O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Os textos de Loraine Boettner III - Joânicos

"MUDEI A ESCURIDÃO EM LUZ E AS SENDAS TORTUOSAS EM ESTRADAS PLANIFICADAS, ESTAS MARAVILHAS FIZ E ESTAS OBRAS NÃO DEIXEI DE EXECUTAR." Is 42,16






"A DOÇURA E BENEVOLÊNCIA DE NOSSO DEUS FARÁ BRILHAR NO PAVILHÃO DOS CÉUS UM SOL NASCENTE DE JUSTIÇA, ELE HÁ DE ILUMINAR AQUELES QUE JAZEM ASSENTADOS NA REGIÃO DAS TREVAS E DA SOMBRA DA MORTE E DE GUIAR NOSSOS PASSOS NA VEREDA DA PAZ." Lc 1,76







Recorre em seguida a João 9,39:





"Eis que venho para trazer juizo a este mundo, a fim de que aqueles que não vejam passem a ver e aqueles que veêm sejam feitos cegos."





E comenta "É díficil encarar o adoravel redentor e Salvador dos homens, como Salvador apenas de alguns e pedra de tropeço para todos os mais, todavia é isto que as escrituras afirmam."





Entrentanto estas escrituras não afirmam nada disto e tampouco qualquer outro dito ou expressão exarada pelo divino Mestre.





Que as escrituras dos judeus lho afirmem isso é lá com eles pois não somos hebreus. Nosso Mestre é um só: o Cristo e não carecemos doutros mestres...





Que os apóstolos por vezes reproduzam, ao menos quanto a letra, os toscos ensinos dos rabinos e escribas não nos admira, entretanto um só é nosso Mestre: o Verbo e os apóstolos quando doutrinam em nome dele...





Dificil para os calvinistas impossivel para nós.





Imaginar que o meigo Salvador tenha escolhido meia dúzia de gatos pingados para povoar seu paraiso e regeitado a imensa maioria dos seres humanos reservando-lhes torturas perpétuas no corpo e na alma é o Supremo ultraje com que podemos feri-lo.





Nem mesmo os escarros que a soldadesca romana despejou em sua sagrada face se comparam com as afirmações diabólicas de Calvino e seus herdeiros sobre os limites de seu amor e de sua misericórdia!





Limitam o que de per si é ilimitado!





Seja Deus verídico e Calvino reconhecido por mentiroso, falso profeta e sedutor do povo!





Pedra de tropeço ele foi, é e será para aqueles todos que desejam tropeçar em si pela má vontade.





Juiz inexoravel será igualmente para os que se recusam servi-lo.





Entretanto para todo aquele que deseja permanecer de pé ele será esteio e fundamento de sua morada e para todo o que deseja servi-lo na obediência será Salvador fiel.





"Venho trazer juizo a este mundo."





Tal juizo não pode ser encarado como condenação, pois noutro passo foi dito:





"Deus não enviou seu Filho para condenar o mundo mas para que o mundo seja salvo por ele." Jo 3,17





Posto está que o juizo pertinente a este verso é juizo de separação ou de distinção entre aqueles que são postos diante da luz.





Que a luz em questão seja o próprio Senhor di-lo ele mesmo: Luz sou eu deste mundo aquele que me segue não caminhará na escuridão, mas terá a luz que vivifica.





Dois são os estados possiveis daquele que é posto perante a luz:





- De lucidez, conforme é capaz de ver a luz sem que seus olhos sejam feridos.





&





- De cegueira, conforme é incapaz de captar a luz ou de contempla-la sem se ferir.





Por isso, o Senhor tendo acabado de curar um cego de nascença de sua dupla cegueira: carnal e espiritual, toma este cego que recobrou a luz como exemplo para a lição que pretende ministrar aos seus.





Advirta-se ainda que ao estabelecer a comparação em fóco o Senhor estava cercado por escribas e fariseus e que estes estavam como sempre a murmurar contra ele.





Os hebreus estavam perfeitamente cientes de que o Messias haveria de 'devolver a visão aos cegos.' entretanto mesmo após terem contemplado o portento realizado pelo Senhor procediam como se não tivessem visto absolutamente nada, como se não tivessem contemplado coisa alguma.





