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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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terça-feira, 5 de março de 2013

XIV O sentido da Encarnação

No esquema da transcendência absoluta é deus espectador que assiste do alto do seu trono glórioso os combates, vicissitudes, sofrimentos, aflições, lutas, dores, suspiros e lágrimas porque passam suas criaturas mortais.

Ele até pode se compadecer vivamente delas mas não passa disso... o deus transcendente sente pena ou dó mas não vai além disto...

Ele não desce a arena da vida, não vem até nós, não compartilha de nossos problemas, não sente conosco... não participa de modo algum.

Então somos tentados a pensar que se desejou criar-nos mesmo sabendo que haveriamos de passar por tantos tipos e formar de sofrimento... e para tudo contemplar discretamente; que não passa dum sádico.

Outra é a perspectiva da Encarnação, pela qual Deus mostra-se solidário na medida em que se faz homem entre homens experimentando os mesmos dissabores e contrariedades que suas miseráveis criaturas.

Só aqui Deus deixa de ser observador para ser participante. Só aqui ele sai da platéia e desce a arena da vida para fraternizar-se conosco.

E como percebemos que ele nos acompanha, que sofre conosco, que conosco vive e morre; que leva a sério tudo isto, e que não é sádico e insensivel mas verdadeiramente beneficente, generoso, clemente, compassivo 'amante e amigo do gênero humano'.

Conforta-nos saber que o próprio Deus quiz suar, padecer, suspirar e chorar conosco ao assumir forma humana.

Este contemplar o Deus conosco na angústia, na tristeza, a amargura, na aflição, etc é que nos enche de esperança e que dá sentido a aflição. Pois na medida em que Deus passa pela dor o fenômeno da dor torna-se divino e instrumento de divinização.

Bom é ter Deus lado a lado e percebe-lo não como um assistente demasiado distante, mas como amigo e companheiro fiel; que comunga de nossa mesma condição.

Aqui não temos mais um deus arbitrário que exige paciência aos mortais; mas Deus bendito que dá exemplo de paciência ao gênero humano.

Deus que se fez homem para ensinar os homens a viverem divinamente, como ensina Inácio Mártir.

Deus que se adianta e se faz modelo. Deus que antes de perdir-nos executa...

Deus que mostra até onde chega seu amor.

E que demonstra ser seu amor infinito até a estalagem e a cruz.

Deus que declara e diz: tomai a vossa cruz; somente após ter carregado a dele.

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