O verbo se fez carne...

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A mãe do Verbo Encarnado

A mãe do Verbo Encarnado

A consciência histórica do Cristianismo

A consciência histórica do Cristianismo

sábado, 18 de abril de 2009

Tratado I - Exposição ao Símbolo - Pelo Profo Dr Domingos Pardal Braz, lente de filosofia.





Exposição ao Símbolo de Fé - Pelo Profo Domingos Pardal Braz, Lente de Filosofia, História e Sociologia.

Parte I - Introdução: Que é crer?



Como instituição divina que é, a Igreja Ortodoxa, Santa e Católica revindica para si mesma não apenas o direito, mas o dever de expor a sua clientela qual seja a autêntica fé comunicada 'Uma única vez aos Santos pelo Verbo encarnado Jesus Cristo.'
Ao contrário das seitas produzidas pela ação do homem ela não estimula seus fiéis a catar as verdades que sejam capazes de encontrar num livro ou a buscar migalhas. Por meio do raciocínio ou da técnica exegética o homem jamais conseguiria 'extrair' por assim dizer, a Revelação divina. Por meio da especulação ou da hermenêutica não lograriam obter qualquer luz sobrenatural. Por via natural não teriam como substituir a auto comunicação de Deus. Enfim, jamais ultrapassariam 'interpretação' individual, subjetiva e contraditória.
 
Daí Tertuliano assim exprimir-se: "Jesus não diz: Teu conhecimento bíblico ou tua perícia escriturística te salvou, mas TUA FÉ TE SALVOU." 

Tampouco ela, a Igreja, procura, busca ou investiga qualquer coisa, mas oferece aquilo que recebeu do Verbo. Pois o Verbo que tudo ouviu no seio do Pai tudo comunicou a Igreja, e por isso disse: Ide e ensinai a toda criatura... Tal a autoridade da Igreja que aquele que recusar-se a ouvi-la, deve ser tido em conta de pagão ou publicado. "A fé vem pelo ouvir." declara S Paulo.
Pelo ouvir a mensagem transmitida pela Igreja: Quem vos ouve a mim ouve e quem vos despreza a mim despreza, diz o Senhor! Não pelo examinar ou ler.
Comissionada pelo Verbo divino a igreja comunica a seus filhos tudo quanto lhe foi entregue por ele e instrue-os em toda verdade. Fiel a seu ofício, antes de batizar os povos, em nome da Excelsa Trindade, a mãe igreja ensina-os a respeito do quanto devemos crer e nos faz conhecer os elementos da fé.


E foi justamente para que melhor pudéssemos conhecer tais elementos que acabou dispondo-os sob a forma de artigos sequenciados num AMANA ou símbolo, o qual principiou a ser redigido pelos Mestres e Doutores congregados no primeiro Concílio Geral. Reunido em Niceia no ano 325 desta Era.

Sua forma no entanto só foi completada no segundo Concílio Geral, congregado em Constantinopla, sob Teodósio em 381. Ocasião em que os Santos padres exclamaram: 'Tal a fé de Teodoro, tal nossa fé.' referindo-se ao redator da fórmula definitiva: S Teodoro de Mopsuéstia, o expositor por excelência.
Este segundo Concílio fora presidido por Gregório, o teólogo; Melécio, Timóteo, Emanuel e Nectários tendo por objeto a condenação de Macedônio e de tantos quantos negavam a personalidade e divindade do Espírito Santo, professando o diteísmo.

O primeiro Concílio, presidido por Mar Eusébio, Skander e Oséias de Córdoba, sob Constantino César, teve por objeto a condenação do presbítero alexandrino Ario e de tantos quantos negavam a divindade de Jesus, professando o unitarismo ou arianismo, como passou a ser chamado.


A propósito, é sempre bom insistir que Constantino, apresentando-se como ignorante em matéria de fé, nada propôs ou decretou, protestou respeitar a autonomia dos Bispos e solicitou que eles expusessem clara e publicamente qual era a fé sempre professada pela Igreja, desde os tempos apostólicos.