Porque não estavam dispostos a reconhece-lo como sendo o 'prometido libertador'.





Era capazes de observar a menor das nuvens do céu, de examinar sua tonalidade e de prever se choveria ou não no dia seguinte, mas não eram capazes de perceber os grandiosos sinais executados debaixo de seus olhos.





Eram cegos não por defeito corporal como aquele pobre homem curado por Jesus, mas cegos porque vendo não queriam ver e surdos porque ouvindo não queriam ouvir...





Temos pois duas situações espirituais bem definidas:





- A cegueira que simboliza a incredulidade frente a pregação do Evangelho.





&





- A lucidez que simboliza a fé nas palavras e ensinamentos do Senhor.





Admitindo que o Logos é a Luz e a verdade aqueles que aderem a sua pregação merecem a alcunha de lúcidos enquanto aqueles que lha desprezam merecem a alcunha de cegos.





O texto porém revela-nos algo mais, pois nos revela uma inversão espiritual ocorrida por graça da manifestação da luz.





Segundo tal inversão diante do brilhos da luz, cegos haviam que se tornariam lúcidos e lúcidos haviam que se tornariam cegos.





Por isso que Westcott e Hort - os maiores críticos de todos os tempos - vertem a passagem do seguinte modo: "... cegos passem a ver e aqueles que veêm tornem-se cegos."





Querendo dizer com isso que enquanto a lucidez é causada em parte pela luz (sem luz não há lucidez como não há lucidez sem olho) enquanto o olho se esforça por capta-la, a cegueira não é causada por ela e sim pela atitude do olho que se fecha e se recusa a capta-la.





Tornam-se cegos porque são agentes ou causa material de sua própria cegueira. Neste caso a manifestação da luz não passa de causa condicional.





Pois não havendo luz e brilho não pode haver lucidez e sem a existência da lucidez a cegueira tanto pode ser atribuida a inxistência da luz quanto a inexistência ou a má utilização do aparelho receptor.





Como prova de que há luz o Verbo se fez carne.





Para que todo o aparelho receptor possa capta-lo.





Entretanto alguns aparelhos podendo capta-lo recuzaram-se a faze-lo.





É pois a luz causa material de sua cegueira?





De modo algum, pois o Senhor Jesus Cristo não disse que fechou seus olhos ou que cegou-os desde toda a eternidade.





Por isso Teodoro de Mopsuestes, Cirilo Alexandrino, João Crisóstomo, Teodoro de Heracléia, Teodoreto de Cirro, João Damasceno, Euthimyos e Theophilacto de Ochrida dentre outros fazem notar que a partícula PARA nem sempre significa causalidade material ou absoluta, mas muitas vezes causalidade ocasional ou mera oportunidade ou resultado: isto que dizer que Jesus Cristo não se encarnou para cegar a quem quer que fosse, entretanto, homens houveram que ao lhes ser ofertada a luz, fecharam seus olhos recusando-se a recebe-la... e assim se tornaram cegos.








Disse apenas que a aparição da luz serviu de oportunidade para que a cegueira ou a má vontade deles se torna-se manifesta.





Parte pois a cegueira deles mesmos, de sua má vontade, de sua contumácia e não do Senhor Jesus Cristo, e não da luz.





Pois o objetivo pelo qual a luz se manifestou foi para que todos vissem.





Se alguns não viram foi porque não quizeram ver.

















O Dr Adam Clarke - partindo de Cirilo e Crisóstomo - sustem que os cegos eram os pagãos sepultados na idolatria enquanto que os lucidos eram os hebreus possuidores do decalogo e do monoteismo.





Entretanto se a cegueria diz respeito a luz da divina graça tantos quantos precederam o Senhor estavam cegos e verdadeiramente cegos fossem judeus ou gregos.





Judeus houveram que perceberam sua enfermidade e cegueira e que por isso se tornaram tão saudaveis e lucidos como os pagãos.





A maioria entre eles porém permaneceu cega.





