Turretini e seus companheiros (a shahaba de Calvino) também recorreram a joão 8,47:
"Quem é de Deus ouve as palavras de Deus, se não lhas ouvis não sois de Deus."
Segundo os opositores da liberdade e da decisão ser de Deus equivale a ter sido escolhido ou selecionado por ele desde toda a eternidade.
Obeserve-se que nossos amigos não tomam estes texto para partindo dele provar que Deus escolheu alguns e regeitou outros desde toda eternidade, mas dão-lhe sentido ou explicam-no partindo desta crença.
Fazem pois o contrário do que deveriam fazer ou seja: provar que Deus escolheu uns e regeitou outros desde toda eternidade.
Dar ao texto tal sentido não é provar a doutrina do decreto, mas dar por provado o que se deveria provar.
Afinal nem o Senhor nem seu escriba nos dão o sentido das expressões 'ser de Deus' e 'não ser de Deus'.
Portanto se "Quod gratis asseritur, gratis negatur." estamos autorizados a dizer: não estamos de acordo.
Ser de Deus aqui siginifica estar em união ou comunhão com ele, estar ligado a ele por um pacto ou convênio, ser particularmente querido por ele, etc
Tal modo de se expressar esta relacionado com o verso trigésimo terceiro, segundo o qual os judeus dirigiram-se ao Verbo nestes termos: SOMOS A RAÇA DE ABRAÃO.
Querendo dizer com isto que pertenciam a Deus e que já estavam destinados a salvação.
Pois era doutrina corrente entre ele que toda carne gerada por Abraão fazia juz ao paraiso.
Por isso disserão: somos a raça de Abraão ou seja estamos salvos duma ves para sempre e irremediavelmente salvos... somos de Deus, lhe pertencemos e ele a nós.
Conforme reza o Baba Kama: "Melhor é ser mendigo mas descendente de Abraão, do que ser nobre e filho da gentilidade."
Por isso lhes disse Jesus retrucando: Quem é de Deus ouve as palavras de Deus.
E como não lhe davam ouvidos a ele que era Deus verdadeiro e bendito pelos séculos, tirou as devidas conclusões: Não me dais ouvido, não me prestais atenção! É porque não sois de Deus como falais!
Caso nutrissem um real interese pelas coisas da religião, do espirito e de Deus, teriam meditado sobre as palavras do Senhor e vindo a ama-lo. Entretanto só havia neles aparência de religião, na verdade eles não buscavam a Deus, mas apenas pompa, destaque e vaidade, por isso Jesus afirmou que não eram de Deus. Eis o que diz o comentarista.
Cumpre acrescentar ainda que segundo o testemunho de Origenes, o gnóstico Heráclio, deu a esta passagem um significado bastante próximo do significado que lhes é dado pelos calvinista, pois afirmava que os homens bons procedem da natureza divina enquanto os maus procedem da natureza maligna... tais os predestinados a salvação e os predestinados a perdição. Pois os heréticos como os sofistas reeditam os erros de seus predecessores.
A segunda referência extraida pelos epigonos é João 12,39:
"Por isso não podiam crer (os judeus)."
Antes de encetar convem advertir que tais palavras não foram ditas por Nosso Senhor Jesus Cristo, mas duma anotação ou advertência do hagiografo ou mesmo daqueles que completaram as últimas sessões deste Evangelho.
Efetivamente 'Hdunanto' significa capacidade ou poder.
Daí a tradução: Não serem capazes ou não poderem.
Quanto ao resto: "...para que se cumprisse a profecia de Isaías."
Assim se traduz na letra: "...pois (ou conforme/segundo, etc) novamente escreveu Isaías."
E assim explica o Crisóstomo:
"A palavra OTI aqui não quer dizer causa, antes devemos compreende-la como efeito, sabendo que não deixaram de crer porque Isaías o predisse, mas que Isaias pode predizer porque eles não haveriam de crer.... Disse 'não podiam' para enunciar a impossibilidade de que o profeta tivesse incorrido em erro, mas nem por isso era impossivel que eles cressem, outra coisa teria predito se eles tivessem crido." Homil 67 in Jo.
Quanto ao profeta Isaías ignorar o motivo pelo qual suas profecias haveriam de ter cumprimenro e imaginar - a moda dos calvinistas - a causa da incredulidade de seus posteros,
isto em nada nos espanta tendo-se em conta o estadio intelectual dos antigos hebreus antes do exílio... Mas Isaías não é nosso Mestre, Senhor, Iluminador ou Salvador...
