Cita por fim a II Pe 2,12:
"Mas eles, como animais irracionais, que seguem a natureza, foram feitos para serem capturados e mortos, pois blasfemam sobre aquilo que ignoram e perecem e meio a corrupção."
Desta passagem os calvinistas inferem grandes coisas, a saber, que o homem natural tam e qual os brutos é incapaz de raciocinar e de escolher e que por decreto foram dispostos a blasfêmia e a corrupção.
É como diz o rifão: "Quod magis probat, nihil probat."
Interroguemos pois o contexto.
O verso nono refere que Deus é assaz poderoso para livrar os devotos da tentação enquanto que dispoz um juizo para os impios.
A determinação aqui é para socorrer os bons e castigar os maus e não para decidir que será bom ou quem será mau.
O verso décimo indigita aos maus como sendo materialistas, sensuais e blasfemadores, mas em parte alguma afirma ou insinua que foram feitos assim pelo Senhor.
Afirma ainda que chegavam a negar a existências das glórias ou seres espirituais que habitavam os espaços (anjos).
E negando a existência das mesmas delas motejavam escadalosamente.
Por isso o verso seguinte (décimo primeiro) acrescenta que os poderes superiores não motejam dos poderes superiores no mundo espiritual.
Se passamos ao verso décimo terceiro verificamos que os principais pecados em fóco são os de indole sexual.
O pensamento do hagiografo parace indicar que a sensualidade desbragada conduziu tais homens a um materialismo tão crasso que eles não se limitavam a negar a existência dos seres espirituais (ou anjos) mas deles mofavam publicamente.
Viviam pois estes homens como brutos ou irracionais na medida em que permitiam que os apetites e paixões sensuais lhos dominassem ou escravizassem por completo. Não eram pois controlados pela razão e por ela guiados no mínimo a tristeza ou ao incomodo diante dos crimes que cometiam... passaram pois a amar o pecado e a encara-lo com naturalidade.
Sacrificaram a racionalidade a animalidade e por isso perderam o gosto e o sentido das coisas espirituais, conforme as paixões e desejos corrompidos obscureceram seus pensamentos e passaram a domina-los por completo.
Não desejavam conhecer ou saber a verdade na medida em que a verdade se opunha a vida que levavam.
Não cogitavam em mudar de vida ou em compreender os enigmas do mundo espiritual.
Estavam pois completamente embrutecidos e materializados e por assim dizer eram incapazes de pensar corretamente ou de optar por um novo caminho.
Ao que parece os deleites sensuais satisfaziam-nos completamente sem dar-lhes espaço para ulteriores considerações de ordem moral ou espiritual.
A intemperança cegará por completo suas almas.
Trata-se dum caso bastante semelhante aquele descrito em Romanos 1,21
Se bem que o presente texto não versa sobre pagãos, mas sobre pseudo Cristãos, os quais tendo abandonado a mãe Igreja deram origem as seitas de heresia.
"...haverão de aparecer falsos doutores, os quais ocultamente ministrarão doutrinas de perdição, e arrenegarão o Senhor que os redimiu, trazendo sobre si repentina perdição." v 1
Posto está que todo capítulo e versos subsequentes teem em mira os apóstatas ou seja aqueles que abandonaram conscientemente a sã doutrina e que por isto se apartaram da comunhão de nosso Senhor Jesus Cristo.
São pois porcos lavados que retornaram a pocilga e seu estado se assemelha ao daquele que recebeu sete espíritos em si.
Pois trairam o divino Mestre e como Judas lho crucificaram uma segunda vez.
Por isso o Senhor lhos abandonou como dissera: se me negarem diante dos homens eu lhos negarei diante de meu Pai celestial.
E assim entregues a sua própria sorte deram vezo a avareza, a luxuria, ao materialismo e se tornaram completamente incrédulos e blasfemadores.
Sem embargo a dita passagem nada nos revela sobre decretos de predestinação.
Rerefe-se antes a uma 'repentina perdição' a qual foi urdida por eles mesmos no tempo presente.
Vaticina que muitos haverão se acompanhar a esses 'mestres impios' dando a entender que lhos acompanharão expontaneamente e não constrangidos.
Quanto a raiz da perdição e da apostasia deles aponta a luxuria e a avareza e não um decreto de regeição, dando a entender que se deixaram vencer ou derrotar por tais sentimentos e vícios perdendo a boa vontade e expelindo a graça do Espírito Santo.
Pois não refere que haviam sido predestinados a avareza ou que o Senhor lhos havia feito celerados.
E depõe contra a doutrina da segurança definitiva dos predestinados testificando que em meio a irmandade haverão de se levantar falsos profetas e defectores os quais romperão livremente com a sã doutrina, a virtude e a divina graça.
E prossegue comparando a apostasia como uma bola de neve que vai rolando, rolando até se converter numa avalanche capaz de destruir uma cidade inteira. Assim a apostasia consciênte conduz o homem quase sempre ao materialismo e ao ateismo.
Tal a senda dos hereges e deturpadores das santas escrituras e de todos quanto arrenegaram as tradições dos Santos e beatos apóstolos.
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