No artigo precedente admitimos a possibilidade de que hajam duas correntes sotero/antropologicas no corpo do Novo Testamento - excluindo-se os Evangelhos - uma afirmando que o primeiro passo imediato no caminho da vida eterna é dado pelo homem racional e livre - donde a eleição é geral, condicional e relativa - e outra afirmando que a salvação e a condenação teem suas origens na vontade mesma de Deus, donde a eleição é parcial, incondicional e absoluta ou definitiva.
No primeiro caso o homem é autor de sua desgraça ou perdição enquanto regeita livre e voluntariamente a salvação que lhe é oferecida por Cristo.
Já no segundo caso Deus é o autor da desgraça e da perdição de boa parte de suas criaturas as quais predestinou tendo em vista este fim desde toda a eternidade.
No que diz respeito a analise dos textos sagrados, nos deparamos com três soluções básicas diante deste problema:
a) Há uma unanimidade absoluta entre todos os textos referentes a questão - tese possivel ou provavel mas não absolutamente certa - seja pró regeição (a maioria dos calvinistas) ou pró liberdade (certo número de arminianos). Todos os adeptos da inspiração verba, plenária e linear adotam esta solução como dogma de fé e procuram cimentar a uniformidade dos textos de diversas maneiras nem sempre honestas e condizentes com a ética do Evangelho.
b) Existem duas doutrinas paralelas sobre a salvação nos escritos dos Santos apóstolos, uma favorecendo a tése da liberdade e outra favorecendo a tése da predestinação, entretanto não se excluem, trata-se antes de duas faces da mesma moeda. Nós como seres limitados não somos capazes de conciliar a liberdade com a predestinação - conciliar o inconciliavel - e por isto adotamos amiude um dos dois extremos com a exclusão do outro fator.
Entretanto da parte de Deus ambas as téses são perfeitamente conciliaveis.
Estamos pois diante de mais um mistéio insoluvel como a Trindade, a Encarnação e a Restauração, o quarto mistério de nossa fé.
c) Existem duas doutrinas paralelas sobre a salvação nos escritos dos santos apóstolos, uma oposta e contrária a outra.
Logo uma procede de Nosso Senhor Jesus Cristo e outra não.
Uma é fruto da divina revelação e outra de preconceitos inerentes ao tempo e ao espaço.
Uma é genuinamente Cristã e a outra expúria.
Entretanto como podemos de indentificar uma e outra?
Simples: pela legitima, genuina e infalivel palavra de Deus Encarnado, o Evangelho.
A doutrina que for corroborada pela palavra e pelo testemunho de Jesus procede dos céus e a que não encontra eco em suas palavras procede da terra.
Portanto aquela doutrina que não pode ser detectada claramente nos Evangelhos deve ser posta a parte e aquela que é claramente enunciada por ele recebida.
O padrão, o critério, a referência deve ser o Evangelho e firmados sobre ele - rocha viva e irrefragavel - não há risco ou possibilidade de equivoco.
Já passou e para sempre o tempo em que se podia dizer: ou tudo ou nada.
Ou aceitais o livro inteiro de capa a capa ou sois ateus (sic).
Certamente que devemos aceitar a palavra de Deus em sua integralidade e que não nos cabe discutir com ele.
Sabemos no entanto que a preparação não é o evento, que a sombra não é o corpo e que o símbolo não é a realidade.
Recebemos o Antigo Testamento enquanto continente da palavra de Deus.
Palavra cujo objetivo era anunciar a encarnação de Deus.
Tendo em vista seu objetivo é o Testamento Antigo divino.
Fora de seu objetivo porém não o é. A cultura que lho envolve como uma casca é humana.
Não lho recebemos pois como regra de fé e prática.
Nossa regra de fé é prática é apenas e tão somente o Novo Testamento na soberânia do Evangelho.
Sendo de todo impossivel que neste milênio se reproduzam formas de conduta em tudo semelhantes as que floresceram no décimo século antes de Cristo só nos resta mofar dos sectários cuja imitação jamais foi, é ou virá a ser perfeita.
O mesmo podemos dizer - ainda que com menos propriedade - da pena apostólica.
Necessário é acompanhar os apóstolos no essencial, ou seja, na fé, na esperança e na caridade, bens que nos foram trazidos do pavilhão celestial.
Quando a acompanha-los na cultura judaica nenhuma das milhares de seitas que infestam o mundo Ocidental conseguiu restaurar em sua plenitude o 'modus vivendi' da igreja em seus primórdios (ou seja durante aquele periodo de transição que se estendeu de 35 a 75 d C )
Portanto diante da falência da parte das seitas em 'observar toda lei em cada um de seus pontos' somos levados a desprezar este tipo de espiritualidade como tacanha, perniciosa e vã.
Logrou a igreja -católica e ortodoxa - para bem da Cristandade desvincular a divina revelação dos elementos judaicos.
Por isso que nenhum de nossos símbolos (amana) concede espaço as fábulas dos hebreus.
De modo que nenhum de nós é obrigado a recitar: creio na criação mágica. (Criador sim enquanto dirigente de nossa evolução - criacionismo jamais) Creio no dilúvio. Creio em Golias. Creio em Jonas no ventre do peixe. etc
Desgraçadamente os protestantes como que indexaram tais fábulas ao credo ou melhor regeitaram ao credo Cristão em sua maior parte para abraçar as frioleiras dos hebreus.
E a igreja em parte foi influenciada por eles e contaminada em sua pureza.
No plano da moral e da ética entretanto não avançamos tanto quanto haviamos avançado no plano da fé.
Pelo que os sagrados principios, particularmente a lei eterna do amor, foram mais uma vez associados ao legalismo hebreu e as obras mortas.
