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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fundamentos do Cristianismo > A quem foram entregues as profecias

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É hoje um 'quase dogma' a ideia segundo a qual apenas os judeus receberam comunicações ou advertências sobre a futura Encarnação do Verbo.

E que os demais povos e nações da terra foram arbitrariamente excluídos pela divindade, a qual não teria empenhado qualquer esforço no sentido de prepara-los para tão significativo evento.

Teriam assim permanecido no escuro ou na mais completa ignorância a respeito da aparição do Senhor Jesus Cristo e não teriam sido previamente convocados para a recepção do Evangelho.

Tal a concepção tosca prevalecente nestes dias de decadência e obscuridade.

Amplamente divulgada tanto pela moderna literatura protestante quanto pela moderna literatura romanista, em que pese não corresponder a crença dos antigos padres segundo a qual o gênero humano como um todo - Isto é cada nação - havia sido previamente convocado pela divindade com o objetivo de abraçar a instrução divina e entrar na sociedade da Igreja.

Tal a opinião de Justino Mártir para quem Heráclito, Platão e outros homens ilustres da Grécia haviam sido divinamente nimbados pela luz da profecia e informados sobre a vinda do divino Mestre. Tal o parecer de S Clemente de Alexandria o qual em sua trilogia: Stromateis, Pedagogo e Protréptikos apresenta não apenas Sócrates e Platão mas inclusive Homero e Hesíodo como profetas da gentilidade. Tal a compreensão do grande Eusébio de Cesarea exposta na 'Preparação Evangélica'. Lactâncio Firmo admitiu ter Sócrates anunciado o Cristianismo antes de Cristo... Tal a fé de Justino, Atenágoras, Orígenes, Teófilo, Tertuliano, Cipriano, Hipólito, Clemente, Comodiano, Maternus, Arnóbio, Eusébio, Ambrósio, Agostinho, Cirilo de Alexandria, Eustatius de Saloniki, Suiudas, etc Os quais amiúde citavam os oráculos sibilinos a par dos oráculos judaicos, ou seja, em pé de igualdade com eles.

Dando continuidade a esta tradição imemorial Cellano assim se expressa no 'Dies irae': Teste David cum sibila querendo significar que tanto as Sibila quanto os Salmos continham advertências proféticas.

Dante também faz alusão a tais oráculos e mais ainda recentemente o Padre Caldéron de La barca numa de suas peças. Giotto e Michelangelo inclusive não hesitaram em representar as tais profetizas pagãs nas igrejas papistas da Itália.

O já citado Lactâncio também encontrou alusões a Jesus Cristo no antigo Corpus Hermeticum... Ele foi seguido em sua opinião por Ficcino, Pico de La Mirandolla, Campanella e mesmo Giordano Bruno. 

Um após o outro os padres referem sucessivamente e a opinião de Platão a respeito da necessidade de que "Um instrutor divino." se manifestasse entre os mortais para informa-los com exatidão sobre as coisas santas e divinas.

Virgilio, em nome da Sibila assim se expressa:

"Chega por fim a idade prometida
Nos versos de cumea; novos erros
vão descerrar-se em magestosa série
Astrea volta, voltam de Saturno
Os tempos venturosos; raça nova
D homem nos manda agora o céu supremo
Concede teu favor, casta Lucina
Ao menino que nasce; ele no mundo
Extinguindo primeiro os férreos dias
Fará surgir os séculos dourados

Deixando suficientemente claro que nem todos estes oráculos eram falsificações elaboradas 'a posteriori' por Cristãos. Afinal o mantuense florescerá sob Augusto César e falecerá antes do nascimento de Cristo e do advento do Cristianismo. 

Tacito e Suetonius referem que a esperança do Messias era comum a todos os povos do Oriente e não apenas aos judeus.



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Temos aqui mais alguns testemunhos da Sibila:

Europa: "Sob um pequeno alpendre, aberto, inabitado
O Rei dos reis nasce pobremente."

Helespôntica: "Uma santa jovem, sendo mãe e Virgem
Conceberá um filho de poder imortal
Ele será deus da paz e o mundo, perdido
Será salvo por ele."

Egipcia: "O Verbo se fez carne, sem poluição
Duma Virgem ele toma seu corpo."

Amalthea: "Deus para nos resgatar, toma humana vestidura."

Cumes: "Virão adora-lo humildes prosternados
lhe oferecerão ouro, incenso e mirra."

Eritrea: "Vejo o filho de Deus vindo do Olimpo
Entre os braços de hebréia Virgem."

Cassandra: "Nos campos de Belem, em lugar agreste
Eis que uma Virgem se torna mãe de Deus."

Samiense: "De espinhos se cobre sua fronte e é entregue a morte."

Ancira: "Ele sofre rude golpe e morto esta
Sem sua morte morrerriamos presos ao pecado."

Libica: "Um rei do povo hebreu sera o redentor
Bom, justo e inocente. Pelo pecador mortal muito sofrerá."

Pérsica: "Com grande modéstia
Conquanto rei, montado sobre um asno
Fará sua entrada em sion e injuriado
Condenado pelos maus, sofrera a morte."

Delfica: "Ele sofrera a morte para da morte
Resgatar os povos todos."



Profecias ou fantasias???


Tais referências, a Jesus Cristo no corpo do antigo paganismo, são tão abundantes que os neo pagãos chegaram a formular a tese segundo a qual o Jesus histórico jamais teria existido, mas apenas imaginado pelos antigos pagãos.

Como haveremos de certificar mais adiante esta solução comporta dois erros capitais:

1 - A negação arbitrária da existência histórica de Jesus. Quando sabemos que sua existência histórica é assinalada por diversas fontes judaicas e pagãs, assim o Talmud, Josefo (No original citado por Agapius), Tácito, Plínio e Suetonius bem como por evidências circunstanciais (A existência histórica de Paulo, Pilatos, etc) e mesmo arqueológicas, como a existência do túmulo de Pedro e de outros apóstolos. 


Teoria ultrapassada por sinal e digna apenas de homens mal informados dos séculos XVIII e XIX como Dupuis e Bossi.

Os homens bem informados e sintonizados com as descobertas arqueológicas mais recentes optam preferencialmente por pesquisadores como Vermes e Crossan...

2 - Não ter sido adotada pelos críticos pagãos que se achavam bem mais próximos das origens do Cristianismo do que nós. Assim Fronton, Porfírio, Jamblico, Hierócles, Celso, etc Os quais compuseram obras 'monumentais' com o objetivo de demonstrar não que Jesus Cristo inexistisse, mas que não passará de um homem grosseiro e vulgar ou de um bárbaro judeu sem mérito algum.

Agora caso Jesus Cristo jamais tivesse existido como tais homens, imperadores, governadores, administradores, filósofos, etc poderiam ignora-lo a ponto de se darem ao trabalho de 'pugnar contra moinhos de vento' ou gigantes imaginários a semelhança do Quixote... Nada mais humilhante para os defensores do paganismo antigo do que a solução proposta pelos neo pagãos, de cuja validade resultaria terem sido eles perfeitos idiotas! Afinal tinham acesso aos arquivos ainda não destruídos pelas invasões árabes e germânicas, bastando-lhes recorrer a tais registros e levantar material e documentalmente o processo de Jesus Cristo, demonstrando não ter passado ele de um mito ou invenção e pondo fim a questão, ficando o Cristianismo desmoralizado!

Mormente quando homens classificados como rudes, a exemplo de Justino e Tertuliano terem registrado em suas obras que os documentos a respeito da existência de Jesus achavam-se arquivados nos arquivos do Estado romano, o que é absolutamente plausível uma vez que tais arquivos não eram apenas muito bem organizados mas repositório de toda sorte de informações concernentes a administração pública e assim dos censos imperiais, relatos de sedições, sentenças, decretos, execuções, etc O que, ao tempo de Jesus, era igualmente observado entre os judeus. Apesar disto quem ousou dizer que Justino ou Tertuliano haviam mentido ou mistificado??? E estamos em plena Era das perseguições???

Uma vez que bem podiam ter executado tão grandioso plano sem maiores problemas por que raios não o fizeram, dando-se ao trabalho nada glorioso de tomar a sério uma fantasia produzida pela imaginação exaltada de um grupinho de judeus ignorantes??? Quando poderiam - desmoralizando por completo o Cristianismo - ter poupado tanta efusão de sangue, e armas, e soldados, recursos, dinheiro, etc Por que o Império não tomou esta via, tão menos custosa, ao invés de encetar uma perseguição inútil e contraproducente??? Acaso não sabiam os líderes do Império - gente estudada nos Líceus e Acadêmias - que estavam a combater um fantasma???

Digam-me agora se tomar semelhante patranha - Da existência histórica de Jesus - por verdadeira não é sinônimo da mais crassa estupidez??? E no entanto esses homens 'estúpidos', esses idiotas, esses otários são Jamblico, Hierócles, Juliano, Celso, Porfírio, Fronton... A nata ou a fina flor da cultura romana! Dar Jesus por inexistente é dar a intelectualidade clássica, greco romana e fiel ao paganismo antigo por inepta!

Nada mais mortificante para a antiga crítica pagã anti Cristã do que a crítica neo pagã. Pois significa que todos esses homens ilustres, imperadores, governadores, filósofos... Fizeram foi tempestade em copo dágua e meteram os pés pelas mãos quando poderiam ter destruído o inimigo ainda no berço demonstrando a inexistência de seu fundador.

E os escribas, fariseus e rabinos por que não fizeram o mesmo ao invés de terem se dado ao trabalho de compor o Toledoth Yeshu??? Por que cargas dágua infamar ou denegrir um mito ou alguém que jamais existiu??? Por que os antigos judeus não declararam desde o princípio - Sob a proteção do Império pagão - que Jesus de Nazaré jamais havia existido mas sido inventado pelos apóstolos ou imaginado por eles? Por que optaram por fazer o jogo de seus odiados inimigos apresentando o mito Jesus como um apóstata, sedutor e feiticeiro ao invés de terem gritado aos quatro ventos que Jesus jamais existira? Será que também eram tão estúpidos quanto os líderes do paganismo?

Neste caso quem escaparia a pecha de idiota nos primeiros séculos??? NINGUÉM... E agora vejam só o resultado: Uma dúzia de judeus analfabetos, iletrados, rudes, grosseiros e estúpidos executaram a façanha de enganar o universo ou o mundo como um todo, fazendo com que acreditasse num ser que jamais existira! E não houve uma alma sequer, judia ou pagã, que atreveu-se a revirar os arquivos imperiais e dar com o logro!!! É dar o mundo antigo, como um todo, por trouxa!

A questão se torna bem mais complexa e indesejável caso admitamos não apenas que Jesus Cristo tenha existido historicamente - O que chega a ser uma obviedade - mas que há motivos suficientes para acreditarmos nos relatos contidos nos Evangelhos. Pois neste caso teríamos de explicar justamente porque parte dos eventos relativos a existência dele teriam sido previamente anunciados por judeus e pagãos, o que de modo algum se explica por via natural, colocando os dogmas do naturalismo, do materialismo e do ateísmo em cheque! Eis o que se quer evitar recorrendo-se ao expediente desonesto e vergonhoso de negar a existência histórica de Jesus Cristo, sem atinar que esta solução é demasiado recente. E que jamais ocorrera a qualquer adversário seu nos primeiros séculos desta Era, quando justamente deveria ter ocorrido!


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