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quarta-feira, 20 de março de 2013

LXV - 'Apropriação' > Como compreender a atuação do Espírito Santo sem cair no Triteísmo





Uma das grandes tentações teológicas que tem assombrado a divina Revelação é o Triteísmo.

E podemos dizer que parte do pensamento Cristão ocidental chegou a orbitar e ainda orbita em torno dele.

Consiste o Triteísmo em separar as pessoas da Trindade Santa e em conferir-lhes vontades e operações já distintas já opostas.

Até que já não temos mais três pessoas unidas pela mesma essência divina e vontade Una. Mas três deuses em estado de oposição.

Mais a frente teremos ocasião de ver como a teoria soteriológica da expiação, predominante entre os cismáticos ocidentais, esta inquinada de triteísmo.

Por ora limitar-nos-e-mos a apreciar a teologia da apropriação, a qual não poucas vezes tem servido de base a afirmações triteísticas.

Em que sentido podemos dizer que a apropriação seja verdadeira sem profanar a Ortodoxia?

E em que sentido não nos é lícito professa-la.

Todavia antes de iniciarmos nossa breve analise, convém explicitar ao amigo leitor o que é 'apropriação'.

Em 'teologuês' apropriação significa atribuir a cada pessoa da Santa e indivisível Trindade uma operação externa particular ou específica.

Assim ao Pai atribuem os teólogos a produção do Universo, ou a detonação do Big Bang; ao Filho a Encarnação e a reconciliação, e ao Espírito Santo o governo e a santificação da Igreja fundada por Jesus Cristo.

O grande perigo aqui é compreendermos que cada pessoa realiza sua obra, separada ou isoladamente e sem a participação das outras duas. Assim a criação teria sido executada pelo Pai somente, a Encarnação pelo Filho somente e o aperfeiçoamento dos fiéis pelo Espírito Santo somente.

Aqui o veneno do politeísmo ou melhor do Triteísmo.

Pois as pessoas da Santa Trindade inda que perfeitamente distintas são inseparáveis.

Não pode a essência, natureza e Unidade divina conhecer separação.

Segundo as operações internas distinguimos uma pessoa do outra. Quanto as operações externas no entanto, correspondem a vontade e atuação conjunta das três pessoas ou seja da natureza Una e divina.

Daí Jesus Cristo ensinar: "Meu Pai trabalha e eu com ele."

E noutra parte "O Filho nada pode fazer que o Pai não faça também com ele."

Eis porque estava ele com o Pai na obra da criação deste Universo: "Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada foi feito do quanto foi feito."

E pois a Criação uma obra comum ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo ou seja uma obra de Deus, da Santa e indivisível Trindade.

Portanto quando alguém declara que o período da Criação deste universo a Encarnação do Verbo corresponde ao 'tempo' ou a 'ação' do Pai; devemos compreender uma medida de comunhão inferior ou menos intensa concedida pela Santa Trindade ou ainda como um nível mais primário de relações entre o Deus e o homem e não como um tempo em que o Pai se revelava  separada ou isoladamente aos seres humanos.

O mesmo se sucede quanto aos mistério da Encarnação.

Do mesmo modo e maneria como estavam o Pai, o Filho e o Espírito Santo atuando juntos na criação do universo e na comunicação profética; atuaram juntamente no mistério da Encarnação.

Diante disto afirmar, como fazem inúmeros manuais de teologia, que apenas o Filho encarnou-se; separando-se portanto do Pai e do Espírito Santo é apresentar deuses separados: um deus em e com Jesus e outros dois deuses mais distantes ou afastados. Toda esta linguagem que exclui o Pai e o Espírito Santo da Encarnação e da natureza humana de Cristo é blasfema.

Devemos pois compreender que - tendo em vista a inseparabilidade as pessoas divinas - também o Pai e o Espírito Santo encarnaram-se com o Filho e que estão presentes no Cristo, inda que jamais se manifestem.

O máximo que podemos admitir é que apenas a pessoa do Filho de manifeste. Porque a vontade do Filho é una com a do Pai e a do Espírito Santo.

Todavia quem contempla a imagem visível do Salvador não pode duvidar de que esta contemplando a 'forma' da Santa e indivisível Trindade.

Assim a fase posterior ao ministério terrestre ou a sua ascensão aos céus, que muitos ousam atribuir apenas e tão somente ao Espírito Santo.

De fado quando as Escrituras aludem ao Espírito Santo e sua ação específica querem dizer um novo padrão ou tipo de relação entre Deus e o homem ou a uma comunhão muito mais ampla e profunda a qual a humanidade foi chamada.

O que muda aqui não é a pessoa divina; pois uma jamais substitui a outra, o que muda aqui é a comunicação  de Deus ou do sagrado feita aos mortais. No caso a ação ou atuação do Espírito Santo corresponde a última e a mais intensa fase do processo de aproximação entre nós e o numinoso... ao supremo grau de evolução religiosa dos seres humanos.

Estamos diante duma ministração especifica ou duma efusão de graça mais abundante pela qual, nestes últimos tempos, somos chamados a uma amizade ainda mais íntima com nosso Criador e Médico...

No entanto toda esta comunicação é, como a criação e a encarnação, envolve as três pessoas da Santa e indivisível Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; as quais atuam e operam conjuntamente.

Então quando aludimos a ação e obra do Espírito Santo na vida da Igreja e do povo de Jesus Cristo estamos nos referindo a uma ação e obra maximizada pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo ou na suprema manifestação executada pelo Deus único.

Cessemos pois de blasfemar postulando que o Pai, o Filho ou o Espírito Santo fazem qualquer coisa separadamente. O Pai jamais agiu sem o Filho e o Filho jamais fez qualquer coisa sem o Pai e o Espírito Santo, tampouco o Espírito Santo executou qualquer ação sozinho ou seja sem a comunhão e unidade do Pai e do Filho...

As eras, períodos ou tempos atribuídos ao predomínio de cada pessoa devem ser sempre compreendidos como fases ou estádios evolutivos da relação que envolve Deus com os homens e as medidas com que Deus comunicou-se a eles. O Espírito Santo corresponde a fase mais elevada ou profunda da relação ou da comunhão estabelecida entre o sagrado e o humano.




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