O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sexta-feira, 22 de março de 2013

LXXII - A missão do Espírito Santo




Qual o propósito da intensificação da graça divina ou da atuação de Deus na vida da Igreja sob a égide do Espírito Santo???

Qual o sentido desta comunhão tanto mais ampla quanto mais profunda???

Qual a razão desta amizade mais íntima ou desta aproximação?

Que a ação de Deus e suas operações após a ascensão de Cristo, digam respeito ao conteúdo da divina revelação ou a conservação, fixação e desenvolvimento do mesmo; é ensino ministrado pelo próprio Jesus:

"Tenho coisas que desejaria manifestar agora; mas não podeis aceitar. Quando vier o Espírito da Verdade ele vos revelará tudo. Ele não falará sozinho mas recordará o que vos disse e anunciará o que deve acontecer. Ele tomará do que é meu e vos anunciará." Jo 16,12 sgs

Estas palavras são cruciais para que possamos compreender os primeiros passos dados pela Igreja apostólica e a direção que lhes foi imposta pelo Espírito da Verdade.

Manifestando-se o Cristianismo no seio do Judaismo e a judeus inseridos na cultura judaica; teve de comportar, ao menos a princípio ou durante o ministério de Jesus Cristo: leis de natureza dietética relacionadas com a pureza ou a impureza de certos alimentos de origem animal e ao consumo de sangue.
(estas leis já haviam sido suavemente criticadas pelo Mestre. Os apóstolos no entanto não deixaram de pratica-las ao menos por hábito), a circuncisão e as leis religiosas pertinentes a sacrifícios e ofertas (Os quais também continuaram a ser oferecidos pelos Cristãos durante um bom tempo).

O ideal disposto por Jesus era o abandono completo das leis dietéticas, da circuncisão e do oferecimento de sacrifícios.

Agora veja o leitor que ambas as instituições faziam parte da Lei de Moisés e que punham em questão a própria existência ou utilidade do templo e do sacerdócio.

Então aqueles que acusaram Jesus de heresia não cometeram erro; pois ele questionava o próprio judaísmo e as instituições que os judeus consideravam sagradas enquanto estabelecidas por Moisés.

De modo que sua atitude implica ruptura e afastamento quanto ao judaismo; e a formação de um grupo a parte; caracteristicamente Cristão ou por assim dizer 'não judaico'.

Tal o ideal incutido nas criticas tecidas pelo Nazareno.

Suficientemente sagazes e escolados puderam os fariseus e saduceus dar com tais pretensões e tomar as providências que julgavam cabíveis...

Os pescadores da Galiléia no entanto ou não perceberam o real sentido e as proporções da questão; ou não tiveram coragem para levar avante o ideal de Jesus. E como se não desejassem ver ou perceber o que estava acontecendo...

Daí Jesus dizer: "Eu esperava poder dizer tudo isto claramente, mas não sois capazes de aceitar."

Revelasse a eles Jesus o seu propósito de criar uma comunidade a parte de Israel e os apóstolos esboçariam resistência dando origem a uma polêmica interminável. Era necessário guia-los suavemente e com toda prudência; deslindando a verdade parcela a parcela; medida e medida, sem provocar escândalo.

Então Jesus silencia.

Adverte no entanto, que uma ação mais intensa de Deus, o Espírito Santo, haveria de anunciar a verdade plena; propondo claramente a retomada do ideal enunciado pelo Verbo.

O Espírito haveria de falar com ele e por ele, recordando tudo quanto ele ensinara e DETERMINADO O QUE DEVERIA SER EXECUTADO, pela Igreja.

Mantendo sempre a direção dada por Jesus, pois "Tomará ele do que me pertence."

Assim a função do Espírito não é anunciar coisas estranhas ou dar inicio a um padrão distinto ou oposto ao de Nosso Senhor.

Mas fazer com que a congregação Cristã assumisse e levasse as derradeiras consequências os ideais apenas esboçados por seu divino fundador.

Repudiando as leis dietética, as leis sacrificais e a circuncisão; rompendo com a sinagoga e dela se apartando noutra direção.

Implica isto, religiosamente falando, em desjudaizar a Igreja ou em expurga-la tanto dos elementos quanto da mentalidade judaica. Constituindo o Cristianismo outro padrão espiritual, específico e totalmente distinto face aquele que o precedera.

E como se a ordem dada fosse: Afastai-vos de Jerusalem ou melhor, do Templo.

Sob a tutela do Espírito Santo conheceu este processo três fases: a petrina, a paulina e a crística.

Cabendo a Pedro a honrosa tarefa de eliminar as leis dietéticas tão estimadas pelos hebreus.

"Pedro após ter recitado a prece da hora sexta, teve fome e desejou comer; no entanto, enquanto a refeição era preparada 'Viu o céu aberto e dele pairando e descendo um lençol suspenso pelos quatro cantos; e dentro havia todo tipo de animais - quadrupedes, répteis e aves - e soou uma voz que assim dizia: Ergue-te Pedro, mata e sacia a tua fome! Ao que Pedro replicou: De modo algum Senhor, pois jamais comi qualquer tipo de carne declarada imunda. E o Senhor assim lhe respondeu: Não chames imundo o que Deus criou; e por três vezes ouviu esta exortação; após o que o lençol foi suspenso e recolhido...

E na casa do gentio entrou e passou pelos convidados; e assim disse: Sabeis o quanto é molesto a um judeu aproximar-se de um estrangeiro, porquanto ingere coisas declaradas imundas por nossa lei. Deus no entanto me mostrou que nada daquilo que dele procede pode ser classificado como imundo ou profano." At 10, 9 e sgs e 28 sgs

Este foi o primeiro passo para a separação e ruptura. Sem a qual a Igreja jamais passaria duma seita ou grupo judaico disposto a extinção.

Desde então, os procedentes do farisaismo, principiaram a formar fileiras na Igreja e a organizar um partido oposto aos ideais de Jesus e ao propósito do Espírito Santo.

Materialmente falando este partido 'da circuncisão' deu origem a seita dos ebionitas, que subsistiu até o sexto século e a respeito da qual haveremos de fornecer noticia mais detalhada.

Espiritualmente falando este partido da judaização e da apostasia jamais morreu, prevalescendo ainda hoje entre as seitas fundamentalistas que tomam por base o Velho Testamento e encontrando-se em fase de expansão. Eles esforçam-se obstinadamente por reverter a igreja a sinagoga e por aluir completamente o mistério da Encarnação do Senhor.

Posteriormente aludiremos ao segundo passo da ruptura entre a Igreja de Cristo e a sinagoga dos infiéis; passo dado pelo apóstolo Paulo. E por fim ao segundo e definitivo passo: a destruição do templo!!!




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