O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fundamentos do Cristianismo - a quem foram entregues as profecias?



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Num certo momento da História Cristã, os padres e escritores do ocidente ou seja de lingua latina, atribuindo a Igreja visível uma origem mais antiga do que de fato possui cunharam a infeliz expressão: 'igreja do antigo testamento', da qual mais tarde vieram a servir-se os 'reformadores' com o intuito de estabelecer a doutrina da 'inspiração linear das Escrituras' e abater assim o próprio santuário da Verdade.

Identificar a primeira fase da igreja de Cristo com o judaísmo antigo foi um tiro que saiu pela culatra, ou como se diz hoje um tiro dado no próprio pé.

É bastante possível e até provável que tenham cunhado tal expressão a partir das palavras de Hermas, o vidente; consignadas no livro 'Pastor', registro que alguns de nossos elderes mais antigos costumavam citar como inspirado pelo simples fato de ter sido escrito no comecinho do século II, quando se supunha que ainda viviam alguns apóstolos ou discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

De fato neste livro Hermas refere-se a Igreja como Senhora idosa ou anciã, subsistindo antes mesmo da criação do mundo.

Nada indica no entanto que Hermas se estivesse referindo a uma visibilidade ou materialidade da Igreja anteriores a Encarnação do Verbo Jesus Cristo ou a organização deste nosso Universo material.

Muito provavelmente a citada passagem do Pastor diz respeito a igreja enquanto projeto ou plano existente na mente de Deus desde toda eternidade. Querendo dizer que não surgiu de improviso ou foi feita por acaso (acidentalmente).

No entanto, a partir daí, os latinos e particularmente os protestantes desenvolveram a funesta ideia segundo a qual o antigo Israel ou melhor, a forma religiosa do antigo israel (E posteriormente o judaísmo antigo seu sucessor) equivaleria a uma espécie de 'pré' ou 'ante' (Não anti) igreja Cristã anterior a entrada do Verbo tempo no tempo ou seja ao mistério da Encarnação. De modo que a 'igreja' material e visível dos judeus, escribas, fariseus e rabinos teria sucedido a igreja material e visível dos Cristãos. Teríamos assim uma igreja antes da igreja ou uma igreja antes do Cristianismo...

O problema esta posto e devemos acrescentar o agravante segundo o qual não poucos Ortodoxos partilham deste ponto de vista equivocado, jamais assumido ou ventilado pelos padres gregos ou orientais da igreja.

Restando-nos aprecia-lo...

Antes de tudo não parece verossímil, mas absurdo, que a Igreja tenha assumido forma material e visível ou se encarnado antes de seu próprio fundador: Deus. Eis uma ordem de coisas que não me parece normal.

Dai supormos que a 'Encarnação' da Igreja visível suceda a Encarnação de Deus, enquanto instrumental seu ou ampliação sua.

Antes subsistia apenas a Igreja eterna e invisível, a qual do mesmo modo que a alma da Igreja Católica, congregava todos os homens que aspiravam pela cura, educação e redenção fossem eles israelitas ou gentios, sem que houvesse qualquer tipo de privilégio.

Afinal o Deus a que servimos nem 'Faz acepção de pessoas' nem é mutável, mas antes 'Imutável e sem sombra de variação.'

Eis porque não podemos admitir qualquer tipo de relação compreendida em termos de etnia e revelação como se um povo em especial tivesse sido escolhido para ter acesso exclusivo a verdade eterna.

Tal a doutrina de 'povo eleito' ensinada pelos líderes religiosos judeus e por grande parte dos Cristãos mal orientados, uma doutrina péssima.

Péssima porque equivale a um ponto de vista muito mesquinho, sectário e praticamente xenófobo, logo incompatível com a noção Católica e humanista de salvação, revelada por nosso Senhor Jesus Cristo e repudiada pelos escribas e fariseus, para os quais a verdade e a salvação eram privilégios concedidos ao povo judeu.

