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A consciência histórica do Cristianismo

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sexta-feira, 15 de março de 2013

LIV - Como devemos nos comunicar com Deus





Os romanos possuem rosários, bem como os hindus e muçulmanos e cada conta representa uma prece.

Os budistas possuem moinhos ou tambores de oração os quais fazem girar mecanicamente.

Os judeus depositam bilhetinhos nas frestas do muro das lamentações acreditando que chegam ao pé do trono divino e que são lidos por javé.

Tais as formas por meio das quais cuidam os homens entrar em contato com o sagrado.

Há no entanto quem recorrendo o testemunho de Cristo repudie todas as formas.

Pois ele declarou e disse: Em vossas preces não empregueis vãs repetições como os gentios, os quais acreditam que haverão de ser atendidos pelo muito ou pelo bonito falar.

Os sectários protestantes recorrem frequentemente a este texto com o intuito de condenar não só o rosário dos papistas mas até mesmo o uso de formulários ou livros de oração. Há dentre eles quem partindo desta passagem tenha buscado eliminar todo e qualquer tipo de adoração formal ou organizada nos moldes duma liturgia.

Assim recorrem eles a preces individuais ou espontâneas mesmo na adoração pública e coletiva.

Congregam-se para orar em comunidade mas não oram. Antes cada qual procede a seu modo e maneira sem estar em comunicação com os outros. E dentre eles é sinal de ortodoxia cada qual ajoelhar-se numa direção diferente... e orar enquanto o outro lê, ou ler enquanto o outro ora. E não há qualquer tipo de coordenação ali.

O mais engraçado é que os hinos ou cânticos são escritos, tal e qual nas nossas igrejas, e como tais repetidos e repetíveis... Embora cantar seja apenas uma outra forma de orar.

Eles também não percebem que ao 'orarem' repetem mais aleluias e glórias do que os católicos repetem aclamações em suas ladainhas. São dúzias ou centos de repetições...

E ignoram que o livro dos Salmos era o livro de orações costumeiramente repetidas pelo povo hebreu.

De modo que ao interpretarem abusivamente as palavras do Mestre e ao condenarem as repetições condenam a si mesmos.

E ao próprio Mestre, o qual no horto teria repetido três vezes a mesma súplica: Oh Pai afasta de mim este cálice!

Nem o Mestre amado teria condenado a si mesmo ou posto em prática o que antes proibira.

Portanto se pôs em prática é porque não condenou nem proibiu.

Então porque teria dito: Em vossas preces não empregueis vãs repetições...?

Para compreender as palavras do Senhor é necessário saber como os romanos isto é os pagãos dirigiam-se a suas divindades.

Efetivamente eram os romanos um povo muito formal.

Assim quando seus sacerdotes pronunciavam erradamente qualquer palavra durante a recitação das preces oficiais, eles retomavam a prece desde o principio e recomeçava tantas quantas vezes fosse necessário. Pois acreditavam que se as palavras fossem recitadas corretamente seus pedidos seriam atendidos.

Posteriormente desenvolveu-se entre os romanos a arte da oratória, notabilizando-se nela Hortêncio e Cícero. Os oradores estruturavam as palavras mais belas em peças sistematicamente coordenadas tendo por fim comover e persuadir o auditório; o que efetivamente conseguiam.

Era a oratória uma arte e uma técnica relacionada com o emprego das palavras e a estrutura do discurso.

E como lidava com as emoções estéticas costumava arrebatar os ouvintes mesmo quando estes não conseguiam apreender o sentido do que estava sendo dito...

Daí Paulo recusar-se a empregar artifícios de vã retórica com o intuito de arrebatar prosélitos, com o intuito de salientar o conteúdo divino da mensagem.

Os romanos do tempo de Jesus no entanto concluíram que se a arte da oratória era tão poderosa para persuadir os mortais, poderosa deveria ser para persuadir igualmente aos deuses imortais.

Desde então principiaram a compor orações em forma de arengas judiciárias, principiando pelo 'captulatio benevolentia' e multiplicando ao infinito elogios e aclamações laudatórias. O que lhe incutia a certeza de serem atendidos...

É a tais peças laudatórias que reproduziam os recursos empregados pelos oradores romanos, que aludia Nosso Senhor Jesus Cristo. E não as ladainhas e preces do povo Cristão!

Eis porque, quando os apóstolos lhe pediram 'Ensina-nos também a rezar'

Jesus não lhes disse: Orai cada um de vós como quiser ou seja espontaneamente.

Mas sancionando o costume da Igreja, confeccionou uma prece para que fosse repetida por eles.

A qual sendo prece formulada por aquele que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser a prece perfeita.

Rezai assim, disse ele:

Pai Nosso que estais nos céus
Santificado seja o vosso nome
Venha a nós o teu reno
Seja executada a tua vontade
Assim na terra como nos céus
O pão nosso de cada dia nos dai hoje
Perdoai nossas dividas
Assim como perdoamos nossos devedores
E não nos deixes cair em tentação
Mas livra-nos do mal
Porque teu é o Reino, o poder e a glória
para sempre.
Pai, Filho e Espírito Santo que é um só Deus para sempre. Amim.

E assim devemos repetir e rezar sempre.

Jamais acreditando que uma prece formulada espontaneamente composta por nós possa ser superior ou mais eficaz do que a prece formulada e indicada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Guiados por aquele que não pode enganar-se nem enganar-nos estaremos bem seguros.


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