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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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quinta-feira, 14 de março de 2013

XLV - Jesus e os fariseus




Como não fizesse Jesus parte do clero saduceu e não esteja comprovado sua estadia entre os essênios; é nosso Mestre amado comumente classificado como 'fariseu'.

Na medida em que forcejam os cristãos carnais tendo em vista inseri-lo numa seita ou facção judaica, fica ele, por afinidade doutrinal; incluido no grupo dos fariseus.

De fato, tendo Nosso Senhor ensinado as doutrinas da Imortalidade consciente e da ressurreição da carne; fica, no que tange a doutrina ou a fé; mais próximo deles.

E no entanto quando ao éthos ou espírito, que diferença abissal entre a espiritualidade cultivada e preconizada pelo Salvador e a espiritualidade cultivada por eles.

Pois enquanto o padrão fixado pelo Mestre amado procede de dentro para fora o padrão estatuido por eles partia de fora para dentro.

"Lavais a taça por fora e por dentro continua suja." escarnecia o instrutor divino!

"Sois como sepulcros memoriais; por fora caiados de branco e enfeitados e por dentro repletos de ossos, imundice e corrupção."

"Pagais o dizimo da hortelã, do endro e do cominho; mas vossos corações permanecem empedernidos e não sabeis o que é misericórdia."

Eles praticavam imaculadamente as formas externas da religião e ignoravam suas fontes "A religião verdadeira e pura diante dos céus consiste em socorrer o estrangeiro, o orfão e a viúva em suas necessidades."

Pois: "O que fizeste a algum destes, foi a mim mesmo que o fizeste."

Eles valorizavam ao máximo os acidentes da espiritualidade e desconheciam sua essência mais íntima:

"Desejo que exerçais a misericórdia e não que façais sacrificios por mim."

Tudo quanto eles faziam era com o intuito de serem observados e elogiados.

Então o padrão ou o critério deles era artificial.

Ocupavam-se eles antes de tudo com questões de pureza sexual, de opção, de posição, etc Segundo está já declarado na Torá...

Fiscalizava o deus dos antigos hebreus o exercicio da sexualidade humana e policiava a fruição do prazer.

Talvez temendo que levando uma vida sexual prazerosa, o homem se torna-se menos religioso ou melhor menos fanático, menos bitolado...

Então cumpria fazer deste homem um frustrado. Para que buscasse compenssações na religião ou no Reino dos céus.

Penso que esta não foi uma iniciativa saudável...

Em todo caso a igreja e as seitas do Cristianismo acabaram embrenhando-se pelo caminho dos fariseus e apresentando a negação do corpo, da genitália e do prazer como um quase dogma. Tal a gênese da heresia maniquéia.

Nosso Jesus todavia jamais alude a tais assuntos e questões pertinentes e a sexualidade humana. Os quais no entanto, para as mentes grosseiras e carnais de nossos sectários, constituem o tutano ou a mêdula da espiritualidade.

O fato é que nosso Evangelho passa a largo de tais temas, ignorando-os quase que por completo.

Como se não interesassem a divindade ou como se Deus não estivesse preocupado com eles.

Outra questão vital e importantíssima para mente farisaica dizia respeito da indumentária, ou seja, as franjas, borlas, mantos, filatérios, etc

É como se fizessem da espiritualidade uma questão de aparência ou de uniforme.

Fazia-se mistér cobrir o corpo com roupas bem cumpridas e sacralizar esta função.

Este vezo acompanhou o Catolicismo até meio século e até hoje tem acompanhado as seitas protestantes; parte das quais fazem a entrada no paraiso depender de alguns centimetros a mais de pano, ou seja, do tamanho das saias e das mangas das blusas.

Aqui o tamanho do decote implica pecado mortal e condenação eterna.

E no entanto os mesmos sectários protestantes trajam-se de modo inaceitável para o judaismo antigo e suas esposas, que hoje consideram-se tão recatadas e puras; seriam encaradas como rameiras pelos filhos de Israel e sumariamente lapidadas por mostrarem a metade inferior da parte inferior da perna... coisa que as judias respeitáveis ocultavam, bem como os cabelos; cobrindo-os com espesso céu de pano. Costume recomendado e louvado por Paulo.

