Evangelho de S Mateus capítulo XXV -
"Naquele grande dia dirá o Mestre aos que estão à sua direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo,
35. porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;
36. nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.
37. Perguntar-lhe-ão os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber?
38. Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?
39. Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?
40. Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.
41. Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.
42. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber;
43. era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes.
44. Também estes lhe perguntarão: - Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?
45. E ele responderá: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer."
Curiosa esta presença de Cristo no faminto, no sedento, no sem teto, no desnudado, no enfermo e no prisioneiro.
Curiosa mas não misteriosa, senão perfeitamente compreensível.
Pois ao fazer-se homem, e homem humilde, não conheceu o Senhor a fome, a sede, o relento, a nudez, a enfermidade e a prisão???
Identifica-se Nosso Mestre com cada um dos que passam por tais vicissitudes por ter ele mesmo, em determinadas circunstâncias, feito contado com elas.
E como se o contato do Salvador com a fome, a sede, o desabrigo, a nudez, a doença e a prisão; santificasse cada um destes flagelos...
Os quais desde então tornam-se como que veículos de sua presença.
Assim habita Jesus de algum modo, no faminto, no sedento, no desabrigado, no desnudado, no enfermo e no prisioneiro...
De modo que ao aliviar os sofrimentos de cada um deles prestamos um serviço ao próprio Jesus.
Pelo mistério da Encarnação identificasse o filho de Maria com cada miserável, com cada excluído, com cada sofredor...
Homem das dores ele sabe compadecer-se da dor alheia.
Humilde, trabalhador e pobre ele bem compreende a situação de nossos irmãos mais pequeninos.
Tendo sofrido até o paroxismo do abandono da cruz esta ele perfeitamente apto para confortar.
Mas tu dizes: Ele jamais foi preso!
E eu te digo: preso foi nos ergástulos de Anas, Caifas e Pilatos.
Tu dizes: O Mestre jamais experimentou em si qualquer doença.
E eu te digo: Na verdade ele conheceu a dor de perto; por meio das chicotadas, bordoadas, dos espinhos e dos pregos.
Tu dizes: Ele jamais esteve nu?
E eu te digo: Nu foi deitado sobre o madeiro e pregado.
Tu perguntas: Quando que foi peregrino?
E te respondo: Quando com seus pais foi conduzido as pressas a terra do Egito.
Tu afirmas: Ele sempre foi bem acolhido
Eu contesto: Não tinha sequer uma pedra sobre a qual pousar a fronte cansada.
Tu exclamas: Sua mãe jamais deve ter permitido que passasse fome ou sede!
E eu afirmo: Quando esteve por quarenta dias no deserto jejuando conheceu a fome e a sede!
Cada uma destas situações ele conheceu e vivenciou.
E por isto decretou que seus adoradores e servos dessem combate a elas.
Asseverando que os insensíveis e indiferentes face a dor alheia seriam rigorosamente punidos e afastados de sua presença por eras de eras.
Erram pois aqueles insensatos que concebem o juízo divino como uma prova e teologia ortodoxa.
A verdade é certamente dom e dádiva de grande valor; a qual merece ser prezada por aqueles que aspiram a perfeição.
O bem no entanto esta infinitamente acima da verdade; como a caridade esta muito acima da fé.
Então é necessário saber que o homem será levado a juízo tendo em vista suas obras ou seja o bem ou o mal que fez em vida; e que este será o alvo ou fóco principal do último dia.
Acrescentemos pois uma boa doze de ortopraxia a nossa ortodoxia; para que seja uma ortodoxia viva, útil, proveitosa e meritória. Assim não seremos desamparados; mas sustentados de pé no dia da manifestação gloriosa e segunda vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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