domingo, 24 de março de 2013
LXXXV - A sorte de Pedro
Simão filho de Jonas e irmão de André recebeu de Nosso Senhor o nome de Kefas ou Pedro.
Ele foi um dos membros da triarquia; liderando os próprios apóstolos com Tiago e João.
Antes de 44/45 ele já prestava assistência as Igrejas de Jopa e Cesaréia marítima.
Após 44/45 no encalço de Simão o Mago, dizem uns, ou de Paulo; dizem outros; iniciou seu périplo pelo Mediterrâneo oriental. Passando a Berito, Damasco, Seleucia e Antakia; onde assumiu a direção da comunidade local; cerca de 47/48. Cerca de 55 Pedro sagrou Evódio como seu sucessor e partiu em demanda 'Da região das trevas' ou seja do Ocidente.
Tendo passado, segundo se crê, a Atenas e Corinto; chegando enfim a Roma; cerca de 59/60.
Assim, já se sabe, porque não foi saudado formalmente por Paulo na carta que enviou a congregação de Roma cerca de 55/56.
Ao que tudo indica Pedro e Paulo chegaram a Roma quase que ao mesmo tempo, ou seja, com diferença de poucos anos.
Paulo no entanto, sendo julgado, partiu novamente em missão; enquanto Pedro permaneceu na cidade, assumindo a liderança da Igreja judaica e tornando-se seu chefe.
Na condição de líder mais proeminente parece ter polemizado ou duelado com o Simão ou mago e atraído a fúria de seus seguidores, alguns dos quais ligados ao Senado e a cada imperial.
"S Pedro resistiu em Roma aos artifícios de Simão o mago; o qual com seus prodígios, intentaram aluir a fé dos romanos." é o que diz Hipólito na Philosophumena.
A tradição refere que Pedro instalou-se no bairro judaico do Transtevere; nas cercanias da atual Basílica de S Maria, o primeiro oratório ou capela Cristã da cidade. Assim "Batizou as margens do Tibre como havia batizado as margens do Jordão." Tertuliano in De Praescriptione XXXVI
Pouco tempo depois o Senador Pudens; doou uma de suas propriedades a igreja gentílica presidida por S Paulo.
Eram seus oficiais: Marcos (que anotava seus discursos ou instruções), Silvano (que escrevia suas cartas), Clemente (que era um de seus diáconos), Nazário, etc
Cerca do no 66, sob Nero César, sendo a religião Cristã proscrita e os cristãos declarados cúmplices do incêndio que destruíra parte de Roma; disto aproveitou-se o poder público em crise para assacar a nova religião, preconceituosamente vista pelos tradicionais romanos.
Diante desta convulsão, Pedro, crendo que a preservação de sua vida fosse necessária a sobrevivência da Igreja, optou por abandonar a cidade ou seja por fugir.
Isto esta que acordo com a palavra do próprio Senhor: "Fugireis assim de cidade a cidade para salvar vossas vidas."
Então, amparado por Nazário, tomou a via Ápia, determinado a escapar.
No entanto, mal havia passado as portas da cidade quando viu brilhar uma grande luz e olhando para o centro da luz deu com a figura do Salvador, tristonho, caminhando em direção de Roma.
Prostrando-se por terra Pedro indagou:
"Quo vadis Domine?" que quer dizer "Para onde vais Senhor?"
E o vulto luminoso lhe respondeu:
"Eis que vou a Roma, completar minha paixão."
Beijando o lugar sobre o qual Jesus puzera seus santos pés; Pedro virou suas costas ao caminho e tornou a Roma, onde não tardou a ser localizado e enviado ao carcere marmentino.
Sumariamente condenado foi ele levado aos jardins de Nero no Vaticano para ser crucificado.
E como soubesse que haveria de ser supliciado do mesmo modo e maneria como aquele que um dia havia negado; suplicou que o puzessem de cabeça para baixo.
"Nero foi o primeiro a lavar com sangue o berço da fé. Pedro então, segundo havia sido profetizado pelo Cristo; por outro foi cingido e suspenso numa cruz." Tertuliano in Scorpiac XV
Assim dizem Inácio, Clemente, Papias, Justino, Irineu, Clemente de Alexandria, Hipólito, Dionísio de Corinto, Orígenes, Cipriano, Eusébio, Agostinho, dentre outros. E com eles os racionalistas e protestantes: Hoffmann, Triersch, Wiesinger, Ewald, Baur, Schwegler, Zahn, Harnack, Zeller, Renan, etc
Pedro, no entanto, não dizia abertamente que se encontrava em Roma, antes escrevia:
"Sauda-vos esta igreja da Babilônia." I Pe 5,13
Explica Schoettegenius em suas 'Horas', que "Os judeus tomavam roma por uma nova Babilônia..." I, 1050
Metáfora que também foi assumida pelo Apocalipse.
Nem se compreende que a 'Babilônia' de Apocalipse corresponda a Roma; como admitem os comentaristas protestantes em sua totalidade, enquanto que a 'Babilônia' da epístola de Pedro não o corresponda...
Eis porque Josefo (Ant XVIII IX,8) referindo-se a verdadeira Babilônia de Madain nos tempos de Claudio, assevera estar quase que vazia de Judeus. O mesmo diz Filon: "Excetuada a Babilônia são as outras cidades habitadas por Judeus."
Meio século antes aludia já Strabo que Babilônia estava quase que totalmente arruinada.
Somente no século II tornaram os judeus a ela, após terem sido despojados de Iabné e Sephoris.
Sobre a tumba de Pedro mandou seu sucessor Anacleto ou Cleto que fosse edificado um oratório, ao qual alude o presbítero Caio:
"Eis que te posso apontar os 'troféus' dos apóstolos. Assim se vais ao Vaticano ou a via ostiense encontraras memórias dos fundadores desta igreja." 'Contra Proclo, o catafrigio' apud H E de Eusébio
Posteriormente, Constantino César determinou que uma soberba Basílica fosse edificada no local.
A qual, cerca de 1507, foi mandada assolar pelo papa romano Júlio II, dando lugar a atual Igreja de S Pedro.
Cujos elevados custos suscitaram o leilão das indulgências e a revolta chefiada por Martinho Lutero.
Marcadores:
Atos de Pedro,
Martírio de Pedro,
Quo vadis domine?,
S Pedro Apóstolo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário