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A mãe do Verbo Encarnado

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A consciência histórica do Cristianismo

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sábado, 20 de abril de 2013

CIII - O conceito de Salvação nos escritos dos Santos Apóstolos 03





Resta-nos agora desfazer a suprema confusão implementada pelos apóstolos do pecado, ou seja, por tantos quantos postulam graça frágil e salvação fácil; sem mudança, penitência ou conversão do coração.

Hoje há anglicanos, romanos e mesmo ortodoxos; um número assombroso de Cristãos, alistados debaixo da bandeira da falsa salvação...

Eles vivem uma vida comum ou medíocre e creem que mesmo assim cumprem em suas almas e corpos o propósito de Jesus Cristo.

Acometem toda sorte de maldades a seus semelhantes e creem ser dignos da eterna salvação apenas porque vivem com o Santo nome em seus lábios ou porque muito rezam.

Creem que lhes basta a correção escrupulosa da fé ou que a frequência aos santos sacramentos seja suficiente para que mereçamos uma boa sorte no além túmulo.

Iludidos por falsos mestres e doutores; por sacerdotes ignorantes e pastores sem vocação eles julgam que um tipo de arrependimento meramente superficial ou teórico satisfaça a justiça de Jesus Cristo obtendo-lhes uma ressurreição de vida.

No entanto é necessário que as verdades amargas sejam ditas do alto dos telhados, quer agrade ou desagrade a quem quer que seja.

Pois caso um cego conduza outro cego irão ambos ao abismo; a menos que alguém os advirta.

Indício de crueldade em nossas almas seria contemplar nossos irmãos amados dirigirem-se ao abismo e nada fazer por eles.

Necessário é declarar: Cristandade esta senda larga e cômoda porque tens te embrenhado a cinco séculos não é aquela senda estreita e íngreme apontada pelo divino Mestre...

Ou como diria Kierkegaard não é senda do compromisso... Por que enquanto Cristo veio para tornar as coisas ainda mais difíceis para os escribas e fariseus; na medida em que tornava as exigências e condições mais duras, Lutero parece que veio - em nome de Paulo - para tornar as coisas mais fáceis e agradáveis.

Cristo apontando para a cruz do calvário esforça por deitar xarope amargo a boca do homem velho e carnal. Lutero deita-lhe logo a boca um gostoso torrão de assucar e lhe diz:

"Se Cristo aproximasse de ti exigindo ou solicitando alguma coisa sabe que é um diabo. Cristo nada exige de ti e nada te pede além da fé. Ele nada, nada te pede, te dá ou te oferta a salvação graciosa. E nada precisas fazer além de tomar posse dela..."

Evidentemente que uma 'novidade' destas... segundo a qual o homem nada precisa fazer. Deveria atrair as simpatias da turba multa, das massas e de toda gente inseta de heroísmo e abnegação.

Uma a uma as exigências do Evangelho são derrogadas por ele... até que não restam nem mesmo os fundamentos.

De fato em sua sabedoria o Verbo dispôs de perdão e indulgência a tantos quantos exercendo reparação e penitência pelas maldades de outrora; aspirassem por um novo começo e por uma nova vida; isenta de pecados e maldades e em tudo conforme a Santa vontade de Deus.

A esta obra divina chamamos regeneração.

Por meio dela é oferecida ao homem, que antes de seu encontro com Cristo viva segundo a lei de iniquidade, uma nova chance ou oportunidade. Com a condição de que produza frutos dignos de penitência...

Aqui o estímulo do indulto foi disposto para a correção.

Recebe o pecador convertido - após certo período de penitência destinado a reparação dos males que causou - o perdão divino para que não torne a cometer pecados.

Trata-se pois não dum sistema de perdão incondicional ou irresponsável que estimula o homem a pecar novamente; mas dum sistema de correção altamente eficiente.

No qual o indulto é oferecido em troca de compromisso.

Não é porta que se abre para que o homem possa pecar tanto mais facilmente e ser aliciado com falsas promessas de salvação. Não é brecha que se abre para criminosos obstinados e impenitentes...

Não é e jamais poderia ser uma proposta de perdão fácil e contínuo para estroinas sem consciência.

Não é festival em que o indulto é oferecido fácil e repetidamente...

Embora a Cristandade do tempo presente, seduzida por falsas promessas e propostas esteja convencida de que é assim mesmo.

Eis porque foi subvertida a instituição Cristão, de fábrica de santos e mártires como era nos primeiros séculos em fábrica de canalhas...

Que é este Cristianismo da salvação incondicional senão uma fábrica de psicopatas como Adolph Hitler.

Pois enquanto uns alegam que não há perdão possível para ele e que Hitler era uma espécie de 'prova viva' a respeito da necessidade de penas eternas; outros afirmam que o mesmo Hitler seria perdoado num instante, de todos os seus pecados, por uma ato de fé somente: sem qualquer necessidade de reparação ou penitência...

Aqui os extremos do protestantismo se tocam.