O termo cego portanto não designa a todos os hebreus senão aqueles que criam estar em posse da saude, da visão e da liberdade ou seja aos sacerdotes, escribas e fariseus.





Pois recusando-se a reconhecer suas misérias desprezaram o médico, a luz e o Filho que lhos poderia ter salvo.





Por isso dissera o Senhor: Não são os sãos mas os enfermos que carecem de médicos.





Querendo dizer com isto que somente aqueles que reconhecem os sintomas da enfermidade que os aflige procuram o médico, fazem uso dos remédios indicados e logram ser salvos enquanto que aqueles que se julgam sãos (porque na verdade não havia um só homem são ou impecavel naqueles tempos) acabam morrendo.





Eles porém revidaram: "Jamais fomos escravos de quem quer que fosse.", e recusaram a liberdade que lhes fora generosamente ofertada.





Como peritos nas tradições e nas escrituras eles também acreditavam estar em posse da luz e enchergar perfeitamente bem...





Por isso permaneceram cegos...





Pois não perceberam a própria cegueira e dispensaram o ministério da luz.





Os galileus, samaritanos e pagãos entretanto reconheceram sua cegueira e assim puderam ser iluminados, curados e emancipados.





Os sacerdotes, escribas e doutores da lei - senhores de jerusalem - crendo ver permaneceram cegos até os dias de hoje enquanto que os galileus, samaritanos e pagãos reconhecendo a própria cegueira obtiveram a luz eterna.








Segundo foi exposto pelo abençoado Paulo: "Parte de Israel - os mestres e lideres de Jerusalem - entrou na cegueira enquanto a maior parte das nações pagãs recebeu a plenitude na luz."











Certamente que o texto se refere a uma cegueira, enquanto desejo expontanêo de não se ver algo. (no caso o Cristo)





E a uma lucidez, enquanto atitude receptiva com relação a luz.





Não é o Cristo que ilumina a uns - sem fazer caso da vontade livre - e que cega a outros.





É o Cristo que a todos oferece a mesma luz sendo acolhido livremente por uns e repudiado por outros.























E depois a:








- Jo 15,16:





"Não fostes vós que a mim me escolhestes, mas eu que vos escolhi e vos constitui para que deiteis frutos e vossos frutos permaneçam."





E assim se expressa sobre seu sentido: Não é o cristão que escolhe seguir a Jesus e ser Cristão é Jesus que através de seu decreto elege ou escolhe quem haverá de ser cristão e de salvar-se.





E conclui como de praxe afirmando que se escolheu a estes ou seja aos eleitos regeitou a outros ou seja aos réprobos.





Portanto os calvinyya são capazes de encontrar nesta pequena passagem toda sua doutrina: a predestinação de alguns para o céu e a predestinação de muitos para os tormentos eternos.





Vamos por partes.





Que Jesus tenha escolhido a humanidade antes que esta pudesse corresponder a seu chamamento é o cúmulo da obviedade...





Pois sendo ele eterno e incriado enquanto os eleitos não passam de criaturas vindas a luz da existência no tempo e no espaço é natural que lhos tenha escolhido desde toda a eternidade, logo antes de que eles e o próprio universo em que vivem viessem a existir...





Que a iniciativa ou o plano da restauração anteceda a existência de seus objetos enquanto parte efetiva da vontade de Deus é algo que salta as vistas de todo Cristão.





Pois sendo imutavel e perfeita a Santa Trindade nada realiza de improviso.





Para os apóstolos entretanto é possivel que a coisa não fosse assim tão obvia e que algum deles até cuidasse de ter amado ao Senhor em primeiro lugar e de ter conquistado seu afeto...





Por isto João registrou no prefácio que escreveu para este Evangelho: AMEMOS A DEUS PORQUE ELE NOS AMOU PRIMEIRO!





Querendo dizer com isto que ao homem enquanto criatura só é dado corresponder...





Não nos foi dado nem nos é possivel: escolher primeiro ou amar primeiro.





Por isso diz: Não fostes vós que me escolhestes, referindo-se não ao tempo - em cujo plano de fato nós o escolhemos - mas a eternidade.





Quando nós o escolhemos no tempo e julgamos te-lo amado antes é porque ele já nos escolheu e amou primeiro...