O concílio não produziu um novo dogma ou tomou posse de uma nova verdade até então ignorada. Sua função foi externa, exprimir publicamente qual fosse a fé Cristã e Católica face ao Império, e expressa-la de modo claro e inquívoco uma vez que os arianos usavam-se da imprecisão ou da variedade linguística e cultural com que a fé era expressa para sabota-la. Diante disto os Padres, de 325 a 787 i é do primeiro ao sexto Concílio geral, debruçam-se sobre a Filosofia Grega com o objetivo de produzir um vocabulário técnico ou teológico capaz de conferir a profissão da fé uma exatidão o quanto possível absoluta,eliminando as controvérsias.

Conjuntamente foi esta fórmula ou Credo aprovado por quatrocentos e sessenta e oito padres; os trezentos e dezoito de Nicéia mais os cento e cinquenta de Constantinopla.
CREIO


Crer implica admitir a existência de algo que não se conhece por experiência, que não se toca, que não se ouve, que não se vê, que não pode ser apreendido ou captado pelos sentidos e tampouco ser deduzido por via racional.

Logo de algo que esta para além de nossa percepção e do próprio raciocínio, não por ser irracional ou formalmente contraditório mas simplesmente por não ser acessível. Jamais poderíamos saber que há uma Trindade caso sua existência não nos fosse revelada. Neste sentido cada elemento do Credo Cristão é, ao menos em, parte supra racional.

Podemos assim especular sobre a necessidade da ressurreição dos corpos, mas de modo algum assegurar sua necessidade absoluta do ponto de vista da natureza. Segundo alguns - Aristóteles inclusive - mesmo a doutrina da imortalidade da alma, demanda ser imposta por uma autoridade divina e transcendente para ser tida em conta de absolutamente certa. Já Platão acredita ser possível demonstra-la ou deduzi-la a partir da natureza e nós nos inclinamos por Platão. Seja como for a Revelação tende a lança uma luz mais profunda sobre ela e sobre seu fim último.

Com efeito, a certeza absoluta a respeito da realidade dos elementos da fé não procede da razão, embora esta possa propô-los e discuti-los a seu modo, mas da fé ou de Deus Revelador. É um tipo de saber comunicado pela autoridade externa e divina.

Assim embora não as conheçamos com certeza absoluta por parte da natureza, professamos tais verdades enquanto comunicadas por aquele que não pode enganar-se nem enganar-nos: O verbo encarnado Jesus Cristo. Tal a fonte de nossa fé.

Descrita pelo grande catequista alexandrino (Apolo) nos seguintes termos: "Certeza a respeito daquilo que não se vê." Hb 11,1 Do que não se vê por ser invisível. Do que não se vê por ter acontecido. Do que não se vê por ainda não se ter sucedido.

Crer é de alguma forma apostar na existência de algo que não podemos conhecer ou saber por via natural.

Não se trata de opinar ou de assentir parcialmente como quem duvida. Pois a fé não admite hesitação ou reserva. Cremos ou não cremos e não há meia fé.

Cremos porque existem evidências de justificam nossa adesão, mas não podemos demonstra-lo em termos empírico racionais. Pois essa evidências são de caráter histórico/profético e não de caráter metafísico.

Embora não seja demonstrável a fé não deixa de ser uma certeza. Certeza a que chegamos primeiramente por via da História, da profecia e subsequentemente da autoridade.

Podemos portanto defini-la como uma resposta dada pelo homem ao chamado do Deus que se revela. Aquele crê assente ou crê dá uma resposta positiva e aquele que não vê motivos para crer dá uma resposta negativa.

E como a matéria desta comunicação é formada por afirmações concernentes a Deus, do passado e do mundo futuro não podemos deixar de defini-la fé como um assentimento intelectual.

Na medida em que implica juízos formulados pelo intelecto. Seja quanto os fundamentos histórico/proféticos da fé ou quanto ao conteúdo da própria fé, pelo simples fato da fé corresponder a uma demanda pelo conhecimento ou por um tipo de conhecimento, que se exprime sempre de modo racional e inteligível.

Assim a credibilidade do Revelador Jesus Cristo.

Não é o conteúdo da fé Católica que examinamos e julgamos mas a autoridade de seu 'fiador' Jesus Cristo.

