Se hoje nos admiramos da popularidade do apocalipcismo, catastrofismo, e outras teorias bizarras devemos ter em mente que as pessoas do tempo de Jesus padeciam da mesma enfermidade 'sentimental' ou temperamental.
Grosso modo as mesmas causas costumam a produzir efeitos semelhantes, inda que estejam separadas umas das outras por muitos séculos.
Assim se o fim do Império e do mundo antigo estava apenas começando ou dando os primeiros passos; na Judéia ou na Palestina o mal estar era já bastante grande; pois estava relacionado a séculos de dominação política e exploração econômica por parte de forças alienígenas comandadas por outras crenças.
Assim a miséria exasperava os hebreus e a fé, juntamente com a diversidade da fé (face aos dominadores) convertia esta exasperação num ódio fanático.
Não podiam os hebreus compreender como tendo sido espiritualmente eleitos ou escolhidos pelo produtor do universo (para a vida eterna???) deveriam arrastar-se por este nosso mundo material como párias ou escravos.
Algo estava errado cumpria a teologia consertar.
Eis porque seus sacerdotes, doutores e rabinos além de terem distorcido por completo a doutrina original do Messias ou Cristo; conceberam ainda monstros, golens e catástrofes para o mundo antigo ou seja para os pagãos.
Ao manifestar-se o Messias, terminaria o predomínio dos gregos, dos romanos e de todos os pagãos; tornando-se estes - na melhor da hipóteses - escravos do povo judeu. Noutras versões os pagãos seriam pura e simplesmente aniquilados como escarro ou lodo.
Haveria uma espécie de milênio feliz, a respeito do qual escrevemos já diversas vezes, até que por fim uma série de catástrofes terriveis precederia a manifestação de javé, o qual levaria os pagãos ou alguns judeus (???) a juízo e pulverizaria este mundinho material passando os justos a uma existência ou dimensão puramente espiritual nos termos já conhecidos de Platão.
Obviamente que não estamos num terreno uniforme e que corriam inúmeras versões; cada qual mais bizarra do que a outra. Algumas envolviam diabos e diversas ressurreições e revoluções; um autêntico rebu...
Prisioneiras de um mundo real que não as agradava nem um pouco e face a qual não havia esperança concreta de libertação; aspiravam as massas judaicas por verem-no destruído, aniquilado, pulverizado... e contavam as horas para que o evento se concretizasse.
Este mundo mau não poderiam subsistir por mais tempo acreditavam os homens do povo. Era necessário que fosse posto um fim a tanta opressão, miséria, sofrimento e idolatria... cogitavam os piedosos.
Mais cedo ou mais tarde javé haveria de movimentar-se e de enviar o Rei Messias para fulminar os descrentes com o sopro de sua boca e inaugurar uma breve Era de felicidade.
Constituindo parte desse mundo ou dessa cultura e experimentando seus problemas estavam os nossos apóstolos. Os quais certamente partilhavam das mesmas ilusões e falsas esperanças comuns a todo povo, aguardando pelo instante do milênio ou pela destruição deste sistema de coisas.
Mesmo seguindo Jesus e crendo dele os apóstolos não podiam fugir a tal expectação.
E assim passam a interrogar frequentemente Nosso Senhor a respeito do momento e das circunstâncias do 'fim'; a respeito das quais ele não pode (cf LVIII) ou não deseja falar.
A respeito do fim ele declara explicitamente que era ignorado pelo Filho do homem ou seja por sua natureza humana.
Já a respeito das circunstâncias ele concorda em dizer alguma coisa; no entanto o muito pouco do que diz vem misturado com descrições a respeito de outras duas vindas suas: a vinda em juizo sob Jerusalem quarenta anos depois e a vinda a cada alma no momento da morte.
Como os apóstolos lhe haviam perguntado: fala-nos sobre as condições de tua vinda.
Ele associou diversos discursos ou ensinamentos pertinentes a no mínimo três vindas suas: sob Jerusalem, no momento da morte de cada homem e no último dia.
Isto é o que temos a dizer a respeito de tais discursos.
Aquele que desejar informar-se melhor a respeito tem Lirano, Tostato, Santes Pagnini, Vatablius, Maldonado, Oleastro ou Cornélio A Lapide para bem informa-lo que vá a eles.
Quanto a nós mesmos basta dizer que o Senhor foi bastante sucinto ou reticente quanto as circunstâncias da consumação; muito pouco revelando a respeito.
Segundo cremos esta sua repugnância face assunto tão estimado pelos homens carnais não é isenta de sentido.
Quis ele com isto reforçar suas próprias palavras no sentido de que o Cristão deveria preocupar-se não com o tempo do fim - tendo em vista o cálculo duma mudança artificial e forçada - mas com o tempo presente ou seja em viver o Evangelho e cumprir fielmente a vontade de Deus em sua vida.
A mensagem aqui é nítida: o Senhor jamais desejou alimentar idéias apocalipticas ou preocupações obcessivas a respeito do fim; mas o exercício concreto da vida Cristã neste mundo, nesta vida e neste tempo.
Cogitar a respeito de tais assuntos seria índice de vulgaridade espiritual ou de carnalidade; um estorvo a prática das virtudes legitimamente Cristãs e ao cuidado que devemos dispensar a nossos semelhantes.
Eis porque deve o Cristão lançar fora de sua mente tais considerações como se fossem uma espécie de praga ou de câncer espiritual.
Contentando-se em saber com todos os irmãos: Ele tornará a vir para julgar os vivos e os mortos e seu reino jamais terá fim.
Quem desejar saber mais a respeito dos novíssimos, da escatologia ou da parousia muito lucrará em ler nosso livro 'Manual de escatologia' que em breve será publicado aqui ou no site 'o protesto'.
domingo, 17 de março de 2013
LXII - Nosso Senhor e o fim do mundo
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