15) No que diz respeito as cartas do Beatíssimo Paulo, Zanchius logrou extrair três referências supostamente favoraveis a crença dos calvinistas.
Examine-mo-las na devida ordem:
Começa por II Tm 1,9:
"O qual nos salvou, e chamou a uma santa vocação, não por causa das obras, mas segundo o seu propósito e graça que nos foi concedida em Cristo Jesus antes do inicio dos tempos."
Verso que os calvinistas compreendem da seguinte forma: salvou > salvou por completo, magicamente sem necessidade de anunência ou colaboração da parte dos salvos e sem estipular condições ( é o que os ímpios chamam de salvação incondicional )
Afastando-se do próprio Agostinho, amiude citado por Zanchius, mas que sem embargo escreveu: AQUELE QUE TE CRIOU SEM TI NÃO TE SALVARÁ SEM TI. Sermo CLXIX, 11
Por vocação entende predestinação de uns e reprovação ativa de outros.
Dizem ainda que não fomos resturados para as obras ou seja tendo em vista a realização das mesmas, donde se infere que Deus pode ter predestinado qualquer criminoso como Hitler ou Bush a salvação e regeitado um Tolstoi...
Evidentemente que tais abominações e monstruosidades jamais foram ensinadas pelo grande e glorioso apóstolo.
Por salvação devemos entender aqui o princípio ou instrumental de nossa salvação.
Condeceu-nos Cristo a salvação quando nos concedeu a possibilidade de sermos salvos aconhendo sua divina graça.
Do mesmo modo que aquele que dá um pacote de feijão ou arroz a um faminto alimenta-o, não querendo dizer com isto que cozinha-o para ele, põe em sua boca e mastiga em seu lugar.
Alimenta porque lhe concede o necessário para que se alimente.
Assim se diz que Deus nos salva concedendo-nos o necessário para que executemos nossa salvação com temor e tremor. Fl 1,12
Quando diz: "Não segundo as nossas obras." devemos compreender que ninguém mereceu a graça ou a redenção.
Refere-se pois as obras realizadas fora dele quando ignorando Cristo e seu Evangelho não viviamos em Deus.
Estas obras praticadas quando estavamos distantes de Cristo não possuem valor algum.
Ninguém foi resgatado pelas obras efetuadas antes de caminhar a luz da fé.
Entretanto fomos resgatados para superabundar em obras.
Não pelas obras anteriores mas para as obras posteriores!
Conforme o próprio Zanchius admitiu que fomos predestinados conforme a imagem de Cristo.
Ora que fez Cristo?
Viveu apenas de fé teórica?
Se viveu de fé foi de fé viva e operante, conforme esta escrito na carta aos hebreus:
PASSOU PELO MUNDO FAZENDO O BEM.
Logo suas imagens foram predestinadas para isso: para passar pelo mundo fazendo o bem.
Pois o servo não é maior que o Senhor.
Devendo imita-lo e não a outro.
Por isso escreveu Hermas: "Não pode o Cristão viver sob a lei do Diabo."
Pois se imita ao Diabo faz-se imagem do Diabo e não de Cristo.
Foi pois o Cristão predestinado para imitar a Cristo.
Logo foi predestinado PARA TODA BOA OBRA.
QUANTO A CONDICIONALIDADE DA SALVAÇÃO, O CRISTO MESMO TESTIFICA COM SUAS PALAVRAS:
Se me amais, guardais meus mandamentos. Jo 14,15
O que é referendado pelo apóstolo amado: GUARDAMOS OS SEUS MANDAMENTOS E ASSIM SOMOS DO SEU AGRADO. I Jo 3,22
Pois "Aquele que guarda seus mandamentos nele esta e ele nele, quem amada a Deus guarda seus mandamentos e seus mandamentos não são penosos." I Jo 5,3
Portanto quem não guarda os mandamentos não ama a Cristo.
E se não o ama não pode ser remido por ele.
Pois pertence aqueles ímpios sobre os quais foi dito: apartai-vos de mim que não vos conheço, sois obreiros da iniquidade e não da vontade de meu Pai. Mt 7,21
Entretanto falavam de Cristo e até operavam milagres em seu nome, E ENTRETANTO NÃO LHO CONHECIAM, E PORQUE?
PORQUE NÃO VIVIAM SEGUNDO A REGRA DO EVANGELHO OU SEJA COMO ELE MESMO VIVEU.
"Ensinando a boa doutrina destruiam-na com suas obras ímpias. Uma e outra coisa são necessárias aos servos do Senhor: que as obras se provem com as palavras e as palavras com obras." comenta Jerônimo de Stridon, in Loc.
E S Hilário: "O caminho para o Reino dos céus é executar a vontade de Deus e não o viver repetindo seu nome." in Mat 5
O próprio Paulo sempre citado pelos solifideistas e outros sectarios escrevera algo semelhante a Tito: "Eles afirmam ter conhecimento de Deus, MAS NEGAM-NO COM SUAS OBRAS." Tt 1,16
Que hajam condições e não poucas para manter a justificação e obter a perfeição moral, se deduz claramente da resposta de Cristo ao jovem rico:
SE QUERES ENTRAR NA VIDA CUMPRE OS MANDAMENTOS. Mt 16,17 (Cita exclusivamente a lei moral)
Uma das condições é pois evitar o pecado pela submissão a lei moral.
