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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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quarta-feira, 20 de março de 2013

LXVI - A condição da Igreja em seus primórdios





Consta que tendo Pedro anunciado anunciado a boa Nova no dia de Pentecostes, logrou converter cerca de três mil pessoas. O texto não explicita se tais pessoas eram todas de Jerusalem e dos arredores, mas antes, dá a entender, que fossem - ao menos em parte - peregrinos oriundos das regiões anteriormente mencionadas.

Então já sabemos que o primitivo núcleo das igrejas da Pérsia, Caldéia, Egito, Norte da Africa e Roma; foi estabelecido por missionários leigos, convertidos por ocasião de pentecostes e cujos nomes são conhecidos apenas por Jesus Cristo.

Estas comunidades de fé e verdade, precederam de fato a instalação da Igreja hierárquica e sacramental. Instalada posteriormente pelos apóstolos ao dispersarem-se pelo mundo.

Nem por isto viviam tais Cristandades sem obediência ou sacramentos. Pois deviam corresponder-se com os apóstolos e ao menos algumas vezes por ano - por ocasião das principais festas judaicas - virem ao cenáculo para receber a Eucaristia ou submeterem-se a exomologese. Como judeus dispersos estavam já acostumados a tais romarias.

Em suas terras de origem aliciavam outros judeus e repetiam os ensinamentos ministrados pelos apóstolos. Destarte expandia-se a Igreja.

Dentre aqueles que foram convertidos por Pedro em Jerusalem houve quem indagasse:

"Assim que haveremos nós de fazer?"

E Pedro respondeu:

"Exercei penitência, cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos pecados. Assim obtereis o Espirito Santo."

Segundo ouvira dos lábios divinos do próprio Mestre:

"Ide pois e ensinai a todos os povos e nações da terra. Após isto batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, dizendo que executem tudo quanto eu determinei... Quem acreditar e for batizado será salvo mas, quem não acreditar será removido."

O Didaké, catecismo composto pela Igreja da Síria, cerca de 70 ou 80, fornece os seguintes detalhes:

"Caso não haja água suficiente derramai três vezes a água sobre a cabeça em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo."

"Antes do Batismo, aquele que batiza, o que vai ser batizado e os outros - se puderem - observem o jejum. O que vai ser batizado jejue um ou dois dias." VII

Não era lícito jejuar por mais de três dias - exceto na quaresma - devido a ressurreição do Senhor ter se dado no terceiro dia. (Constituições apostólicas)

A água deveria ser derramada três vezes porque quando o batismo era realizado na água corrente o batizando era mergulhado três vezes, uma em nome de cada pessoa da Trindade. Os três mergulhos correspondiam aos três dias durante os quais o Salvador permaneceu no Sepulcro.

Pois o Batismo significava que o neófito morria com Jesus Cristo para a maldade e para o pecado, renascendo para uma vida de obediência e santidade.

Enquanto o rito era oficiado a congregação entoava ou cantava um hino como este:

"Manifestado na carne
justificado em espírito
Contemplado pelos anjos
proclamado as nações
Crido no mundo
Exaltado na glória."  I Tm 3,16

Quanto a expressão 'Seja batizado em nome de Jesus Cristo' que muito tem dado a falar entre os heréticos e sectários sempre ávidos por novidades profanas, não deve ser compreendida como indicação de que ainda não se empregava a fórmula trinitária acima citada; mas como simples indicação de que aquele ritual pertencia a Jesus Cristo uma vez que fora concebido e decretado por ele. Ser batizado em nome de Jesus significa ser batizado porque Jesus mandou ou segundo a vontade de Jesus.



Como a maior parte dos que haviam sido batizados procedia de Jerusalem e das redondezas, veio a formar o núcleo da igreja local.

Três eram os fundamentos da piedade:


  • O pão da palavra, que era a doutrina ministrada pelos santos apóstolos
  • A fração do pão ou a cerebração da Eucaristia.
  • & e a prece. Atos 2,42

Qual fosse a doutrina ou ensinamento dos apóstolos veremos mais adiante.