Pois se uns ignoram que seja a ilimitação da misericórdia divina outros ignoram que seja a virtude divina da justiça. Os infernistas desconsideram o primeiro fator supondo que as capacidades divinas conheçam qualquer tipo de limite; já os solifideistas ignoram que o Deus encarnado Jesus Cristo identifica-se com nossos irmãos mais pequeninos; membros de seu corpo. Membros nos quais sofreu e pelos quais exerce rigorosa justiça exigindo reparação.

Antes atraia o Cristianismo as almas mais fortes que aspiravam alijar a carga da iniquidade e tomar sobre si mesmos o jugo divino do bem e da virtude... Hoje atrai apenas degenerados cuja pretensão é justificar a continuidade dos pecados...

E tendo em vista justificar tipo de vida tão infame vem logo a baila com a fraqueza da vontade; pondo de lado, sem maiores cerimônias, a tão decantada soberania da graça. Afinal se a graça é assim tão soberana a ponto de quebrar ou de violar a vontade humana porque não seria forte e soberana a ponto de capacitar o homem a prática do bem e da virtude???

Como Lutero já dizia É O MISTÉRIO DE SUA MAJESTADE ou melhor: o mistério do protestantismo e de sua incapacidade moral.

Pois se não há capacidade moral não há qualquer evidência externa a respeito da posse da graça... pelo que podemos supor que não há graça alguma mas apenas discurso...

Acaso não declara o apóstolo: Deveis ser santos em todas as vossas ações, segundo esta escrito 'Sêde santos como eu sou santo'? I Pe 1,16

Como crer ou professar então uma santidade meramente externa ou aparente???

Acaso não declara o mesmo Pedro - I Pe 1,17 -  pouco mais abaixo: 'PELAS VOSSAS OBRAS SEREIS VÓS JULGADOS'???

Então como se diz que o homem se salva sem obras ou que se salva pecando???

Muito pelo contrário a cada página deste novo e perpétuo Testamento nos deparamos com censuras e advertências, e exortações no que concerne ao pecado.

'Vai e não peques mais!'

É ordem dada pelo Mestre amado a pecadora.

Agora respondei-me como poderia ela manter-se fiel ao Mestre amado e corresponder a sua vontade caso fosse impossível ao Cristão cessar de pecar???


Teria Jesus zombado da mulher e exigido o consecução duma meta impossível???

Que Cristo mentiroso nos apresentam os homens!

No entanto seja a verdade dada por verídica mesmo que Lutero tenha de ser proclamado mentiroso.

Pois se este diz que o homem se salva em seus pecados, em sua condição ordinária ou no exercício e prática da iniquidade; Jesus diz a pecadora perdoada que lhe é necessário deixar de pecar...

Eis porque aludindo ao Nome de Jesus, o primeiro Evangelista declara:

"PORQUE ELE VEM RESGATAR O POVO DE SEUS PECADOS."  Mt 1,21

E sabemos que esta preposição não é ociosa.

Eis porque diz Aquila: 'Assim se voluntariamente pecamos APÓS TERMOS OBTIDO O CONHECIMENTO DA VERDADE, NÃO HÁ REPARAÇÃO POSSÍVEL E APENAS ESPERANÇA DE JUÍZO TERRÍVEL A SEMELHANÇA DO FOGO ABRASADOR." Hb 10,26

E acrescenta que se deve resistir ao pecado 'até o sangue' 12,4; querendo dizer com isto que é mais vantajoso abandonar a vida presente do que causar qualquer tipo de dano ou prejuízo ao semelhante.

Pedro a seu tempo assevera que: "O amor isenta de muitos pecados."

Querendo dizer com isto que aquele que ama verdadeiramente evita pecar.

João no entanto, é dentre todos o mais terminante:




  • Aquele que nele permanece não peca - I Jo 3,6
  • Se o peca não o viu nem o conhece. - Id
  • Quem comete pecado é do Diabo - I Jo 3,8
  • Todo aquele que nasceu de Deus não prática pecados - I Jo 3,9
  • Não PODE PECAR porque é nascido de Deus - Id
  • Nisto podereis saber quem é filho de Deus e quem é filho do Diabo, porque cada qual procede segundo a vontade de seu Pai.
  • Aquele que nasceu de Deus não peca. - I Jo 5,18
  • A geração divina o protege e o maligno não pode atingi-lo. - Id


E apesar disto o mesmo João fez questão de declarar:

"Quem diz não ter pecado é mentiroso."

Teria entrado ele em franca contradição???

Se aqui diz ser mentiroso quem alega estar isento de pecado enquanto mais além, e em diversos declara que o bom Cristão não peca.

Como solucionar esta aparente oposição?

Por incrível que possa parecer a solução parece-me bastante simples:

Quando diz que nenhum de nós pode alegar estar completamente isento de pecados, alude João, muito provavelmente aos pecados cometidos nos tempos da ignorância - ou da juventude - i é, antes do encontro com Cristo Jesus. E não a situação dos Cristãos após a conversão ou no tempo presente; esta incompatível com a prática do mal.