Admitir que antes da fundação da Igreja Católica tenha Deus escolhido ou eleito um povo  apenas - E consequentemente repudiado ou desprezado todos os demais povos e seres humanos - para associar-se eternamente a ele e conceder-lhe diversos privilégios implica repudiar a noção Ortodoxa de Salvação, que é Universal (Concretizando-se em termos de gênero humano ou da humanidade) ou supor que Deus alterado sua maneira de agir. Deus no entanto não pode ser sujeito a alterações ou mudanças em seus planos, os quais devem seguir um ordenamento coerente e linear.

Portanto se Jesus - como lemos nos Evangelhos - apresentou a Revelação como algo oferecido a todas as culturas e nações do planeta não podemos admitir ou aceitar que antes a tenha restringido a um só povo concedendo-lhe o monopólio da verdade e a posse exclusiva das coisas santas e boas que dele procedem.

Diante disto só nos resta a nós Cristãos, afastar-nos das tradições mortas e tradições rabínicas e admitir que a fábula 'nacionalista' foi urdida pelos sacerdotes hebreus nada tendo de divina ou sagrada como pressupõem todos os judaizantes, escravos da letra morta do antigo testamento e atidos a falsa doutrina do 'Corão' cristão ou da inspiração linear e plenária. Doutrina sobre a qual assenta-se o entendimento segundo o qual o Cristianismo sucedeu ao judaísmo enquanto Revelação e de que nada mais é do que um ramo ou seita do mesmo judaísmo e não de uma Rebelião aberta contra ele, dum confronto, duma negação ou de uma 'apostasia' - Tal a definição fornecida pelo próprio Talmud.

Assim enquanto os Cristãos ingênuos tendem a encarar o judaísmo - inclusive o atual - como algo divino ou sagrado, os judeus - Numa linha de coerência digna de aplausos - jamais deixaram de encarar o Cristianismo como uma manobra essencialmente apóstata, como um sistema corrupto, como uma infecção politeísta e como verdadeira idolatria. E bem se vê que não há reciprocidade alguma em tais relações...

De nossa parte só nos resta encarar a religião do antigo Israel e da antiga judeia como um fenômeno puramente natural, - Como alias todas as demais religiões - e não como produto de Revelação divina ou como uma antecipação da Igreja de Cristo (pré igreja).

Haja visto que Marcion de Sinope pode reunir em sua obra inúmeros testemunhos sobre a oposição existente entre o Novo Testamento - em especial os Evangelhos - e os registros que os judeus apresentam como receptáculos da Revelação divina, como sua Lei, a Torá.

E como não pode Deus contradizer-se, variar ou mudar, é necessário concluir que apenas um destes veículos é produto de Revelação divina. Assim raciocinam os judeus com absoluta razão. Ou a Torá é divina ou o Evangelho, ambos não podem ser divinos porquanto o Evangelho é a negação da Torá. Observem como o Verbo Jesus procede criticamente face a Torá...

A menos que vocês confundam o termo 'LEI'  - Alusivo ao Decálogo - com o termo Torá (E façam de Jesus um louco ou um mentiroso) e repudiem 'in totum' ao Sermão do Monte, temos aqui um Jesus que procede muito liberalmente quanto a dita lei 'sagrada' dos judeus. Admitida a divindade da lei dos judeus, esta liberdade só pode ser encarada como irreverência ou sacrilégio uma vez que as coisas divinas devam ser recebidas com absoluta submissão e jamais questionadas!

Então se Jesus questiona a 'lei' (Compreendida como totalidade da Torá)...

Dirá o Cristão ingênuo e alienado que Jesus sendo Deus poderia reformar sua lei ou a lei dada aos judeus por ele mesmo.

Fixemos nosso pensamento nisto e talvez deparemos com os fundamentos mais remotos da reforma protestante.

Na medida em que parte dos Cristãos são e haviam sido ensinados a crer que o Cristianismo ou o Catolicismo não passa de um 'Judaísmo reformado' ou consertado e Jesus de uma reformador do Judaísmo ou de um Lutero hebraico. 

