Em seguida o expositor cita Atos 5,31.
"Deus com sua destra o elevou a principe e salvador para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados."
"Donde se infere que Cristo concede a graça do arrependimento a quem quer e denega-a a quem quem quer."
Sabemos entretanto que o arrependimento é a resposta da natureza humana livre a convocação divina feita por intermédio da mãe Igreja.
Pois segundo o apóstolo não poderão poderão clamar se não creem, não poderão crer se não ouvirem, não poderão ouvir se não houver quem anuncie. Rom 10,14
Não há pois qualquer graça interna antes da adesão a fé e o recebimento do Batismo por meio do qual a fé obediente e provada une o homem a Cristo justificando-o.
É através dos pregadores e ministros da igreja com posse nas profecias antigas que o Pai e o Filho enviam e buscam os homens, é através de outros homens comissionados por eles que o Reino se expande e não por obra de mágia.
Por isso disse o Senhor: Pedi ao dono da messe que envie segadores a messe, porque a messe é imensa e os segadores são poucos.
Assim fortalecendo e coadjuvando o ministério dos que primeiro foram chamados, concede oportunidade para que surjam mais ministros.
Não é que os faça cair do céu, mas faz com que procedam uns dos outros e aumentem em número segundo o auxilio espiritual que presta as gerações precedentes confortando-as no serviço do Reino. Assim pelo conforto que recebem teem a carreira mortal ampliada e se tornam aptos para constituir novos segadores e em maior número para substitui-los.
Efetivamente o texto refere que o Cristo bendito deu ao povo o arrependimento e o perdão dos pecados.
Os calvinistas porém como já assinalamos citando suas próprias palavras alegam que o ato de dar ou conceder neste passo deve ser entendido de modo direto, como se Cristo fosse a causa direta e imediata do arrendimento de uns ( os eleitos ) e da impenitência de outros.
Sabemos que todas as coisas - exceto o mal - teem suas origens em Deus.
Pois ele é o motor primeiro, causa sem causa e o impulso de todos os seres.
Entretanto os seres que vão se sucedendo uns aos outros já não procedem diretamente dele mas por causas segundas ou intermediárias.
Pois embora ele tenha deflagrado a primeira explosão (big bang) não deflagrou ele mesmo diretamente a explosão de Krakatoa, a qual pela entrada da agua do mar na cratera de um vulcão e pela evaporação decorrente, teve sua causa primeira e assim sucessivamente até chegarmos ao Big Bang e a Deus passando por bilhões e bilhões de causas intermediárias.
Por isso quando se diz que Deus é quem tomou a iniciativa em salvar os homens não se deve compreender que ele os salve direta e magicamente, sem a colaboração deles ou melhor sem a adesão deles, mas que ele, Deus, foi quem desde toda a eternidade amou primeiro e tomou a iniciativa, vindo buscar os seus e salva-los do pecado através de sua encarnação.
Portanto por inicio ou principio de nossa salvação não devemos compreender como os desviados que ele nos faça crer e arrepender independente da nossa vontade, mas que tenha decidido encarnar-se e salvar-nos ja lá no ab eterno e que tenha constituido a igreja como porta voz desta boa nova...
Assim o Senhor nos escolheu primeiro, a igreja nos convocou em seguida, mas fomos nós mesmos que desejamos aderir e aderimos a boa nova sem constrangimento da parte dele.
Dar neste passo não significa dar o arrependimento em si mesmo ou a vida eterna, mas conceder oportunidade para que os homens se arrependessem.
Pois devido ao pecado dos pais o Ser humano permeneceu em estado de animalidade e não evoluiu.
Abandonados as suas próprias forças naturais todos os homens praticaram o mal e a iniquidade e não houve um só deles que demonstrasse repudio pelas obras más.
A Excessão de alguns poucos profetas e filosofos enviados pelo Verbo para preparar sua entrada no mundo, cada qual foi lei para si mesmo e não havia sinal de arrependimento.
Por mais que os profetas e filosofos tenham anunciado a penitência e o amor não obtiveram qualquer reposta e a humanidade seguia seu rumo em direção do abismo e da destruição.
Por isso os poucos justos que viveram do Verbo entes de sua encarnação acabaram sendo perseguidos, torturados e mortos pelos ímpios.
Sobre a sorte dos profetas já falamos, quanto aos filosofos sua sorte não foi diferente: Zerdust ou Zaratustra foi imolado junto ao altar, Buda atingido por uma flecha, Confucio repudiado pelos governantes, Pitagoras queimado, Zenon de Eléa triturado num pilão, Anaxagoras banido de Atenas, Sócrates envenenado, Platão duas vezes posto a ferros, Democrito igualmente banido, Aristóteles condenado a morte, etc conforme podeis ler nas "Vidas e sentenças dos grandes Filosofos" de Laertius e no que resta da "História dos Filosofos" de Filodemo de Gadara.
