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A consciência histórica do Cristianismo

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ainda a credibilidade dos Evangelhos - Contradições

Resta-nos agora discutir a credibilidade interna dos quatro Evangelhos ou ensaios biograficos a respeito do misterioso 'crucificado'.

Aqui como em todas as áreas, primamos pelos extremos. Pois se muitos repudiam a idéia de que em tais relatos haja um simples erro acidental, como a indicação equivocada dum escrito profético; outros asseveram que nada haja de real em tais escritos, dando por certo que se Jesus existiu e foi executado por sedição durante o governo de Poncius Pilatos, nada mais se sabe de positivo a seu respeito...

A um lado temos a crença grosseira e supersticiosa na inspiração verbal, crença que beira a mágia... e a outro preconceitos de natureza ateística ou materialista; em ambos os casos questões de 'vontade' a qual, como disse Origenes, é sempre irrefutável.

O homem honesto, que busca o conhecimento da verdade, admite a refutação e cresce moral e intelectualmente. O homem fanático e obsecado pela religião ou pela irreligião fica paralizado por muito tempo, e este é todo seu castigo, sua punição.

De fato, segundo a piedade nós não admitimos que hajam contradições ou discrepâncias entre os quatro Evangelhos, isto porém, no que tange a essecialidade dos mesmos; e não a alusões acidentais de natureza não religiosa.

Para nós pouco se nos dá que o evangelista tenha se equivocado e dado Jeremias por Ezequiel ou Isaias, afinal isto não altera em nada a doutrina Cristã e tampouco compromete as informações fornecidas a respeito do Senhor Jesus Cristo, antes, tal equivoco testifica a respeito da expontaneidade com que tais registros foram compostos. Ao contrário dos falsificadores que por receio buscam a perfeição, os autores do registro não estavam preocupados com minudências ou questiúnculas bizantinas...

Isto evidencia que nada foi combinado artificialmente.

É possivel ou até provável que nomes de cidades e pessoas por vezes tenham sido trocados, o que se explica muito facilmente por lapso de memória uma vez que como vimos tais escritos não foram compostos no instante mesmo em que os fatos se passaram.

De todos é sabido que mesmo nos depoimentos colhidos pela polícia logo após determinado crime, as testemunhas acabam contradizendo-se a respeito de pequenos detalhes se que isto signifique que estejam, mentido, que sejam culpadas ou que o relato como um todo seja falso. Quanto ao essencial ele até pode ser verdadeiro, em que pese pequenos lapsos acidentais que os psicologos atribuem a falta de concentração ou de atenção. Pois cada qual concentra sua atenção sobre certos elementos específicos seguindo suas inclinações pessoais que são próprias.

Então um presta atenção na cor, outro nos tamanhos, outro nas linhas, outro no som, e assim sucessivamente conforme o cárater é visual, plástico, auditivo, etc

Quanto aos outros aspectos pode haver confusão, especialmente quando os fatos são evocados após décadas ou dezenas de anos.

Num segundo momento é necessário dizer que os apóstolos jamais tiveram em mente oferecer ao grande público uma biografia científica ou positiva de Jesus nos talhes exigidos pela contemporaneidade. É a biografia científica produto do nosso tempo e por assim dizer ignorada pelos antigos judeus... os gregos e romanos de certo modo e maneira anteciparam-na, os hebreus da antiga Palestina não...

Eles jamais pretenderam fornecer-nos a ficha completa de Jesus começando pelos avós e terminando com os autos do sepultamento. Segundo o esquema da época e do lugar, os autores selecionavam o que era mais importante ou interesante para sim mesmos ou para seus leitores, sem se preocuparem com o resto e omitindo por assim dizer etapas inteiras da vida do biografado.

Tal a infância ou a juventude do Mestre... Via de regra os biografos da antiguidade passavam do nascimento e da primeira infância a primeira maioridade dos biografados e por um motivo bastante simples: naqueles tempos bárbaros a criança bem pouco valor.

