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A consciência histórica do Cristianismo

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Jesus, o mito...

Não é este tratado uma apologia de primeiro nível, mas mero ensaio em vista de obra maior, mais densa, ampla e profunda destinada a demolir os preconceitos de nossos adversários.

Antes de dissertarmos sobre a Igreja e os padres antigos no entanto, convem mostrar a solidez de nossos fundamentos.

Cremos ter demonstrado já e honestamente, a existência humana de Jesus, o nazareno. Sem precisar recorrer as fábulas de Publius Lentullus, das cartas de Pilatos ou do volume Arkhno...

Examinemos agora, ao menos de passagem a credibilidade de nossos Evangelhos para ver se mais além logramos adquirir algum conhecimento adicional sobre a figura de Jesus Cristo.

Durante séculos os cristãos mal informados acreditaram que a sucessão dos Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, continham uma indicação cronológica. Assim sendo cuidavam que Mateus havia sido o primeiro a ser escrito, Marcos o segundo... e João o quarto.

Ainda conforme certas tradições Mateus teria escrito seu relato cerca de 45 ou 48 d C, Marcos, por volta de 60/65. Lucas cerca de 67/69 e João pelos arredores do ano 100.

Hoje já sabemos que o relato de S Marcos parece ser anterior ao original aramaico de S Mateus inclusive.

Isto porém não afeta a credibilidade dos registros.

Hoje, ao que tudo indica Marcos teria sido composto cerca do ano 50 ou mais tardar 55 desta Era ou seja cercas de quinze ou vinte anos após a consumação dos fatos. Mateus e Lucas cerca de 70 ou pouco depois e João cerca do ano 90 ou mesmo do ano 100, em hipotese alguma não muito depois disto. Tampouco esta o quarto Evangelho separado do tempo em que se deram os fatos por mais de 70 anos...

Aqui ao menos uma coisa salta a vista: a tradição não estava tão equivocada quanto se pensava há algumas décadas!!!


Isto é o que se sabe hoje...

Há século e meio no entanto postulavam os céticos que provavelmente nenhum dos nossos Evangelhos era anterior ao ano 100 desta era, pertencendo todos ao século II e João, o mais enfático a respeito da origem divina de Jesus, a última quadra (180). Isto davam os sábios alemães da Tubinga por indubitavelmente certo!!!

Vejamos no entanto como isto começou...

Pricipiavam os 800, Napoleão, com Vivant Denon e outros sábios que compunham seu séquito combatia a sombra das pirâmides: Soldados do alto destas pirâmides quarenta séculos vos contemplam...

Aqui Bouchart descobre a famosa pedra de Rozeta, chave para a decifração dos hieróglifos egipcios... mais além um tal de Ch Fr Dupuis explora as ruinas do templo de Denderá, onde dá com um belíssimo calendário solar...

Dupuis era incrédulo, materialistas e talvez ateu, formado na escola de La Metrie, De Holbach, Anacharsis Clothes, etc e aspirava provar que a instituição Cristã não passava duma superstição grosseira produto das trevas medievais e própria apenas da plebe ignara...

E eis que em Dederá, no Egito, ele cuidou ter encontrado a sua "Pankaia" ou melhor a mítica Pankaia de Evemeros...

Então publicou um estudo - 'A origem de todos os cultos ou a religião universal' 1795 - segundo o qual Jesus não passava dum mito solar. Ele era Hélios, o deus sol, os doze apóstolos as doze constelações do zodíaco e por ai afora... Ainda segundo ele datava o supradito templo de Dendera de seis ou mesmo de onze mil anos antes desta Era!!! Quando na verdade, sabemos hoje, não passa dum monumento erguido pelos Ptolomeus.

Afortunadamente o bibliotecário Jean-Baptiste Peres escreveu uma refutação satírica de trabalho Dupuis, sob o título de Grande Errata (1827) Comme quoi Napoléon n'a jamais existé UO Grande Erratum, fonte d'un nombre infini d'errata Noter à dans l'histoire du XIX siècle   , na qual mantém, em paralelo à tese de Dupuis - de que Jesus Cristo não passa dum mito solar - que Napoleão, seus generais e sua tragetória não passava doutro mito solar.

A leitura deste livro deveria servir de exemplo a tantos quantos acreditam ser possivel demolir o Cristianismo através de analogias e comparações de teor puramente subjetivo com este ou aquele mito pagão. Tais energûmenos bem fariam em le-la antes de mergulharem na fantasia e no ridículo para a própria vergonha.

