralhas, nas fortalezas e nos palácios... Um grito uníssono de espanto e horror atravessava toda cidade e seus arredores.

Desde então os judeus abandonaram toda resistência e deixaram-se matar como cordeiros; havendo quem fosse de encontro aos furiosos legionários para obter a consolação da morte. Ninguém mais faziam questão de conservar a vida...

As grandes fortalezas e os grandes palácios foram abertos e abandonados... como energúmenos os fanáticos vagavam pelas ruas.

Homens, mulheres, velhos, jovens e crianças; fiéis e sacerdotes eram literalmente retalhados pelo romano após mais de dois anos de espera. Assim excedeu o número de mortos largamente o dos matadores... de modo que os conquistadores caminhavam sobre cadáveres e não podiam ver as pedras do pavimento. Mais de um milhão de judeus haviam encontrado a morte durante esta rebelião...

Milhares de milhares foram vendidos como escravos..

Acorrentados ao carro triunfal de Tito, foram os líderes conduzidos a Roma e em seguida lançados as feras...

E Tito ao contemplar as muralhas e fortalezas da cidade declarou: "Penso que algum deus entregou esta cidade em minhas mãos; pois mortal algum teria sido capaz de conquista-las, tal a altura e solidez destas ameias."

Desde então cessaram os sacrifícios e separaram-se os cristãos dos judeus; a igreja da sinagoga, os servos de Jesus dos filhos de Abraão.

Quanto aos judeus é necessário esclarecer que as facções essênica e saducéia desapareceram para sempre; subsistindo apenas os fariseus e os zelotes.

Desde então foi o controle da religião exercido pelos rabinos nas sinagogas. Segundo o padrão remanescente dos fariseus.

Eles instalaram-se em torno de Lida e Iavné, depois em Kaiseroi e Sephoris, depois na Babilônia; e lá compuzeram a Mishná e a Guemara; enfim o Talmude.

Mas nós não temos nada a declarar sobre os infiéis.