A prioridade é sempre dele: não fostes vós que me escolhestes...





Porque fomos escolhidos antes e nossa escolha esta fundamentada na sua.





Caso o Senhor não nos tivesse escolhido antes - desde toda eternidade - nossa liberdade não teria serventia alguma.





Se podemos empregar bem as nossas liberdades aderindo a mensagem da cruz foi porque ele livremente nos escolheu e amou, desde muito antes.





Cumpre perguntar agora a quem foram direcionadas estas palavras: se a alguns apenas ou a todos.





Pois se foram direcionadas apenas e tão somente aqueles que estavam na sala com o Senhor e que tiveram a graça de ouvi-las as portas do céu se abriram apenas para doze ou noventa...





Agora se foram dirigidas a todo aquele que é capaz de le-las ou de escuta-las temos um grupo bem mais amplo.





Afinal quando afirmamos que tais palavras não se aplicam somente aqueles que lhas escutaram no instante em que foram proferidas pelo Senhor estamos já ultrapassando o fundamento histórico e a letra da escritura, constrangidos pelo bom senso.





Pelo mesmo bom senso que nos autoriza a afirmar que tais palavras não tendo sido direcionadas apenas aqueles que lhas escutaram quando foram proferidas pelo Senhor foram direcionadas a todos os homens isto é ao gênero humano.





Sacando a conclusão segundo a qual todo o gênero humano foi escolhido com Cristo, por Cristo e em Cristo.





Pois quem alarga o sentido de um texto para abranger alguns pode alarga-lo do mesmo modo ao máximo fazendo com que abranja outros ou melhor todos.





Até posso ouvir os calvinistas murmurando indignados: entretanto nem todos conhecem e amam a Jesus!





Todavia se o primeiro impulso para a restauração parte de Jesus não há problema algum: Jesus conhece e ama a todos...





E conhecendo e amando a todos certamente escolheu a todos desde sempre.





Que Jesus nos tenha escolhido primeiro concordo em gênero, número e gráu...





Agora se alegais que só ele escolhe e que ao homem não é dado corresponder, respondo com as palavras do próprio Senhor:





"E NÃO QUEREIS VIR ATÉ MIM PARA RECEBER A VIDA." Jo 5,40





Pois uma coisa e não poder escolher primeiro ou antes e outra coisa bem distinta é não poder escolher de modo algum...














Tampouco podemos silenciar que o Santo veio a nós, isto é ao mundo, quando ainda jaziamos sob o jugo e a canga do pecado para nos trazer a libertação.





Não esperou em vão que nos libertassemos a nós mesmos.





Não nos abandonou.





Não nos desprezou.





Antes veio até nós, do modo como estavamos para então nos chamar a transformação.





Portanto não fomos nós que merecemos sua vinda segundo as obras da juventude, ele é que livremente resolveu aproximar-se de nós e curar-nos para que nos tornassemos fecundos.





Pois se nos amou e escolheu primeiro enquanto nossas obras eram iniquas nem por isso nos escolheu sem motivo.





Não levando em conta uma santidade e perfeição que não possuiamos, resgatou-nos para a santidade e a perfeição...





Sabendo que a comunicação da graça nos capacitaria para as obras santas que determinou.





Por isso disse: DETERMINEI: VÃO E PRODUZAM FRUTOS, FRUTOS QUE PERMANEÇAM.





Determinação que testifica contra o antimoniasmo.





Nada merecendo pelo passado criminoso, tudo merecemos pelo futuro promissor.





Assim nos escolhendo antes não nos escolheu sem prever nosso futuro e sem saber que abundariamos em boas obras.











"Disse isto aos santos apóstolos - que se adiantou e veio a eles quando eles ainda eram pecadores - para que eles seguindo o exemplo dele também se adiantassem aos demais homens e antes que estes cogitassem na possibilidade da remissão esta lhes fosse oferecida. Como ele veio nos procurar determinou que os apóstolos procurassem aos pecadores ao invés de esperar que eles tomassem a iniciativa e viessem até eles." Leôncio de Bizâncio.

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