O fato é que mesmo ridicularizada da forma mais mordaz, a tése central de Dupuis não só sobreviveu como ganhou adeptos.

Jesus não passava dum mito. Jesus jamais existira...

Strauss, Brandés, Du jardin, Couchoud, Havet, Bossi, Lentzmann e alguns outros apostaram nesta idéia.

No entanto é sempre bom lembrar que o Padre Senna Freitas opos uma alentada réplica a obra de Bossi, a qual, no tempo oportuno, ampliaremos ainda mais, buscando atingir os outros oponentes acima citados e pulverizar um a um de seus argumentos.

No tempo de Strauss já se intuia ou se percebia intuitivamente que para que Jesus pudesse ser apresentado como uma fantasia ou mito segregado pela fértil imaginação da Igreja primitiva era necessário que as fontes ou registros - noutras palavras epistolas e Evangelhos - referentes a sua pessoa estivessem separados do tempo em que ocorreram os fatos por certo lapso mais ou menos longo de tempo. De preferência por mais de um século.

Foi este ete palpite aprioristico ou pré concebido, apresentado como cientifico por diversos charlatães do passado século e as epistolas e evangelhos atirados para o limbo do século segundo desta era ou seja separados por mais de século do tempo em que os acontecimentos haviam se sucedido. Destarte a idéia de um Jesus mítico pode penetrar em algumas mentes desavisadas...

Por mais de século o logro foi mantido, até o momento em que novos fragmentos foram encontrados e analisados... ora em Oxyrhinca, ora em Nag Hammadi, ora em Khunram... Desde então a crítica interna e externa, material e positiva como costumam dizer nossos inimigos... voltou-se contra suas teorias, opiniões, palpites, suposições, hipóteses, etc cheias de bolor e podridão...

Pois se é certo que as pastorais de Paulo continuam sendo classificadas como expurias e situadas em meados do segundo século, sete de suas epistolas foram dadas como autênticas e as mais recente delas situada no ano 60 desta era ou seja cerca de vinte e cinco anos após o tempo em que os fatos concernentes a pessoa de Jesus haviam ocorrido.

No que diz respeito aos Evangelhos tanto pior. Pois como já vimos Marcos foi situado em 50, Mateus e Lucas em 70 e João em 90 ou no mais tardar em 100 desta Era. Ficando todos situados no primeiro século.

Por outro lado a gênese dos mitos ainda não havia sido suficiente e minuciosamente estudada pelos alemães da Tubinga durante o século XIX. Estudou-a com escrupulos verdadeiramente científicos o sábio Mircea Eliade no decorrer do século XX, logrando constatar que os mitos não se formam assim tão rapidamente como em uma ou duas gerações, mas que sua gênese formativa implica no mínimo quatro gerações ou quase um século...

Esta pois cortado e muito bem cortado o górdio...

Mitos não saem da vida como Atenas da cabeça de Zeus com escudo e espada em punho!

Mitos levam certo tempo para gestar-se como que desevolvendo-se e tomando corpo.

Mitos não se formam da noite para o dia...

Aqui a conclusão é muito simples: o tempo que separa os eventos em questão dos documentos ou registros é demasiado curto para que possa ter sido formado qualquer tipo de mito.

Epistolas e Evangelhos foram escritos quando parte das pessoas envolvidas e citadas nos relatos ainda estavam vivas, podendo denunciar a patranha. Caso tudo tivesse sido criado duma fornada só denuncias surgiriam quer entre romanos ou entre judeus e certamente algum éco ou fragmento delas teria chegado até nós.

E no entanto como vimos sacerdotes, rabinos, filósofos, historiadores e apóstolos tratam Jesus Cristo como uma figura real, existente, de carne e osso.

Eis porque os pesquisadores mais bem informados a respeito do assunto, Jesus Cristo, como Jeza Vermes e Crossan, em que pese não comungarem de nossa fé no sobrenatural, tampouco comungam dos preconceitos embolorados e soterrados do século XIX, repetidos em forma de ladainha pelos jovens preguiçosos e ineptos desta nossa geração e por toda gente manhosa que não gosta de estudar. Pois se a um lado eles desdenham da ressurreição e do nascimento virginal por outro não hesitam em afirmar o nascimento e a morte do mesmo homem, 'o crucificado'...

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