O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

A consciência histórica do Cristianismo

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fundamentos do Cristianismo - a quem foram entregues as profecias?





Exposto o problema resta-nos perguntar: Neste caso o que é a Bíblia?

Digamos que a Bíblia é uma coletânea de livros dividida basicamente em duas partes: O Velho ou antigo testamento, o qual pertence propriamente a sinagoga ou ao povo judeu e o Novo Testamento que é a parte concernente ao povo de Jesus Cristo e, consequentemente o livro dos Cristãos no qual topamos com a doutrina Cristã.

Mas a que vem ao caso semelhante coletânea, qual seu vínculo, que tem ela de comum???

Deus?

Neste caso por que ainda não canonizamos o Corão?

Milagres?

Mas qual o proposito dos milagres?

A Revelação divina?

Mas qual o foco da Revelação divina?

Cristãos devemos responder sem hesitar que o elemento comum, responsável por dar sentido aos diversos registros e unificar a narrativa é Jesus Cristo Nosso Senhor.

Eis o alfa e o omega das escrituras, seu fundamento mais remoto e sua consumação.

Perceba no entanto que enquanto alguns desses registros são posteriores a Encarnação do Verbo, reportando-se a este mistério como evento de natureza histórica, outros são anteriores a ela, reportando-se ao mistério de modo profético ou como algo concernente ao futuro.

O que nos leva a concluir que o valor de ambas as partes deste livro - Antigo e Novo testamentos - é bastante desigual.

Mas por que desigual?

Por que no primeiro caso temos registrados os ensinamentos comunicados pelo Verbo Encarnado Jesus Cristo e portanto verdadeira revelação divina e afirmação da Verdade, já no caso do antigo testamento não temos acesso a doutrina comunicada pelo Senhor Jesus Cristo pelo simples fato de que ainda não se havia manifestado.

A menos que tenhamos Jesus em conta de mero repetidor!

E no entanto este Jesus é acusado de apostasia pelo Sinédrio da casa de Israel e martirizado?

Por ter se limitado a repetir as doutrinas e opiniões que os rabinos atribuíam a Moisés ou por limitar-se a recitar a Torá como qualquer rabino embiocado de seu tempo???

De modo que não nos trouxe ele, Jesus Cristo, nada de novo ou de diferente???

Por mais que nos pareça incrível amado leitor, há quem considere assim! Em que pese a advertência: Tudo quanto ouviu estando no seio do Pai, isto ele revelou!

E há no Cristianismo quem cuide que outro ou outros já haviam ouvido tudo...

Mas como poderiam ter ouvido tudo se não estavam no seio do Pai?

Afinal quantos filhos naturais tem Deus??? Uma carrada??? A ponto de não sabermos se é já uma septidade ou nonidade???

Preserve-nos a razão de tantos e tão assombrosos desvarios: Um é o Filho encarnado Jesus Cristo e uma apenas e única, a plena comunicação de sua vontade!

Nem chocou Jesus aos judeus por ter se limitado a repetir trivialidades e tudo quanto estavam habituados a ouvir mas por ter ousado apontar as limitações da lei deles, e ter se atrevido a apresentar-se como Deus feito carne - coisa que não podiam eles admitir - e sobretudo por ter anunciado a doutrina da tri personalidade divina, a qual tiveram em conta de politeísta e pagã.

Foi por isto que Jesus Cristo foi cravado e suspenso no madeiro da Cruz, por ter ousado se opôr a Lei de seus compatriotas e substituído o padrão do ódio pelo padrão do amor, o padrão da vingança e do rancos pelo padrão do amor, o padrão da violência pelo padrão da paz...

Quem não vê aqui que o lado da moeda é outro???

Pois ali temos um deus pintando pelo homem ou uma concepção humana a respeito do sagrado; e aqui apenas, no Evangelho, a auto manifestação e comunicação do Deus eterno e imutável, Senhor da Verdade!

E no Novo Testamento, temos registrada esta verdade!