Apesar disto os contrários costumam que tanto os escritos dos apóstolos - Tg 5,16 - quanto a própria tradição litúrgica da igreja supõe a possibilidade do Cristão pecar na medida em que aludem a necessidade de confessar os pecados e de rezar impetrando o perdão divino.

Donde se infere que de algum modo continue o homem a pecar mesmo após sua conversão; e a hipótese de que se salva em seus pecados ou cometendo o mal.

Efetivamente a questão mostra-se insolúvel caso adotemos a perspectiva protestante e seus preconceitos.

Referi-mo-nos aqui a doutrina segundo a qual todos os pecados pertencem a mesma categoria sendo por assim dizer graves ou mortais. Doutrina partilhada igualmente pelos antigos estoicos para os quais não havia muita diferença entre assassinar a própria mãe e quebrar o pescoço duma galinha.

Caso admitamos que todos os pecados são absolutamente iguais só nos resta consentir que de fato o homem afasta-se de Deus a cada dia e torna  a ele novamente pelo remorso ou dor de consciência no instante seguinte... num perpétuo unir e desunir...

Eis porque se faz mister recorrer a mesma fonte a pouco citada ou seja a primeira carta de S João capítulo quinto (Vs 16)

"Caso teu irmão cometa um pecado que NÃO É PARA A MORTE; rogue por ele e ele obterá a vida. PORQUE ESTE PECADO SEU NÃO É PARA A MORTE."

Eis porque toda Igreja Católica do Oriente ao Ocidente em sua Eutáxia faz suplicar para os fiéis o perdão dos pecados.

Tendo em vista os pecados leves ou veniais que de fato podemos cometer durante o curso da vida terrestre e mortal; mesmo após termos recebido o Santo Batismo e a regeneração celestial.

Porque este tipo de pecado, que diz respeito apenas a própria conduta e não ao semelhante, é impotente para romper o vínculo da graça e por assim dizer apartar o fiel de Jesus Cristo. Eis porque se diz que não extermina ou aniquila o princípio da vida divina e espiritual que esta em nós...

Quanto ao outro tipo, categoria ou gênero de pecados vejamos no entanto o que diz o teólogo:

"SE NO ENTANTO SEU PECADO É PARA A MORTE NÃO RECOMENDO QUE ROGUE POR ELE." 

Porque a vida espiritual, uma vez aniquilada pelo pecado mortal, não pode ser recuperada por meio de intercessões ou súplicas.

Porque estes pecados são os que dizem respeito a nossa atitude face ao semelhante.

Neste caso resta apenas 'o segundo Batismo' ou a 'segunda tabua de salvação' que é o sacramento da Exomologese ou Penitência; cujo objetivo é levar o pecador arrependido a reparar as consequências daquilo que fez.

Nos tempos gloriosos dos apóstolos, mártires e padres este recurso além de ser limitado - a uma ou três vezes - era dum rigor extraordinário; tendo em vista conduzir o pecador a uma compreensão tanto mais realista a respeito dos efeitos do pecado e leva-lo a odiar verdadeiramente este princípio.

Assim a disciplina severa mantinha vivo o amor e a fraternidade mútua; impedido os santos de causarem qualquer tipo de danos uns aos outros.

Quando a penitência canônica foi convertida em simples declaração ou confissão de pecados ou em simples orações e fórmulas a serem recitadas; eclipsou-se a disciplina e esfriou o amor dando lugar a este triste e calamitoso estado de coisas; a ponto dos Cristãos praticarem o mal e o pecado sem qualquer tipo de constrangimento ou como se se tratasse de algo comum, desculpável e compreensível.

Para a mentalidade da Igreja antiga ou primitiva no entanto não era.

E sequer se imaginava a simples possibilidade da graça coabitar com o princípio do pecado.

Portanto quando nos escritos dos antigos depara-mo-nos com tais alusões ao pecado como algo presente na vida do Cristão devemos compreender que se trata ou dos 'pecados da juventude' cometidos antes da adesão a Jesus Cristo ou de pecados que 'não são para a morte' ou seja de pecados que não comprometem a união da natureza racional com seu Senhor. E não em sucessivos e contínuos pecados graves ou mortais...

Outro não era o parecer do apóstolo predileto de Lutero. O qual assim se exprime em termos bastante claros:

"Onde superabundou o pecado, super abundou a graça."

E com a graça do Deus Bom e perfeito tudo quanto é bom: a virtude, a santidade, a perfeição, as obras, etc

Veio de fato Jesus para salvar os pecadores mas não dum diabo ou apenas do castigo espiritual; veio de fato salva-los da situação de pecado. Como médico das almas veio comunicar-lhes o remédio necessário para torna-las sãs e eliminar a enfermidade... Como pedagogo divino veio comunicar-lhes a verdade que imuniza e o antidoto do amor... Como pastor espiritual veio conduzir os fiéis ao aprisco da lei eterna.









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