O verbo se fez carne...

O verbo se fez carne...

A mãe do Verbo Encarnado

A mãe do Verbo Encarnado

A consciência histórica do Cristianismo

A consciência histórica do Cristianismo

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Jesus e o vegetarianismo. Porque Jesus não abraçou o regime vegetariano???

Sei quão polêmico é abordar o tema do vegetarianismo, mormente quando nossa perspectiva é Cristã ou melhor Católica.

Para alguns dos nossos o hábito que comer carne vermelha é quase que um dogma de fé uma vez que Jesus deve ao menos ter comido carne de carneiro durante a Páscoa dos judeus, a qual correspondia a um ritual carnivoro. Que Jesus Cristo tenha ingerido carne branca ou alimentado-se de peixes é afirmado narrativa evangélica...

Nem nós aqui propomos ou sustentamos o vegetarianismo absoluto. Nosso questionamento aqui diz respeito apenas a carne vermelha ou ao consumo da carne de nossos irmãos mamiferos quais sejam cavalos, porcos, bois, cabras, etc animais nos quais apresenta-se já elevado indice de inteligência e impulsos de natureza sentimental, o que não pode mais ser ignorado pelo homem moderno.

Durante o passado século, e até algumas décadas, era comum ouvirmos as pessoas mais rudes e ignorantes, mormente quando inspiradas pela fé Cristã, exclamarem que os animais não tinham alma ou espírito imortal porque não pensavam e não partilhavam de nossos sentimentos...

Sem embargo disto Voltaire já havia refletido sobre as capacidades dos animais e salientado que são capazes de pensar e de sentir em termos muito próximos dos nossos. Naturalmente que ele sacou as inferências em termos bastante escandalosos para o tempo...

Ou eles e nós partilhamos do mesmo espírito imortal em niveis ou escalas diversas; ou somos ambos - os animais e nós - isentos de esperança para a imortalidade...

Devo dizer ainda que os preconceitos 'cristãos' determinaram que não poucos, diante dos fatos, chegassem a segunda conclusão e despenhassem nos abismos do materialismo.

Tais as consequências dos falsos dogmas que nada tem de Cristãos.

Como a suposição de que os animais não pensam, não sentem e, por consequência, que não são dotados de qualquer espírito imortal que sobreviva a morte.

Perante os fatos esta suposição miserável e tola deve ceder. Ou mais uma vez e cada vez mais a instituição Cristã será levada a barra do tribunal da consciência e velipendiada pelos materialistas e ateus... Graças a dogmas falsos que jamais foram revelados pelo Senhor Jesus Cristo ou expressamente ensinados por ele.

Agora percebermos que alguns Cristãos sequer desejam ouvir o que temos a dizer sobre os animais superiores e a condição deles por causa do liberalismo econômico ou do mercado, parte do qual dedica-se a matança de mamiferos tendo em vista motivos de ordem dietética...

Devemos manter vivo o costume de comer carne e combater o vegetarianismo como uma praga ou heresia porque ameaça o mercado carnivoro.

Sabem os escravos e servos do mercado para onde tais ilações a respeito da condição dos mamiferos superiores podem levar e por isso, alguns deles ousam alegar que Jesus era carnivoro até converte-lo em patriarca da carniçaria. Com isto eles pensam, como todo idiota, ter cortado passo a questão...

Veremos no entanto que não é bem assim.

Para começo de conversa diremos que esta recusa a refletir a respeito da condição dos mamiferos ou dos animais superiores por parte dos paladinos do liberalismo econômico, é analoga a recusa dos escravistas dos séculos XVI - XIX face a condição dos indios e negros, a respeito da qual eles se recusavam discutir apenas porque auferiam beneficios de ordem econômica.

Por isso auferir vantagens de natureza financeira constitui sempre péssima motivação ou argumento nos pódromos da filosofia ou do pensamento humano.

Todavia da mesma maneira e modo como nossos antepassados ousaram refletir a respeito da condição dos homens que pertenciam a outras raças humanas - que eram considerados 'inferiores' e que por isso mesmo sujeitos ao trabalho escravo - devermos dar um passo além e ousar refletir livremente a respeito da condição dos animais superiores ou mamiferos, partindo dos dados que nos tem sido apresentados pela ciência e tirando as consequências lógicas...

Há mais de cem anos o engenheiro Garcia Redondo abordava já o tema pisado por Voltaire e antecipava-se as conclusões tiradas pela ciência contemporânea, então nós não podemos esperar mais.

Quanto a alegação de que Jesus Cristo era carnivoro rebato dizendo que ele jamais foi descrito saboreando um churrasco!!! Ou melhor dizendo consumindo qualquer tipo de assado ou de carne vermelha mas apenas e tão somente peixe...

No que tange ao ritual da Páscoa, por mais que lhe repugnasse a consciência, é certo que como judeu inserido na cultura judaica, Jesus jamais poderia ter se furtado a ele ou recusado a manducar o cordeiro pelo simples fato de dizer respeito a festa religiosa mais importante dos judeus, povo semita de origem pastoril e portanto afeito ao padrão carnivoro.

