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A consciência histórica do Cristianismo

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domingo, 21 de abril de 2013

CV - As origens da Patrística e da Patrologia

Da-se o nome de Patrologia ao estudo das vidas dos assim chamados Padres da Igreja e o nome de Patrística ao estudo de suas obras e ensinamentos. Por padres da Igreja compreende-se, em sentido estrito, todos os escritores cristãos Ortodoxos que floresceram, no Ocidente até o ano 1000 e no Oriente até Eutymio Zigadeno. Grosso modo são divididos estes padres em duas categorias, os ante ou pré nicenos, anteriores ao Concílio geral de Niceia, congregado em 325 e os pós nicenos, compreendendo todos os escritores que floresceram daí até o ano 1000. Podemos ainda, cindir a Era patrística em três idades: Ascensão, apogeu e declínio, considerando a ascensão o período anterior a Niceia, o apogeu o século IV como um todo, dita 'Idade de ouro' dos padres da Igreja, e por fim o declínio do século V ou VI ao ano 1000.

Constituem portanto, domínios da patrística todas as produções literárias destes grandes homens: Poesia, hinologia, exposições exegéticas, exposições teológicas, tratados de controvérsia, decretos conciliares e sinodais, etc Num sentido mais lato ou geral deve-se incluir neste nicho até mesmo as inscrições encontradas nos templos, cemitérios, etc bem como as produções dos escritores heréticos e as produções pseudo epigráficas, chegando a patrística a confundir-se com o estudo da antiga Literatura Cristã em sua totalidade.

Para nós ortodoxos a Patrística e a Patrologia identificam-se com a Tradição, fonte primária da Revelação divina e da Sagrada Teologia. Daí sua importância capital. 

Quando iniciaram-se tais estudos?

É a Eusébio de Cesaréia, na célebre História Eclesiástica, que se deve atribuir a primeira tentativa no sentido de se fazer um levantamento geral de toda literatura Cristã elaborada até seu tempo (330). Todavia, em certo sentido esta tentativa remontaria a S Clemente de Alexandria (+215), o qual, cerca do ano 200, transferiu-se para a Palestina, fixando-se em Cesareia Marítima. Os livros que para lá levou ao deixar Alexandria, foi que formaram, muito provavelmente o núcleo daquela Biblioteca, paulatinamente aumentado por S Orígenes - que nela depositou sua prodigiosa Hexapla - e pelo Mártir Pânfilo, predecessor de Eusébio. Tanto Eusébio quanto Jerônimo, dentre outros, passaram parte considerável de suas vidas ali estudando. Destarte é a H E informe importantíssimo a respeito de certo número de obras para nós completamente perdidas, assim as de Pápias, Miltiades, Claudio Apolinário, Aristion de Pela, Rodon, Apolônio, Filipe de Gortina, Melito de Sardes, Candido, Sexto, Apion, Musano, etc

A primeira obra por assim dizer específica em termos de Patrologia foi o 'De viris illustribus', um catálogo com cerca de 135 escritores eclesiásticos, elaborado em 392 desta Era por Jerônimo de Stridon. Ele tomou por modelo a obra homônima de Suetonius, e por fonte principal Eusébio. Jerônimo teve quatro continuadores: Genádio de Marselha, um século depois, pelos idos de 490, legou-nos pouco menos de 100 monografias. Predestinato, que escreveu no Norte da África. Isidoro de Sevilha e por fim Idelfonso de Toledo, o qual pelos idos de 660, aditou as vidas e obras de oito escritores eclesiásticos oriundos da Hispania.

No Oriente, já em parte conquistado pelos infiéis, o Patriarca S Fócio, elaborou sua 'Biblioteca' onde além de nos fornecer notícias preciosas sobre os autores resenhou cerca de 280 códices - em parte Cristãos - que havia lido, a maior parte dos quais, acabou perdendo-se. A parte, foi ele quem compôs uma preciosa Epítome de Filostorgio. Cerca do ano 1000 desta Era uma equipe de monges eruditos elaborou a Enciclopédia a que chamamos 'Suídas', a qual por si só contém em si uma patrologia inteira.

