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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

A composição dos Evangelhos e sua autenticidade...

"Quatro são as direções do espaço e quatro os Evangelhos recebidos pela Igreja de Cristo: Mateus, Marcos, Lucas e João." tal o depoimento do Bispo Irinaeus, de Lugdundinum ou Lion. O qual teria florescido no século II desta nossa Era e perecido, quase que nonagenário, durante o incendio posto ao quarteirão Cristão da cidade, cerca de 202

Sobre este Irinaeus, registrou o erúdito Eusébio, na História Eclesiástica, que durante sua juventude em Esmirna, havia sido - juntamente com Floro - ouvinte do Bispo Policarpo, o qual teria sido ouvinte do Apóstolo João. Outros supõe que ele também fora ouvinte de Papias, o qual por sua vez teria sido ouvinte das filhas Filipe, de Aristion, do outro João... Seja como for a autoridade de Irinaeus parece deitar raízes na Era apostólica e nas antigas igrejas apostólicas da Ásia...

  • Mateus
Segundo Papias "Mateus registrou em aramaico as 'Palavras' do Senhor..."

Ora nós nem possuimos este material aramaico, nem nossa atual verssão 'grega' resume-se a uma coletânea de sermões.

Alguns sugerem que Mateus tinha o costume de anotar as palavras do Mestre no momento mesmo em que ele as proferia, elaborando assim uma espécie de caderno de notas.

Durante a década de 50 do primeiro século, Mateus deve ter posto em ordem (como assevera Papias) e publicado este material. O primitivo núcleo do nosso Evangelho...

E segundo dizem, o núcleo do assim chamado Evangelho dos hebreus.

Citado frequentemente por Clemente de Alexandria, Jerônimo, Eusébio... em tom quase sempre respeitoso.

Este Evangelho circulava entre os heréticos da seitas dos ebionitas, porque havia sido dedicado aos judeus.

Ao que parece, em algum momento entre 60 e 70 ou em algum momento até 80/90, este nucleo foi vertido para o grego, associado a uma parte narrativa procedente de Marcos e de algumas outras fontes.

Cerca de 115, estava já ele formado e editado em grego, sendo empregado por Inácio, o Teóforo em suas cartas.

  • Marcos

Marcos compoz seu Evangelho cerca de 50 ou 55, em Roma junto a Pedro, de quem era amuense, e parece te-lo disposto aos romanos de baixa extração ou as massas vindas do Oriente.

Ele também fez uso de alguns documentos ou fontes de origem síria.


  • Lucas
Lucas ou Lucano era um médico, nativo de Antakia capital da Síria, que juntou-se ao círculo de Paulo.

Hábil no grego, ele parece ter tomado Dioscorides por modelo e dedicado sua narrativa a um personagem importante chamado Teófilo.

No prefácio que elaborou para a mesma admite a circulação de outros tantos Evangelhos e alega ter realizado pesquisas.

Naturalmente que dentre as citadas obras achavam-se os relatos de Marcos e Lucas, além de alguns outros.

Uma vez que a segunda parte de sua obra chega ao fim com a vinda de Paulo a Roma, cerca de 65, somos levados a admitir que a primeira parte, isto é o Evangelho, deve remontar a 65.


  • João
Admitindo-se que P 52, encontrado no Egito, remonte a 125, como tudo parece indicar; devemos supor que o Evangelho de João remonte no mínimo a 95/90 desta Era.

É possivel no entanto que as memórias do Apóstolos remontem a 80 ou mesmo a 70. Nós possuimos uma segunda edição, a qual foram acrescentados a narrativa da mulher pecadora (retirada do já citado Evangelho dos Hebreus) e os capítulos finais.





Datação dos Evangelhos, um critério duvidoso...



O modo como calculamos as datas de composição de cada um dos três livros obedece a seguinte lógica:

  • Lucas não pode ter composto seu primeiro relato depois de 65, quando deve ter iniciado seu segundo relato, os Atos dos Santos Apóstolos.
  • Tendo ele recorrido a Marcos e a Mateus como fontes, somos levados a concluir que ambos os livros estavam já em circulação antes de 65.

Tanto a estrutura arcaica do segundo Evangelho, quanto a indicação a respeito dum original aramaico de S Mateus, parecem corroborar as datas acima propostas.