Então aqui não se pode alegar que Jesus agia livremente, mas que era de fato constrangido pela lei religiosa.

No que diz respeito ao quotidiano no entanto e aos atos que são por assim dizer livres, não há qualquer registro de Jesus comendo carne de caça. Efetivamente a dieta do Salvador é amiude descrita como correspondendo a pão e peixe, o único tipo de criatura viva que ele de bom grado ingeria...

Nem se diga que a diferença é irrelevante ou que entre um boi, um porco e um peixe não há qualquer diferença. Bastam as conexões neuronais para certificar a larga, ampla e profunda diferença que há entre um mamifero e um peixinho do lago de Genezareth...

Supor absoluta igualdade entre mamiferos e peixes é rematada obra de má fé, desonestidade, patifaria... Basta mencionar que pertence a classes distintas e que homens não são peixes...

Os mesmos homens que são animais e mamiferos. Posto esta que o homem e demais mamiferos possuem a sensibilidade orgânica no mais alto gráu. Assim os niveis de percepção e consciência...

Não insistirei demasiadamente a respeito porque basta a nosso contraditor ler qualquer jornal ou revista ao invés de proferir tolices dignas dum pascácio...

Rebaterei dizendo que é estranha essa preferência de Jesus por pães e peixes já que estava inserido numa cultura amplamente carnivora. Mas nós jamais damos com o divino Mestre satisfazendo seus instintos carniceiros...

Também rebaterei a insinuação lançada por alguns a respeito de que o consumo de carne vermelha seja indispensável a espécie humana...

Basta dizer que Pitagoras, Teofrasto, Musônio Rufo, Apolônio de Tiana, Plutarco, Voltaira, Russeau, Tolstoi, etc foram adeptos do vegetarianismo sem que suas faculdades mentais tenham sofrido qualquer tipo de danos. Eu poderia ter citado outros tantos homens ilustres no campo da investigação científica, no entanto, como não desejos ser prolixo e fastidioso passarei logo a Repúblia dos Cristãos...

Em suas apologias Quadrato de Atenas, Aristides e Justino aludiam já a pessoas que tendo aderido ao celibato e a uma vida regular recusavam o uso de carne vermelha. Lamentavelmente o maniqueismo e o gnosticismo convertendo o vegetarianismo em dogmas por questões de ordem filosófica tolheram passo a esta instituição genuinamente Cristã, a qual deveria pouco a pouco ter conquistado todo corpo de Jesus Cristo.

Basta dizer no entanto que os pais do monaquismo Paulo e Antão eram vegetarianos, como Macarios e muitos outros. Dentre os padres antigos avulta Crisóstomo como adepto do vegetarianismo e após ele muitos outros santos Ortodoxos e romanos como S Filipe Neri, S Francisco de Paula, etc Dentre os protestantes John Wesley também abraçou esta nobre causa.

Então nem se pode dizer que o vegetarianismo seja uma heresia ou coloca-lo sob suspeita por causa dos adventistas ou da Sra White. Alias se os adventistas converteram o vegetarianismo como dogma partindo de considerações éticas nem merecem ser confundidos com os gnósticos e maniqueistas e tampouco ser sujeitos a qualquer tipo de censura. Pois nós também consideramos o vegetariamos como imperativo categórico a consciência Cristã esclarecida e uma condição para o progresso espiritual em Jesus Cristo.

Não porque tal alimento seja mau em si mesmo ou porque os animais carnivoros sejam maus em si mesmos como cogitavam os heréticos de outrora; mas justamente porque estando tais criaturas tão próximas de nós nos domínios do intelecto e do sentimento, não se compreende a que título possam ser imoladas e consumidas por nós. Mormente quando o homem tem a sua disposição já não digo vegetais, nem mesmo ovos e leite, mas aves e peixes, que são seres de condição inferior do ponto de vista físico, intelectual e moral.

Sirva-se pois aquele que necessitar de carnes brancas, mas abandone o uso de carnes vermelhas que tão perto esta do canibalismo e da antropofágia. E se deseje de fato imitar a dieta do Salvador que se limite a consumir pão e peixe uma vez que nossa páscoa já não consiste na manducação de cordeiros mas na ingestão de pão e vinho sob os quais repousa o Logos ou Verbo divino.

Certamente que Jesus não abordou este tema de dieta para não reforçar qualquer tipo de farisaismo. O qual desse vezo para que qualquer um se vangloria-se ou se considera-se superior aos demais. No entanto, é defeso a consciência Cristã examinar o assunto partindo dos principios e valores constituitivos do próprio Cristianismo e reformar-se a si mesma tendo em vista um nivel mais elevado de perfeição; mormente quando o que esta em jogo é a vida, sob quaisquer de suas manifestações.

Portanto que ninguém ouse fazer apologia da carniçaria ou converter o consumo de carne vermelha em dogma e subverter a consciência Cristã com o intuito de satisfazer interesses de outra ordem, completamente alheios a evolução e progresso espiritual dos seres humanos. Deixemos portanto, e sem qualquer receio, de sermos túmulos ambulantes para nos convertermos em templos vivos de Jesus Cristo, que com o Pai e o Espírito Santo é um só Deus Bendito para todo sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário