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A consciência histórica do Cristianismo

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Mateus e o veredito da papirologia...

A revista Time, em sua edição de 23/01/95, pág. 41, dá notícia da descoberta de três fragmentos gregos do Evangelho segundo Mateus, que têm suscitado debates, pois, como se diz, fazem recuar para mais perto de Jesus a data de redação dos Evangelhos. Donde o título do artigo: "A Step Closer to Jesus? An expert claims hard evidence that Matthew's Gospel was written while eyewitnesses to Christ were alive (Um Passo mais Perto de Jesus. Um perito professa nítida evidência de que o Evangelho de Mateus foi escrito enquanto ainda viviam testemunhas oculares de Cristo)".




Nas páginas subsequentes vamos explanar o teor e o significado da noticia.




1. A DESCOBERTA



1. Estão em foco três pequenos fragmentos, do tamanho de selos do correio cada qual; apresentam dez linhas fragmentadas do capítulo 26 do Evangelho segundo S. Mateus. Foram descobertos pela primeira vez em Luxor (Egito) no ano de 1901 pelo capelão inglês que lá vivia, o Rev. Charles Huleatt. Foram doados à biblioteca do Magdalen College de Oxford (Inglaterra). O Rev. Huleatt morreu por ocasião do grande terremoto da Sicília em 1908, sem ter deixado informações sobre o pano de fundo de sua descoberta, que ele também não parece ter divulgado. O fato é que até 1953 nem sequer haviam sido publicadas fotografias desses fragmentos. Na Espanha existem dois outros fragmentos do mesmo documento, que, como se crê, contêm secções de Mateus cap. 3 e cap. 5.



Os fragmentos da biblioteca do Magdalen College foram inicialmente tidos como oriundos no ano 200 aproximadamente, como aliás 37 outros papiros do Novo Testamento, existentes no começo deste século, eram datados dos séculos II e III (1). Esta hipótese foi posta em xeque quando em 1994 o Prof. Carsten Peter Thiede, Diretor do Instituto de Pesquisas Básicas Epistemológicas, de Paderborn (Alemanha), visitou Oxford e examinou minuciosamente os três manuscritos da biblioteca do Magdalen College.



As conclusões do Prof. Thiede datavam esses fragmentos do século I ou, mais precisamente, do ano 70 ou até mesmo de anos anteriores a 70. O seu argumento principal era deduzido do tipo de letra utilizada pelo escritor: trata-se de caracteres verticais, comuns aos manuscritos gregos da primeira metade do século I; após os tempos de Cristo (27-30) tal tipo de letra começou a cair em desuso. Verdade é que o Prof. Thiede reconhece que a datação de manuscritos é coisa assaz difícil; o método do Carbono 14 não pôde ser aplicado no caso, porque destruiria os pequenos fragmentos em vez de os identificar. Thiede valeu-se então da paleografia comparativa, segundo a qual um manuscrito sem data pode ser datado pelo confronto com outros manuscritos de data segura (ou relativamente segura); no caso, o Prof. Thiede tomou como referenciais alguns manuscritos gregos descobertos em Qumran junto ao Mar Morto, em Pompei e Herculano (Itália) e que foram reconhecidos recentemente como textos do século I.



Segundo os princípios de sua teoria, o Prof. Thiede poderia datar o Evangelho segundo Mateus de poucos anos após o governo de Pôncio Pilatos, que terminou em 36. Preferiu, porém, uma data um pouco mais tardia. Até os nossos dias, pode-se dizer que um dos pontos cardeais para assinalar a data de redação de Mateus era a tese de que o evangelista supõe o Templo de Jerusalém destruído em 70 d.C.; - perceberam a falácia!!! - todavia essa datação mesma não era unanimemente professada pelos críticos; Donald Hagner, por exemplo, professor do Fuller Seminary, da Califórnia, tende a uma data anterior a 70 após ter levado em conta exata todos os dizeres de Mateus relativos ao Templo.



Convem salientar que existem cerca de 5.400 manuscritos antigos do Novo Testamento - fato único no setor da paleografia. As outras obras da antiguidade, como já assinalamos, têm base em poucos e tardios manuscritos.



As conclusões do Prof. Thiede suscitaram surpresa e celeuma. Caso sejam verídicas, confirmam, a novo título, a tese que afirma a fidelidade histórica dos Evangelhos; Mateus terá escrito quando ainda havia várias testemunhas oculares da vida e da pregação de Jesus.



Os pesquisadores se dividiram frente à descoberta feita pelo Prof. Thiede. Houve quem afirmasse ser ele "O homem que pode transformar nossa compreensão do Cristianismo" (assim o jornal TIMES de Londres). O Professor sueco Harald Riesenfeld, especialista do Novo Testamento, recomendou o método de trabalho do Prof. Thiede e exprimiu o receio de que os estudiosos da Bíblia se fechem à evidência da descoberta por causa de suas premissas literárias, filológicas e históricas; ISTO É IDEOLÓGICAS. Um lingüista clássico, como o Prof. Ulrich Victor, da Humbold Universidade da Alemanha, observou com certa aspereza que as conclusões de Thiede põem em questão todo o sistema teológico existente: "This upsets the whole theological establishment". O termo correto aqui seria filosófico ou melhor idelógico, pois põe em cheque as opiniões dos positivistas e materialistas, erigidas como dogma pelos traidores da escola liberal.


