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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Contradições em torno do relato da ressurreição......

Resta solver o derradeiro obstáculo alardeado pelos incrédulos e que diz respeito ao número e ao cenário das aparições de Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo.

Antes de tudo convem explicitar que o problema das aparições do Senhor, esta de alguma forma relacionado com o cenário mesmo de sua atuação ou ministério.

Estes dois problemas são como que duas faces da mesma moeda.

De modo que reservamos este espaço com o objetivo de examina-los conjuntamente, matando dois coelhos com uma só paulada.

Um questionamento bastante comum diz respeito a quantas Páscoas Jesus teria comido ou sobre quantas vezes teria subido a cidade santa dos judeus.

Pois além de mencionarem apenas uma Páscoa, a última, os sinóticos a primeira vista dão a entender que Jesus subiu a Jerusalém uma única vez, a saber nesta ocasião.

Para quem lê o Evangelho ao 'toque do tempo presente' ou seja como quem lê um jornal ou uma revista, as coisas assumem este cárater.

Por outro lado S João é explicito ao referir-se no mínimo a quatro idas a Jerusalem e a três Páscoas comidas pelo Senhor.

Contradição???

Num primeiro momento devemos sempre ter em mente que os Evangelhos não apresentam a si mesmos como narrativas completas... fosse o caso composto o primeiro ninguém mais se atreveria a compor o segundo, o terceiro e o quarto.

Pois aqueles que compuzeram o segundo, o terceiro e o quarto, sucessivamente, pretenderam certamente adicionar alguma informação omitida pelos registros anteriores...

O simples fato de coexistirem quatro narrativas supõe esta incompletude.

Então devemos já saber que os sinóticos não pretederam esgotar o tema. João, a seu tempo é explicito: Nem todos os livros do mundo poderiam abarcar os registros de tudo quanto Jesus de Nazaré realizou...

O que supõe uma seleção de fatos com objetivos apologéticos tendo em vista a necessidade dos leitores.

Caso tenhamos este fato diante das vistas ficará muito mais fácil compreender o 'Pôrque' das supostas contradições...

Num segundo momento devemos compreender - Com S Clemente de Alexandria, Agostinho e outros padres antigos - que Lucas, escrevendo após Mateus e Marcos, buscou enriquecer a tradição sinótica com material próprio, e que João, escrevendo em algum momento depois de Lucas, buscou completar ainda mais a narrativa ou como se diz amplia-la, fornecendo outros tantos fatos omitidos pelos três primeiros evangelhos ou invés de pura e simplesmente repetir como um papagaio o que ja havia sido registrado.

Que João tenha tido conhecimento dos relatos de Marcos e Lucas parece fora de questão até mesmo para os críticos materialistas.

Num terceiro momento devemos explicitar que tais preconceitos são, como não poderiam deixar de ser, frutos duma leitura leviana e superficial dos nossos Evangelhos.

Dizemos isto porque caso analisemos cada narrativa tanto mais a fundo percebemos logo que S Lucas tinha conhecimento do ministério do Senhor em Jerusalem enquanto que S João estava bastante a par das andanças do Salvador pela Galiléia. Eis porque o terceiro Evangelista descreve algumas aparições do Senhor no círcuito de Jerusalem enquanto o quarto situa seu primeiro milagre em Caná da Galiléia...

Diante disto o quadro mais provável é o de um Jesus pregrino que exercia sua atividade na Galiléia, mas que durante as peregrinações e festas subia a Jerusalem com o premeditado intuito de alcançar as multidões que acorriam de todas as partes.

Segundo o modo descuidado e despreocupado de escrever dos antigos hebreus, os sinóticos parecem mesmo dar a entender que o ministério do Senhor durou apenas um ano... João supõe três... a tradição chega a indicar sete; o que não comporta impossibilidade alguma. Efetivamente Jesus deve ter comido diversas Páscoas e subido a Jerusalém em inumeras festas e comemorações a ponto de se ter tornado bastante conhecido das elites religiosas do pais... assim amiude ele atravessava Samaria e chegava aos confins do Carmel, indo em seguida repousar na Betânia...

Isento de quaisquer compromissos familiares e/ou temporais ele consagrava todo seu tempo ao ministério divino e assim cortava a Palestina de lado a lado tantas quantas vezes fosse necessário...

Deste cenário tão rico e quadro tão amplo retiraram os evangelistas aquilo que desejaram seguindo suas motivações específicas.

Eis porque não há sentido algum em supor contradições a respeito das Páscoas, das festas ou das regiões em que o divino Mestre atuou.

Resta ao crítico alegar, como de fato alega, que o teor dos dicursos de Jesus proferidos no círcuito da Judéia é bem diverso do teor dos discursos proferidos por ele na Galiléia.

