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A consciência histórica do Cristianismo

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Jesus, a figueira e a incredulidade... tentativa de resposta ao pensador Bertrand Russel

Há no evangelho uma narrativa aparentemente desconsertante a respeito duma figueira que Jesus fez secar.

Segundo o primeiro Evangelho estava Jesus passando perto duma figueira quando sentiu o estomago roncar ou seja sentiu fome, assim sendo aproximou-se da árvore frutífera em busca de frutos e não tendo dado com eles, proferiu uma 'anatema' fazendo-a secar...

Desde então tantos quantos tem permanecido insensiveis face ao corte de milhares de espécies de árvores em vias de extinção tem clamado contra a insensibilidade do Senhor Jesus Cristo, e até mesmo classificado seu ato como supinamente cruel e indigno dum espírito elevado quanto mais de um 'deus'...

Acontece que estes mesmos críticos parecem não incomodar-se quando raríssimos exemplares de embuias ou canelas são convertidas em mesas, cadeiras ou pratelerias pela indústria capitalista... arboricidio cometido em larga escala e a luz da civilização... no entanto os críticos de Jesus tomam assento sobre tais peças...

Então esses mesmos que pouco ou nada fazem pelas espécies em extinção debastadas pelas madeireiras 'descem a madeira' em Jesus Cristo por causa da figueira que ele por pura maldade teria feito secar ou matado...

Dentre os que mostraram-se indignados perante a narrativa, destaca-se o pensador inglês Bertrand Russel, o qual manifestou toda sua revolta num debate que teve com o Padre Compleston, debate do qual resultou em parte o livro 'Porque não sou Cristão', ora um dos motivos elencados pelo matemático britânico era justamente a insensibilidade ou crueldade de Jesus o qual fizera secar um pobre arvoredo por motivo fútil ou melhor sem qualquer motivo.

Para complicar ainda mais a questão o segundo evangelista Marcos, fez observar que 'Não era tempo de figos.' portanto Jesus não poderia ter dado com figos na pobre árvore e muito menos ter ido procura-los, salvo fosse verdadeiro energúmeno como alega o Dr Binet Sanglé em sua monografia a respeito da loucura de Jesus, o qual comenta este e fato a saciedade pretendendo tirar largo proveito dele. Jesus foi procurar figos numa figueira mesmo sabendo que não haveria de encontra-los por não ser tempo de frutos, esta atitude só se justifica num doido conjectura o mesmo clínico francês e com ele o matemático inglês e outros tantos críticos.

Dentre os Cristãos, mesmo ortodoxos e conservadores, não poucos repudiam a narrativa enquanto outros tantos sentem na mente o travo dos Evangelhos apócrifos da infância nos quais Jesus, como uma divindade pagã, fustigava plantas, animais e homens por mero capricho ou mesquinharia. Ocorre-me de ter lido numa dessas narrativas o relato de como Jesus havia maltratado seu professor na escola bem como alguns de seus amiguinhos... Há quem diga que este fragmento de Marcos, no qual Jesus 'despeja sua colera sobre a figueira' pertencem a tal gênero de estórias...

Isto é o que esta escrito e tal o veredito dos críticos.

Diante dsisto que temos nós a dizer???

Diremos primeiramente que Jesus não fez matou uma árvore em vias de extinção para com ela fabricar qualquer tipo de móvel ou tralha...

Num segundo momento convem esclarecer que a figueira era um tipo de árvore frutifera assaz comum na Palestina do tempo de Cristo sendo comumente mencionada no Testamento antigo - cerca de dez vezes - no Talmud e nas sifras dos judeus.

Neste sentido sendo a maior e mais difundida, era a figueira o protótipo de árvore frutífera naquele pais.

Figueira e árvore frutifera; figos e frutos eram como que expressões analogas, quase que uma sinonimia.

Por outro lado é assaz sabido que para excitar os homens de boa vontade na busca pela verdade, o Verbo encarnado servia-se comumente de parabolas ou comparações tomando por exemplo os vegetais, animais e oficios do campo, assim a mostardeira, a videira, os passarinhos, os peixes, o pastoreio, o vinho, etc

Assim querendo ilustrar a natureza racional que não produz obras virtuosas e nobres, refere-se a árvore que não dá fruto. Os evangelhos a excessão de Lucas empregam o termo genérico de árvore sem explicar qual fosse ela, Lucas no entanto refere que a árvore citada pelo Salvador na comparação era uma figueira (Lc13,6), ora a narrativa ou fragmento de Lucas reproduz praticamente a atitude do divino Mestre face a figuieira sem frutos tal como descrita em Mateus e em Marcos.

