
13) Passa então a I Tes 5,9:
"Porque Deus não nos predestinou a ira, mas para a salvação em Cristo Jesus."
A frase é negativa, negando que os santos tenham sido predestinados para a ira.
Entretanto os calvinistas e só eles inferem a sentença afirmativa segundo a qual: os demais ou seja os que estão fora da Igreja ou que nela não entram FORAM PREDESTINADOS A IRA.
O mecanismo é este: por negar que os santos tenham sido destinados a ira o apóstolo afirma necessariamente que os incrédulos e infiéis o foram.
Se alguns não foram predestinados a ira é porque alguns o foram concluem Zanchius e seus pares.
Entretanto a inferência feita pelos calvinistas peca contra as normas de lógica e eles bem o sabem.
Porque a afirmativa ou oposição (necessariamente válida) de "Deus não nos presdestinou a ira." não é "Deus presdestinou os outros a vida.".
Porquanto os objetos são diferentes: no primeiro caso nós e no segundo outros...
A sentença negativa: "Deus não nos predestinou a ira." se opõe a sentença afirmativa: Deus nos predestinou a paz.
Portanto os Santos que compõe a igreja correspondem a uma eleição para a paz.
Estamos autorizados a ir mais além e a deduzir que os demais seres humanos não foram eleitos ou predestinados a paz?
Não, não estamos pois sabendo que os santos corresponderam a eleição para a paz pela adesão livre a pregação da igreja, sem qualquer coerção interna da parte de Deus, sabemos igualmente que os demais sares humanos não corresponderam a mesma eleição porque se recusaram livremente a receber a pregação da Igreja.
Conforme esta escrito sobre os justos eleitos: "VINDE A MIM vós todos que estais cançados e oprimidos e eu vos aliviarei, TOMAI SOBRE VÓS O MEU JUGO." Mt 11,28
Conclusão: o Senhor a ninguém constrange ou impõe forçadamente seu jugo, apenas informa, convida e chama...
E sobre os que não creem: "Ele se afastou porque possuia bens em abundância." 19,22
E não porque Cristo lho tivesse predestinado a incredulidade, do contrário, os evangelistas teriam registrado a verdadeira causa: "E se afastou porque não pertencia ao número dos eleitos para a salvação ou dos predestinados." seria muito mais simples e poria fim a toda controvérsia antes que principiasse a existir.
Entretanto a parabola do semeador é que nos explica a opção do jovem rico: O que caiu entre os espinhos, representa o que escuta a instrução, mas o mundanismo e o amor as riquezas sufocam a instrução e ela não surte efeito algum. Mt 13,22
Alias, o sentido da parabola do semeador é visceralmente anti-calvinista.
Pois quem é o semeador senão Deus e seus Cristo Bendito pelos séculos?
"O Semeador é o Filho de Deus que veio semear entre os povos todos da terra a palavra de seu Pai." Jerônimo
Como se diz que saiu?
"Saiu do seio do Pai pelo mistério da encarnação." S João Crisóstomo; in Mat hom 44,3
E "Saiu também da Judéia em demanda das nações pagãs quando foi engeitado pelos seus." Rabano Mauro
Ora se Cristo é o semeador a semente com que semeia só pode ser o Evangelho ou a boa nova e a terra os seres humanos.
Os três primeiros tipos de terra alistados: margem de caminho, pedras e espinhos significam três tipos de homens cuja vontade é má: o leviano que não cuida dos problemas atinentes a vida eterna, o supérfluo que se preocupa mais com a fama ou a reputação e enfim os milionários e avarentos que são radicalmente materialistas, estes são os três tipos de terra simbolizados pela poeira, as pedras e os espinhos.
Entretanto o texto também se refere a um outro tipo de terra que é a 'terra boa'.
E a analogia nos obriga a compreender esta expressão conforme letra de Lc 2,14: São os homens de boa vontade, aqueles que aspiram pelo bom, pelo verdadeiro e pelo belo, aqueles que desejam viver na santidade e na obediência.
Estes acolhem a palavra do Evangelho, recebem a graça que ela comporta e frutificam cada qual em sua medida.
Todo sentido da parabola atribui o destino da palavra OFERECIDA INDISTINTAMENTE A TODOS a RECEPÇÃO OU CORRESPONDÊNCIA DOS OUVINTES.
Cristo declara explicita, clara e francamente que a regeição parte da terra ou seja do homem, que livremente repudia a palavra e não dele mesmo uma vez que a todos dispensa-a.
Consideremos todavia por um momento a tése calvinista a luz desta parabola.
Se Deus é o responsavel direto pela qualidade da terra e por sua esterilidade porque semeia nela?
Neste caso ele seria semelhante a um homem que preparou a terra de um vaso para matar a semente e depois enterrou a semente no vaso...
Acaso este homem honra a semente depositada no vaso?
Entretanto se não preparou a terra limitando-se a lançar as sementes a quem se deve atribuir a culpa pelo apodrecimento das mesmas senão a qualidade da terra?
Tal a mensagem central da parabola: a regeição parte da qualidade da terra ou dos homens que recebem a palavra e não do semeador divino.
Pois se o semeador divino tivesse ele mesmo preparado uma terra e deixado outra sem preparo porque haveria de semear em terra que não preparou?
Portanto se o acolhimento do Evangelho foi antecipadamente reservado a alguns não há porque a mensagem ser dirigida a outros ou seja aqueles que foram antecipadamente regeitados e que Deus sabe impossibilitados para acolhe-la.
Do contrário o semeador semeando em todos os lugares seria um farçante e sacrílego malbarando em vão os dons divinos e entregando pérolas preciosas a porcos.
Quanto ao regulamento que proibe de entregar pérolas a porcos, dele nada se pode aduzir a favor do calvinismo.
Pois o texto não declara que Deus lhos tenha feito porcos por decreto.
Devemos pois compreender que são porcos por opção assumindo por um tempo a figura e semelhança destes animais.
O figura do porco designa geralmente "Os opulentos que se esquecem do Senhor." Barnabé X
Por ocultar-lhes a perola não quer dizer que não devam ser discreta e prudentemente informados sobre nossa religião, mas que não devem ser informados detalhadamente ou seja no que tange aos mistérios basilares da fé.
Entretanto se arrenegarem a figura e semelhança do porco por mudança de boa vontade então podem ser informados com mais confiança, recebidos na igreja e plenamente informados sobre nossa bendita esperança.
Aqui não há respaldo para o qadar pois nem se diz que Deus os faz porcos para sempre nem que os ditos porcos não possam ser evangelizados de alguma maneira segundo o tipo da serpente.
Conclusão: Todos foram predestinados a salvação e ninguém a perdição.
Os que se perdem não correspondem a predestinação ou decreto algum mas ao resultado duma opção que livremente fizeram.
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