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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sábado, 11 de julho de 2009

Os textos de Zanchius VII

11) Recorre em seguida a I Corintios 1,8:


"O qual vos confirmará até o fim para serdes irrepreenssiveis em nosso Senhor Jesus Cristo."

Da expressão CONFIRMAR os calvinistas e alguns grupos de anabatistas e pentecostais inferem a doutrina da 'segurança definitiva do crente'.

Entretanto fazem muito mal em faze-lo.

Pois o verbo aqui é bebaiwsei.

Bebaiwsei ocorre apenas uma segunda vez nos registros, em Fil 1,7

Onde recebe o significado de "cumprimento" ou "realização" ou ainda "concretização"

Entretanto existem variantes da palavra em II Cor 1,21 onde recebe o sentido de "fortalecer"
ou "sustentar", em Hb 2,3 onde recebe o significado de garantir e em Hb 6 ,16 com o mesmo significado de garantia.

Por isso o biblista R N Champlinn reconhece que o termo que melhor traduz esta passagem sem deixar equivocos é "fortalecer" comm in loc

Donde podemos verter dos seguintes modos a dita passagem:

"Ele vos há de fortalecer até o fim para que sejais irrepreenssiveis."

ou -

"Ele vos há de suster/amparar até o fim para que sejais..."

ou ainda -

"Ele vos há de dar garantias de sua parte (garantir) até o fim..."

ou por fim -

"Ele vos há de corresponder..."




Entretanto confirmar não é firmar: quem firma firma sozinho, quem confirma confirma com alguem.

Porque este verbo é da mesma estirpe que conciliar, congrassar, confraternizar, etc

Confirma pois Deus o que o homem firma por sua vontade.

Dai corresponder, corresponder a boa vontade de seus servos.

A boa vontade parte do homem e a graça ou o poder para realiza-la de Deus, o qual sempre sustem, confirma ou garante a boa vontade dos santos.

Que há de extraordinário em Deus confirmar ou corresponder a boa vontade de seus servos se ele é o Sumo Bem?

Haveria algo de estranho se ele sendo bom não confirmasse a vontade daqueles que remiu...

O contexto mesmo da passagem nos aponta este sentido.

Pois o verso sétimo assegura que dá parte de Cristo não faltará dádiva alguma.

Enquanto o verso seguinte (09) assevera que Deus é fiel em suas promessas.

Conclusão: é evidente que o verso oitavo diz respeito a vontade de Deus sempre dispoto a secundar com seu poder a boa vontade do remido.

Portanto se o remido mantiver a boa vontade ou a vontade de obedecer e cumprir os mandamentos de Jesus Cristo será irrepreenssivel, impecavel e perfeito.

Porque Deus abominando o pecado não pode negar-lhe sua assistência.

Por isso um dos padres assim comenta: "Diz isto para que ninguém possa alegar - tive boa vontade e Deus não me auxiliou, pois ele sempre auxilia aquele que tem boa vontade. Pecaste, então é porque não tiveste boa vontade, a falha é de tua parte não de Deus, se houvesse concordância não haveria pecado."

Donde não há nenhuma segurança definitiva da parte do homem que se mantem livre e sob o jugo da tentação, apenas há a fidelidade de Deus e fidelidade total para aqueles que mantem a boa vontade e desejam vencer a tentação.

Garantido da parte de Deus, o qual é sempre fiel e deseja a salvação de todos, ninguém pode estar garantido de si mesmo enquanto livre e sujeito as solicitações do ambiente.

A segurança pois é relativa e unilateral: da parte de Deus apenas, porque ele é bom e imutavel.

Da parte da natureza há risco.

Por isso diz o Senhor: orai e vigiai.

Pois se a salvação do crente estivesse garantida não teria dito tais palavras.

E seu apóstolo: Toma cuidado para que tu mesmo não caias em tentação. Gl 6,1

Nem teria ele composto diversas listas de pecados se não fosse possivel comete-los.

Não se alegue que o dom da persseverança é para a fé apenas e não para a santidade ou o amor...

Pois um a fé sem obras seria inutil posto que é morta em si mesma. Tg 2,26 E aquilo que é morto não pode vivificar a quem quer que seja.

Nemo dat quod nom habet.

A caridade operante conserva a vida da alma porque vive de si mesma.

A fé sendo inferior (I Cor 13,13) deve ser por ela vivificada.

Portanto não há nenhuma segurança definitiva seja para as obras ou a fé.

Conforme esta escrito em Hb 4,1 sg: Eles cairam na descrença, nós porém SE conservarmos a fé.

Este se indica que a posse da fé é condicionada também ela pela vontade.

Não havendo pois nenhuma segurança total para o crente nesta via ou algo semelhante a impecabilidade absoluta por decreto de predestinação e extirpação da vontade livre.

Há uma impecabilidade sim, mas relativa e condicionada pela boa vontade.

Por isso a epistola acima referida classifica aqueles que pecam repetidamente após o batismo como apóstatas e separados de Jesus Cristo para o castigo espiritual.

Porque é dever de todo Cristão manter a boa vontade e conservar-se impecavel e santo após o batismo, correspondendo assim a força e a fidelidade da graça divina.





Ademais o texto em questão aludindo a IRREPREENSIBILIDADE vincula a confirmação ou como pensam os calvinistas a predestinação a santidade de vida ou seja as obras.

Por isso os livros dos judeus que os calvinistas tanto prezam testificam: Andar irrepreensivel diante de sua face é evitar o pecado. II Sam 22,24

O mesmo diz o salmista. (Sl 17,24)

E o Evangelho de Deus manteve este significado: Eles eram justos diante do Senhor e irrepreesiveis na observância de seus mandamentos. Lc 1,6

Paulo mesmo em Efésios por duas vezes relaciona irrepreensibilidade com santidade ou isenção de pecados.

E em diversos passos relaciona-a com pureza, inocência, etc

Enfim em I tess 2,10 que importa ser irrepreensivel NO COMPORTAMENTO.

O que se demonstra por meio das ações e operações.

Para Calvino todavia a eleição ou a predestinação não levou as obras em consideração.

Donde somos levamos a concluir que o comportamento dos predestinados pode ser repreensivel sem que com isto percam a salvação.

I Cor 1,8 todavia afirma que a confirmação é para a irrepreensibilidade.

Não se coaduna pois com a doutrina de Calvino sobre a predestinação.

Porque não diz respeito a qualquer decreto absoluto ou quebra do livre arbítrio mas apenas e tão somente a fidelidade divina.

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