Devemos pois buscar as causas da incredulidade dos judeus, nos versículos deste mesmo Evangelho, prestando atenção ao contexto que é divino.
Talvez aqui nos deparemos com uma explicação melhor sobre a incredulidade dos judeus, a qual, tendo sido profetizada por Isaías não foi causada seja por sua profecia ou pela vontade de Deus.
Que não tenham sido predestinados irremediavelmente a descrença depreende-se claramente dos versos 35 e 36:
"Enquanto há luz esta em vosso meio caminhai diante dela para que as trevas não vos apreendam...
Enquanto há luz acreditai na luz para que vos torneis filhos da luz."
E de fato, neste contexto tais palavras são luz brilhante para os transviados!
Acaso diria Jesus 'Caminhai' para quem estivesse previamente impedido de caminhar?
Porque teria dito 'para que as trevas não vos apreendam' se já estavam irremediavelmente nas trevas?
Com que razão poderia adverti-los dizendo "acreditai" se ele mesmo lhe negará a graça de crer?
Por aí se vê que independentemente da compreenção de Isaías - pois a embora a profecia de Isaías seja divina e infalivel sua compreenção (o modo porque exprimiu o vaticinio) é falivel e rudimentar - Jesus não lhos encarava a todos como seres irremediavelmente perdidos ou predestinados e fadados a incredulidade.
Se lançou alguma semente preciosa neste campo é porque sabia que ela seria capaz de germinar ao menos nos corações de alguns deles conforme é mutavel a vontade humana e suscetivel de passar do mal ao bem, da vida a morte, do ceticismo a incredulidade...
Por isso lhes endereçou os apelos registrados nos versos 35 e 36.
Pois aqueles sobre os quais o profeta - ao ver sua glória - afirmou que não receberiam o testemunho dele, não lho receberam de fato. Entretanto a causa de não lho terem recebido não foi a profecia em si mesma e tampouco a vontade de Deus, mas aquele orgulho que lhos fazia preferir a glória uns dos outros buscando os primeiros lugares nas sinagogas e os pomposos títulos de Raban, zadig, etc
Estava pois neles mesmos a causa de sua incapacidade para crer e a causa ao invés de espíritual - o qadar - era moral: era hipócritas, fingidos, afetados e dissimulados como víboras...
Não podiam receber a doutrina do Senhor por causa de suas obras, conforme João, num momento de maior lucidez, explanará: "O que ama a verdade vem a luz porque suas obras são feitas em Deus."
Já o que "prática obras más odeia a luz e não vem a luz para que suas obras não sejam reprovadas."
Os fariseus e escribas nem amavam a verdade nem possuiam obras santas e virtuosas, por isso não podiam exercer fé nele.
Pois caso exercessem fé nele teriam de reconhecer que suas obras era iniquas e fazer penitência, eles que eram doutores e guias do povo.
Vejamos agora como Agostinho seu 'deus' após Calvino interpreta esta passagem:
"Sustentam alguns, em tom de murmuração, que os judeus não podem ser acusados de culpa algum porquanto a profecia devia ter cumprimento. A estes assim respondemos: É Deus conhecedor do futuro, assim pode vaticinar por meio do profeta a incredulidade deles, mas não a havia causado. Pois Deus, ao predizer os delitos que os homens haverão de cometer nos tempos futuros, não lhos constrange a comete-los. Pois isto já não seria prever os pecados cometidos pelos homens, MAS PECAR COM ELES. Os judeus portanto limitaram-se a cumprir os pecados que haviam sido sabidos pelos profetas..." in Tract in Jo. 53
Neste passo até mesmo o Hiponense lhos desampara na impiedade.
Não eram capazes de crer porque o profeta já havia anunciado de antemão sua incapacidade. Incapacidade que no entanto procede deles mesmos e não do profeta.
Pois por deus soberano entendem os calvinistas um deus caprichoso, autor do mal, do crime, do vício e do pecado.
Enquanto que a vontade do Deus Santo é exterminar o mal de modo que deixe de existir para sempre.
Não eram capazes de crer porque o profeta já havia anunciado de antemão sua incapacidade tornando-a manifesta. Incapacidade que no entanto procede deles mesmos e não do profeta.
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