O mesmo se sucedeu em Roma com os Gracco, os quais sustentando o direito do pobre e do oprimido foram voluntariamente de encontro a morte.
Porque até então as gentes não tinham sido chamadas a contrição e a penitência.
Tal situação só mudou quando a Cruz foi erguida sobre o calvário e supliciado o autor da vida.
Segundo afirma Abelardo, o Senhor mesmo optou por morrer e por morrer na cruz tendo em vista comover os homens e incita-los já ao arrependimento, já ao amor.
Segundo a divisa: amor amore compensatur.
Nos amou primeiro e como verdadeiro e fiel amigo provou seu amor por nós entregando-se a morte.
Desta forma concedeu uma nova chance ou oportunidade a cada um de nós para o arrependimento e a vida.
E quem concede uma chance ou oportunidade para o arrependimento concede por assim dizer o arrependimento. Não há alguns porém mas a todos...
Sendo limitados não atribuimos nossas limitações a Deus, antes o glorificamos em Cristo, crendo que esta disposto a salvar: "A todo aquele que invocar seu nome." Rom 10,13
Invocar pela obediência e pelas obras evidentemente.
Pois quanto a invocação meramente verbal sabemos que: NEM TODO O QUE DIZ SENHOR, SENHOR SERÁ SALVO, MAS AQUELE QUE CUMPRE A VONTADE DE MEU PAI.
Invocar aqui significa cumprir a vontade do Pai.
Aquele que desejar obedecer a Deus e cumprir seus preceitos ele concede sua graça para a salvação, a todos e não a alguns ou a poucos.
Pois não há restritivo nestas palavras.
Portanto o arrependimento concedido não foi a este ou aquele particular, mas a totalidade de Israel.
Porque pela cena do calvario todos foram chamados ao arrependimento embora nem todos correspondessem ao chamado feito.
AFINAL SE POR ISRAEL AQUI DEVEMOS ENTENDER APENAS UM DOS GRUPOS: APENAS O VELHO E CARNAL ISRAEL OU APENAS O NOVO, TERIA O OUTRO FICADO SEM ARREPENDIMENTO?
Impossivel porque se ao Novo Israel que é a Igreja foi dado o arrependimento, não é menos verdade que nela ingressaram muitos membros do Israel segundo a carne.
E se ao Velho Israel foi concedido o arrependimento pela contemplação da Cruz vivificante o Novo certamente não ficou privado dele.
Portanto quando se refere a um dos Israéis e o israel em questão aqui é o carnal, não exclui o outro do arrependimento embora deixe de menciona-lo.
Tendo em vista apenas um omite o outro conforme as circustâncias.
Aqui atalha o calvinista: mas como podeis provar que o apóstolo Pedro esteja se referindo apenas ao Israel carnal?
Porque todo o capítulo em questão põe em contraste o Israel carnal composto pelos principes dos sacerdotes e escribas e a semente do novo Israel que são os apóstolos.
De modo que segundo o contexto as palavras do Apostolo são dirigidas ao Israel carnal que lhos interroga.
CONCLUIMOS POIS QUE ESTE VERSO ALUDE APENAS AO ISRAEL CARNAL OU A SINAGOGA DOS JUDEUS.
Pois também a ela foi concedida não o arrependimento infundido em todos, mas exemplo de arrependimento para alguns (os que dela passaram a Igreja conforme o exemplo dos apóstolos)
PORQUE SE CRISTO TIVESSE ENFIADO O ARREPENDIMENTO NAS ALMAS DE TODOS OS HEBREUS NENHUM DELES TERIA RESISTIDO A SÍ E OPRIMIDO SEUS APÓSTOLOS.
Entretanto mandaram logo chicotear Pedro e João.
E porque?
Porque se a todo Israel carnal foi concedido - pelo exemplo do Senhor - a oportunidade para o arrependimento, nem todos souberam ou quizeram aproveita-la.
Acaso todo israel carnal designado neste verso passou a comunhão de Cristo ou ao Novo israel?
Não.
Portanto este arrependimento concedido não pode ser compreendido como uma graça interna e irresistivel concedida aos hebreus, mas como um apelo ou chamado ao arrependimento possivel de ser recusado.
E como tal oportunidade é concedida?
É concedida a hebreus e gentios ainda hoje quando tomam ciência de tudo quanto Cristo Jesus sofreu e padesceu por eles.
Quando o homem toma conhecimento da saga de Jesus Cristo e de seu propósito eterno sua boa vontade frutifica em arrependimento e penitência para vida eterna.