Crer é admitir ou acolher aquilo que Deus, o Deus Encarnado, certifica a respeito de si mesmo, da destinação final dos seres humanos e da vida espiritual. Crer é recebe o testemunho que Deus nos dá a respeito de si mesmo, de nossa condição mortal e do além túmulo.

Assim aquele que crê não crê porque crê, mas porque julga ter motivos plausíveis para faze-lo.

Aceita a fé da Igreja porque chegou a conclusão de que a personalidade de Jesus Cristo é real, relevante e enigmática. Crê compelido pela figura de Jesus Cristo, por ter concluído que ele é bem mais que um mero homem. Por admitir que quando Jesus Cristo fala sobre Deus fala com propriedade ou por experiência. Por ser compelido por vaticínios, profecias ou oráculos inexplicáveis do ponto de vista da natureza, mesmo em termos parapsicológicos.

Agora qual é o objeto desta fé?

Aquilo que não se vê. 

Assim o que é oculto, invisível, imaterial, espiritual e não o que é terreno, físico, material, visível, manifesto, natural, PRESENTE...

Assim Física, Química, Biologia, História, Geografia, Psicologia, Sociologia, Filosofia e tudo quanto possa ser apreendido pela natureza em termos de percepção ou demonstração racional não faz parte do conteúdo da fé. A fé Ortodoxa não diretamente totalitária e sufocante como o fundamentalismo, seja ele Bíblico ou corânico; assume seus limites e não invade os terrenos da Ciência e da Filosofia.
Assim a existência de Deus, sendo racionalmente demonstrável ou dedutível pertence a Filosofia e não a religião Cristã. A metafísica e não a fé. A teodicéia e não a teologia.

Eis porque é absolutamente impossível que a fé Cristã - ao contrário da fé judaica - conflite com a ciência. DIGO E REPITO ISTO PORQUE DEVEMOS FIXA-LO MUITO BEM, sob pena de sermos enganados pelos sectários e pelos falsos profetas.

Agora por que a nossa fé Ortodoxa não conflita com a Ciência???


Não pode com ela conflitar porque seu terreno não é o da natureza física e porque não diz respeito a criação do mundo, a forma da terra, a origem dos seres humanos, a organização social, etc Os fariseus, escribas e rabinos dogmatizaram a respeito de tudo isto, fundamentando-se em mitos e fábulas tomados aos pagãos antigos pagãos; não o Cristo, o qual jamais apresentou-se como professor de Filosofia, Sociologia, Psicologia, Física, Química, Biologia, etc e que jamais abordou tais temas e sua pregação, tendo concentrando seus discursos em torno das coisas que não podiam nem podem ser vistas ou apreendidas pelos sentidos.

Assim sendo não pode o Criacionismo fazer parte de nossa fé Santa e Católica. Após o surgimento do padrão científico de pensamento não se justifica que qualquer religião pretenda explicar como a terra veio a existir. É algo inútil, excusado... Fiquem com ele os sectários e judaizantes. Satisfaçam-se os filhos da Igreja com as lições do Evangelho e assim com os mistérios legitimamente Cristãos e invisíveis da Trindade, das Naturezas do Cristo, dos Sacramentos, da Eucarística, da Ressurreição dos mortos, da vida eterna...

Afinal apenas o que não pode ser conhecido ou o que não é acessível pode ser propriamente revelado, suprindo a divina Revelação nossa ignorância invencível.

Revelar ou tornar manifesto aquilo que esta no acesso dos sentidos ou da razão seria trabalho ocioso da parte de Deus.

Resta-nos insistir sobre a aquisição da certeza a respeito do quanto não vemos ou do quanto não pode ser naturalmente demonstrável, no sentido de não dever ser compreendida em termos de irracionalidade. Inacesecibilidade sim, até que nos submetamos a autoridade de Jesus Cristo. Contradição de termos não.

De modo que cada um dos artigos de fé ou dogmas divinamente relevados faz sentido, podendo ser racionalmente compreendido e em certo sentido esgotado. A única ressalva a ser feita diz respeito ao Mistério inefável da Santíssima e Excelsa Trindade quanto a seu aspecto dinâmico/operatório. Não sabemos como três pessoas possam fruir da mesma essência sem que seja por critério de partição, isto porque a existência divina é tanto mais complexa que a nossa e não temos condições para abarcar um tal tipo de conhecimento. Caso pudéssemos esgotar a compreensão da Trindade seríamos divinos, na medida em que isto implica ilimitação e somos limitados.

