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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sábado, 23 de março de 2013

LXXXI - Paulo em Atenas> Um encontro histórico entre o Cristianismo e o platonismo





Por mais de uma vez foi o Cristianismo de modo geral descrito como tendo sido infectado pelo platonismo ou como tendo inserido teorias platônicas em seu corpo doutrinário e assim apostatado.

É o que as russelitas imbecis afirmam a respeito da imortalidade da alma. Mesmo sabendo que os apóstolos confundiram Nosso Senhor com um fantasma.

Por outro lado não é menos verdade que a Igreja foi em diversos graus e medidas influenciada - negativamente segundo cremos - pelas doutrinas de Platão no que diz respeito ao corpo, a matéria e a tudo quanto seja sensível.

Platonizante era Agostinho, platonizante Evágrio Pôntico, platonizante João Clímaco, platonizante Pedro da Ibéria, platonizante Gregório Palamas, platonizante Ulrico Zwinglio, platonizantes todos os pentecostais...

Foi de fato o germe da apostasia ou da manobra da desencarnação do Verbo.

E o inicio do conflito entre o espiritualismo descarnado ou maniqueista e o espiritualismo encarnado ou Cristão.

Conflito que se prolonga até nossos dias e que se manifesta pelo repúdio ao sensível, ao material, ao prático.

Implicando a rejeição ao ritual simbólico, as imagens, a comunhão dos Santos, as obras, etc enfim a tudo quanto se põe entre a transcendência absoluta e o individuo; dando expansão e continuidade ao padrão da Encarnação.

Correspondem os elementos da cultura ou da religiosidade judaica juntamente com o platonismo os dois principais adversários do Mistério da Encarnação e do Principio Católico e as molas mestras da apostasia.

É o platonismo que alimenta o misticismo papista, o palamismo 'ortodoxo', a rebelião protestante (Zwinglio), a manobra pentecostal e até mesmo a fé espiritista no que acreditamos ter ela de negativo.

Todos estes movimentos e correntes são epifenomenos do platonismo.

Então podemos dizer que o primeiro contato ou atrito entre as duas Escolas foi de fato um encontro memorável.

Pois ainda hoje atuam e estão em luta os dois princípios: a negação da matéria assumida por Platão e os seus e a aproximação da matéria, efetivada por nosso Deus Jesus Cristo.

Eis porque não é a igreja de Cristo uma congregação exclusivamente invisível composta por fantasmas ou anjos; mas congregação encarnada e visível como seu Senhor e esposo.

Assim labutar contra a divindade de Cristo, os sinais dos sacramentos, as imagens do Senhor e de seus santos, o ritual litúrgico, as boas obras ou a ação Cristã no mundo; a ressurreição do corpo e a restauração da terra implica platonizar e postar-se ao lado de Platão ou Plotino, contra os planos e desígnios de nosso Mestre amado.

Assumir tais doutrinas implica assumir e desenvolver consciência Cristã.

Esta a Cristandade atual enferma e uma dos elementos causadores desta moléstia gravíssima é o platonismo; do qual a Igreja precisa ser expurgada; por questão de coerência e de fidelidade irrestrita a seus fundamentos divinos.

A simples ideia da união imediata ou sem mediação humana e material, entre o individuo e Deus ou Cristo é decorrência do platonismo. Cristo fez da carne mediação sua e grande sacramento de nossa remissão e estabeleceu a Igreja visível e o próximo como mediadores em seu lugar.

Assim se salva o homem na matéria e pela matéria, pela encarnação, pela Igreja visível, pelos sacramentos e por aquilo que faz em favor dos irmãos. E não num colóquio entre si e Deus somente, através de orações e jejuns... Este não é o caminho determinado por Jesus Cristo; é o caminho de Plotino e Jamblico.

De fato enquanto os hebreus sendo demasiado grosseiros e carnais não conseguiam compreender a imortalidade espiritual e consciente nos termos da Helade; os gregos a seu lado não conseguiam compreender a restauração da matéria ou do corpo por meio da ressurreição; porque reputavam a matéria como má e o corpo como indigno.

