O verbo se fez carne...

O verbo se fez carne...

A mãe do Verbo Encarnado

A mãe do Verbo Encarnado

A consciência histórica do Cristianismo

A consciência histórica do Cristianismo

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Os textos de Zanchius III - dos dois tipos de eleitos.

04) Noutra parte de sua memória Zanchius refere-se a três passagens analogas, Lc 10,20 e Hb 12,23.

"Não vos alegreis por serdes exorcistas bem sucedidos mas sim porque os vossos nomes estão escritos nos céus."

"A congregação grande e igreja os primogenitos que estão escritos nos céus..."

(cita também Apoc 17,8 porém este examinaremos com mais vagar no fim desta polêmica)




Por escritos nos céus alguns teem compreendido escritos nos 'livros' do céu ou nos arquivos celestiais, tal e qual se encontra registrado no livro do Apocalipse.

Entretanto não somos obrigados a admitir que a idéia de materialista e antropomorfica de livros ou arquivos esteja inclusa nestes dois textos.

Já porque das páginas do Evangelho se infere o velho costume judeu de tomar o céu por Deus e Deus pelo céu.

Pois enquanto Mateus refere-se quase sempre a Reino dos céus segundo os costume hebraico de omitir o Nome divino, Lucas e João tomam céus por Deus referindo-se quase sempre a Reino de Deus nas mesmas situações.

E nenhum biblicista foi capaz de provar ou de demonstrar que visam objetos diferentes por dizer Reino dos céus ou Reino de Deus.

É deste modo que devemos compreender a expressão "Nomes escritos em Deus" ou nomes presentes na mente divina desde toda eternidade, conforme diziam os judeus: Por Jacó te chamei servo meu e parece indicado pelo Senhor: "Chama cada ovelha por seu nome."

O significado é claro, tais pessoas ou nomes foram designados por decreto de eleição desde toda a eternidade.

Não negamos pois que ter o nome escrito em Deus signifique ter sido eleito por ele para a salvação.

O que negamos porquanto tais textos nada dizem sobre isto é que hajam nomes não escritos em Deus, não eleitos, não escolhidos, não chamados, regeitados e destinados a morte, a perdição e ao castigo.

Não negamos um decreto de eleição geral para todos os seres humanos ou para cada um dos nomes.

O que negamos é um decreto parcial que comporte exclusão.

Neste ponto é possivel que o calvinista nos atalhe:

Então porque os que tem seus nome escritos devem exultar uma vez que todos os nomes estão escritos?

Respondemos que devem exultar por que souberam corresponder livremente ao decreto divino.

Pois ao menos durante algum tempo subsistem dois tipos ou espécies de eleitos:

Os eleitos em potência ou potencias ou seja todos aqueles cujos nomes foram escritos em Deus desde toda a eternidade mas que ainda não corresponderam a eleição permanecendo sob o jugo da iniquidade.

E os eleitos em ato ou seja aqueles que corresponderam ao decreto e vivem em Deus por Cristo, estes são os eleitos por excelência, porquanto aquele que correspondeu ao decreto é superior ao que não correspondeu.

Por isto a escritura costuma a referir-se aos eleitos em ato ou aos que correspondem como a eleitos simplesmente. Porque somente eles levaram a eleição a perfeição colaborando com o Senhor.

Nem por isso a escritura quer dizer que hajam não eleitos, mas sim eleitos de classe inferior, que não quizeram corresponder a eleição. Destes muitas vezes a escritura não faz caso ou trata como se não existissem, pois a escritura foi entregue aos eleitos em ato, aqueles que colaboram com Deus e desejam viver nele por Jesus Cristo.

Não existem duas classes de pessoas como afirma Zanchius: eleitos e reprovados por Deus, mas duas classes de Eleitos por Deus: os que aderem livremente a eleição e os que não aderem.

É pois justo que aqueles que aderiram a eleição nela exultem não porque os demais deixaram de aderir a ela, mas porque são capazes de exorcisar...



A tése calvinista segundo a qual os eleitos só deveriam se alegrar se houvessem reprobos ou pessoas que regeitam a eleição é inconciliável com o espírito de Cristo.

Reflete o espírito dos hebreus e fariseus que se alegravam não na comunhão divina e nas riquezas do Ser Eterno, mas nas punições e torturas com que deus, segundo criam, haveria de punir os gentios.

Só um calvinista para exultar no fato de que foi predestinado enquanto seu Pai, sua mãe, seu irmão, sua esposa ou seu filho foram reprovados e serão torturados nas chamas do inferno por toda a eternidade.

Que os predestinados ao céu sejam capazes de exultar na reprovação de seus próprios parentes e familiares, de aplaudi-la e de conservar-se felizes diante dos sofrimentos destes me parece o cúmulo da monstruosidade.

Neste caso Felipe II de Espanha aplaudindo a execução de seu filho por heresia seria o consumado môdelo de todos os Santos predestinados.

Que haja necessidade de sofrimentos e torturas cometidos aos reprovados para que os eleitos se regozigem é uma crença digna de bárbaros e selvagens que ignoram a verdadeira natureza divina e a condição a que foram chamados por Nosso Mestre amado.

De minha parte não posso compreender como haja plena felicidade nos céus enquanto haja uma alma feliz e sofredora no universo.

E não posso compreende-lo por saber que Deus é amor e que devemos nos amar uns aos outros como ele nos ama, amou e sempre amará, tendo dado prova inequivoca deste amor a ponto de morrer no alto duma cruz para assim suscitar o arrependimento em todos os mortais.

Não posso compreender um céu eternamente feliz com um inferno eternamente feliz ao lado, não posso nem quero compreender tamanha indiferença e insensibilidade da parte daqueles que estão em Deus e que nele vivem se ele é amor.

Não posso compreender como os celícolas partilhando na natureza divina e nela imersos são incapazes de se comover perante a triste sorte daqueles que na terra foram seus queridos...

Não posso compreender como não se enojem diante dos castigos e punições terriveis com que os seus serão eternamente justiçados segundo a doutrina calvinista...

Como então poderei crer que o divino Mestre tenha lhes dito para que se alegrem e ovacionem a sorte daqueles que sem chance ou culpa foram condenados a castigos terriveis e perpétuos?

Que diferença haveria neste caso entre o sadismo de Cristo e de seus servos e o sadismo de Hitler, Goebels ou Irma Griese?

Nenhum comentário:

Postar um comentário