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A consciência histórica do Cristianismo

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sábado, 23 de março de 2013

LXXXIV - O significado de Paulo e o 'paulinismo'






Rios de tinta tem sido gastos na composição de obras alusivas ao Apóstolo Paulo.

O qual indubitavelmente, após Jesus Cristo e a Virgem Santa parece ter sido o maior personagem Cristã de todos os tempos e o santo de maior grandeza; caso excluamos o S José e o Batista.

Excetuando a família de Jesus, Paulo parece ser o elemento mais destacado do Cristianismo...

Juntamente com Pedro ele foi uns dos responsáveis pela ruptura definitiva entre a igreja e a sinagoga. Pedro no entanto parece ter hesitado ou mesmo voltado atrás.

Pelo que foi repreendido em face por S Paulo em Antakia; pois andava já afastando-se dos gentios conversos para agradar alguns cristãos provenientes de Jerusalém.

"Eu lhe resisti em face." registra Paulo, sem maiores ressalvas no segundo capítulo de sua epístola aos Gálatas.

Paulo parece ter sido sempre coerente e permanecido impávido diante das ameaças dos fanáticos de Jerusalém.

E a coerência e a franqueza via de regra são merecedoras do ódio.

Missionário mais destacado do que ele parece não ter havido; talvez apenas porque suas Cristandades tenham vingado e chegado até nossos dias, enquanto as demais...

Afinal não possuímos relatos acerca das atividades missionárias dos demais apóstolos, os quais destarte ficam em desvantagem.

Mas também é possível e até provável que Paulo soubesse administrar melhor as coisas; o que é uma capacidade ou habilidade digna de apreço.

Talvez Pedro apenas tenha peregrinado tanto quanto ele; a ponto de fazer-lhe sombra...

Pedro no entanto parece-nos, a diversos títulos, bem menos atraente do que Paulo; exceto para aqueles que por puro preconceito dogmático ou ideia fixa encaram-no como monarca absoluto da igreja nascente.

Não fosse Paulo e sua presença de espírito no primeiro Concílio; não teria a igreja dado seu segundo passo crucial para longe do mosaísmo; mas permanecido nos limites e moldes duma facção ou seita judaica posta para a destruição.

Paulo no entanto vibra mais um golpe decisivo no cordão umbilical e afasta a placenta.

Ele representa uma fase ou período vital antes da destruição do templo por Tito.

De modo que jamais poderemos ser-lhes completamente gratos.

Líder cuidadoso Paulo sabe alimentar e nutrir suas ovelhas com instruções comunicadas por meio de cartas; as quais por isso mesmo, veem a constituir a base temporal do NT e fonte de informação primária a respeito de Jesus, da fé e da igreja recém fundada; quais fossem sua certidão de batismo.

Homem corajoso Paulo não receia de enfrentar judeus e partidários da circuncisão; benévolo e generoso diz estar sempre pronto para virar as costas a seu povo, mas esta sempre contemporizando e procurando ganha-los para Cristo; prudente diz preferir a mansidão a vara, célibe; consagra-se por inteiro a mensagem divina, disciplinado ao extremo sustenta-se com o trabalho de suas mãos!

De suas fraquezas e limitações tira ele forças e jamais recua; e assim avança, diante de Aretas, dos da circuncisão, de Pedro, dos judeus, de Galião, do sumo sacerdote, de Festo, de Félix, de Agripa, de Sêneca, de Nero, etc Arrostando uns após outros...

Por fim, verte generosamente seu sangue e chama Pedro mais uma vez a razão!

E no entanto este Paulo colossal não é Deus, não é Jesus...

Deve-lhe o Catolicismo sua expansão e certa medida de seu espírito; mas não sua fé e doutrina. Pois esta, sendo divina, procede de Cristo.

Não é Paulo tenha ousado igualar-se a Jesus Cristo. Pelo contrário, escrevendo ele, declara honestamente: 'Aqui eu não o Senhor'.

Quem no entanto lê 'não Paulo, mas o Senhor ou Jesus' são os cristãos... Eles é que tem buscado igualar Paulo a Cristo ou melhor seus escritos as palavras de Cristo; apresentando-o como um segundo Jesus.

Tal corolário da doutrina chamada 'inspiração plenária ou linear'.

No entanto Jesus é um só e suas palavras únicas e singulares.

Grande é Paulo se comparado com qualquer um de nós... mas comparado a Jesus Cristo é verdadeiramente um anão ou pigmeu.

Devem pois as palavras de Paulo serem sempre corroboradas pelas de Jesus. Deve Paulo ser sempre julgado por Jesus e a luz dos Evangelhos; e não o contrário como querem os hereges.

Pois como declara Pedro "Assim o amado irmão Paulo escreveu com a sabedoria que lhe foi dada; COMO EM TODAS AS SUAS CARTAS HÁ COISAS DIFÍCEIS DE COMPREENDER QUE OS IGNORANTES E FRÍVOLOS ADULTERAM PARA SUA PRÓPRIA DESTRUIÇÃO." II Pe 3,15

O próprio Pedro pode constatar como os heréticos preferem aquilo que é tanto mais díficil ou obscuro com o objetivo de interpretar e de introduzir um sentido novo e diverso do original. Eles abominam a clareza; característica marcante dos ensinamentos ministrados por Jesus...

Daí irem de Jesus a Paulo, buscando explicações; quando não permitimos que apelem ao antigo Testamento; o qual é de longe o escrito preferido deles.

Nós no entanto, ao invés de ir de Jesus a Paulo para buscar sentido; fazemos o caminho oposto e vamos de Paulo a Jesus buscar confirmação.