Devemos no entanto compreender este Mistério como uma exceção a regra e não como regra geral. Embora outros adicionem o Mistério da Encarnação e o mistério da Trindade como os três grandes mistérios do Cristianismo. Claro que nenhum deles implica contradição ou impossibilidade embora levantem sérios questionamentos no plano da dinâmica/operatória. Como pode Deus concentrar-se num homem situado num local? Como pode a divindade concentrar-se nos elementos do pão e do vinho situados sobre o altar???

Certamente não sabemos como viabilizar ou executar tais mistérios porque não somos deuses ou divinos. Apenas Deus e Deus somente sabe como são exequíveis. O que não significa que haja qualquer contradição interna na formulação do conceito.

Quanto aos demais dogmas podemos e devemos afirmar que podem ser esgotados pela reflexão teológica e explicados a luz da razão.

Do contrário o apóstolo não teria declarado: "FORNECEI AQUELES QUE O SOLICITAREM AS RAZÕES DA VOSSA BOA ESPERANÇA."

Assim a fé que professamos ou exercemos, já por estar fundamentada em evidências, como as profecias, já por poder ser racionalmente explicitada, não é cega como as outras 'fés' mas acessível a exposição racional até a mais completa sistematização em termos de organicidade. Um dos aspectos mais refinados da fé Católica Ortodoxa consiste em que seus elementos ou dogmas estão ligados uns aos outros a ponto de formarem uma estrutura orgânica, em que um termo parte do outro, e se não completando. Essa concordância ou coerência interna é certamente uma das evidências mais fortes apresentadas pela instituição Cristã.

Caso alguém ousasse questionar nossa opção poderíamos responder-lhe de cabeça erguida e sem constrangimento algum alegando que os mistérios da vida do Senhor foram antecipadamente descritos com riqueza de detalhes pela pena profética: "QUEM PODERIA CRER NISTO QUE OUVIMOS, A QUEM FOI REVELADO O BRAÇO DO SENHOR, ETC, ETC, ETC" Is 53,1 sg

Bem como pela pena poética: "a grande série de séculos recomeça.
Já também retorna a Virgem, voltam os reinos de Saturno;
do alto céu já é enviada uma nova geração.
Tu somente, casta Lucina, favorece ao menino que nasce,
sob o qual primeiramente desaparecerá a raça de ferro
e surgirá no mundo inteiro a raça de ouro,"


Vive o justo desta fé ou melhor dizendo esta fé porque abraçando a doutrina da Encarnação do Verbo, não pode deixar de querer viver ele mesmo como viveu o Verbo Jesus Cristo,  e assim de adotar o mesmo regime de vida que seu Mestre adotou, de imitar sua conduta, de assimilar seus exemplos, de reproduzir seu comportamento até converter-se numa cópia sua ou num outro Jesus.

Acaso não decretou ele: "Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito."???

Portanto criatura alguma ouse declarar que tal meta é impossível, pois equivaleria apresentar Jesus Cristo como mentiroso ou embusteiro.
Será o Cristão uma extensão viva de seu Mestre e Senhor Jesus Cristo - seu proto tipo e modelo - ou não será! Não será Cristão! Viverá como Filho de Deus ou será filho da maldade, e não Cristão. Distinguir-se-a pelos frutos ou pelas obras; ou não será Cristão. Será Cristão por seus atos e por sua vivência, ou não o será. Pois o Cristianismo não é uma simples teoria que se professa com os lábios... enquanto o coração vai por outros caminhos e as obras permanecem sendo as mesmas.

Metanoia ou conversão significa mudança ou ruptura; assim a adoção de um novo padrão de vida.

E onde está nosso padrão de vida ou nosso critério ético???
 