Quanto aos assim chamados Florilégios ou coletâneas de referências patrísticas temos: O Mendigo de Teodoreto, o 'Contra ímpio gramático' de Severo de Antioquia, a 'Vie dux' de Anastácio sinaita, a 'Doctrina Patrum' de Anastácio o apocriśario e a 'Sacra parallela' (com cerca de 6000 citações dos antigos Padres, 4.500 ainda não identificadas!) de S João Damasceno.

Durante a Idade média novos catálogos de escritores eclesiásticos ocidentais foram elaborados pelos latinos Sigeberto de Gembloux e Honorato de Autun. Outro ensaio de Patrologia, pertence a pena do erudito abade Thrithemyus. Antecipando o Nomenclator de Hurter, entram eles pela Idade Média, daí o valor reduzido de cada um deles.

Entre os siríacos o primeiro catálogo de literatura aramaica/árabe Cristã foi confeccionado por Mar Ebed Jesus Bar Bikra - paz com ele! - metropolita de Sanjar, Soba e Nishevan, no ano de 1298, um precioso elenco, adicionado a Marganitha.

Como era de se esperar foi o interesse pela Patrologia e pela Patrística reativado pela Reforma protestante, sendo Guilherme Postel, um dos primeiros a dedicar-se a ele. Foi seguido por Aloysius Lippomanus (1551) com sua 'Sanctorum priscorum patrum vitae, Antonio Possevino (1593) com sua Biblioteca Selecta, Le Naim du Tillemont com suas eruditas monografias (Memoires...), D Remy Cellier (Histoire generale...), Natalis Alexandre (Selecta historiae...), Theophile Renaudot et Antoine Arnaud (la perpetuité de la foi...), Louis Ellie Du Pin (Nouvelle bibliothéque de auteurs ecclesiastiques), W Cave (Scriptorum ecclesiasticorum...), Roberto Bellarmino Card (De scriptoribus eccles.)... E posteriormente por Tricalet, Fessler/Jungmann, Xaver Funk, Bardenhewer, Rauschen, J Tixeront, F Cayré, B Altaner, J Quasten, Drobner e Trevijano, dentre outros.


Quanto as publicações patrísticas propriamente ditas, principiaram em larga escala com Margarin de La Bigne, um cônego de Bayeux. Cerca de 1575 iniciou ele a edição da Bibliotheca sanctorum patrum, na qual constam mais de duzentas obras. Posteriormente outras coleções foram preparadas por J de  Combéfis, J B Cotellier (Cotellerius), Fabricius (luterano, 1705, Bibliotheca graeca...), Iusuf ibn Siman; Assemani (1719 - Bibliotheca Orientalis), Bernard de Montfaucon e Andr Galandi, dentre outros. Por fim, financiado pelos anglo Católicos e enfrentando imensa objeção por parte da Igreja Romana, Jean Paul Migne - estimulado por Pitra - publicou sua monumental Patrologia entre 1844 e 1866. M Lat consta de 217 vols e vai até 1216. M Grega consta de 162 vols e vai até 1439. Quanto a Patrologia aramaica/árabe a mais completa foi editada em Paris por F Nau e A Graffin.

Atualmente temos diversas publicações em andamento, assim a coleção 'Sources Chrétiennes, da eds Du cerf, iniciada por Jean Daniélou em 1942. A B A C dos salmanticenses espanhóis e assim o editorial Ciudad nueva. Em inglês é famosa a Ethereal Library. Em Português contamos apenas com a coleção Patrística da ed Paulus, ainda deveras incipiente.