Que a Igreja de Deus e a Cristandade tenham dado continuidade aos preconceitos judaicos referentes ao corpo, aos apetites e especialmente a sexualidade humana foi uma tragédia sem precedentes na história da humanidade.
Cumpre retomar a luta em ambos os campos e expurgar tanto a fé imaculada quanto a ética e a moral Cristãs dos elementos e residuos herdados ao judaismo.
Faz-se mister partir donde Paulo parou e consumar a separação definitiva entre a Igreja e a sinagoga. Do contrário tomaremos o caminho funesto das seitas enquanto imagens ou reflexos da sinagoga.
E estaremos como as seitas a caminho do judaismo e do Islan.
É da natureza mesma da mãe igreja separar-se cada vez mais e caminhar em sentido oposto ao da sinagoga e da mesquita ou converter-se em vestibulo para ambas. Não há meio termo.
Guiados por estes pensamentos e orientados por estas premissas após ter examinado todas as referências apresentadas pelos calvinistas e apontado suas manobras, encetaremos uma demonstração positiva sobre a natureza humana e a vontade livre nos pódromos do Evangelho e de todo o Novo Testamento.
Antes porém tencionamos apontar as verdadeiras origens da possivel infiltração predestinacionista nos textos sagrados.
De modo que nosso esquema será este:
a) Estabelecer que a maioria dos textos revindicados pelos calvinistas não comporta o significado que lhes é atribuido por eles. (o que só será terminado com o exame dos textos alegados por Toplady e Berridge)
b) Estabelecer que alguns desses textos concedem a tése calvinista apenas uma POSSIBILIDADE e jamais uma certeza absoluta.
c) Estabelecer que o provavel e possivel significado calvinítico desses textos TEM SUA ORIGEM NA SINAGOGA OU SEJA NAS CRENÇAS DOS ANTIGOS HEBREUS E NÃO NO EVANGELHO. (é sobre isto que discutiremos agora)
d) Estabelecer que o conteúdo do Evangelho é estritamente arminiano ou semi-pelagiano no que diz respeito a natureza humana e o principio do processo de salvação.
e) Contabilizar os textos da pena apostólica literal e claramente favoraveis ao arminianismo e os que comportam certa obscuridade e possibilidade de calvinismo, certificando a superioridade numérica e solidez dos primeiros frente aos restantes.
Tendo em vista comprovar nossa tése:
O arminianismo procede de Cristo de modo que quando os apóstolos lho ministram estão juridicamente na pessoa de Cristo.
O calvinismo procede do Velho Testamento, dos escribas e dos rabinos de modo que quando os apóstolos lho subministram não estão juridicamente na pessoa de Cristo.
Estão neste caso laborando inconscientemente contra a verdade revelada por seu Mestre, e, assim sendo não nos é lícito segui-los.
Necessário é permanecer com aquele Mestre que jamais falha.
Nossa hipótese pode pois ser espressa nestes termos:
Os apóstolos estavam conscientes quanto a veracidade do livre arbítro e da necessidade do homem compreender e desejar entrar na posse dos bens prometidos pelo Santo Evangelho.
Apesar disto seus esquemas mentais estavam condicionados já pelo pensamento hebraico impregnado de fatalismo, já pela linguagem hebraica ao menos.
Não devemos pois estranhar que ao menos em algumas situações sua linguagem apresente certa similaridade com a linguagem rabinica referente aos decretos divinos.
Todas as vezes em que os hagiografos aludiram claramente ao Livre arbitro e a cooperação fizeram-no de modo consciênte, o que se deduz da clareza das palavras e expressões que empregaram. Entretanto quando assumiram um discurso favoravel a presdestinação fizeram-no inadvertidamente ou por simples costume, sem desejar afirma-la como uma dogma de fé pertencente ao Cristianismo, o que se deduz pela obscuridade e irregularidade das forças, alias, flexiveis a ponto de sempre dar vezo a outras interpretações.
Resta-nos agora passar a demonstração identificando as passagens a que nos referimos e as FONTES RABINICAS DONDE FORAM EXTRAIDAS.
- Atos 13,48
Sobre esta passagem H L Strack e Paul Billerbeck em seus - Kommentar zum Neuen Testametaus TALMUD UND MIDRASH (comentário do Novo Testamento segundo o Talmud e o Midrash) tomo II pg 726 alistam um bom número de expressões paralelas correntes entre os RABINOS JUDEUS PARA EXPRESSAR SUAS CRENÇAS NA PREDESTINAÇÃO.
- Romanos IX, 13
Sobre Esau e Jacó.
Esta comparação era empregada pelos RABINOS JUDEUS PARA DESIGNAR O DECRETO, de que temos exemplo no Midrash de Rashi:
Duas crianças choravam na casa: Uma foi selada para a casa da Torá e outra para a casa dos ídolos.
Entretanto outros rabinos da mesma geração afirmavam que: Esta passagem da Mikra trata do Olam hazeh (mundo de cá - temporal) pois não podia ter sido regeitado para o Olam Haba (mundo futuro - salvação) antes de nascer. Eloim sabia como cada um dos dois faria uso da natureza.
E cremos que Paulo empregou a mikra com este sentido.
- Rom 9,21
Esta comparação - dos vasos - aplicada a individuos visando designar a 'soberânia' (ou melhor os caprichos) da divindade era comumente empregada pelos RABINOS JUDEUS.
A afirmação é do protestante Tholuck in Loc.
A lista das citações se encontra em Wetstenius.
Segundo Josefo os essênios eram partidários rigidos do qadar, o que foi amplamente confirmado pela descoberta dos manuscritos do qunran.
Os fariseus cindiam-se em dois grupos: um adepto da predestinação condicional e do livre arbitrio e outro adepto do qadar.
Os saduceus por sua vez era adeptos do livre arbitro.
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