Afinal se as 'instituições divinas' foram reformadas já uma vez pelo próprio Deus, que impede que sejam reformadas novamente e sucessivamente???

Evidentemente que os protestantes não percebem ou fingem não perceber que em tese esta primeira reformação teria sido levada a cabo não por qualquer um ou por um simples homem, mas pelo Verbo encarnado Jesus Cristo. O que os obrigaria a concluir que uma segunda reformação ou uma reformação do Cristianismo deveria dar-se nos mesmos termos, ou por uma reencarnação do Verbo Jesus ( rsrsrsrsrs ) ou pela Encarnação do Espírito Santo...

Eles jamais consideraram seriamente o absurdo que é admitir que qualquer criatura, homem ou individuo - a exemplo de Lutero, Calvino ou Zwinglio - tenha o direito de reformar ou de restabelecer um padrão originalmente estabelecido pela ENCARNAÇÃO ou manifestação de Deus na carne.

Eis o que temos a dizer a respeito da ideia absurda de Jesus como um reformador do judaísmo na perspectiva protestante.

Examinemos agora a perspectiva 'católica' ou a ideia em si mesma, de modo geral.

Apresentar Jesus, enquanto Deus encarnado, como reformador do judaísmo, equivale, em última analise, a apresentar Deus reformando sua própria doutrina, corrigindo a si mesmo e portanto mudando e contradizendo-se. O que é absurdo. Dado o judaísmo por Revelado e divino, deveríamos da-lo igualmente por irreformável, exatamente como os escribas, fariseus e rabinos! O pecado original dos judaizantes e dos neo cristãos consiste exatamente em dar o judaísmo por divino e ao mesmo tempo por reformável, resultando das premissas a conclusão segundo a qual Deus é mutável e pode alterar o conteúdo de seus ensinamentos, afirmando amanhã o que negou hoje e vice versa.

Aqui a questão de um Jesus divino e ao mesmo tempo reformador do judaísmo, toca a essencialidade mesma da natureza divina corrompendo-a e profanando-a na medida em que apresenta-nos um deus psicologicamente instável ou inseguro, enfim um deus que muda de opinião e essa ideia abominável de Deus esta na base mesma do relativismo ético contemporâneo.

Agora vos pergunto, qual a única forma de escaparmos a este terrível dilema?

Repudiar a falsa doutrina segundo a qual o judaísmo antigo tenha sido revelado por Deus nos mesmo termos que o Cristianismo, bem como a imagem de um Jesus reformador do judaísmo e consequentemente a ideia de um Corão Cristão segundo a qual o antigo testamento 'in totum' seja palavra de Deus. Outra saída para este dilema não há. Embalde a procurareis e querendo preservar o judaísmo demolireis o Catolicismo por completo e o aniquilareis segundo a operação já em andamento na reforma protestante e na igreja romana.

Afinal que é essa reforma protestante e que é essa RCC e que é tudo isto que ora vemos no Ocidente senão uma inversão sinistra ou uma reforma humana do Cristianismo pelo judaísmo de modo a reduzi-lo nos moldes ideais de uma seita judaica despojada dos elementos espúrios ou pagãos que lhe haviam sido adicionados pelo Catolicismo??? Que é tudo isto senão uma tentativa muito bem urdida de 'descatolicizar' (os protestantes dizem 'purificar') a igreja a partir da Tanak ou da Torá obscurecendo a Ortodoxia Cristã? E qual o fim de tudo isto senão a negação da Trindade Santíssima e da Encarnação de Deus??? Compreenda-se que esta nova via conduz diretamente ao judaísmo, ao islamismo e ao neo platonismo, eliminando todos os mistérios caracteristicamente Cristãos e tornando o Cristianismo absolutamente irrelevante... Perde sua especificidade e converte-se apenas num monoteísmo a mais.

Diante disto temos de ser resolutos e afirmar em alto e bom som que jamais houve igreja antes da igreja, Cristianismo antes do Cristianismo, Revelação antes da Encarnação, Verdade antes do Evangelho ou religião divina entregue a um povo apenas.