O mesmo se deve compreender de At 11,18: "Até aos gentios ele concedeu o arrependimento para a vida eterna."
Mas como?
Como concedera tal arrependimento ao Israel carnal, pelo conhecimento de Cristo e de seus sofrimentos.
Pois o conhecimento de tais sofrimentos suportados por um Ser puro e inocente como Jesus não pode deixar de produzir dor, contrição e arrependimento nas almas belas.
Conforme esta escrito: E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE. Lc 2,14 Almeida revisada
Comentário:
"hominibus bonae voluntatis." segundo a Vulgata.
Entretanto aqueles que dizem amar a Escritura e submeter-se a ela falsearam, mais uma vez, o significado.
Devido a sua falsa crença no "Sola gratia", no "Sola Fide" e na "Corrupção total da natureza humana" eles não podem receber o texto em sua simplicidade original e admitir que os homens possuam uma vontade capaz para o bem.
Só lhes resta cotejar diversas traduções todas falseadas e assim consolar-se...
Entretanto sabemos que a escritura santa foi escrita em grego e que só o original grego é legitimamente inspirado, transmitindo-nos as santas palavras de Deus como foram comunicadas uma única vez aos santos.
O tolo se fia em centos de 'traduções/tradições' humanas e faliveis, extraindo delas um sistema humano e falivel, nós porém estamos firmados nos originais e os originais patenteiam a nossa tradução e a nossa doutrina.
Basta abrir qualquer comentário crítico textual que não seja calvinista - porque os calvinistas não tem um pingo de respeito pelos sagrados registros - para ter acesso ao sentido original e legítimo deste verso.
Começemos pelo expositor dos Adventistas.
Seus autores admitem que "Admitem que a evidência textual favorece mais a tradução 'homens de boa vontade'" in loc
Passemos agora ao grande comentário de R N Champlinn que é um dos mais erúditos e profundos dos comentaristas protestantes:
"MAS O TEXTO ORIGINAL, CONTIDO NOS MANUSCRITOS MAIS ANTIGOS, ISTO É ALEPH, BDW, OS MSS LATINOS MAIS ANTIGOS, O SAÍDICO, BEM COMO AS CITAÇÕES DE ORIGENES E IRINEU TRAZEM LITERALMENTE: HOMENS DE BOA VONTADE." in Loc
Donde o novo comm bíblico também é obrigado a receber o texto como de fato é: aos homens de boa vontade.
Procura entretanto lançar poeira nos olhos do leitor desprevinido alegando que se trata duma expressão judaica para designar "os homens que são objetos da boa vontade de Deus."
Efetivamente nós não teriamos nada a objetar quanto a esta lição se neste passo a malevolência dos calvinistas não fizesse outra restrição - esta nem em sombra contida no texto - segundo a qual a boa vontade de Deus não é para com todos os homens mas apenas para com alguns ou os predestinados.
Devemos concluir pois que para com os demais homens Deus tem MÁ VONTADE, porém como pode ter MÁ VONTADE SE É O SUMO BEM?
Donde concluimos que se o hebraismo procede a boa vontade de Deus é voltada para todos os homens e não para alguns uma vez que ele - Deus - sendo santo e bom em todos os seus caminhos e perfeito em todas as suas veredas nada pode ter em si que seja mau...
Todavia para postular um hebraismo é necessário antes de tudo referir as fontes hebraicas e patentear o significado nas mesmas fontes, referências que nossos adversários ainda não nos apresentaram em suas comentários.
Tive a oportunidade de consultar as "Horas hebraicas e Talmudicas." De Lightfoot e não encontrei nenhuma prova aduzida sobre o tal hebraismo.
Tendo em vista pois esta lacuna - pois o onus da prova cabe ao afirmante - nos recusamos a admitir o hebraismo ou sua pertinencia ficando com a simplicidade do texto inspirado: HOMENS DE BOA VONTADE, OU SEJA HOMENS SUJA VONTADE É LIVRE E CAPAZ DE COLABORAR COM CRISTO RESPONDENDO A SEUS APELOS.
Seja Deus veraz e Calvino mentiroso!
Pois também poderiamos verter assim o referido texto:
"Kai epi ghV eirhnh en anqrwpoiV Evdokia."
E na terra pas aos homens agradaveis.
A que homens agradaveis? A todos os homens, pela imagem e semelhança que dele conservam.
CONCEDEU POIS DEUS O ARREPENDIMENTO AOS HOMENS ANUNCIANDO O ARREPENDIMENTO A TODOS OS SERES HUMANOS EM NOME DE JESUS CRISTO.
Pois se não lho tivesse concedido a todos com que justiça poderia ter castigado aos impenitentes?
Nenhum comentário:
Postar um comentário