
05) O outro texto evangélico elencado pelo Dr Zanchius é Lc 13,7
"E disse ao vinhateiro: há três anos busco frutos nesta vide e não acho, corta-a, pois ocupa inutilmente em seu lugar."
Zanchius e seus pares consideram que "A vide é o homem cujos dias foram cortados."
Entretanto este texto muito pelo contrário tende a depor contra a teoria de Calvino.
Pois se Deus predestinou desde toda a eternidade algumas vides para darem frutos e outras para não darem frutos, como pode buscar frutos na que predestinou para não dar frutos?
E se é ele mesmo a causa de que tais vides não deem frutos com que razão as corta e não a si mesmo?
Se foi procurar frutos na vide é certamente porque a vide era capaz de produzi-los e porque deixando de produzi-los violava sua natureza e tornava-se culpada.
Ademais este texto também depõe contra a afirmação de Calvino segundo a qual a eleição e a salvação não estão pautadas em obras.
Pois por frutos os hebreus sempre designavam as obras.
Se não leva em consideração as obras e frutos porque mandou cortar a vide?
Devemos entretanto ter em mente o verdadeiro sentido da expressão 'vide' e de seus frutos.
Porquanto não designa pessoas ou individuos predestinados por decreto, mas a nação que por ele foi plantada, amparada, estercada, regada, cuidada e que não acabou produzindo o fruto desejado: a aceitação do ofício e da doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É o que se depreende de Mc 12, 9:
A parreira é Israel, a Sebe o Decalogo, a torre o templo e os vinhateiros os sacerdotes e escribas incumbidos de cuidar dela.
Os servos agredidos foram os profetas que denunciaram as obras dos vinhateiros e a fraqueza da parreira.
Conforme Isaias foi serrado ao meio por ordem de Belkira vizir de Manassés, Jaremias que foi lapidado pelos rebeldes em Tafnés da terra de Mirz, Ezequiel que foi apunhalado por um apóstata as margens do Cobar, Amós "o pastor de Tecóa" o qual pereceu pelas mãos de um dos filhos de Amasias que lhe deu com o gládio nas temporas, Miguel que foi lançado dum penhasco por ordem de Jorão, Zacarias, o justo, que foi degolado aos pés do sagrado altar por ordem de Joás, Onias megapatrous que pereceu as mãos de Andronico as margens do Orontes, Eleazaro, o ancião supliciado por ordem de Antioco e o próprio Batista, o qual após ter sido degolado teve sua lingua perfurada com um alfinete por Herodiades, todos estes - cujos assassinatos estão registrados na epistolas aos Hebreus e no Livro do rahib Epifânio sobre os profetas - puzeram suas esperanças no Verbo e por isso partilharam da sorte do Verbo.
O Filho supliciado é o Verbo que veio ao mundo para trazer a graça e a verdade.
E foi morto fora da vinha ou seja fora dos muros de Jerusalem.
Por isso os vinhateiros foram sitiados pelos romanos e a parreira sem fruto lançada as chamas mesmo contra a vontade de Tito.
Pois tendo este - a pedido de sua amante Berenike rainha dos judeus - ordenado que o templo fosse poupado, viu com grande pasmo que seus oficiais lançaram suas tochas contra o mesmo, convertendo-o num imenso braseiro. E aos gritos ordenou que o incendio fosse apagado, mas os romanos injuriados por dois anos de cerco não lhe deram ouvidos...
E assim a parreira esteril foi lançada ao fogo...
Pois o tempo de dar frutos já havia passado há mais de quarenta anos.
E da torre só restou um lance de muro conforme Pangarus recusou-se a derriba-lo para testificar sobre o poder de Vespasiano. Esse lance de muro é aquele diante do qual os filhos dos vinhateiros se lamentam até hoje derramando nardo e queimando incenso entre as pedras carcomidas.
A vinha designa ao povo hebreu e não aos individuos, conforme reza a profecia de Isaias:
Cantai a bela vinha, cantai! 27,2
EU NADA TENHO DE MINHA PARTE CONTRA ELA, entretanto se houverem sarças e espinhos farei guerra e queimarei. 27,4
Tal juizo é explicitado em Is 5,7 "A vinha do Senhor é a casa de Israel."
Da qual também diz: Farei devasta-la! v 6
Tal o contexto donde Nosso Senhor extraiu os ditos e expressões sobre a vide e também sobre a figueira conforme ambas as árvores designam a casa de Israel e sua apostasia.
Não se trata pois de predestinação para o mal com relação aos individuos ou de qualquer decreto (qadar) de reprovação.
06) Do quarto Evangelho Zanchius selecionou três passagens.
Primeiramente Jo 6,39 e 10,28
"A vontade do Pai que me remeteu a vós é esta: que daqueles que ele enviou a mim nenhum se perca, mas que eu o levante no último dia."
&
"Conheço minhas ovelhas e elas me conhecem... e lhe comunico a vida eterna, jamais perecerão e ninguém pode toma-las da minha mão."
Quanto ao primeiro verso (6,39):
Não refere o número ou quantidade de ovelhas enviadas a Jesus, portanto as ovelhas enviadas podem muito bem significar todos os seres humanos.
O texto não menciona ovelhas regeitadas ou não enviadas. Trecho algum do Evangelho de Cristo da a entender que existem ovelhas que não foram mandadas pelo Pai, mas abandonadas.
Desafiamos todo e qualquer Calvinista a nos monstrar no Evangelho um único texto sobre reprovação ativa ou sobre pessoas regeitadas por Deus desde toda a eternidade. Ao EVANGELHO! A PALAVRA DE CRISTO!!!
