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A consciência histórica do Cristianismo

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

As riquezas e Jesus

Por uma questão de honestidade convem jamais ocultar os pressupostos...

E colocar todas as coisas em pratos bem limpos.

Coisa supinamente desonesta seria disfarçar ou ocultar o teor dos dicursos daquele que encaramos não como simples emissário ou arauto mas como o mesmo Ser divino.

Então devemos saber e muito bem que os discursos de Jesus, embora não pertençam ao gênero de estudos que mais tarde receberam o nome de Economia, e que diz respeito a produção e distirbuição de bens materiais, nem por isto deixaram de abordar o problema das riquezas, que é um problema essencialmente econômico, numa perspectiva visceralmente distinta daquilo que convencionou-se chamar doutrina liberal.

Nem poderia Jesus deixar de abordar tal assunto na medida em que diz respeito a atividade humana, englobando a personalidade humana e as relações humanas. Nem poderia aquele que veio recuperar o homem como um todo por de lado qualquer aspecto pertinente a entidade ou ser que veio recuperar.

Eis porque enquanto o liberalismo através de seus profetas, proclama qual uma 'shahada' que o setor econômico é livre, autônomo e independente face a igreja ou a quaisquer imperativos de ordem ética ou moral e que a economia seja por assim dizer 'tão exata quanto a matemática, a física ou a química' e por assim dizer amoral.

Efetivamente a matemática, a física e a química, enquanto teorias não aplicadas e exatas, estão fora do úniverso ético dos principios e valores ou da moralidade, sendo de fato fenômenos amorais.

O mesmo se daria quanto a economia caso abstraissemos o elemento humano, cuja existência comporta uma dimenssão ética ou axiológica guiada por determinados principios e valores. Acontece que a economia é realizada por homens ou seja por seres cuja natureza é ética ou moral, e por seres que na produção e distribuição de bens materiais relacionam-se entre si uns com os outros.

Destarte não pode a economia situar-se no plano do amoral, mas apenas do imoral ou do anti ético na medida em que pleiteia colocar-se fora da esfera dos principios e valores ou subordinar tais valores as necessidades materiais e externas do mercado, apresentando-se a si mesma como fonte de tais principios e valores e como fator determinativo duma moral relativista inaceitável do ponto de vista do humanismo clássico, quanto mais do humanismo Cristão.

Efetivamente nem os socráticos nem os Cristãos poderiam convir com as pretenssões economicistas dos teóricos que proclamam a soberânia do mercado no terreno das relações que por serem humanas deveriam ser determinadas por principios e valores de ordem tanto mais elevada.

Perceba-se que por mais que os liberais e seus advogados infiltrados na instituição Cristão batam os pés que a um conflito insuperável entre as duas cosmovisões ou modos de encarar o mundo.

Pretende não só a igreja, mas o Cristo e o Evangelho, ou como queiram, a consciência Cristã, iluminar todos os setores da vida humana sem excessão e postular, como os simples teistas naturalistas postulam, uma ética médica, uma ética jurídica, uma ética política e uma ética econômica pautada em principios e valores universalmente válidos e irreformáveis enquanto expressões duma vontade ou lei divina. Postulam todos os humanistas até os confins do deismo a existência duma lei natural que se estenda a todos os setores da atividade humana e os Cristãos que essa mesma lei natural seja enriquecida pela graça de Cristo.

Conclue-se que em termos de capacidade ou atividade humana as pretenssões da Igreja ou melhor do Evangelho e da consciência Cristã sejam totalizantes ou holisticas. 'Nada do que é humano me é indiferente.' é frase que bem poderia ser posta na boca de Jesus Cristo... assim o discurso Cristão não contempla as pretenssões de autonômia absoluta revindicadas pelo economicismo de fundo materialista e ateu > Hayeck, Friemann, etc

Que Cristãos ou mesmo Católicos tenham forjado discursos incoerentes até o mais monstruoso hibridismo só serve para demonstrar até onde chegam os interesses econômicos engendrando infidelidades.

Já foi proclamado pelas autoridades da Igreja papista - e aqui com plena razão - (com forte eco nas Igrejas Ortodoxa e Anglicana) que a vida da Igreja ou a consciência Cristã é incompátivel com as exigências do liberalismo econômico. A igreja jamais admitiu a restrição dos economicistas que pretendem eles mesmos julgar a extenssão da consciência Cristã ou invés de serem eles mesmos julgados por ela.