Segue-se daí que todas as partes deste excelso registro sejam absolutamente iguais?

Tampouco.

Pois damos ali com duas penas: A pena Evangélica e a pena Apostólica.

A respeito da primeira parte apenas, por conter os quatro Evangelhos, podemos dizer que contem verdadeiras palavras de Deus comunicadas e codificadas com máximo grau de exatidão.

A respeito do Evangelho podemos dizer que corresponde, sem sombra de dúvida, a autêntica, pura e imaculada palavra do Deus encarnado Jesus Cristo e manifestação da verdade eterna, infalível e incorruptível.

Por Moisés veio a lei, POR JESUS CRISTO A GRAÇA E A VERDADE decreta o evangelista S João. Equivocam-se gravemente portanto tantos quantos buscam por graça e verdade onde não há, ou seja, em Moisés e nos registros dos judeus.

Quanto ao restante do Novo Testamento é necessário crer que quando os apóstolos ensinam algo que tenham ouvido de Jesus Cristo, repetindo suas instruções, proferem verdadeiras palavras de Deus, sagradas e incorruptíveis. 

O próprio Jesus Cristo é quem o diz: Quem vos escuta a mim mesmo escuta e quem vos despreza é a mim mesmo que despreza.

A distinção faz-se absolutamente necessária porquanto os apóstolos eram judeus e como tais tributários da cultura judaica.

É portanto natural e até plausível que tenham regulado diversas questões por suas tradições e costumes, os quais certamente não constituem palavras de Deus.

Mormente quando o assunto ou problema em questão não havia sido levantado e solvido pelo próprio Jesus.

Assim diante de determinada questão, a honestidade obrigará Paulo a declarar que a decisão era sua, 'Não do Senhor'. Dá mesma maneira é ele que julga a questão das carnes sacrificadas e não o Senhor...

Queremos dizer com isto que o Novo Testamento não foi nem podia ter sido completamente impermeável a cultura em que veio a luz, incorporando parte dela em seus registros.

Paulo mesmo apresenta-se como fariseu filho de fariseus e pupilo de Gamaliel, além de recorrer não poucas vezes a soluções que sabemos serem rabínicas e não evangélicas. Assim quando a solução para determinado problema não era fornecida pelo Evangelho não podia deixar de recorrer a tais instâncias, reportando-se a tradição dos fariseus ou aos ensinamentos de seu venerando Mestre, os quais no entanto são de origem puramente humana e não de origem divina. Afinal nem Hilel, nem Shamai, nem Gamaliel eram Jesus.

Logo o que temos de mais sólido e seguro em termos de Cristianismo - E isto deveria ser evidente até! - continuam sendo as palavras de Jesus consignadas nos quatro Evangelhos ou as tradições 'Cristãs' que os apóstolos vinculavam expressamente a sua pessoa, falando 'in persona Christi'.

Tal nosso livro, formado pelas penas evangélica e apostólica, hierarquicamente compreendidas.

Já no que diz respeito a primeira parte das Escrituras canônicas, o Antigo testamento, o máximo que podemos dizer é que contem verdadeiras 'palavras de Deus' embora exaradas por elemento puramente humano. Na medida em que não procedem do Verbo encarnado Jesus Cristo, mas de comunicações proféticas recebidas por elemento puramente humano com sua personalidade sempre precária e jamais normal em termos de perfeição.

Nem podia Deus recorrer a veículos de mediação humana que fossem absolutamente perfeitos, pelo simples fato de inexistirem. Ficando a comunicação sempre limitada, senão comprometida.

Seja como for estas palavras que precedem e anunciam a Encarnação do Verbo são cognominadas vaticínios ou profecias.

Não poucas vezes os protestantes fundamentalistas nos tem questionado a respeito do critério que empregamos com o objetivo de saber o que é e o que não é divino no antigo Testamento, dando por suposto que estejamos privados de qualquer critério objetivo e que na ausência de semelhante critério é melhor recebe-lo como divino em sua totalidade ou engolir tudo... inclusive o sanduíche de merda e o pênis dos egípcios, dentre muitas outras coisas!