Portanto Jesus não limitou-se a fazer secar a figueira como supõe alguns, mas após faze-la secar explicou o significado da ação cometida por si ou seja ele exerceu a ação tendo em vista extrair um ensinamento dela.

Destarte percebemos já a finalidade dídática do ato envolvendo a figueira, tipo de atividade ou ação caracteristica dos profetas israelitas e mesmo de alguns filósofos gregos.

No caso a figueira que secou ou que viria a ser cortada pelo agricultor, significaria o ser racional que não produz ações virtuosas e nobres. No sentir de Jesus da mesma maneira como o fim de uma árvore frutifera era produzir frutos e bons frutos o fim da vida racional era produzir obras e boas obras... dai ter esclarecido que a árvore sendo boa ou sadia produzia frutos saborosos enquanto que sendo má ou doentia produzia frutos desagradáveis, querendo significar que a natureza boa produzia boas obras, enquanto que a natureza má produzia obras más.

Implicava pois a ação de Jesus num ensinamento ético importantíssimo tanto para os apóstolos quanto para a Cristandade e ao próprio gênero humano.

Por outro lado, como crianças, o povo daquele tempo carecia de lições sensiveis tendo em vista compreender o ensinamento divino. E Jesus, como grande pedagogo, devia acomodar-se até onde fosse possivel ao nivel deles.

Resta esclarecer a derradeira objeção sempre mencionada pelos contrários de que na narrativa Jesus foi procurar figos quando não era tempo de figos.

A respeito desta aparente 'insensatez' manifestada pelo divino Mestre devemos compreender que a ação do Senhor, para ser perfeita, deveria conter todos os significados de natureza ética.

Neste caso procurar os frutos fora do tempo parece significar ue a manifestação da morte física ou do juizo final é sempre repentina ou imprevisivel ou que a morte do crente pode sobrevir num momento dificil, no qual o exercicio da virtude ou a prática das obras exija certo sacrificio ou violência até o heroismo. Importa dizer que o membro de Jesus Cristo, por obras da divina graça, deva produzir obras santas e piedosas mesmo quando as condições externas foram as mais adversas. Pois a morte e/ou Jesus podem requisitar-nos justamente em tais momentos de dificuldade...

Daí a necessidade de vigiar na comunhão com Jesus Cristo e de sempre estar o Cristão disposto aos maiores sacrificios pelo Reino dos céus tendo em vista a prática regular e inflexivel da virtude.

O Senhor se manifestará a nós numa hora qualquer da vida. Hora que não nos é dado saber nem conhecer.

Então, ao contrário da figueira que não pode adubar a si mesma, devemos sempre lançar o adubo divino da graça e dos sacramentos em nossas almas imortais para mante-las fecundas e produtivas em todo tempo e lugar e assim manter-nos sempre dignos do Senhor Jesus Cristo, o qual vindo a nós nos tempos mais adversos sempre encontrará alguma obra boa pela qual seremos identificados como membros vivos do seu corpo, dispostos para a vida eterna.

Tal o significado do Senhor ter ido buscar frutos a figueira quando não era tempo de frutos. Isto diz respeito a natureza racional que podera ser vizitada em tempo inadequado para o bem, devendo mesmo assim estar preparada para deitar frutos bons.

Destarte Jesus sacrificou uma dentre milhões de figueiras não por motivo material e futil, como a indústria madeireira, mas com o nobre objetivo de satisfazer a condição primitiva da mentalidade de seus ouvintes e de fecunda-las com um ensinamento util e proveitoso.

Devo acrescentar por fim que a narrativa sem enquadrar-se nos moldes do naturalismo nem por isto deixa de ser ilustrada pelo fato comprovado segundo o qual algumas pessoas possuem a faculdade de secar arvoredos, de acelerar o crescimento dos vegetais e o amadurecimento de frutos, de mumificar certos frutos e pequenos animais, etc Todas estas capacidades puramente mentais tem sido fartamente verificadas e comprovadas pela metapsiquica ou parapsicologia. É possivel ou provavel que o divino Mestre possui-se a dita capacidade em mais alto gráu tendo em vista sua condição excepcionalmente perfeita.

Basta-nos porém ter elucidado a questão de Jesus ter feito secar a figueira.

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