Pois Cristo não veio salvar o homem EM seus pecados como insinuam os falsos profetas, mas DE seus pecados, conforme esta escrito na sua palavra. Mt 1,21
Portanto a salvaçãos e efetua nos termos de Cristo e não nos termos dos homens por mais que sejam agradaveis ao ego preguiçoso.
Quanto a reprovação ativa ou a reprovação de alguns ou muitos mais uma vez completo silêncio.
- Cita em seguida II Tm 2,19: "O Senhor conhece os que são seus, PORTANTO AQUELE QUE RECITA O NOME DE CRISTO, APARTE-SE DA INIQUIDADE."
Que o Senhor conheça os seus ou seja os que lhe obecedem é mais do que óbvio, acaso não é omnisciente?
Conhece inclusive os que não são seus.
O que não significa que os tenha repudiado antecipadamente, antes não são seus porque não quizeram ser seus.
Tal a mente obsecada dos calvinistas que até mesmo num texto referende a omnisciencia divina enchergam a predestinação, a reprovação e outra quejandas...
Para gente assim um cartão branco será escuro e um cartão escuro será branco conforme a vontade humana é irrefutável...
Do fato do Senhor conhecer os que são seus devo deduzir sob pena de maldição eterna que predestinou todos os que não são seus a morte eterna? Então também devo deduzir que Deus não lhos conhece e que é um ignorante?
O final do verso parece-nos bem mais interesante enquanto se opõe diamentralmente a doutrina calvinista ao afirmar que aqueles que invocam no nome do Senhor não devem pecar ou cometer maldades.
Pois do contrário serão desarraigados.
Afinal se lhes dá ordem explicita para não pecar é porque poderiam vir a pecar.
E pecar por iniquidade, o que significa pecar para a morte ou mortalmente. I Jo 1,17
E se podem pecar para a morte concebendo a iniquidade em seus corações e pondo-a em prática, podem apartar-se de Cristo.
Afinal: "Nosso Deus não é Deus que se agrade da iniquidade."
Por isso disse o Cristo: Aquele que perseverar até o fim, este será salvo. Mt 24,13
Não há pois salvação nos pecados.
Pois "Todo o que peca é do Diabo, aquele que permenece nele não peca, o que peca não o viu nem o conhece." I Jo 3,6
E não me venham dizer que na mesma carta esta escrito: "Quem diz não ter pecados é mentiroso." pois não se tratam de pecados cometidos por infidelidade no tempo da graça, de pecados cometidos antes da adesão a Cristo e da iluminação pela fé.
Antes de terem tido conhecimento de Cristo todos viviam sob o jugo do pecado, portanto nenhum deles podia dizer: Jamais pequei, sem ser mentiroso e pecar mais uma vez.
Entretanto após tornar-se membros de Cristo e aderir a lei do amor e da santidade, teve de para de pecar, ao menos no que diz respeito aos pecados para a morte ou ao essencial como esclarecem Hermas no Pastor e Didaké dos Santos Apóstolos.
Também sei que nela esta escrito: Tudo isto escrevi para que não pequeis, mas se alguém pecar saiba que o Justo morreu por nós e que com o Pai nos perdoa.
Porque se escreveu para que os Cristãos não pequem posto esta que firmados na graça de Cristo podem viver sem pecar ou seja sem fazer mal a quem quer que seja, no amor e na paz.
Afinal se assim não fosse não teria escrito: Para que não pequeis.
E tais palavras seriam frivolas e tolas.
Nós porém cremos nelas.
Considera porém que o homem sendo livre e mutavel poderia trair Nosso Senhor Jesus Cristo como fez Judas.
É possivel que por má vontade o homem peque e se isto se suceder há uma esperança porque Cristo estabeleu o sacramento da penitência (exomologesis)
Todavia a penitência não é coisa leviana como julgam os latinos transviados que perdoam todos os pecados e iniquidades repetidos todos os dias em troca dum padre nosso ou duma Ave maria.
Isto não é penitência mas apostasia nua e crua.
A Penitência não foi estabelecida para que o homem possa pecar folgadamente e depravar-se mais a cada dia.
Não foi feita para ser recebida milhares de vezes como ensinam os mestres ímpios e falsos profetas da igreja latina, mas como diz Hermas PARA SER RECEBIDA UMA ÚNICA VEZ.
Ou no máximo três - conforme sustiveram outros homens apostólicos e em apenas alguns casos - em memória da Trindade, ultrapassado este número o homem deve ser considerado apóstata, apartado da congregação e entregue nas mãos do Senhor.
Para o assassinato, o adultério e a traição da fé, a mãe igreja concedia apenas uma penitência para toda a vida.
Assim tais homens humilhados pela congregação eram purgados pelo sofrimento até serem conduzidos ao ódio do pecado e preferir a morte.
Assim agiam os mártires nossos pais e antepassados e penso que deveriamos ter mantido esta sã disciplina ou que devamos restaura-la.