Acontece que apesar da lógica e dos indicios os críticos positivistas relutam em aceita-las.

Afirmando em alto e bom som que os sinóticos não podem ter sido escritos e editados antes de 70 d C.

Efetivamente, todas as publicações 'atualizadas' sugerem esta datação tardia.

A qual sem embargo tem sido veementemente rechaçada pela consciência Cristã.

Sem saber o que pensar, muitos se perguntam a respeito de quais seriam as razões deste 'impasse'.

A razão é a seguinte, nos três primeiros Evangelhos depara-mo-nos com dois discursos proferidos sobre Jesus Cristo a respeito do futuro de Jerusalem e do templo dando a entende que a cidade seria conquistada e o templo destruido.

Eis os referidos discursos:

  1.  "Quando contemplardes a abominação da desolação anunciada pela profecia de Daniel, VÓS DA JUDÉIA SEGUI PARA AS MONTANHAS... suplicai para que vossa fuga não ocorra no shabatt ou no inverno... SE TAIS DIAS NÃO FOSSEM ABREVIADOS NEM UM SEQUER SERIA SALVO." Mt 24,25 sgs/ Mc 13,14 sg / "Quando virdes a cidade cercada por exércitos sabei chegada a devastação." Lc 21,20
    2.   "Tendo Jesus saido do templo, os discipulos fizeram notar a grandeza da construção; ele no entanto replicou e disse: Estais a ver? Em verdade em verdade de tudo isto não restará pedra sobre pedra pois tudo será derribado." Mt 24,1 sg/ Mc 13,1 sg e Lc 21,5 sg


A respeito do primeiro texto inclusive, registra Eusébio na 'História Eclesiástica', que quando os exércitos romanos aproximaram-se da cidade a congregação dos Cristãos lebrou-se deste vaticinio e escapou-se com seu Bispo para a cidade de Pela, situada das montanhas, do outro lado do Jordão.

Disto resultam dois quadros:


  • Caso admitamos as datas propostas pela tradição Cristã para a composição dos sinóticos e por consequência a autenticidade dos discursos acima transcritos somos obrigados a admitir igualmente que Jesus estava a par do que viria a acontecer no futuro ou que exarou verdadeiros vaticinios proféticos de cárater sobrenatural.

  • Caso não admitamos a existência de Deus ou a possibilidade do sobrenatural na História só nos resta um alternativa - Sustentar, partindo desta certeza ideológica, que os sinóticos foram escritos somente após o ano 70 ou seja após a tomada de Jerusalem por Tito e a destruição do templo, ficando destarte evidenciado que as supostas profecias atribuidas a Jesus não passam de 'oraculos' forjados 'a posteriori'.

É exatamente assim que todos os incrédulos argumentam e este é o 'fundamento' da cronologia que eles atribuem a nossas fontes.

Então já se vê que a crítica deles nada tem de objetiva na medida em que não esta embasada em evidências externas e materiais - COMO A ARQUEOLOGIA OU A PAPIROLOGIA - mas em pontos de vista meramente teóricos: a impossibilidade absoluta do sobrenatural ou do prodigioso...

E depois disto esses honoráveis srs ainda teem a pachorra de se lamentar e de perguntar porque os Católicos não abraçam a 'cronologia ciêntifica' alardeada por eles???

Seja-nos permitido perguntar também porque os srs positivistas não aderem a 'cronologia tradicional' proposta pela igreja Católica???

Pois 'Tudo quanto é gratutitamente afirmado pode ser gratuitamente negado.'

E já respodemos que só os protestantes liberais, tendo posto de lado o critério da tradição, compram por científicas, as constatações puramente teóricas, opiniões e crenças de outros homens.

Nós Ortodoxos exigimos que a evidência da datação seja externa e objetiva ou seja baseada em papiros e caligrafia e não na incredulidade alheia, a qual desde logo descartamos...

Destarte se é defeso a tais senhores lançar a hipótese dois (02) que fiquem com ela e façam bom proveito, nós como Católicos e antes de tudo como pessoas que primam pela coerência, ficaremos com a hipótese um e susteremos quando for possivel a tese de que nosso Senhor Jesus Cristo proferiu verdadeiros oráculos proféticos, por sinal, na esteria daqueles que precederam sua manifestação e vinda.










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