Como fariseu filho de fariseu dava Paulo crédito a narrativa grotesca do genesis a respeito dos filhos de deus e das filhas dos homens; compreendendo, como todos judeus da antiguidade e primeiros Cristãos, que correspondia a anjos que apaixonaram-se por mulheres mortais e abandonaram seus postos por um rabo de saia. Daí justificar Paulo o uso do véu 'por causa dos anjos'; os quais sentiam-se tentados pelos longos cabelos da beldades teraitas...

O terceiro item após a repressão sexual e o vestuário era a dieta.

Além de preocupar-se deus com o que o homem fazia com suas esposa entre as quatro paredes de seu quarto e com o tamanho das roupas; preocupava-se demasiadamente com o cardápio de seus adoradores e servos; estipulando o que era lícito comer e o que não era, no caso: carne de porco, animais impuros e viandas sufocadas; além é claro do sangue, pois os antigos semitas confundiam a alma com o sangue.

Abramos agora o nosso livro que é o Evangelho e compendiemos as palavras iluminadas de Cristo Jesus.

Quanto as peças do vestuário ou o tamanho das roupas nem uma só alusão, inda que sutil, indireta ou obscura.

Sinal de que o Senhor não esta nem aí para o tipo de traje que as pessoas vestem não se importando nem um pouco com isto.

É que na verdade o tamanho da roupa só serve para estimular a vaidade.

Sem falar na hipocrisia é claro.

Pois em geral são as senhoras mais idosas que costumam tecer críticas ao 'descaramento' e ousadia das mais jovens; pelo simples fato de não poderem mais serem ousadas ou descaradas; tendo de cobrir as partes sobre as quais a lei da gravidade já exerceu sua influencia deletéria e ocultar as estrias, celulites, varizes, etc Aqui entra a religiosidade farisaíca fornecendo justificativas desonestas...

Coisa sinistra que a religião se preste aos expedientes das matronas enrrugadas, alimentando seus preconceitos até o ódio votado as mulheres mais jovens que ainda podem ostentar seus braços e pernas sem despertar a repugnancia geral. Coisa triste que a espiritualidade alimente o despeito da inveja...

E no entanto a função da roupa não é esconder o corpo; mas apenas e tão somente protege-lo até onde seja necessário. E em certas regiões é muito pouco necessário protege-lo e com muita pouca peça de roupa fica ele satisfeito sem que Deus deva ocupar-se do assunto e determinar o tamanho exato de cada peça.

O mesmo não podemos dizer a respeito da dieta.

Costume que dá vezo a prática de se repudiar o consumo deste ou daquele prato saboroso apenas para granjear a admiração alheia e alimentar o égo...

Daí dizer Jesus em alto e bom som: "Não é o que entra pela boca do homem que o faz impuro; pois sai pelo ânus e vai a fossa; mas o que vindo do coração, sai pela boca do homem."

Desaforos, palavras rudes, humilhações, etc Isto sim choca-se com o padrão divino de religiosidade.



E no entanto o vezo maniqueista dos fariseus não só permanece em voga na própria República Cristã, como até mesmo ampliou-se. A ponto de certos 'profetas' decretarem o dogma da abstinencia e condenarem até mesmo o consumo moderado de bebidas alcoolicas... em que pese ter o Mestre amado convertido água em vinho e não em suco de uva; como insinuam os mesmos prevaricadores...

E assim vai se edificando a Babilônia da falsa religião com seus novos artigos de fé: homofobia; negação do corpo, da genitália e do prazer; roupas cumpridas, abstenção de carnes sufocadas ou de sangue, abstinencia alcoolica, etc

De todas estas novidades profanas deve o Cristão fiel permanecer distante. Pois não estão fundamentadas nas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo mas precisamente nos gestos e palavras de seus adversários e algozes os escribas e fariseus.

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