Aquele que peca gravemente é um aborto e anomalia dentro da Igreja de Cristo e por isto deve ser rigorosamente disciplinado por muitos anos.
A primeira parte da disciplina é negativa: deve ler a Primeira epistola de João com um círio aceso em mãos três vezes ao dia: ao alvorecer, tarde e noite.
Recitar o Pai Nosso meditado e acompanhar cada pedido com uma prostração também três vezes por dia e de preferência publicamente na igreja.
Jejuar a pão e água as quartas e sextas calculando o valor dos alimentos não consumidos e dando de esmola conforme o ensinamento de Hermas.
Assistir a sinaxe com roupas simples e de joelhos durante os dias não solenes.
Prostrar-se no umbral da porta durante a grande sexta feira da paixão do Senhor para que os fiéis possam passar sobre ele.
A segunda parte da disciplica (que é a mais importante ) é:
Lavar os pés dos Santos.
Varrer, lavar, pintar ou reparar as casas de Cristo.
Doar mantimentos ao dispensário da igreja ou vizitar pessoalmente alguma instituição de caridade.
Segundo esta escrito: A CARIDADE APAGA A MULTIDÃO DOS PECADOS. I Pe 4,8
Isto diz respeito aos pena dos pecados da mocidade durante a penitência preparatória para a iluminação batismal.
Mas também se aplica e com mais razão aqueles poucos pecados cometidos e que podem ser remitidos após a iluminação.
Até para aquele que foi lançado pela Igreja nas mãos de Deus resta alguma esperança se abandonar o pecado e exercitar a caridade para com os servos prediletos de Cristo, que são os necessitados, oprimidos e perseguidos.
Se há abandono definitivo dos pecados e caridade viva, haja esperança.
Pois a maldição jaz apenas sobre aqueles que amam o pecado e vivem pecando sem parar.
Estes fazendo-se amigos do pecado e da iniquidade fazem-se igualmente inimigos declarados de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual, todavia deseja ser amigo de todos e médico de todos.
Pois Jesus de ninguém é inimigo ou acusador.
Assim expiará a consequência ou a pena de seus pecados.
A culpa Cristo já a tem perdoado conforme as preces da Igreja.
Por isso aquele que aceita a penitência e a cumpre com toda piedade é filho, inda que enfermo, da mãe igreja.
Aquele que resiste a correção porém...
Por isto é melhor não pecar, pois a penitência, tal e qual uma cirúrgia para extrair um tumor é coisa assaz dolorosa.
A comparação é de Adamantius e não minha.
Aquele que recita o nome de Cristo que não se atreva a cometer iniquidade.
O último texto coletado por Zanchius no Novo Testamento - digo aqueles que são faceis - pertence a carta de Tito, ao primeiro verso do primeiro capítulo.
"Paulo, Servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade para a piedade."
Isto é tudo e não precisamos entrar em delongas.
Pois aqui não há absolutamente nada sobre graças prevenientes, coerção interna, decreto ou reprovação.
O apóstolo se limita a louvar a fé dos eleitos.
Entretanto não afirma que esta fé é inabalavel e definitivamente segura, que foi infundida por Deus neles ou que os demais foram antecipadamente regeitados...
Trata dos eleitos que correspondendo a vontade salvífica de Deus vieram a exercer livremente a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando aos que não exercem fé nenhuma palavra, nem um juizo causal.
A mesma fé tem o Diabo conforme reza a inspiração: Os Demonios creem e temem. Tg 2,19
Acaso foi Deus que enfiou a fé neles?
Então porque sendo o homem salvo pela fé somente o Diabo ao qual foi comunicada por Deus mesmo a fé ainda não foi salvo?
Vai ver que Deus por decreto também criou o Diabo.
Decerto fe-lo assim porque era muito chato governar o universo sem oposição...
Então para se distrair criou ao Diabo e depois aos outros seres, para distrair-se a custa deles.
Como fazem os donos dos circos de pulgas...
Encerrado o espetáculo porém o pobre Diabo e os demais predestinados haverão de ser queimados em fogo inextiguivel.
As pulgas de circo são muito mais felizes...
Pois seus donos sendo humanos parecem ser mais benevolentes do que o ser adorado por Calvino e seus seguidores.
Hermas porém se pergunta: Por que Deus precisaria vingar-se dos mortais?
Que nós pisemos as formigas e baratas que atravessam nosso caminho é compreensivel até certo ponto... que Deus assim proceda inexcusavel.
Ps.: Quanto a citação de I Jo 4,6 "Amamos a Deus porque ele nos amou primeiro." respondemos:
Evidentemente que sendo eterno e preexistente nos amou primeiro ou seja desde toda a eternidade. Nós porém só podemos retribuir seu amor no tempo ou seja depois (da eternidade).
E???
Cadê o decreto de predestinação sobre aqueles que Deus não amou ou odiou?
Alias como pode sendo infinito e ilimitado amar finita e limitadamente ou seja com medida?
Terminamos aqui a analise dos textos mais faceis empregados por Zanchius, resta analisar os textos mais complexos em número de 08 (oito).
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