Então eles se consideram a si mesmos como um padrão de verdade superior a consciência Cristã no domínio dos principios e valores ou seja no domínio da ética. E assim apresentam-se como fonte de principios e valores para a consciência Cristã... acontece que estes principios e valores são ditados pelas relações de produção e distribuição de bens materiais e no caso ditados por necessidades de ordem econômicas e relativas... Posto esta que os novos principios que os advogados do liberalismo pretendem impor a consciência Católica são de fundo naturalista, retalivista, materialista e ateu.

Não há como fugir disto.

Pretendem o liberalismo fiel ou prostituido (isto é pseudo Cristão) impor a consciência Cristãs principios expurios que estão em plena e frontal contradição com nossa fé.

Querem eles que sendo adoradores ou servos de Jesus Cristo e que encarando esse Verbo como nosso Deus e Criador admitamos que ele jamais pronunciou-se sobre questões de ordem econômica ou que, não passasse dum ignorante a respeito da matéria em questão e que caso tivesse abordado tais assuntos tivesse incidido em erro!!!

Agora veja que a doutrina economicista dos liberais bem pode ser aceita pelos arianos e unitários que encaram o Mestre amado apenas e tão somente como um instrutor elevado mas fálivel... não há real incompatibilidade entre o protestantismo moderno ou liberal e entre as seitas unitárias e o discurso economicista. O mesmo porém não se dá entre a fé da igreja Ortodoxa e Católica, nicena ou atanasiana e o discurso liberal, que ou mente cinica e descaradamente ou atribui erro a Jesus Cristo quanto a matéria em questão, insinuando que ao menos neste ponto Smith, Ricardo, Mises, Haieck e Friedmann foram mestres muito mais competentes do que ele.

Vejam até que ponto chega o discurso liberal em sua impudência???

Afirma em alto e bom som que aquele que não pode enganar-se nem enganar-nos falho miseravelmente ao abordar as relações econômicas porque não soube antecipar as desumanas e cruéis propostas da escola de Manchester ou da Escola austriaca...

Não fantasio este ensaio mas transcrevo a argumentação de um liberal, supostamente Ortodoxo, que terçou armas comigo a respeito da matéria, querendo a fina força impor as téses de Fridmann e outros a consciência e lei dos Católicos. Nosso homem em sua cegueira não hesitou em afirmar que todos os nossos pensadores, escolásticos e padres da Igreja, que precederam a heresia liberal, não passavam de verdadeiros idiotas em matéria de economia... diante de tão pouca reverência decidi recorrer imediatamente ao Evangelho e opor-lhe as palavras do Verbo; porque ele dissera - e mentira - que Jesus jamais abordara assuntos de ordem econômica...

Jamais pensará que os liberais fossem assim tão desonestos a ponto de ultrapassarem largamente seus êmulos comunistas...

Porque tantos quantos leram nossos Evangelhos sabem muito bem que Jesus não só referiu-se claramente a respeito das riquezas ou seja da produção e distribuição de bens, como manifestou-se claramente em sentido negativo face aos imperativos do liberalismo condenando-o inexoravelmente.

Dizem alguns liberais que é impossivel pintar Jesus como sendo um Comunista. Compreendida a dita expressão no sentido de membro do partido comunista ou como marxista ortodoxo posso até convir com ele pelo simples fato de Jesus Cristo não ter sido ateu ou materialista...

Direi no entanto, com o patriarca Revel - Nem Marx, nem Jesus - que para mim é modelo de probidade intelectual, que nem com milagre e rezas a tudo o que é Santo, seria possivel transmutar Jesus em liberal do ponto de vista econômico.

Aqui já não me importa o argumento podre dos liberais - que alias equivale a chover no molhado - mas apenas o fato inconteste de que Jesus nem batizou nem Crismou a hidra liberal...

Claro que eu sei e muito nem que neste ponto, que consiste em negar até a morte a existência de outra hipótese chamada socialismo, comunistas e liberalis se dão as mãos. Sujas e desonestas por sinal...