No Evangelho, no Sermão do monte, no código das bem aventuranças, no vigésimo quinto capítulo de S Mateus. Tudo isto constitui uma Lei a ser escrupulosamente observada. E não um chiste ou uma brincadeira. O Evangelho é compromisso ou nada é...
Ser Cristão em termos Ortodoxos é ser antes de tudo um outro cristo, o qual na Unidade de seu Mestre é capacitado para vencer o mal e triunfar do pecado. É um modo de vida divino, pois o Cristo na Unidade do Pai e do Espírito Santo vem viver em nós - Viremos até ele e nele faremos morada. Ora o Deus Santo não pode habitar no homem e promover obras más e pecados, por isso que sua amizade, sua graça e seu dom é capacitante i é apto para manter-nos santos e para tornar-nos vitoriosos e triunfantes face ao pecado e a tentação.

Em todas as coisas é o Cristão, pela graça divina, um ser interiormente reformado, plenamente redimido, verdadeiramente bem sucedido e consolidado na virtude. Tendo em vista viver conforme o plano divino, observando a lei eterna da consciência e frutificando em boas obras.

SEDE SANTOS COMO EU MESMO SOU SANTO  é seu mandamento supremo. Como eu venci o mundo vós assim vencereis... assim para aquele que crê seus mandamentos não são difíceis...

Já quanto aqueles que ignoram a divina revelação esta disposto: "... Creia primeiro que ele - Deus - existe e que recompensa aqueles que o procuram." Hb 11,6 Professando o teísmo e a imortalidade da alma.

O tolo: Diz em seu coração: Não há Deus. Sl 13,1 embora com a boca possa mencionar repetidamente seu nome e afetar religiosidade. Assim, o verdadeiro ateísmo não é o ateísmo externo, teórico ou expresso por meio de fórmulas e palavras mas o ateísmo de interno, prático, de coração e afirmado por meio de obras más!!! Quantos e quantos ateus não se utilizam de um disfarce religioso com o objetivo de massacrar e oprimir a criatura viva???

Por isso esta escrito: "Esse povo vem a mim com palavras apenas e me honra somente com os lábios, enquanto seu coração está distante de mim." Is 29,13

Assim autêntico ateísmo - do coração - e a legítima incredulidade encontram-se amiúde associados a hipocrisia, ao farisaísmo, a falsa religião, ao sectarismo e ao fanatismo, arrogância, a desumanidade... Usa e abusa da religião ou de sua aparência. Porque certamente faz muito pouco caso dela. E dela faz meio com que intimidar, atemorizar e dominar o outro...

Tanto mais o místico exaltado fala em Deus e tanto menos vive de Deus ou como Deus ordenou, exercendo a fraternidade. Tanto mais discursa pomposamente sobre Deus e tanto menos ama concretamente as criaturas ou os filhos de Deus. Tanto mais alega estar unido a Deus de modo mais intenso, e tanto mais se mostra insensível face a injustiça, a miséria, a maldade e os grandes pecados que assolam a pobre humanidade...

Daí ter o evangelista observado: "Como pode aquele que não ama ao irmão a que vê, amar ao Deus que não vê?"

Não, não pode - É tudo aparência, ilusão e vaidade.

Logo seu tão decantado amor a Deus não passa de puro fingimento.

Tal a religião puramente teórica, das aparências, fruto da incredulidade e do ateísmo associado ao interesse.

Outros porém não vivem citando repetidamente o Nome a propósito de qualquer coisa, passando inclusive - Em especial diante das das massas - por ateus, materialistas e incrédulos. Cumprem entretanto seus deveres, não acometem a quem quer que seja, sacrificam-se por um ideal de justiça e até imolam-se pelo bem estar da humanidade. Estes são representados por aquele filho que disse ao Pai: Não eu não vou, e foi. Por meio do discurso negou, mas, por meio das ações ou das obras afirmou a existência de Deus. Acaso não disse o Salvador: SOIS SEGUIDORES MEUS DE FAZEIS O QUE EU DOS MANDO E O QUE EU VOS MANDO É QUE DOS AMEIS UNS AOS OUTROS???
Por este critério concreto, externo, prático, ético... conhecemos o homem verdadeiramente religioso, devoto e ligado espiritualmente a Jesus Cristo por vínculos espirituais e indissolúveis. PELOS FRUTOS OS CONHECEREIS - POIS A ÁRVORE BOA NÃO PODE PRODUZIR MAUS FRUTOS E TAMPOUCO A ÁRVORE MÁ BONS FRUTOS, PELOS FRUTOS OS CONHECEREIS.


