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A consciência histórica do Cristianismo

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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Os textos de Zanchius XI - Textos maiores E - II Cor 4,3 sg

06) Passa então as epistolas do glorioso Paulo e começa por citar II Cor 4,3 sgs:


"Jaz véu sobre nosso evangelho, e para os que se perdem jaz o véu.
Pois o deus do presente século obscureceu o entendimento deles e assim não creem, e sobre eles já não resplandesce a luz deste Evangelho da Glória do Pai, que é sua imagem mesma."



Desde os tempos do teólogo italiano alguns calvinistas teem tentado tirar partido deste texto, embora ele de forma alguma se adpte com perfeição aos moldes da teologia deles.

Começam por insinuar que aqueles que 'se perdem' já estão perdidos, segundo a versão do Rei Jaime sobre a qual se fiam.

Como já era de se imaginar esta tradução foi calcada na tradução dos calvinistas ou seja na Bíblia de Genebra, por isso com astúcia traduziram o termo original por 'estão perdidos' ou seja já estão perdidos desde toda a eternidade por decreto!

Entretanto Almeida, Diodati, Valera, AM, Nacar Colunga e quase a totalidade das traduções, verte esta expressão por: se perdem, dando a entender que estão perdendo a eles mesmos.

Por isso que os biblistas Adam Clarke e R N Champlinn consideram que a tradução literal do grego seria 'os que estão se perdendo ou perecendo'.



Os que estavam se perdendo acusavam o apóstolo de falsificar a palavra de Deus e de anunciar um outro Evangelho. V 2

Torna o apóstolo e diz que eles é que obscurecidos pela própria malevolência ignoram tudo quanto seja palavra de Deus e Evangelho.

O véu ou a nuvem é a má vontade ou a má disposição deles.




E segue no verso 4 dizendo que:

"O deus do presente século obscureceu o entendimento deles."

Expressão que assim se verte:

"O deus deste mundo cegou-os."

E assim eles são incapazes de ver a luz diafana do Evangelho da Verdade para a glória de Deus.

Temos pois no verso 03 a causa eficiente de sua cegueira: a malícia.

E no verso 04 temos a causa instrumental: a malícia lhos encaminhou ao 'deus deste mundo' e o deus deste mundo finalizou o trabalho iniciado por eles, impossibilitando-os de exercer a verdadeira fé.

E assim ficaram presos as trevas por obras do 'deus deste mundo'. Foi ele quem lhos prendeu e fixou no domínio das trevas...

Tornando ainda mais denso o sudário que envolvia seus olhos.




Cumpre pois indagar sobre quem seja o 'deus deste mundo' para descobrir quem causou ou completou a cegueira dos infiéis apontados pelo Apóstolo de Deus.

Duas são as hipóteses principais:

a) O 'deus deste mundo' é Satanaz.

b) O 'deus deste mundo' é a Trindade Santa e indivisivel ou seja o Deus verdadeiro a que os pérfidos judaizantes chamam Javé ou Jeová, nome com que os infiéis da sinagoga designavam ao Pai, única pessoa divina a que conheciam.




Admitindo que o 'deus deste mundo' seja Satanaz os calvinistas ficam em maus lençois, pois o texto estaria se referindo a possibilidade de alguns serem tentados, seduzidos, dominados e vencidos por ele sem cogitar de qualquer decreto ab eternum da parte de Deus.

Paulo estaria referindo-se apenas e tão somente ao ofício daquele que se opõe a vontade de Deus, o destruidor de almas.

É pois necessário aos adeptos da seita provar que o 'deus deste mundo' não é nem o Diabo nem qualquer outra forma de ser, mas Deus mesmo ou seja a Santa e indivisivel Trindade.

Tal o escopo da obra de D E Hartley: I Cor 4,4 o caso de Jeova como o 'deus deste século'.

Os calvinistas precisam tentar provar a todo custo que Deus é o Diabo ou outra forma de ser, para atribuir a ele o decreto de perdição para os homens apontados pelo Abençoado Paulo nesta passagem.



Sabemos entretanto - através de Irineu (Ad Haers 3.7.1 - 2 ), Agostinho (Ad Faust 21, 1-2 e 9), Crisóstomo (Homil in II Cor 08) e Teodoreto (in loc.) - que a tése segundo a qual o 'deus deste mundo' é o Deus Verdadeiro ou o Deus do Testamento Velho, isto é o Pai, foi inventada por Marcion e que os protestantes, ao menos até onde sei, encaram-no como heresiarca já porque REGEITOU A CANONICIDADE E A INSPIRAÇÃO DE TODO O VELHO TESTAMENTO, a qual como sabemos é tão cara aos protestantes que são judaizantes.

Seja como for, tal interpretação parece não ter surgido entre as gerações dos antigos, mas entre os círculos gnósticos enti-judaizantes.

Por outro lado é bastante significativo que os calvinistas tracem paralelo entre a idéia errada (no plano da moral ou ética) que os calvinistas fazem sobre o Deus verdadeiro, e a figura de Satanaz, porquanto é justamente isto que o calvinismo faz: desoja o Deus verdadeiro de seus atributos evangélicos, como o amor, a misericórdia, a magnanimidade, a benevolência, etc e apresenta-o qual fosse o Diabo ou um homem mau e mesquinho.

Sabemos entretanto o que os antigos pensavam sobre a expressão 'deus deste mundo'.

Segundo Tertuliano (ad Marc V,11) Satanaz é o 'deus deste mundo', o que é corroborado pelo insigne Adamantius que no com. a Jo 11,14, afirma serem o principe deste mundo e o deus deste mundo a mesma entidade: o Diabo.