Elas sequer podiam aproximar-se facilmente de Jesus, segundo lemos no Evangelho.

Como é assaz sabido de todos esta triste situação só começo a mudar após o 'Emílio' de Russeau, ou seja partir do décimo oitavo século...

Tampouco detinham-se os biografos na fase idosa ou na velhice de seus biografados, a qual por ser uma fase de declínio físico e mental era bastante depreciada pelos antigos.

Consistiam pois as biografias antigas em sua maior parte em marcar o nascimento, focalizar os sucessos da fase adulta da vida e marcar as circunstâncias em que o sujeito veio a morrer.

Uma crítica comumente direcionada a nossos evangelistas consiste em alegar que aquilo que é narrado por um não costuma ser narrado por outro...

Não se trata aqui de informações contraditórias ou diferentes mas de pura e simples omissão por parte de um do que havia sido declarado da parte de outro.

Com que solércia os sofistas desta geração não recorrem ao ultra capicioso argumento do silêncio com o objetivo de desacreditar a história evangélica. Mesmo sabendo que tal argumento não é muito bem recebido nos tribunais profanos...

Por outro lado não fossem as omissões ou o silêncio teriamos quatro narrativas quase que iguais. Neste caso os mesmos senhores que acusam os evangelistas de contradição ou de omissão, acusa-los-iam de complot e fraude asseverando que inventaram a história inteira de combinação.

As omissões no entanto dizem justamente respeito a personalidade do autor e ao fim ou destino que pretendia dar a sua obra.

Naturalmente que todos partiram de um quadro comum: natividade (Mt e Lc) - ministério (Mt, Mc, Lc e Jo) - ceia (Mt, Mc e Lc) - Morte (Mt, Mc, Lc e Jo)  - ressurreição (id) e exaltação (Mt, Lc e Jo); que tomaram de empréstimo uns aos outros e adicionaram informações específicas ou direferenciadas.

Lucas, que é o hagiogrado mais distinto e cuja obra baseou-se em modelos gregos - como Dioscorides - entregou-se ao que tudo indica a pesquisas ou entrevistas enquanto os demais, ou recorreram a própria memória, como João ou a outras fontes escritas sejam elas inspiradas ou não, como no caso de Marcos e da versão grega de Mateus. O próprio S Lucas no prefácio de sua obra dá a entender que já haviam diversos relatos escritos circulando, sejam o Ev de Mc, o núcleo aramaico de S Mt, o Ev dos hebreus, o proto Evangelho de Tiago, os originais a que pertenciam os fragmentos recuperados em Oxyrhinca, etc

Importa saber que nossos Evangelhos foram escritos em momentos e locais distintos tendo em vista públicos distintos e não é crível que seus autores ignorassem ou não levassem em conta a predileção do público.

De Marcos se sabe que escreveu em Roma, a partir dos apontamentos de Pedro, logo após sua chegada (50/55). Sendo Pedro já um homem idoso. No caso, os semitismos ali presentes, podem provir do próprio Pedro.

Dizem que Marcos levou em consideração a inclinação dos romanos para o miraculoso. Pois naquele tempo, a excessão dos filósofos que eram uns poucos, o povo em geral era inclinado a mágia, a feitiçaria e a superstição. Daí ter ele explorado este viez e composto pos assim dizer uma relação de milagres e prodigios realizados por Jesus, o que deve ter agradado bastante o paladar os antigos romanos, seus leitores.

Mateus ao que parece, reproduziu as palavras ou a pregação de Jesus com o intuito de evangelizar seu próprio povo isto é os judeus e os padres antigos asseveram que as Cristandades ebionitas dos primeiros séculos empregavam apenas este Evangelho juntamente com o dos hebreus confeccionado por eles mesmos, mas segundo Jerônimo, a partir de material autêntico. Eis porque o Evangelho de Mateus recorre repetidamente ao testemunho dos antigos profetas e aborda repetidamente questões de natureza legal, tradições e costumes judaicos.

Lucas parece ter escrito em Antióquia ou na Acaia, em grego de certa qualidade, pautando-se em modelos gregos e após ter feito algumas pesquisas. Seu Evangelho parece ter sido escrito para os gentios de lingua grega, ou para a igreja de Paulo, segundo se diz... é um Evangelho de espírito bastante elevado que nos apresenta Jesus acolhendo aos pobres, as mulheres, os publicanos, etc ou seja que nos apresenta um aspecto fundamental de seu ministério e de sua mensagem.

João, que escreveu muito depois dos três primeiros evangelistas, certamente tinha conhecimento de seus relatos. Daí a iniciativa de complementa-los fornecendo informações de natureza subsidiária.

Além disto parece que ele pretendeu salientar a natureza pré humana ou divina de Cristo numa época em que alguns principiavam já a questiona-la introduzindo novidades na Igreja.

Disto decorre muito claramente que cada qual priorizou este ou aquele fato segundo o objetivo a que se propoz ou melhor o grupo a que se propos atingir. Eis porque não estamos diante de quatro relatos idênticos ou copiados um do outro, mas de quatro relatos autônomos, inda que inter relacionados pela partilha dos mesmo arcabouço: Nascimento, ministério, ceia, paixão, morte, ressurreição e exaltação de Cristo.

E se o conteúdo dos Evangelhos tivesse sido pura e simplesmente inventado???

Quanto a possibilidade de que a história de Cristo tivesse sido inventada, deveriamos perguntar muito seriamente porque os judeus, seus sacerdotes e rabinos e em seguida os filósofos pagãos não desmascararam o invento. Sim pois via de regra, caso excluamos o nascimento virginal e a ressurreição (que tais grupos não podiam admitir pelo simples fato de não serem Cristãos), os judeus e os filósofos concordam em quase tudo conosco e confirmam os relatos de nossos Evangelhos, inclusive no que diz respeito aos milagres de Jesus. Milagres que os judeus atribuem ao Diabo e os filósofos pagãos a feitiçaria, mas que de modo algum ousam negar.

Também o Jesus apresentado por eles é batizado, chicoteia os vendilhões, sobe a montanha, faz milagres e é traido, torturado e executado sobre uma Cruz. Diante disto como não perceber que confirmam o essencial de nossos relatos até onde um não Cristão é capaz de confirma-los???

Também fica dificil compreender, caso os Evangelhos tenham sido inventados, a concordância essêncial e as discrepâncias acidentais, a primeira confirmando que a história é verídica e as outras excluindo a possibilidade de combinação.

Por outro lado a reunião de tantos tipos e profecias ali consignados exigiriam a participação de um escriba ou doutor que fosse perito nas Escrituras; ao invés de doze rudes pescadores dos confins da galiléia das nações, os quais eram tidos em conta de imbecis pelas autoridades religiosas de Jerusalem. E no entanto, esta memória tão convincente por sua organicidade e coerência não saiu dos altos círculos de Jerusalem mas do círcuito do Kinereth, coisa dificil de se acreditar...

Outra coisa dificil de se compreender é porque os inventores levariam a patranha adiante sem obter quaisquer vatagens ou porque insistiriam a respeito dela mesmo sob a ameaça de morte??? Porque supliciados não se retrataram como é típico dos embusteiros?? Geralmente que inventa alguma estória é porque visa algum beneficio... os apóstolos no entanto receberam cadeias e chicotadas, e enfim o cipo!

Dirá alguém que eram loucos... Neste caso como poderiam ter produzido um relato ao mesmo tempo simples, coerente e persuasivo; sem incidir nos devaneios e caprichos tipicos da alienação mental. Que quatro loucos tenha concordado em arquitetar uma narrativa assim tão coerente parecenos o cumulo do absurdo.



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