Logo se promovem o bem e a virtude é porque há neles um sentido de Deus, ainda que oculto nos recônditos do coração, nos recessos mais profundos a alma ou nos meandros do subconsciente. Se amam o bem e buscam po-lo em prática é porque Deus esta neles, pois adiantou-se Deus aos mortais pelo mistério da Encarnação, assumindo todos os homens de boa vontade. Quando for erguido sobre o madeiro atrairei todos a mim, disse aquele que jamais se engana, o Infalível, o Clarividente!

Nem é necessário que a Deus conheçam para que sejam conhecidos por ele, pois maior é Deus e mais ampla sua graça! Ampla a ponto de ultrapassar as fronteiras de nossa santa mãe a Igreja e de precipitar-se sobre todos os mortais qual fosse um novo dilúvio, um dilúvio de amor e bondade!

Assim se não estão na posse da fé, da verdade e do conhecimento teórico foram incorporados previamente pela graça divina cujas riquezas são infinitas, amplas e profundas, a ponto de mortal algum ser capaz de aquilata-las! Mesmo que não exerçam externamente, como nós, a virtude da religião ou que não vivam discursando teoricamente sobre Deus não deixam de ser servos deste Deus munificente e pleno de misericórdia.


De fato CRER SOMENTE - al Murjya - não serve para nada, segundo a palavra do próprio Redentor: "NÃO É QUEM DIZ SENHOR, SENHOR QUE ENTRARÁ NO REINO DOS CÉUS, MAS QUEM PÕE EM PRÁTICA A VONTADE DE MEU PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS." Mt 7,21

Aquele que afirma crer e não vive conforme a crença que professa lançou fundamentos na areia e seu fundamento será arruinado. Mt 7,27

Concluímos que: "A FÉ SEM OBRAS É MORTA EM SÍ MESMA, TAL E QUAL UM CORPO SEM ALMA." Tg 2,26 e que a ninguém beneficia.

É fé de corpo sem alma, fé cadavérica e de cadáver posto para a corrupção...

Posto que até mesmo os demônios creem e tremem. Tg 2,19. Sem que por isso sejam reconciliados.

Acaso o Beatíssimo Paulo não escreveu: "TRÊS SÃO AS VIRTUDES, PORÉM A MAIOR É A CARIDADE."??? I Cor 13,13 Assim nossa fé é vivificada pela Caridade e sustentada pela Esperança e sem elas, separada ou isolada, não se mantém.

Tal a "Que opera pela caridade."

E porfia frutificar em boas obras. Para que ao contrário da árvore má, que não produz fruto algum, não seja lançada a fornalha ardente.

Mesmo porque o Cristão não recebeu o talento da graça divina para mante-lo enterrado no chão, sem rendimento algum, estéril.  Mas para faze-lo render e multiplica-lo através da boa vontade. Convertendo tais talentos em boas obras ou em atos de virtude. Do contrário o talento lhe será retirado e dado ao que fez a quantia render mais...

Jesus é de fato um Salvador, mas apenas daqueles que o honram e obedecem pois estes são salvos da maldade e dos pecados. Não é nossos Jesus, Salvado de rebeldes, sediciosos, desobedientes e obstinados que permanecem em seus pecados e pecam sucessivamente, pois - TODO AQUELE QUE PECA PERTENCE AO MALIGNO. Manifestou-se o Senhor, como declara S Mateus, para salvar os homens DE seus pecados, tornando-os santos e impecáveis, e não para salva-los EM seus pecados, crimes e maldades. ASSIM MANIFESTOU-SE ELE PARA DESTRUIR AS OBRAS DO MALIGNO não para compactuar com elas.

A redenção Cristã só pode ser concebida em termos éticos enquanto remoção do pecado e extinção do mal pela correção da vontade. 


Pois a fé sincera, o amor filial e o temor reverente exprimem-se necessariamente pela obediência, daí o apóstolo: Quem ama observe seus mandamentos.

Portanto ter fé não basta, não é suficiente...

