A segunda objeção apresentada pelos arianos, unitários e incrédulos diz respeito a um pronunciamento de Jesus referente ao tempo do fim ou da consumação dos tempos.
Questão que muito preocupava os judeus daquela geração.
Destarte perguntaram os apóstolos:
"Quando tais coisas haverão de se suceder?... Mc 13,3
E respondeu-lhes o Senhor: A respeito da exatidão do dia e da hora, nem os anjos da glória, nem o filho, mas o Pai somente sabe." Mc 13,32
Se por filho devemos compreender 'filho de Deus' ou a natureza divina e sobrenatural de Jesus e concluir que a 'coisas' ignoradas por ela somos levados a concluir igualmente; que Jesus não é verdadeiro Deus ou que sua divindade é inferior ou menor face a do Pai.
E estaríamos já como as heréticas testemunhas de jeová, chafurdando no pântano infecto do politeismo.
Pois embora elas neguem a divindade do Filho no sentido em que nós a compreendemos ou seja como plenamente igual a divindade do Pai e fruição da mesma essência divina; não ousam apresenta-lo como simples criatura mas pintam-no como uma espécie de deus inferior ou menor e mesmo como anjo e homem elevado a esfera divina pelo Pai. Como os semi deuses e heróis dos antigos pagãos!!!
Para nós no entanto declarar que Jesus não é plenamente igual ao Pai ou divino; implica em apresenta-lo como puro e simples homem ou criatura.
Pois ao contrário das russelitas e da mitologia grega não podemos crer em deus inferior, deus menos, deus segundo, semi deus ou dois deuses de natureza diferente. Admitir isto seria admitir a loucura do politeismo.
No caso como deveríamos compreender as palavras de Jesus quanto ao filho?
Em que sentido poderíamos atribuir alguma ignorância a Cristo sem comprometer a posse da natureza divina???
Diante deste desafio grande número de teólogos papistas e protestantes tem asseverado que aqui Jesus usou de restrição mental ou que ele mentiu.
Eles declaram que por 'são saber' ou ignorar; devemos compreender que o Filho não desejava relevar tal mistério aos homens; ou que não convinha a seu oficio faze-lo.
Sendo assim porque Jesus não declarou pura e simplesmente como era hábito seu: Tal questão não é conveniente revelar-vos ou simplesmente: não é desígnio meu informar-nos sobre isto?
Parece-nos artificial semelhante teoria e não vemos em que esteja de acordo com a personalidade de Cristo Jesus e por isso a rejeitamos.
Neste caso admitimos que de alguma forma Cristo ignore???
Sem admitir que a natureza divina de Cristo ignore, admitimos sim que Cristo de alguma forma ignore.
Antes de tudo convém notar que por não saber ou ignorar, o filho é associado aos anjos que são criaturas.
Como este filho não possui determinativo cogitamos que se trate do 'Filho do homem' e não do 'Filho de Deus' ou seja da natureza humana de Cristo e não da natureza divina.
Filho aqui corresponderia a nossa expressão 'natureza humana' que na linguagem da escritura corresponde a 'Filho do homem'.
A pergunta aqui é: Há alguma base para tomarmos 'filho' por 'filho do homem' nesta passagem???
E já respondemos há uma excelente base na narrativa paralela do primeiro Evangelho, de Mateus, a qual passa por ser a mais completa; pois Marcos teria transmitido apenas um resumo.
De fato imediatamente após esta alusão ao Filho; Mateus apresenta as seguintes palavras de Jesus - ou seja a continuação do discurso - "Assim será a vinda do FILHO DO HOMEM."
Lucas em seu resumo também registra a expressão Filho do homem, porque diz respeito a segunda vinda da natureza corpórea e visível do Senhor.
Eis porque somos autorizados pelo contexto amplo e geral a compreender este fragmento e o termo 'filho' como alusivo ao Filho do Homem e não a 'Filho de Deus'; e destarte como relativo a natureza humana de Jesus.
Admitimos pois que a natureza humana não estava em absoluta fruição de tudo quanto era conhecido e sabido pela natureza divina?
Nossa resposta é: Indubitavelmente.
Então nós acreditamos que apesar da união real e hipostática; e até a exaltação do Senhor; houve alguma restrição quanto a comunhão de bens ou idiomas da natureza mais elevada para a menos elevada; e que a natureza humana não sabia tudo quanto era sabido e conhecido da natureza divina. Não era pois a natureza humana tão plenisciente quanto a natureza divina; ignorando algumas coisas que não diziam respeito a sua função ou missão como por exemplo o tempo exato do fim.
Assim a comunhão de bens só se tornou plena ou absoluta após a exaltação da natureza humana no Pleroma.
Eis porque Cristo roga ao Pai: Restitui junto a ti a glória de que eu fruia no princípio.
Como a posse da plenisciência absoluta.
Naturalmente que este tipo de ignorância não pressupõe defeito por parte da natureza assumida.
A qual permanece sendo perfeita em seu gênero, tipo ou categoria. Assim sabia o Senhor com exatidão absoluta tudo quanto é dado saber a humana natureza, além de possuir outros tantos conhecimentos de ordem divina.
No entanto a humana natureza não foi concebida para abarcar este tipo de informação ou conhecimento - pertinente a consumação dos tempos - apanagio exclusivo da divindade.
Eis porque não devemos sequer cogitar em imperfeição, quanto mais em pecado; mas apenas e tão somente em limitação.
O Senhor assumiu em certo sentido uma natureza com capacidade limitada; daí certa restrição quanto a algumas informações de cárater precipuamente divino e transcendente como o tempo do fim.
O qual de fato era ignorado pela natureza humana, mortal, finita e limitada de Nosso Senhor.
Sem que disto resulte mal algum.
É neste sentido que devemos compreender as palavras do apóstolo segundo a qual sendo plenamente igual ao Pai o Filho 'aniquilou-se' ao assumir a condição inferior de servo.
Não é que tivesse se aniquilado por completo mas sofrido alguma restrição pela 'aniquilação' ou privação de certos tipos de conhecimentos no caso próprios da divindade. Certamente é a respeito desta limitação e da abdicação da plenisciência absoluta que devemos compreender a Kenosis.
domingo, 17 de março de 2013
LX - Objeções evangélicas a divindade de Cristo: Nem o Filho sabe...
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