A tais testemunhos claríssimos dos melhores representantes da idade patristica e herdeiros do depósito apostólico, os calvinistas costumam contrapor os seguintes testemunhos:

Hipólito de Roma (é sua melhor testemunha) na Filos V,11, entretanto o referido Hartley - que é insuspeito por ser calvinista e partidário desta teoria - confesa que "não se trata duma prova clara segundo a qual Deus é o 'deus deste mundo'"

O Ambrosiastro é certo admite que o Deus verdadeiro possa lançar um véu sobre o Evangelho, assevera todavia que: "Foram eles que começaram a descrer e não se pode pensar de outro modo sobre o começo da descrença deles." in loc.

O Texto de Cirilo de Jerusalem referente a 'Disputa de Arquelaus com Mani' também não parece suficientemente claro e terminante.

Só resta aos calvinistas o testemunho de 'Didimo, o cego' que como Hartley mesmo admite pode não ser genuino.



Conclusão: em oposição aos testemunhos de Irieneu, Origenes, Tertuliano, Crisóstomo, Teodoreto e Agostinho (que eles calvinistas vivem repetindo quando lhes interesa ou agrada) apresentam-nos dois textos obscuros de Hipolito e Cirilo, um texto não calvinista do Ambrosiastro e uma passagem, possivelmente não genuina, de Didimo, o cego.

Por isso que Hartley percebendo a fragilidade de seus argumentos no terreno da patristica - firmado sobre o terreno do Evangelho - põe-se a excurcionar pelos campos do Velho Testamento, de Quran, dos deuterocanonicos e até mesmo dos apócrifos ou pseudo epigrafes como costumam a chama-los, a cata de evidências a favor de suas insanidades. Pois para salvar a reputação de calvino e manter de pé o dogma ímpio da predestinação toda arma é boa...

De modo que os calvinistas jogam tudo quanto encontram contra nós: Isaias, manual de disciplina, eclesiastico, testamento dos Xii patriarcas, etc





Com todo respeito que temos por toda esta massa de literatura, ousamos dizer: basta!

Para que ir tão longe se temos tão perto de nós o testemunho do Evangelho aduzido pelos Santos Padres?

Tomemos os capitulos décimo segundo, décimo quarto e décimo sexto do Evangelho de João.

Lá nos deparamos em três lugares com a expressão 'Principe deste mundo' a qual não pode de forma alguma ser atribuida ao Pai de Nosso Senhor ou a Santa Trindade.

Pois Jesus Cristo afirmou que o dito 'principe' nada possuia de comum com ele, que seria lançado fora deste mundo e depois julgado e condenado.

Posto esta que nenhum destes juizos pode ser aplicado ao Deus verdadeiro.

Donde só nos resta concluir que o principe ou governante deste mundo é Satanaz, conforme certificam Crisóstomo, Cirilo, Agostinho, Leoncio de Bizancio, Euthymio, Theophilacto de Ochrida e Beda, em seus coms.

No entanto quem diz principe diz governante, diz dono, proprietário e juiz.

E quem diz governante ou juiz, diz 'deus', conforme o Salmo citado pelo Senhor: vos deuses sois.

Do mesmo modo os escritos dos hebreus afirmam sobre Moisés: de ti farei um deus para o rei faraó.

Porque os Moisés exerceu dominio sobre faraó e os juizes sobre os antigos judeus, foram pois donos, governantes, principes, logo 'deuses'

Era pois o Diabo enquanto dono e juiz dos homens em estado de ruina o 'deus deste mundo'.

Tais os argumentos apresentados pelos padres da Igreja.





Nós porém regeitamos as duas téses e imaginamos ser outra forma o 'deus deste mundo' citado por Paulo.

Conforme no Evangelho Cristo mesmo propõe um paralelo entre Deus, o Deus e verdadeiro e o Mamom (deus falso) ou o dinheiro, assim se expressando: "A dois senhores não podeis servir, a um odiareis e a outro amareis, não podeis servir a Deus e ao dinheiro." Lc 16,13

O texto é capital e penso que nos revela com exatidão quem seja o verdadeiro 'deus deste mundo'

Dois senhores ou melhor dois deuses e duas adorações estão em fóco:

O primeiro Senhor é o Deus verdadeiro.

O segundo é Mamom ou o dinheiro, 'deus deste mundo' conforme o poder que exerce sobre os homens.







Julgamos pois que seja o dinheiro ou o amor ao dinheiro que tenha cegado os homens apontados por Paulo nesta passagem.

Segundo o próprio Paulo escreverá: O amor ao dinheiro é a raiz DE TODOS os males.

Inclusive da incredulidade, da desobediência e da apostasia, enquanto seu poder de atração cega os homens e aos afasta da luz da verdade.






Conclusão: Tais homens estão se perdendo ou no caminho da perdição e não perdidos como querem os calvinistas.

Eles iniciaram este caminho livremente, não querendo perceber, ver e aceitar a verdade.

Por isso o amor ao dinheiro dominou-os por compleo e firmou-os na incredulidade, assim cegos pela cobiça e pela avareza não podem mais compreender os valores espirituais propóstos pelo Evangelho.

Se tornaram 'homens materiais' ou materialistas que só cuidam de apascentar o ventre e de acumular tesouros neste mundo.

A mensagem do Evangelho não pode encontrar eco em suas almas porque são idolatras adoradores de Mamom ou seja das riquezas.

Amando e servindo ao senhor dinheiro - deus deste mundo - e sendo volutariamente escravos dele, não podem amar e servir livremente ao Deus verdadeiro.

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