Por ora contente-mo-nos com este fragmento de S Clemente de Alexandria:

"Após a ressurreição o Senhor comunicou a verdade divina a TIAGO; o Justo, a Pedro e a João; estes comunicaram-na aos demais apóstolos e estes aos setenta discípulos dos quais Barnabé era um." isto esta registrado nas Hypotyposeis

E isto também:

"De Cristo sabemos ter batizado apenas Pedro, este a André; André a João; João e eles a Tiago (o Justo) e aos demais."

Quanto a cerebração da Eucaristia, ainda era bastante simples e não havia recebido as adições posteriormente feitas por nossos santos padres.

"Sobre o cálice fareis esta invocação:

'Nós te rendemos graças, Senhor Nosso Pai, por causa da santa vinha de David teu servo, cujo ornamento é teu servo Jesus. A ti rendemos glória pelos séculos dos séculos.'

E sobre o pão direis:

'Nós te rendemos graças, Senhor Nosso Pai, por causa da vida e do conhecimento que nos revelastes por meio do teu servo Jesus. A ti rendemos glória pelos séculos dos séculos.'

E em seguida:

'Assim como este pão por nós partido tinha sido semeado sobre as colinas e depois recolhido e reunido para torna-se um; assim que tua santa igreja seja congregada desde os limites da terra no teu reino eterno; porque teu é o poder e tua é a glória através de Jesus Cristo pelos séculos dos séculos.'

"Aos santos as coisas santas."

Depois agradeçam:

"Nós te rendemos graças Senhor Pai santo, por teu luminoso nome, que por meio da fé gravaste em nossos corações para a esperança da imortalidade bendita revelada por teu servo Jesus. A ti rendemos glória pelos séculos dos séculos.

E a prece final:

"Senhor Deus Todo Poderoso, que tudo criaste para a glória do teu nome, concedendo aos homens o deleite do pão e do vinho, que eles assim te agradeçam. A nós porém, a quem destes um tipo de comida e de bebida espirituais comunicaste a vida eterna por mediação de teu servo Jesus; nós te rendemos graças  porque és generoso, glória a ti pelos séculos dos séculos.

Pela Igreja

Lembra-te Senhor da tua Igreja, liberta-a de todo mal e aperfeiçoa-a no teu amor. Reúne dos quatro cantos do universo esta Igreja e santifica-a tu mesmo para o Reino que tu preparaste. Porque teu é o poder e tua a glória pelos séculos dos séculos.

Que a tua graça se manifeste e este mundo passe. Hosana ao Deus de David. Quem é fiel permaneça e quem não é torne-se. Maranata. Amim. Didaké IX

Imaginai que tais preces eram entoadas ou cantadas segundo o costume oriental.

E tereis o núcleo da hierúrgia Ortodoxa.


Quanto a prece o mesmo livrinho declara o seguinte:

"Não deveis rezar como os hipócritas mas como o Senhor decretou no Evangelho:

Pai Nosso que estais nos céus...

Rezai assim três vezes por dia. (manhã, tarde e noite segundo as 'Constituições Apostólicas')" Didaké VIII


Diferentemente dos nossos protestantes as primeiras gerações de Cristãos primavam pela fidelidade ao Evangelho. E não podiam conceber que quaisquer orações de origem humana ou como dizem eles 'espontâneas' pudessem ser superiores a oração que o próprio Senhor nos ensinou.

Daí a preferência deles pelo Pai Nosso.

A qual ainda hoje deve ser considerada como índice de maturidade espiritual.

Aquele que vive de Jesus Cristo se satisfaz com a prece que ele mesmo recomendou.

Ao contrário do fanático Flacius Ilirico, que condenou a recitação do Pai Nosso porque a mesma era recomendada pelo papa romano (!!!)

Evidentemente que esta igreja judaica, tanto durante a prece quanto durante a liturgia, empregava o livro dos Salmos.






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