Os teólogos liberais por sinal, como admite o mesmo U. Victor, "Puseram de lado, há muito tempo, todas as proposições que contradigam aos seus princípios, julgando serem tradições tardias, muito distanciadas de Jesus". PERCEBA QUE PARA ELES É TUDO UMA QUESTÃO DE PRINCIPIOS OU SEJA DE VALORES E NÃO DE EVIDÊNCIAS MATERIAIS OU SEJA DE CIÊNCIA... E EM QUESTÃO DE PRINCIPIOS CATÓLICOS E LIBERAIS POSSUEM LIGUAGENS DIFERENTES...



Assim sendo o 'ÓDIO TEOLÓGICO'  assomou mais uma vez... O Prof. Graham Stanton, do King's College, de Londres, declarou, com certo desdém, que o artigo de Thiede "Não merece séria discussão". O Prof. Paul Achtemeier, americano, editor do Harper's Bible Dictionnary, afirmou que "Ficará muito surpreso se algum dia a hipótese de Thiede vier a ser reconhecida como fidedigna".

Já foi dito, mas é sempre bom repetir que é muito díficil superar um liberal em matéria de dogmatismo...



Seja como for o debate está aberto. Pode-se notar, porém, a evolução que se vem produzindo nos estudos bíblicos: no século XIX os críticos julgavam que os Evangelhos foram redigidos tardiamente até o século II adentro. Todavia o progresso da paleografia trouxe à tona fragmentos de papiros que contribuíram para se diminuir o intervalo entre os evangelistas e Jesus; este passou a ser calculado não na base de premissas filosóficas, mas sim na base da evidência concreta do material escrito.

Assim... o liberalismo, o mitologismo, o positivismo, etc ficaram em maus lençóis na medida em que foram desamparados pelo empirismo... e suas bases ideológicas, aprioristicas e pré concebidas vieram a luz...



a) Na década de 1930 o pesquisador inglês C. H. Roberts descobriu o mais antigo dos manuscritos até então conhecidos: um pequeno fragmento de 8,9 cm por 5,8 cm; de aparência insignificante, foi comprado com outros papiros no Egito em 1920; numa das faces desse fragmento se encontra o texto de Jo 18,31-33, e na outra face o de Jo 18,37s. Está guardado no John Rylands Library de Manchester. Os papirólogos atribuíram as letras desse fragmento aos primeiros decênios do século II, mais precisamente ao ano de 125. As conseqüências deste achado foram de vasto alcance: o papiro fora encontrado no Egito, a mais de 1.000 km da região onde fora escrito o autógrafo de João; vê-se então que no Egito se lia o Evangelho de João poucos decênios após a morte do Apóstolo. Conseqüentemente os Evangelhos de Mt, Mc e Lc, anteriores ao de João, foram reconhecidos, com novo vigor, como obras da segunda metade do século I.

O absurdo aqui, supondo-se que João tenha composto seu Evangelho em 90, é que todos os outros tenham sido compostos durante o curto periodo de 20 anos, que vai dos 70 a 90...

Fazendo dos 70 as colunas de Hércules da teologia liberal...
O que por sinal é excepcionalmente comodo...


b) Em 1972 os estudos bíblicos foram sacudidos por nova descoberta: na Gruta 7 de Qumran, a N. O. do Mar Morto, foram encontrados pelo Pe. O'Callagliam S. J. papiros do Novo Testamento, entre os quais um fragmento de Marcos (6,52-53), dito 7Q 5; este foi atribuído ao ano de 50, conforme cuidadosos estudos do descobridor. Todavia esta conclusão foi tida como precipitada e inaceitável por outros especialistas.


c) O caso parecia encerrado pela crítica contestatória, quando em 1984 o professor C. P. Thiede, de Berlim, retomou os estudos, debruçando-se sobre os papiros originais em Jerusalém; em conclusão, confirmou a sentença de O'Callaghan: os resultados de suas pesquisas estão expostos no livro Die ãlteste Evangelien-Handschrift? Das Markus-Fragment von Qumran und die Anfãnge der schriftlichen Ueberlieferung des Neuen Testaments (Wuppertal 1986); na tradução italiana dessa obra, p. 42, lê-se:



"Assim resumindo, foram aduzidas todas as provas positivas em favor da exatidão da datação; além disto, foram eliminadas todas as possíveis objeções. Na base das regras do trabalho paleográfico e da crítica do texto, é certo que 7Q 5 é Mc 6,52-53, o mais antigo fragmento conservado de um texto do Novo Testamento, escrito por volta de 50, e certamente antes de 68".

Nem poderia estar no Khumram sem ser anterior a 70 d C...

d) Além destes precedentes, em 1994 entrou no cenário da discussão também o material descoberto pelo Prof. C. P. Thiede.


Destarte os preconceitos ideológicos, os apriorismos vergonhosos, o dogmatismo liberal, o vezo positivista, etc vão cedendo passo a verdadeira ciência de cárater empirico e evidenciando que os sinóticos foram com toda certeza compostos antes do ano 70 desta Era.

Tal e qual Colombo ultrapassando o límite das colunas veio ter a América, destroçadas as colunas de Hércules do liberalismo teológico descortinam-se novos continentes para aqueles que desejam cultivar uma fé sólida e esclarecida; oferecendo as razões de sua esperança aqueles que o requisitarem.





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