O verbo se fez carne...

O verbo se fez carne...

A mãe do Verbo Encarnado

A mãe do Verbo Encarnado

A consciência histórica do Cristianismo

A consciência histórica do Cristianismo

quarta-feira, 6 de março de 2013

XV - Encarnação: um mistério a serviço da Verdade.

Outra capacidade assegurada pelo mistério da Encarnação, diz respeito a afirmação da verdade ou a garantia de credibilidade de que deve gozar a divina Revelação.

Quando dizemos que um profeta recebeu uma moção divina ou mensagem sobrenatural, estamos dizendo que o profeta recebeu uma excitação externa captada pela visão ou pela audição. Excitação externa que deve ser interpretada pelo intelecto do profeta... intelecto que não é infálivel.

Certamente que Deus ao selecionar o vidente leva em conta suas aptidões e capacidades naturais quais sejam a disposição do aparelho sensorial e intelectual; de modo que o vidente perceba e interprete do melhor modo possível.

O problema também diz respeito a codificação ou as palavras escolhidas pelo vidente com o objetivo de registrar sua mensagem.

Eis porque alguns teólogos tem revindicado para os hagiógrafos, ou seja tanto para a pena profética quanto para as penas Evangélica e apostólica uma moção de natureza interna.

No caso o próprio Deus sugeriria tanto os conceitos quanto as palavras mais apropriadas com o objetivo de expressa-los imaculadamente. Quanto a inspiração ou sugestão interna relativa a certas idéia, noções e conceitos é bem possivel que tenha sido implementada em algumas circunstâncias excepcionais.

Agora quanto a suposta inspiração verbal no que toca as próprias palavras, vocábulos e termos; é necessário dizer e declarar que é uma hipótese bastante precária. Afinal os santos evangelhos registram com vocabulos diferentes, os mesmos discursos proferidos por Nosso Senhor. E nós não podemos nem crer, nem admitir que o espírito santo tenha movido ambos os hagiografos a escreveram vocábulos diferentes.

No caso quando escolheram as mesmas palavras foi justamente porque mantiveram a literalidade do discurso do Salvador ou porque convieram, humanamente falando, que tais palavras fossem as mais apropriadas. Outra possibilidade é que os registros verbalmente divergentes digam respeito a discursos do Senhor pronunciados em aramaico, os quais foram traduzidos por cada evangelista como melhor lhes pareceu, enquanto que os registros verbalmente convergentes podem muito bem dizer respeito a discursos pronuciados em grego pelo próprio Mestre e fielmente conservados na acepção original.

Evidentemente que tais discursos são mais valiosos. Mas não é este o caso aqui.

Importa saber que o homem é um ser livre e que nem sempre esta disposto a colaborar ou a dar o máximo de si. E que seus sentimentos e emoções influenciam seu estado de espírito.

Queremos dizer com isto que um aparelho imperfeito e rudimentar nem sempre estará apto para comunicar a palavra divina, mormente quando se trata dum organismo autonomo ou seja que goza de livre vontade.

A prática mesma nos leva a tais considerações pois diversas vezes ao lado das profecias legitimamente sagradas e inspiradas que dizem respeito a manifestação do Verbo, depara-mo-nos com discursos excepcionalmente vulgares e bárbaros, os quais expressam satisfação ante o assassinato de crianças, por exemplo. Isto para sermos suscintos.

Destarte e palavra ou melhor o inconsciente primitivo do vidente aflora e substitui a palavra de Deus... a qual fica por assim dizer misturada com a palavra do homem. Em todo corpo profético do antigo testamento há sinais desta associação ou mistura.

Mesmo quanto a pena Evangélica, que diz respeito a preservação dos discursos divinos do Salvador, devemos convir que ele nada escreveu e que a dita preservação limitou-se a essência ou conteúdo deles, e que a forma apenas excepcionalmente foi conservada.

Deve confortar-nos saber que o modo perfeitamente claro com que o Senhor formulava seus discursos garantiu o entendimento dos ouvintes; em especial os apóstolos, os quais ao traduzirem-nos para o grego procederam fielmente mantendo o fundamental.

O que queremos dizer aqui é que os profetas, videntes e hagiógrafos não são infaliveis, impecaveis e perfeitos e que a mensagem deles pode sofrer corrupção.

Tampouco grangeiam ou podem grangear uma confiança ininterrupta e inabalavel na medida em que não são impecaveis e infaliveis.

É sintomático que o islan tenha tentando solucionar o problema pertinente ao instrumental e a credibilidade da divina revelação apresentando Maomé como continuamente impecável e infalível. Destarte o islan atribui qualidades divinas a um homem ou a uma criatura sem apresenta-la como divina.

Aqui, mais uma vez ainda, o Cristianismo prima pela coerência, pois atribui qualidades divinas aquele que apresenta como divino.

Perceba-se então que aqui não há intermediário autônomo, imperfeto, falivel e pecador entre a Verdade divina e os mortais.

Porque já não se trata dum contato episódico entre o divino e uma natureza humana e livre.

Mas duma verdadeira união entre a natureza divina e uma natureza humana, desde sua concepção; ou seja, duma natureza humana formada na unidade da natureza divina, logo insenta de pecaminosidade e falibilidade.

Aqui estamos diante do instrumental, veiculo ou recurso perfeito: uma natureza humana cultivada e formada pela natureza divina, uma natureza perfeita em seu gênero, impecavel, infálive e sempre fiel.

Aqui o divino concentra-se no humano de modo absoluto, ou seja, até formar intima associação com ele, até formar uma só pessoa.

Aqui todos os conceitos procedem imediatamente da natureza divina e as palavras são escolhidas de modo a excluir todo e qualquer tipo de imperfeição. Quando se trata de enunciar a doutrina é como se a natureza humana não passasse dum auto falante, porque ela não opõe qualquer resistência. É Deus mesmo que fala por boca humana na medida em que o complemento humano não exerce oposição, sendo sempre dócil e prestimoso.

Entre deus e os hebreus esta o mortal Moisés; entre deus e os muçulmanos esta o falível Maomé; entre Deus e os apóstolos esta a natureza humana impecável e infalível de Jesus Cristo. Entre Deus e nós, entre Deus e os Cristãos, entre Deus e os Católicos ortodoxos não há mediação de qualquer ser imperfeito, pecaminoso e falivel; esta mediação inconveniente foi eliminada pela mistério da Encarnação e pela união hipostática efetuada desde o primeiro instante de existência da Natureza humana.

É como se Deus tivesse produzido uma Natureza humana perfeita para si. E assim assegurado a pureza absoluta da divina Revelação.











Nenhum comentário:

Postar um comentário