Tal no entanto não se dá uma vez que nosso critério é o centro e fundamento da divina Revelação Cristã: Jesus Cristo, não podendo haver critério mais seguro.

Nosso critério para julgar todas as coisas, inclusive o antigo testamento, aquilatando seu devido valor é o Cristo; o Cristo, sua encarnação, sua pessoa, sua missão.

Certamente é divino tudo quanto no Testamento antigo diz respeito a Jesus Cristo, seu advento, sua pessoa e missão. São divinas as profecias, os oráculos e os vaticínios que indicavam aos antigos Judeus o futuro médico, pedagogo e pastor do gênero humano.

Sabemos então que o Antigo Testamento é essencialmente profético e que a  profecia é seu fundamento crístico e sobrenatural.

É pois sagrado ali tudo quanto concerne ao Senhor Jesus Cristo e puramente humano tudo quanto não diga respeito a ele ou a seus mistérios.

Distinguir as palavras do Verbo Jesus de todos os outros discursos presentes no livro sagrado reconhecer-lhes a singularidade e a excelência é prestar tributo de adoração racional a sua pessoa.

O próprio temor reverente abriga-nos a fazer semelhante distinção, alias antevista pelo hagiógrafo: No passado falou Deus de diversas maneiras aos antepassados MAS NA PLENITUDE DOS TEMPOS MANIFESTOU-SE NA PESSOA DO SEU FILHO.

Nem podemos deixar de inferir que a manifestação seja tanto mais nobre quanto a pessoa manifestada.

Seja qual for a autoridade conferida ao Testamento antigo nos tempos passados, o mesmo autor ( de Hebreus) é categórico: Não podem vigorar dois testamentos, é necessário que um seja revogado. Eis porque chama ao velho se sombra ou símbolo e ao Novo de Luz e realidade.

Refleti e considerai agora: Quem vivendo na plenitude e brilho da luz volta seus olhos para as sombras ou que tendo diante de si a realidade opta pela imagem refletida no espelho?

Podemos comparar enfim o testamento antigo e suas profecias a uma placa de sinalização cuja função é orientar-nos e conduzir-nos a um determinado local, no caso o Evangelho. No instante mesmo em que atingimos nossa meta chegando ao lugar indicado mapas, roteiros e placas tornam-se totalmente inúteis.

Assim as profecias e vaticínios não foram comunicados para aqueles que já atingiram o Mestre Jesus Cristo e nele estão, mas aqueles que ainda não chegaram e que buscam por ele...

No momento mesmo em que o homem abraça a lei de Jesus Cristo e se torna Cristão a profecia cede lugar a visão e a posse, tornando-se desnecessária. Pois Cristo já não é promessa a nos ser dada num tempo futuro qualquer mas realidade.

Assim os que vivem após a manifestação do Verbo na carne não se nutrem mais de leite ou de símbolos, sombras e figuras; mas das palavras desse Verbo consignadas no Evangelho, enfim da Verdade divina, de alimento sólido e salutífero.

Estando situados os Cristãos após o evento da encarnação e não antes dele, estão postos para o Cristo legislador, para o Cristo Mestre, para o Cristo que nasceu, morreu e ressuscitou e não para o Cristo profético dos antigos hebreus... Nosso Cristo foi profetizado em verdade mas não é profético. Tendo já assumido nossa mísera condição nosso Cristo é um Cristo histórico, inserido no tempo e no espaço. É Cristo tangível, concreto e presente - na vida sacramental da igreja, na eucaristia, no Evangelho, nas representações plásticas, etc

Caso fixem suas mentes e concentrem suas atenções no Testamento Antigo - Inclusive em suas partes não proféticas - dissipam os Cristãos seu tempo com coisas inúteis cessando de avançar em Jesus Cristo, no conhecimento das coisas divinas e dos santos mistérios. Podeis conceber castigo pior???

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