De fato os mistérios inculcavam a ideia de que as almas haviam sido lançadas nos corpos materiais para pagar seus pecados e que os corpos materiais correspondiam a carceres ou a prisões.

Assim quando Paulo mencionou Jesus e a ressurreição eles sequer compreenderam o que ele estava dizendo; crendo antes que anunciava deuses estrangeiros, a saber, Jesus e sua esposa a Ressurreição (anastasis) At 17,18

Quando no entanto levaram-no ao areópago e ouviram-no explicar dizendo que:

"Levanto-se dos mortos." At 17,31

Puzeram-se a escarnecer publicamente.

"Quando ouviram sobre a ressurreição dos mortos; parte deles principiou a zombar dizendo: sobre tais coisas te ouviremos amanhã." Assim Paulo saiu do meio deles... e entre a gente de bem apenas duas pessoas: Dionísio e Damaris, aderiram a boa nova.

Nem mesmo Paulo fora capaz de dar-se conta do verdadeiro abismo existente entre nossa fé e os núcleos platônicos e platonizantes da antiga Grécia.

Cuidou-se ele ingenuamente, como bom judeu; que o grande problema era as estátuas, imagens, simulacros ou ídolos; quando na verdade o grande problema era justamente o oposto; o transcendentalismo dos platônicos; a irreligiosidade, a descrença, o ceticismo crasso...

De fato ali estavam as estatuas de deuses; mas muitos poucos dentre os que sabiam ler e escrever preocupavam-se com elas; e assim não passavam de adornos ou de obras de arte sem maior significação.

E já Alcebíades, pupilo de Sócrates decapitara algumas delas há mais de três séculos...

Destarte cairam os deuses em três séculos ou quatro; mas os platônicos e neo platônicos tornaram-se os mais destacados adversários de nosso sistema e resistiram-lhe, em Atenas, até o século VI ou VII desta nossa Era.

Porque havia e há entre o sistema platônico e a fé fundamentada na Encarnação uma incompatibilidade irredutível. E os discípulos de Platão não se dispuzeram a recebe-la.

Por outro lado correspondia a Atenas daquele tempo um dos poucos lugares ou senão o único lugar da face da terra, onde predominasse largamente o ceticismo, ao menos entre as pessoas instruídas.

E se os platônicos ao menos admitiam a existência de um deus absoluto e transcendente; seus pares zombavam tanto dos deuses ancestrais quanto dos demais deuses e mesmo do deus platônico e escarneciam de toda e qualquer religião positiva... como escarneceram de Paulo.

Assim sendo, Paulo, que apesar de suas limitações era homem refinado e sagaz; mais deve ter sentido o escárnio dos descrentes do que a boçalidade dos idólatras; porque a boçalidade podia ser vencida, enquanto o escárnio...

Acaso os estudiosos gregos não estavam a par das diversas narrativas de ressurreição que faziam parte da mitologia ancestral, como a de Asclépio por Apolo seu pai? E das narrativas que circulavam entre os povos vizinhos a respeito de Atis, Adonis, Tamuz, Osiris, etc

Como então haveriam de conter-se diante da narrativa da ressurreição do nosso Jesus? A qual para eles era apenas mais uma farsa...

Quanto a ressurreição da carne tanto pior; pois os gregos cultos, em geral, afetavam desprezar a carne, o corpo e a matéria; de modo que esta doutrina não estava de acordo com a cultura deles; sendo desprovida de todo e qualquer sentido ou significância.

Tais os motivos em vista dos quais Paulo foi muito mal sucedido na capital da Filosofia.

Na acadêmia de Platão e na mente dos materialistas e céticos há muito pouco espaço para Jesus, ou seja, para os mistérios da Encarnação, da Ressurreição e da própria Igreja.

Portanto, enquanto o platonismo não for aniquilado e substituido por um sistema melhor o Catolicismo terá suas expectativas frustradas.





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