Mas a Encarnação do Senhor não teve de ser preparada?

Evidentemente que a Encarnação e a própria Revelação tiveram de ser preparadas e muito bem preparadas uma vez que como já dissemos, Deus nada faz de improviso.

E preparada foi por meio da oráculos, profecias e advertências sobrenaturais concedidos a todos os povos e nações da terra, inclusive a nação dos judeus.

Alias tais advertências sobrenaturais alusivas a futura manifestação do Verbo sobre a terra é que constituem a 'palavra de Deus' ou as palavras de Deus nos escritos dos antigos judeus. Porquanto seus videntes também anunciaram este mistério.

Por isso os Cristãos sinceros e fiéis não se atrevem a negar que o antigo testamento contenha palavras de Deus ou profecias sobre a Encarnação do Senhor. O que negamos e devemos negar é que o antigo testamento seja palavra de Deus em sua totalidade, a semelhança de um Corão. Pois também há ali um conteúdo cultural ou profano - assim a lei dos judeus ou a Torá - sem qualquer relação ou vínculo com a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Logo, como pode algo ser divino ou sagrado para os Cristãos se não reporta a Nosso Senhor Jesus Cristo???

Que temos nós Ortodoxos a ver com mitos, fábulas e lendas que os antigos judeus tomaram aos sumérios, assírios, babilônicos, fenícios ou egípcios? Em que isto nos toca se não remete ao Verbo Jesus? De que nos serve saber que os antigos egípcios ejaculavam como jumentos ou quantas pessoas perecessem em tais e tais batalhas??? Em que nos edifica e eleva o registro de tantas genealogias inúteis??? Para que conhecer o número as amantes de Salomão ou os crimes de seu pai???

Aqueles que se atrevem a colocar os registros judaicos em pé de igualdade com o Novo Testamento ou com o Evangelho, resta a tarefa impossível de conciliar ambas as partes. O que geralmente fazem com sacrifício da própria consciência, apelando a 'truques' e poluindo-a... Apenas com o objetivo de conciliar o que é inconciliável. Não recuando mesmo diante da mentira e da manipulação... Quando deveriam, por fidelidade ao Evangelho, admitir a verdade.

Compreendeis agora porque a 'moral' Cristã carrega em si esta espécie de bolor fariseu, este resíduo de matreirice, este travo de hipocrisia... Afinal se as pessoas são desonestas quanto a argumentação religiosa, como haverão de ser honestas no domínio da imanência ou da vida??? Se aprendem a falsificar argumentos com o objetivo de sustentar as doutrinas que lhe são mais caras - como os dogmas da inspiração linear e da inerrância - como deixarão de falsear nos domínios da Ética.

Assim o veneno da falsidade é injetado nas veias do Cristianismo justamente por meio da apologética 'ortodoxa' desenvolvida em torno da bíblia com o objetivo de defender - A todo custo - o antigo testamento ou o judaísmo antigo.

Pastores e padres, em seus seminários, são ensinados a defender, a qualquer preço, eventos e ensinamentos que percebem e sabem ser falsos e o princípio de tudo é que começam a duvidar a respeito da razão e da capacidade humana... ou a fingir. Como podem deixar de transformar-se em criaturas tolas ou degeneradas??? Tal a elite corrompida que formamos na medida em que obriga-mo-la a defender o que é indefensável, a divindade do judaísmo e do antigo testamento. Em detrimento da própria consciência!

Encarada por este ângulo é a bibliolatria essencialmente corruptora!

Resta-nos arrematar esclarecendo o leitor benevolente que a doutrina da inspiração verbal e linear das escrituras que é um construto histórico ocidental elaborado no decorrer da Idade média - A partir de Agostinho em especial - e canonizado por João Calvino, alias sem o assentimento de Martinho Lutero, cujo posicionamento tanto mais liberal deitava raízes na mais remota tradição da Igreja.


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