Porque nosso tribunal de última instância em qualquer controvérsia é a palavra do Verbo Jesus. O qual como Deus julga infalivelmente e expressa-se com inigualável clareza.

Portanto quando Paulo fala em Jesus; nós no subordinamos a ele como ao próprio Jesus; mas quando Paulo fala de si mesmo; como judeu, como ex fariseu, como ex pupilo de Gamaliel, como homem pertencente a determinada cultura; então exercemos julgamento e se necessário for repudiamos.

Assim somos Cristãos; jamais paulinos ou paulinistas; nós não conhecemos este nome; nem do de petrino ou o de joanino...

Somos de Cristo nosso único Mestre; o qual com exclusividade pronuncia palavras de vida eterna.

Alguém talvez replique e diga: Mas Paulo não esta sempre de acordo com Jesus e com o Evangelho?

Honestamente falando aquele que responde sim a esta pergunta merece ser classificado como prevaricador; a menos que se trate dum ignorante e iletrado.

Vimos já a grandeza de Paulo; agora suma miséria...

Face a mentalidade do Mestre único.

Pois nem sempre Paulo se reporta a Jesus ou esta de acordo com seus ensinamentos.

Observem antes de tudo que se ele opõem-se a dieta e a circuncisão, ainda se submete aos rituais do Templo. E não podemos admitir que agisse hipocritamente; pondo em prática algo que interiormente abominava... ou pregando uma boa mentira em nome da verdadeira religião (Lutero)

Jesus no entanto dissera: "Se executardes qualquer coisa que interiormente detestais sereis condenados."

Não Paulo não pertencia ao time dos escribas e fariseus.

Acreditando de algum modo nas instituições judaicas. O que não está nem um pouco de acordo com o espírito de Jesus Cristo; expresso com propriedade pelo autor de Hebreus.

Anotemos agora os pontos em que há discordância:


  • Paulo, como qualquer rabino de seu tempo, era machista.
Daí decretar a total submissão da mulher ao marido e proibir a mulher até mesmo de falar na Igreja ou seja de ministrar qualquer ensinamento. Então ele não considerava a mulher como um ser igual ao homem.

Jesus no entanto trata da mesmíssima forma a homens e mulheres; sendo servido por um grupo feminino e manifestando-se a meretriz de Samaria. Ele jamais falou contra a mulher ou apregoou a submissão.

  • Paulo é marcadamente homofóbico; como qualquer judeu de seu tempo
Jesus, como já observamos assede em curar o servo do oficial romano mesmo sabendo que formavam um 'casal'. E não os repreende, admoesta ou amaldiçoa; pois jamais falou contra os homossexuais ou proferiu discursos homofóbicos.

Então a fonte de Malafaia e Feliciano não é Nosso Senhor Jesus Cristo, mas Paulo; e a fonte de Paulo a Taurat dos judeus...

Aqui nada de sagrado mas tudo muito humano, demasiado humano.

  • Paulo é complacente face a abominação escravista
Como podeis ler na Epistola a Filemon. Embora antes - em Corintios - fosse bem mais radical...

Parece que Paulo optou por acomodar-se o que significa afastar-se de Jesus; o qual dissera:

'TODOS VÓS SOIS IRMÃOS.'


  • Paulo confunde as esferas religiosa e secular; segundo as limitações do tempo.
A ponto de apresentar toda autoridade constituída como uma espécie de ministro de Deus, e logo, como divina.

Dando vezo ao absolutismo, a tirania, ao despotismo, a opressão, ao totalitarismo...

Assim sendo ja sabeis donde Lutero tira sua inspiração ultra reacionária com que anatematizou e mandou assassinar os camponeses revoltados; e porque a Alemanha, majoritariamente Luterana, encarou primeiramente o Kaiser e em seguida Hitler como ministros de deus.

Belos ministros de deus!!!

Jesus no entanto adiantando-se aos iluministas e libertinos dissera:

"A Deus o que é de Deus e a César o que é de César." separando perfeitamente as duas esferas que Paulo - como judeu - teimava misturar


  • Paulo, ao que parece; era favorável a punições capitais.
Pois refere-se a autoridade como 'portadora da Espada' a qual não servia certamente como mero enfeite ou simples adorno.

Ainda aqui toma Paulo a Moisés ou melhor as leis dos antigos israelitas por guia.

E afasta-se mais uma vez dos ensinamentos daquele que disse:

"Guarda Pedro a tua espada pois quem por esta vive por ela perecera."

E cujas palavras assim foram compreendidas por Tertuliano:

"Ao mandar Pedro guardar sua Espada manda cada Cristão fazer o mesmo."



Tais antinomias existentes entre Paulo e Jesus são as que nos ocorrem agora, apenas de passagem.

Obstinam-se em concilia-las aqueles que sacrificam perante o altar da 'inspiração planária e linear' e que agem por puro e simples fanatismo ou preconceito recorrendo a estratégias desonestas com o intuito de ofuscar o sentido de ao menos um dos lados... todo este exercício de buscar conciliar o que é inconciliável por natureza implica em profanar o santuário da consciência; o qual Jesus ordenou que mantívessemos sempre puro e imaculado.

Quanto a doutrina da fé todavia não partilhamos da opinião daqueles que julgam ter sido Paulo avoengo de Lutero e ensinado as teorias da redenção vicária e do solifideismo; em franca oposição ao ensino de Jesus e dos demais apóstolos. Assim não empregamos a expressão 'paulinismo' nesta acepção; convencidos de que Lutero jamais pode compreender perfeitamente o pensamento do apóstolo; já por serem suas palavras difíceis como refere Pedro na passagem acima citada por nós.

O 'paulinismo' segundo julgamos restringe-se a esfera dos princípios e valores ou seja da ética ou do pensamento de Cristo.








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