Lista com os nomes dos principais padres da Igreja
  1. Século I - S Clemente de Roma
  2. Século II - S Pápias, Aristion de Pela, S Policarpo, S Justino, S Irineu, S Clemente de Alex., S Quadrato, S Aristides, Claúdio Apolinário, Hegesipo, Taciano, Rodon, Filipe de Gortina, S Atenagoras de Atenas, S Teófilo de Antioquia, Serapião de Antioquia, Dionísio de Corinto, Melitão de Sardes, Apolônio, Miltiades, Sexto, Apion, Cândido, Musano, Agripa Castor, S Polícrates de Éfeso, etc
    Esc heréticos - Bardesanes, Harmônius, Herácleon, Apeles, Themision, etc
  3. Século III - Caio ou Gaio, Hipólito, Orígenes, Arquelao, Malkion, Cipriano, Metódio, Novaciano, Vitorino de Poetabio, Gregório Taumaturgo, Júlio Africano, Pânfilo; o mártir, Dionísio de Alexandria, Theognostus, Pierius, Pedro de Alexandria, Arnóbio; o antigo e Lactâncio Firmo.
  4. Século IV - S Alexandre de Alexandria, S Atanásio de Alex., S Dídimo; o cego, S Eusébio de Cesareia, Marcelo de Ancira, Basílio de Ancira, S Epifânio de Salamina, Jerônimo de Stridon, Rufino de Aquileia, S Basílio; o grande, S Gregório de Nissa, S Gregório de Nazianzo, S Diodoro de Tarso, S Cirilo de Jerusalém, S Teodoro de Mopsuéstia, S Policrômio de Apamea, S Eusébio de Vercelli, S Hilário de Poitiers, S Anfilóquio de Icônio, S Ambrósio de Milão, S Optato de Milevi, Teófilo de Alexandria, Lucifer de Cagliari, Astério de Amasea, Filastrio de Brescia, Afraates; o Sírio, Efraim; o sírio, Apolinário de Laodicéia; o velho, S Máximo de Torino, S Severiano de Gábala, S Makarios de Magnésia, Eustátio de Antioquia, Tito de Bostra, etc
  5. Século V - Cirilo de Alexandria, Nestório de Constantinopla, S Vicente de Lerins, S Leão de Roma, S Juliano de Aeclanum, S Eusébio de Dorileia, S Flaviano de Constantinopla, S Teodoreto de Cirro; o abençoado, S Adriano; o exegeta, Evágrio; o presbítero, S Pedro Crisólogo, Arnóbio; o jovem, S Fausto de Riez, S Genadio de Marselha, S Virgílio de Tapso, Hesíquio de Jerusalém, Genádio; o grande - de Constantinopla, S Proclo de Constantinopla, Eutério de Tiana, Ibas; o grande - de Edessa, Sócrates; o escolástico, Sozomeno, S Isidoro de Pelúsio, Estevão Bar Sudhaile, Ticonius, etc
    Esc eclesiástico - Agostinho de Hipona
  6. Sec VI - S Severo de Antioquia, Estevão Gobar, João Filiponos, João de Citópolis, João de Cesaréia, Leôncio de bizâncio, Hipacio de Éfeso,  Teodoro de Raitheou, Anastácio de Antioquia, Eulógio de Alexandria, Timóteo de Constantinopla, Gregório Dialogos,  Eneas de Gaza, Sofrônio; o grande - de Al Kudush, S Facundo de Herminoas, S Victor de Toununa, Zacarias; o rector, S Filoxeno de Mabbug; 'Xenaias', Cassiodoro de Vivarium, etc
    Escritor ecles - Fulgêncio de Ruspa.
  7. Sec VII - S Máximo; o confessor; S Anastácio; o sinaíta, Hormisdas de Roma, S Isidoro Hispalense, Ildefonso de Toledo, Anastácio apocrisário, etc 
  8. Sec VIII - S João Damasceno, S André de Creta, S Beda, o venerável, S Teofanes; o confessor, S Germano de Constantinopla, Alcuíno de York, Beatus de Liebana, etc
  9. Sec IX - S Teodoro do Studion, S Fócio; o grande, Hincmar de Reims, Pardalus de Laon, Scottus Eurigena, Ratramnus, Florus de Lyon, Jonas de Orleãns, Lupus Servatus, Rabano Maur, Alcuino de York, Enéas de Paris, Paulo, Anastácio; o Bibliotecário, Amulário de Lyon, Agobardo de Lyon, Pascal Radberto, Ishak al Kinda, Thimoteos de Al Kudush, Teodoro de Abu Haran, etc
    Esc eclesiástico - Prudêncio de Troyes.
  10. Sec X - Agapius de Hierápolis, Eutíquio de Alexandria, Aretas de Cesarea,
  11. Sec XI - Valsamon, Kedrenus, S Theophilacto de Ochrid, Yaya; o cronista e S Eutimio Zigadeno.
  12. Post - Dionisius Bar Salibi, Gigis abd Hamid; Elmakin, Mihail; o Sírio, Grigori Bar Hebraeus, Girgis de Nissibe, Suleiman de Basra, Ishodad Merwan, Ebed Jesus; Bar Bikra...
Aqui citados cerca de 175 homens base.

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