De fato estranho seria caso os discursos joânicos fossem situados na Galiléia como perorações dirigidas aos camponeses enquanto as parabolas fossem dirigidas aos fariseus de Jerusalem... neste caso a partida estaria ganha e a incredulidade coroada.

Tal no entanto não se dá.

Basta dizer que o mesmo professor, lecionando a mesma disciplina e os mesmos tópicos para uma turma universitária e para uma turma do primeiro gráu, emprega termos e palavras bastante diferenciados, adequando-se a capacidade dos alunos... Tosco seria ele caso pretendesse ministrar o mesmo tipo de aula as duas turmas, pessoas inteligentes sabem adaptar-se as circunstâncias externas.

O mesmo podemos dizer sobre um político que aborda o mesmo tema perante o populacho de qualquer vilarejo do sertão e perante o senado nacional... Empregará ele as mesmas expressões e frases??? Certamente que não!

Assim já sabemos que os discursos ministrados a gente simples da Galiléia - estigmatizados pelos rabinos de Jerusalem sob a alcunha de 'cananeus imbecis' - deveriam primar pela singeleza e por figuras reitaradas do próprio contexto rural; enquanto que as disputas travadas com os escribas e doutores de Jerusalem deveriam beirar a escolástica... Jesus adequou-se a cada círculo, que há de fantástico nisto???

E para tanto espelhou-se na própria mikra: Ao louco daras resposta segundo a sua loucura e ao sábio conforme sua sabedoria.

Pois quem se dirigisse ao louco nos termos do sábio e ao sábio nos termos do louco mereceria muito pouco crédito mesmo entre nós.

Importa dizer que essa lenga lenga em torno de regiões diferentes e de discursos contraditórios contem muito pouco de positivo.

Resta agora abordarmos a questão das aparições ou manifestações do Senhor.

Porque as três fontes (Mt, Lc e Jo) referem-se, via de regra, a manifestações especificas ignoradas pelos demais Evangelistas.

Aqui, mais uma vez devemos advertir a tropa de choque positivista, que jamais passou pela cabeça de qualquer um deles fornecer um elenco completo destas aparições.

Destarte teriam todos consignado a primeira delas dedicada a Santíssima Virgem Maria sua mãe. Só um desmiolado ousaria crer que o divino Mestre ao elevar-se do Reino dos Mortos deixou de aparecer primeiramente aquela que o concebeu e gerou...

A simples obviedade desta manifestação fez com que evangelista algum se desse ao trabalho de reproduzi-la. Mas também é possivel que a Virgem guardasse tal evento em seu coração...

A segunda aparição encontra-se registrada no antiquíssimo Evangelho dos hebreus e foi dedicada a seu meio irmão Tiago, o qual, mesmo não tendo acompanhado o Mestre até o Calvário como S João, havia jurado não partir pão nem beber vinho até que o Senhor se levantasse dentre os mortos.

Pela madrugada de Domingo, o Senhor manifestou-se a ele e disse: "Agora Justo, parte teu pão e bebe do vinho porque o Filho do homem rompeu as cadeias da morte." (Esta manifestação é citada fora do lugar por S Paulo em I Cor 15,7)

Depois apareceu as Santas mulheres pelo romper da alva. Depois a Madalena somente a qual retornara ao jardim... Isto durante a manhã do Domingo.

Sucedeu-se no entanto que a situação do túmulo e os múrmurios do populacho acabaram chamando a atenção dos sacerdotes e produzindo grande alvoroço em toda cidade. Diante de tamanho alvoroço os apóstolo temeram por suas vidas e encerraram-se no cenáculo, onde Jesus foi ter com eles estando as portas fechadas. Depois apareceu a Simão (Lc 24,34) Pedro (I Cor 15,4)

Oito dias depois manifestou-se mais uma vez aos apóstolos no cenáculo estando presente Tomé. (I Cor 15,4 e Jo 20,24)

A véspera desta manifestação havia a Cleofas e um seu companheiro na paragem de Emaus.

Disto decorre que ainda não haviam cumprido a ordem do Senhor e passado a Galiléia...

E porque???

Por recearam alguma violência da parte dos judeus enfurecidos.

Então devem ter esperado mais alguns dias, até os espíritos serenarem e partiram para a Galiléia... chegando ao Kinereth foram contemplados com a derradeira aparição consignada pelo quarto evangelista. Na mesma ocasião manifestou-se ele a uma multidão composta por 500 irmãos.

Dali passaram a região montanhosa do pais (Mt 28,16) nos confins da Batanéia (Lc 24,50 e I Cor 15,8) onde o Sr apartou-se deles após proclamar a grande comissão.

Aqui rebate o crítico: os sinóticos dão e entender que tudo sucedeu-se no mesmo dia...

A esta objeção se responde dizendo e declarando que o próprio S Lucas, no primeiro Capitulo dos Atos dos Santos Apóstolos, corrige esta má impressão de continuidade declarando que tais aparições sucederam-se durante quarenta dias.




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