LXIX - O primeiro concílio geral.

Cerca do ano 49 haviam Paulo e Barnabé completado a primeira viagem missionária, de Seleucia a Derbe.

Resultando dela diversas congregações gentílicas.

E uma grande polêmica.

Pois subiram de Jerusalem a Antioquia aqueles que procediam da seita dos fariseus. E anunciaram a congregação local: 'Caso não adoteis a circuncisão não vos podeis salvar.'

Tal afirmação deu origem a uma disputa entre eles, a um lado; e Paulo & Barnabé a outro.

E como não houvesse resolução, convieram as duas partes em consultar os Apóstolos e presbíteros de Jerusalem.

Esta questão não era de pouca monta, como pensam alguns, mas capital para o espírito do Cristianismo.

Não porque travasse de fato o progresso da fé verdadeira, mas porque manteria viva a ideia de que tais exterioridades são essenciais.

Quando a única exterioridade necessária é beneficiar o próximo.

Imbuídos deste nobre ideal subiram Paulo, Barnabé e Tito, este incircunciso, a cidade Santa, onde deram com os apóstolos; ou ao menos com aqueles que pareciam se 'Os pilares da Igreja', a saber Pedro, Tiago e João.

Segundo refere Paulo na epístola aos Gálatas, houve entre os dois lados viba disputação; realizando tanto Pedro quanto Tiago, e talvez João; alguns apartes.

Pedro referiu a todos a comunicação que havia recebido sobre os alimentos imundos.

E Tiago assim se expressou: "Acredito eu que não se deve inquietar os gentios que passam a este caminho; mas que abstenham-se do culto aos ídolos, da promiscuidade, das carnes sufocadas e do sangue; pois Moisés tem aqueles que anunciam-no a cada sábado nas sinagogas."

Esta 'decisão' de Tiago, acabou recebendo a aprovação "Dos apóstolos, dos presbíteros E DE TODA A IGREJA." At 15,22

E um decreto foi lavrados nestes termos: "Pareceu conveniente ao Espírito Santo e a nós; não vos impor outros sacrifícios alem destes... (seguindo o parecer de Tiago)" At 15,28

Cartas foram enviadas a todas as congregações e a Igreja repousou novamente; embora esporadicamente os resistentes da circuncisão, viessem a molestar o Apóstolo Paulo e suas ovelhas.

Refere S Paulo (in Gálatas) que na mesma ocasião achou por bem comparar os dois Evangelhos, isto é, o seu; anunciado aos gentios, com o dos demais apóstolos. E segundo diz, estes 'Lhe deram as mãos.'

Paulo mesmo confessa que disto dependia não ter ele 'trabalhado em vão'. Gal 2,2

Aproveitaram ambas as partes para estabelecer uma espécie de 'acordão' ficando o anuncio aos 'da circuncisão' isto é, aos judeus; reservado a Pedro, Tiago e João e o anuncio aos gentios reservado ao grupo chefiado por Paulo.

Durante cerca de meio século vigorou na Igreja esta dupla jurisdição: petrina e paulina; pois em muitas cidades haviam congregações de judeus e de gentios; cada qual com seu líder. Assim a igreja de Roma, que posteriormente veio a ser unificada por Clemente; como veremos mais adiante.

Disto decorrem inúmeras ilações:

• Que Tiago, na condição de Bispo de Jerusalem 'mãe das santas igrejas de Deus' (Agostinho), presidiu o Concílio. At 15,13

Ou seja: nada de monarquia absoluta petrina.

• Que havia uma verdadeira Triarquia governando a Igreja, a saber, Pedro, Tiago e João.

Ou seja: nada de anarquia ou não diretivismo... Gal 2,9

• Que os demais clérigos e mesmo parte dos fiéis participava ativamente das decisões conciliares.

Ou seja: havia certa doze de democracia na Igreja primitiva, a qual subsequentemente foi eliminada. At 15,22

• Que as decisões de um autêntico Concilio geral da Igreja: referendadas por todos os participantes; gozam da assistência do Espírito Santo, sendo por isto mesmo infalíveis e indiscutíveis. At 15,28

• O próprio Paulo, de algum modo, julgou necessário comparar o 'seu evangelho' com o dos santos de Jerusalem. Gal 2,2

• O Espírito Santo, mais uma vez, impulsionou a Igreja para seu objetivo que era o afastamento da sinagoga e do padrão judaico.

Este foi o segundo grande passo espiritual dado pela família de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob a direção de Paulo.

O terceiro grande passo será dado pelo próprio Jesus Cristo em 70 d C.