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A consciência histórica do Cristianismo

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ainda a credibilidade do Evangelho

Diversas são as passagens e trechos apontados como defeituosos pelos opositores.

Há, dentre os incrédulos, quem encontre erros em cada palavra.

Alguns começam alegando que as copias inteiras ou completas mais antigas datam dos séculos III e IV, tendo sido copiadas 200 ou mesmo 250 anos após o original...

A isto se responde muito facilmente lembrando que a distância que separa nossos clássicos: Heródoto, Platão, Aristótoteles, etc ou seja, seus originais, das cópias mais antigas por nós possuidas é muitas vezes maior, chegando a mais de mil anos como no caso dos Annales ou das Histórias de Córnelio Tácito por exemplo... E nem por isso questionamos a veracidade dum Platão, dum Xenofonte ou dum Lívio...

Outros alegam que existiam centenas de Evangelhos como os nossos e que a Igreja escolheu aqueles que melhor convinham a seus interesses.

Que tenham sido compostos diversos Evangelhos, ninguém põe em dúvido, ocorrem-me de relance, o proto Evangelho de Tiago, o evangelho da infância por Tomé, o outro Evangelho da infância, o dos hebreus ( que deve ser equivalente ao dos nazarenos ), o dos egipcios ( também chamado da Verdade), o da Virgem, o de Madalena, o de Judas, o de Pilatos, o de Nicodemos, o de Pedro, o de Bartolomeu, o de Filipe, o de André, o outro de Mateus, o de Tomé, o outro de João, e por ai afora... Muitos deles podem ser lidos na coletânea de Frabricius.

Naturalmente que o mérito de uns e outros é desigual.

Alguns são pura e simplesmente ridículos até o absurdo como as narrativas da infância e o ciclo de Pilatos...

Outros por demais metafísicos ou abstratos como o dos egipcios...

Outros manifestadamente ficticios e de origem bastante tardia como o da Virgem, o de Madalena, o de Judas.

E outros bastante antigos, os quais provavelmente contem algumas informações fidedignas de cárater extra canonico. Assim o vetusto Evangelho dos hebreus - quiçá contemporâneo dos Evangelhos inspirados, mas composto pela seita dos ebionitas - o proto Evangelho de Tiago (100???) e as Logias de Tomé (120??). O Evangelho de Pedro também parece bastante antigo e talvez remonte ao ano 130. Eis porque suscitou discusões a respeito de sua autenticidade mesmo entre os fiéis.

A excessão destes muito pouca coisa se salva. Discusões como as que dizem respeito ao Evangelho de Pedro ou aos atos de Pedro foram bastante raras na Igreja, pois como declara Agostinho, cada Sé buscava guardar os originais que continham os autógrafos dos hagiografos ou ao menos a memória do escrito; destarte cada igreja apostólica sabia com relativa exatidão que obras seu fundador havia escrito ou no caso, que obras lhe haviam sido endereçadas por algum apóstolo. Apenas a respeito das obras de Pedro houve certa confusão e hesitação devido a suas peregrinações...

Quanto aos Evangelhos porém jamais houve duvida ou hesitação. Mesmo com relação ao dos Hebreus.

É verdade que diversos padres como Taciano e Jerônimo faziam largo uso dele extraindo lições.

Pois sabiam que se tratava dum escrito muito antigo e em parte fiel.

Nenhum deles no entanto, recebeu-o em sua totalidade por ter sido composto pela facção judaizante dos ebionitas e abrigar passagens contrárias ao depósito da fé.

Por outro lado não é menos certo e exato que os registros de Mateus, Marcos e Lucas jamais haviam suscitado repudio ou rejeição por parte de qualquer igreja. O único dentre os Evangelhos que suscitou certas prevenções, logo desfeitas, foi o quarto, ou seja o de João. Isto devido a peculiaridade de sua composição.

Porque foi o único dos quatro que não foi completamente escrito por seu autor. (O capitulo 16 de Mc sob qualquer versão não é canônico) sendo revisto e completado pela congregação joânica.

Já Irineu, discipulo de Policarpo referia categoricamente - cerca de 160 d C - a mãe Igreja como conhecendo somente quatro Evangelhos idênticos aos nossos.

Destarte já naquele tempo as falsificações dos gnósticos eram publicamente desmascaradas pelos homens base. A respeito de tais embates há alguma noticia no Panarion de S Epifânio.

Como de praxe eles costumavam dizer: a Igreja de Corinto só possui estas duas cartas de Paulo cuja memória conservou, a Igreja de Filipos conserva apenas esta carta de Paulo e não duas ou três, a Igreja de Roma guarda apenas uma carta de Paulo e não duas ou quatro, a Igreja de Jerusalem testifica que seu lider Tiago compos apenas uma única missiva e não três ou cinco...

E a controvérsia ficava dirimida. Pois os gnósticos não podiam responder ao desafio deles e dizer onde haviam encontrado ou de quem haviam recebido o tal Evangelho de Madalena ou os tais Atos de João.

As vezes ate sucedia que o autor do logro era decoberto, como aconteceu ao autor dos Atos de Paulo e Tecla que interrogado por seu Bispo, respondeu que havia escrito tal romance 'Por amor de Paulo'. Foi excomungado e a leitura de tal obra proibida...

Os Bispos ortodoxos detinham a sucessão e o legitimo governo das igrejas fundadas pelos apóstolos e por isso sabiam muito bem, por meio da tradição ou se quizerdes dos arquivos das igrejas, o que seus predecessores haviam escrito.

Aos gnósticos só restava o expediente de crismar suas obras com o nome de algum patrono poderoso... eis porque batizavam seus Evangelhos e atos com os nomes de Judas, Nicodemos, Pedro, Paulo, João, André, etc e ninguém pode negar que tivessem certa intuição de Marketing...

No entanto tal propaganda era falsa e enganosa porque as igrejas não possuiam memórias a respeito de tais escritos... elas não haviam testificado nem a saida nem a entrada dos mesmos e não havia fragmento ou pedaço de papiro que pudesse justifica-los. Dai terem sido ferreteados com o título de apócrifos, o qual desde então passou a ser sinônimo de falsos.

Outros, aos quais ainda restava algum pudor, alardeavam que a dita obra fora composta não por pedro ou Paulo mas por Silvano ou Glaucias, ouvintes seus. Ou mesmo ditada a eles... No entanto quem eram os tais Silvano, Glaucias, etc??? A respeito dos quais a igreja nada sabia...

Por todas estas razões assiste-nos o direito e o dever de acusar de improbidade aqueles todos que esforçam-se por confundir os genuinos monumentos apostólicos, compostos no século I; com as falsificações dos gnósticos compostas nos séculos II, III e IV. Entre a legitimidade de umas e outras há um verdadeiro abismo que se chama crítica documental.

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