A vontade do Pai continua Jesus é que nenhuma se perca.
Portanto se a vontade do Pai é que nenhuma das ovelhas se perca como pode ter destinado a maioria delas a perdição?
Aqui dirá o calvinista: este texto se refere apenas as ovelhas que são os predestinados?
E nós lhe responderemos e quem diz que as ovelhas ou os predestinados não são todos os homens?
Por isso disse Jesus aos hebreus: Outras ovelhas tenho que não fazem parte deste rebanho ( a sinagoga ) DEVO IR BUSCA-LAS e congrega-las (os gentios) para que então haja um só rebanho (o gênero humano - judeus e gentios - congregados na Santa Igreja Católica ) e um só pastor. (ele mesmo Jesus e seu vigário o Espírito Santo).
Se se perdem alguns, por um tempo apenas se perdem. Depois que tiverem pago até o último ceitil serão libertas do cárcere.
Sua entrada nas bodas celestes será postergada mas não para a eternidade.
Assim a todas o Senhor ressuscitará no derradeiro dia.
Admitindo porém que algumas se perdessem para sempre e não ressuscitassem a culpa e vontade seria delas mesmas e não do Pai e do Filho com o Espírito Santo, pois a vontade do Deus único é a salvação de todos.
E se o calvinista nos disser: então fica frustrada a vontade de Deus?
Lhe reponderemos: Trata-se aqui dum mistério insondável, entretanto dum mistério piedoso e não dum mistério ímpio como vosso decreto, pois para vós o decreto também é um mistério.
Mistério por mistério preferimos o mistério do arminianismo porque afetando o poder de Deus preserva a santidade e a paternidade de sua natureza.
Quando ao segundo verso (10,14 e 28):
"Conheço minhas ovelhas e elas me conhecem."
Que há de extraordinário no Omnividente conhecer?
Conhecendo tudo conhece certamente suas ovelhas, os homens todos que criou e chamou em Jesus Cristo e para ele.
Onde esta reprovação aqui?
Que o Pastor seja conhecido por suas ovelhas, que de maravilhoso a nisto se por ele foi dito:
"Vou busca-las para que haja um só rebanho e um só pastor."
E se disse aos apóstolos seus cooperadores: Ide e ensinai a toda criatura...
Já Homero dizia: somos nós homens o gado de Deus...
Por isso dissera o profeta: Minhas ovelhas estão sobre montanhas e colinas sobre toda a face da terra sem que niguem se preocupe ou vá procura-las. Ez 34,6
Querendo dizer com isso que todos os homens são suas ovelhas e que chamaria os pagãos a aliança para fazer pacto de sangue com eles.
Por isso disse Sofonias: Do mar retirarei os Pastores do meu povo. 2,6
Pois foi a pescadores que disse o Senhor: De vós farei pescadores de homens.
Não disse de poucos ou alguns homens acrescentando restritivo, mas de homens querendo dizer: de todos os homens ou do gênero humano.
SÃO OS CALVINISTAS QUE POR CONTA E RISCO ACRESCENTAM RESTRITIVOS ANULANDO A PALAVRA DO SENHOR.
Pois sempre que se deparam com os termos homem ou carne substituem por eleitos, querendo aludir não a todos os homens (os quais certamente foram eleitos) mas a um grupinho com excessão de todos os outros. Assim fazendo restrições eles deturpam todo sentido do Evangelho e produzem seu próprio evangelho o evangelho da exclusão.
"Eu lhes comunico a vida eterna, jamais perecerão e ninguém as retirará da minha mão."
Este texto Zanchius extraiu das obras do bemaventurado Agostinho que aqui introduz a falsa idéia de segurança dos crentes.
Certamente Jesus comunica a vida eterna a todas as suas ovelhas.
Jamais perecerão por regeição ou incúria da parte dele, pois ele a todas as ovelhas acolhe e por todas vela fielmente, conforme esta escrito: "Velo dia após dia sob minha palavra para cumpri-la."
A palavra dele foi dada: a todos os que se aproximam dá de beber a sua graça duma fonte que jamais secará.
Enquanto forem e quizerem ir a esta fonte não morrerão de sede.
Pois nele há poder para livrar da morte e da punição espiritual aqueles que o amam e obedecem.
S Cirilo assim explica este passo:
"Os hebreus eram demasiado supersticiosos e temiam que os maus espíritos ou Demônios fossem assaz poderosos para afasta-los do caminho de Jesus, por isso Jesus, conhecendo seus corações lhes disse: Nenhum poder é superior a mim e capaz de vos tirar da minha mão."
S Eutimio que neste verso há também:
"Alusão aos escribas e fariseus que certamente juraram arrancar-lhe todos os discípulos e seguidores apelando a violência."
De um modo ou de outro os padres afiram que o Senhor quiz dizer que nenhum poder, força ou energia externa e contrária seria capaz de constranger ou de afetar os que exercem fé nele e não que eles não podem se afastar dele por iniciativa própria.
Não podem ser retirados de sua mão e vir a perecer por iniciativa e força doutros poderes, como a mágia ou feitiçaria em que criam, mas podem sair de sua mão por livre iniciativa e assim perecer por culpa própria mas não por culpa de Jesus ou de quem quer quer seja.
Assim, salientando sua soberania e poder quanto as outras forças, salientava igualmente a responsabilidade e a culpa dos que estavam nele no caso de virem a romper consigo e a perder a vida eterna. Ele fez a sua parte e executou tudo quanto era possivel para salva-las, elas é que são as únicas responsáveis por sua desgraça e apostasia.
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