Folgam os comunistas em apontar todos os não comunistas como burgueses ou liberais e folgam os liberais em apontar todos os socialistas como comunistas e lacaios do partido vermelho.

Uns e outros recorrem 'dualismo binário' como a uma autêntica tabua de salvação. Que lhes permite repudiar formalmente a existência do humanismo Cristão ou Católico, com seus ideais de justiça e fraternidade... e nutrem verdadeira aversão pelos termos socialismo, fraternalismo, cooperativismo, mutualismo, personalismo, comunitarismo, georgismo, etc Que representam a continuidade dos ideais enunciados por Jesus Cristo, pelos apóstolos, pelos martires, pelos padres e pelos escolásticos da Idade Média até nossos dias a par dos sistemas materialistas rivais que são filhos um do outro. Refiro-me ao liberalismo e ao comunismo...

Então nós rebatemos a crítica e apresentamos um e outro como dois sistemas bastante solidários já pela origem recente, já pelo viez comum do materialismo crasso, já pelo ateismo dos principais teóricos, já pelos sofrimentos e dores com que acometeram a pobre e infeliz humanidade... e apostamos numa terceira via cuja raiz chega aos teóricos gregos Sócrates, Platão e Aristoteles; dos quais nós os Cristãos humanistas ou personalistas, por sucessão somos os legitimos herdeiros.

Na medida em que resistimos as pretenssões do discurso liberal e aos ataques lançados por liberais e comunistas a civilização tradicional e as culturas menos adiantadas, tendo em vista de apresenta-las ao grande público como uma alternativa plenamente má e de incompatibiliza-las face a cultura moderna.

Isto no entanto será profundamente discutido quando chegarmos a descrever e a julgar a Civilização Cristã, Católica e Ortodoxa de Bizâncio, que é tão pouco conhecida aos estudantes e mesmo aos pesquisadores ocidentais.

Cumpre aqui traçar já os termos da discussão e cortar passo a tantos quantos pretendam conciliar o Reino de Cristo com o Reino do dinheiro, do lucro e do mercado; pois são Reinos tão distantes quanto o céu da terra e o Oriente do Ocidente. Assim quem desejar ser cidadão de um não poderá ser cidadão de outro.

Nosso Reino é de certo modo a concretização daquela República idealizada pelo Filósofo e cujo fundamento é a mais estrita justiça. Nosso Reino é a cidade de Deus, supremo Legislador face ao qual devem ceder todas as vontades e ambições humanas. Então nossa família é a de Platão, de Jesus, de Agostinho e não a de Mises ou Fridmann.

São dois Reinos ou cidades rivais que haverão de conflitar e de chocar-se uma contra a outra. Que isto fique acento e bem claro aos falsos profetas.

Nem poderia uma Igreja ou crença que teve suas origens num autêntico mosteiro, perder suas raízes e converter-se; como disse Weber, em empresa nos moldes capitalistas. Isto aconteceu ao protestantismo e deveria acontecer facilmente porque ele condenou e destruiu os mosteiros

Mosteiros que serviam de exemplo e modelo a sociedade Católica moderando suas ambições e desejos. Uma Sociedade da qual desaparesçam por completo as instituições ascéticas estava mesmo posta para assistir ao triunfo do consumismo no mais alto gráu.

No entanto os mosterios foram derrubados e suas riquezas usurpadas. Assim, deixando de ser postas a serviço dos membros vivos de Jesus Cristo, converteram-se no lastro do capital econômico. E os pobres e os campônios, deixando de ser assistidos pelos monges, perderam suas terras comunais e tiveram de converter-se em operários... Tais foram as façanhas dum sistema que principiou pugnando contra as instituições mais sagradas do Cristianismo e que fez cambiar as energias do corpo Cristão das atividades humanitárias e divinas para atividades materiais e econômicas.

Tudo isto foi uma luta contra o Catolicismo e sua concepção orgânica e harmoniosa de vida. Esta luta ou conflito prossegue até hoje e mesmo o seio da igreja hodierna converteu-se já em campo de luta... e combatem a um lado aqueles que levam sua fé no Verbo até as últimas consequências e que aspiram por viver de modo coerente com a tradição e lei da Igreja e aqueles que desejam viver segundo a lei co liberalismo econômico repudiando na prática a vontade do Verbo.

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