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A consciência histórica do Cristianismo

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domingo, 17 de março de 2013

LXII - Nosso Senhor e o fim do mundo

Se hoje nos admiramos da popularidade do apocalipcismo, catastrofismo, e outras teorias bizarras devemos ter em mente que as pessoas do tempo de Jesus padeciam da mesma enfermidade 'sentimental' ou temperamental.

Grosso modo as mesmas causas costumam a produzir efeitos semelhantes, inda que estejam separadas umas das outras por muitos séculos.

Assim se o fim do Império e do mundo antigo estava apenas começando ou dando os primeiros passos; na Judéia ou na Palestina o mal estar era já bastante grande; pois estava relacionado a séculos de dominação política e exploração econômica por parte de forças alienígenas comandadas por outras crenças.

Assim a miséria exasperava os hebreus e a fé, juntamente com a diversidade da fé (face aos dominadores) convertia esta exasperação num ódio fanático.

Não podiam os hebreus compreender como tendo sido espiritualmente eleitos ou escolhidos pelo produtor do universo (para a vida eterna???) deveriam arrastar-se por este nosso mundo material como párias ou escravos.

Algo estava errado cumpria a teologia consertar.

Eis porque seus sacerdotes, doutores e rabinos além de terem distorcido por completo a doutrina original do Messias ou Cristo; conceberam ainda monstros, golens e catástrofes para o mundo antigo ou seja para os pagãos.

Ao manifestar-se o Messias, terminaria o predomínio dos gregos, dos romanos e de todos os pagãos; tornando-se estes - na melhor da hipóteses - escravos do povo judeu. Noutras versões os pagãos seriam pura e simplesmente aniquilados como escarro ou lodo.

Haveria uma espécie de milênio feliz, a respeito do qual escrevemos já diversas vezes, até que por fim uma série de catástrofes terriveis precederia a manifestação de javé, o qual levaria os pagãos ou alguns judeus (???) a juízo e pulverizaria este mundinho material passando os justos a uma existência ou dimensão puramente espiritual nos termos já conhecidos de Platão.

Obviamente que não estamos num terreno uniforme e que corriam inúmeras versões; cada qual mais bizarra do que a outra. Algumas envolviam diabos e diversas ressurreições e revoluções; um autêntico rebu...

Prisioneiras de um mundo real que não as agradava nem um pouco e face a qual não havia esperança concreta de libertação; aspiravam as massas judaicas por verem-no destruído, aniquilado, pulverizado... e contavam as horas para que o evento se concretizasse.

Este mundo mau não poderiam subsistir por mais tempo acreditavam os homens do povo. Era necessário que fosse posto um fim a tanta opressão, miséria, sofrimento e idolatria... cogitavam os piedosos.

Mais cedo ou mais tarde javé haveria de movimentar-se e de enviar o Rei Messias para fulminar os descrentes com o sopro de sua boca e inaugurar uma breve Era de felicidade.

Constituindo parte desse mundo ou dessa cultura e experimentando seus problemas estavam os nossos apóstolos. Os quais certamente partilhavam das mesmas ilusões e falsas esperanças comuns a todo povo, aguardando pelo instante do milênio ou pela destruição deste sistema de coisas.

Mesmo seguindo Jesus e crendo dele os apóstolos não podiam fugir a tal expectação.

E assim passam a interrogar frequentemente Nosso Senhor a respeito do momento e das circunstâncias do 'fim'; a respeito das quais ele não pode (cf LVIII) ou não deseja falar.

A respeito do fim ele declara explicitamente que era ignorado pelo Filho do homem ou seja por sua natureza humana.

Já a respeito das circunstâncias ele concorda em dizer alguma coisa; no entanto o muito pouco do que diz vem misturado com descrições a respeito de outras duas vindas suas: a vinda em juizo sob Jerusalem quarenta anos depois e a vinda a cada alma no momento da morte.

Como os apóstolos lhe haviam perguntado: fala-nos sobre as condições de tua vinda.

Ele associou diversos discursos ou ensinamentos pertinentes a no mínimo três vindas suas: sob Jerusalem, no momento da morte de cada homem e no último dia.

Isto é o que temos a dizer a respeito de tais discursos.

Aquele que desejar informar-se melhor a respeito tem Lirano, Tostato, Santes Pagnini, Vatablius, Maldonado, Oleastro ou Cornélio A Lapide para bem informa-lo que vá a eles.

Quanto a nós mesmos basta dizer que o Senhor foi bastante sucinto ou reticente quanto as circunstâncias da consumação; muito pouco revelando a respeito.

Segundo cremos esta sua repugnância face assunto tão estimado pelos homens carnais não é isenta de sentido.

Quis ele com isto reforçar suas próprias palavras no sentido de que o Cristão deveria preocupar-se não com o tempo do fim - tendo em vista o cálculo duma mudança artificial e forçada - mas com o tempo presente ou seja em viver o Evangelho e cumprir fielmente a vontade de Deus em sua vida.

A mensagem aqui é nítida: o Senhor jamais desejou alimentar idéias apocalipticas ou preocupações obcessivas a respeito do fim; mas o exercício concreto da vida Cristã neste mundo, nesta vida e neste tempo.

Cogitar a respeito de tais assuntos seria índice de vulgaridade espiritual ou de carnalidade; um estorvo a prática das virtudes legitimamente Cristãs e ao cuidado que devemos dispensar a nossos semelhantes.

Eis porque deve o Cristão lançar fora de sua mente tais considerações como se fossem uma espécie de praga ou de câncer espiritual.

Contentando-se em saber com todos os irmãos: Ele tornará a vir para julgar os vivos e os mortos e seu reino jamais terá fim.

Quem desejar saber mais a respeito dos novíssimos, da escatologia ou da parousia muito lucrará em ler nosso livro 'Manual de escatologia' que em breve será publicado aqui ou no site 'o protesto'.


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