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A consciência histórica do Cristianismo

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terça-feira, 26 de março de 2013

XC - Ministério da iniquidade - a multiplicação das seitas





Entre os primeiros movimentos heréticos de alguma forma vinculados ao Cristianismo nascente Hegesipo menciona explicitamente os Docetas; esclarecendo que esta vertente havia sido fundada por um certo 'Dociteo'; outros escritores antigos alegam da mesma maneira que a seita dos Ebionitas fora fundada por um certo Ebion.

Tais acepções estão erradas, pois o termo 'doceta' é derivado do termo primitivo 'Dokeo' que significa aparência. Não é nome de homem, mas designativo da tendência prevalecente no grupo; assim Ebion significa simplesmente pobre, designando uma outra tendência. Nós no entanto, conjecturamos que a seita dos ebionitas tenha sido formada pelo 'Tebutis' mencionado nas já citadas 'Memórias' de Hegesipo.

Quanto ao grupo dos docetas não temos acesso ao nome de seu fundador.

Sabemos no entanto, que durante os anos subsequentes a 70, passou a formar uma verdadeira seita com ampla disseminação. Tanto que vieram a constituir grave preocupação para João, o presbítero e para Inácio Mártir; os quais não cessam de anatematiza-lo em suas epístolas.

Legítimos herdeiros do ódio tributado pelos platônicos e gregos em geral; a matéria e ao corpo, sustentavam ele a impossibilidade da Encarnação.

Sendo a matéria má e o corpo igualmente mau; não podia Deus ter assumido semelhante complemento sem contaminar-se.

Destarte o mistério central de nossa fé não passava duma farsa ou duma espécie de possessão transitória.

E como não havia acordo entre eles uns ensinavam que o corpo de Jesus era aparente ou feito de matéria fluídica; outros que não passava duma imagem ou ilusão e outros enfim que o Cristo cósmico se havia apoderado do corpo do homem Jesus, filho de Maria e feito uso dele até ser pregado na cruz; momento em que veio a abandona-lo a sua própria sorte.

Aqueles que pertenciam ao primeiro grupo advertiam que quando Jesus era apresentado comendo ou bebendo; tratava-se apenas de atos aparentes ou imaginários... a semelhança do corpo físico... Eis porque quando o 'fantasma' desapareceu no calvário ou ascendeu aos céus, o Cirineu foi crucificado e morto em seu lugar.

Segundo o Evangelho de Barnabé Judas, o traidor, é que "Pelo Deus grandioso foi mudado na figura e fala de Jesus e supliciado."

Enquanto o Evangelho de Pedro sustenta que ele esvaneceu-se diante deles assim que a cruz fora suspensa. (Os maometanos sustentam até hoje este erro.)

De qualquer modo Jesus jamais experimentara a dor ou morrera verdadeiramente. O mesmo Evangelho petrino assevera que ele permaneceu 'calado' - e impassível - até sem recolhido.

Sendo sua paixão; como sua Encarnação e nascimento pura ilusão...

E sua ressurreição outro erro ou equívoco grotesco. Afinal como poderia recobrar a vida do corpo aquele que jamais viera a assumi-la em verdade.

Eis porque a ressurreição da carne não fazia qualquer sentido. E os sinais sensíveis dos mistérios, e o culto das ícones, e a comunhão dos santos, e a própria igreja visível e hierárquica. A tudo estes heréticos repudiavam em nome da transcendência absoluta e do maniqueísmo.

Ao contrário dos nossos protestantes que repudiam as consequências ou efeitos: A igreja visível, os sinais sensíveis dos sacramentos,  a iconofilia, a comunhão dos Santos, etc & mantem as premissas: ou seja a veracidade da Encarnação do Verbo.

Os docetas eram mais coerentes pois demoliam tudo e buscavam aniquilar formalmente o mistério da Encarnação.

Toda a vida e obra de Jesus fôra uma questão de aparências e engano, uma encenação ou farsa enfim. A grande e antiga Igreja por sua vez não passava dum lamentável equívoco, provocado pela ignorância de alguns apóstolos demasiado 'carnais'.

Esta teoria foi retomada parcialmente pelo ímpio Juliano de Halicarnaso e seus asseclas aftardocetas nos séculos VI e VII.




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