Portanto ter fé somente e apenas fé não nos fará agradar a Deus.

Portanto crer somente não te salvará nem te beneficiara, oh homem Cristão!!!

E não pela profissão de fé apenas que ganhamos o Cristo e atingimos sua unidade mas pela prática.

É necessário aceitar o Mestre Jesus com o coração ou o fundo da alma, com a integralidade do ser para que sejamos salvos com toda nossa casa. É necessário aceita-lo totalmente e não apenas parcialmente i é, como Salvador. É necessário da mesma forma, ter Jesus Cristo por MESTRE que revela a verdade e acima de tudo como LEGISLADOR que disciplina o comportamento e a vontade.

Mas minha fé é exata, pura, imaculada, Ortodoxa...

Continua sendo apenas uma fé e mera se não há obras, se não há vida, se não há prática. Aqui a fé Católica e Santa não se distingue da Luterana ou da Calvinista, exceto se há vivência!

Aqui qualquer distinção entre heresia e ortodoxia não faz a mínima diferença se faltam as obras. Alias tanto pior para o Ortodoxo de fancaria uma vez que a necessidade das obras é apresentada como dogma de fé pela igreja Ortodoxa. SOMOS SINERGISTAS já dizia São Clemente de Alexandria no século II. Logo, se ele sabe o que deve fazer e não faz, sua condição pior do que a dos heréticos!

Daí a necessidade, categórica ou imperativa de completarmos nossa ORTODOXIA pela ORTOPRAXIA. É isto completar na carne o que falta a paixão do Senhor. Sendo extensão sua e receptáculo seu pela imitação.

Ortodoxia é coisa a ser vivida e não somente professada com a boca.

Assim se sabes o Credo, se sabes a fé, se conheces a doutrina; saiba também e acima de tudo, viver e regular a vida pelo Santo Evangelho.

Imagina teu destino espiritual sob a forma de um barco. Para que qualquer barco possa mover-se são necessários sempre dois remos: O remo da doutrina ou da fé, o remo da caridade ou da virtude, o remo da graça e o remo da boa vontade. Caso falte um destes remos não poderá teu barco sair do lugar.

Do mesmo modo como nosso Deus é Deus Encarnado no mundo material nossa fé deve ser fé encarnada nas obras e presente neste mundo material. Deve fazer a diferença e transforma-lo e algo melhor.

É esta fé viva apenas que aproxima o homem do Senhor Cristo e torna-os amigos um do outro.

Pela caridade torna-se o homem amigo do Deus Todo poderoso.

Pelo amor passa a viver em Deus e Deus nele, adquirindo a vida eterna!

O Símbolo cantado em grego na sínaxe:
http://www.youtube.com/watch?v=jbOJNHrhPbE


SABER NO QUE CRER!!!



Como no entanto saber em que crer?

Como ter acesso a plenitude da verdade?

Como conhecer o conteúdo da fé?


Como estar em posse da exatidão doutrinal?

Como ser um dos bem orientados?


Primeiramente depositando nossa fé sobre aquele que sendo Deus verdadeiro tornou-se verdadeiro homem, tal a pedra angular de nossa doutrina.

SÓ UM DESCEU DOS CÉUS, O FILHO DO HOMEM QUE ESTA NOS CÉUS!!!

O quanto ouviu de seu Pai isto ele no-lo revelou.

Assim a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 


É por Deus mesmo, sem intermediários ou atravessadores, que devemos ser informados a respeito de Deus. Claro que 'a posteriori' podem existir atravessadores ou representantes de Deus, o princípio ou a iniciativa no entanto deve partir de Deus.

Os judeus tem Moisés o qual não passava de um homem, e assim de um intermediário falível. Os maometanos tem Maomé outro homem não menos falível. Era Moisés servo da casa, Jesus posto acima da casa, arquiteto da casa e Deus. Heb 3,3sg É Deus que fala sobre Deus através de sua humanidade.


Por ele - Moisés - foi dada a Lei, o Decálogo. Não a graça e tampouco a verdade...

Nós Católicos e atanasianos ou nicenos temos a Jesus Cristo o qual além de homem verdadeiro é Deus Perfeito e nosso Criador.

Portanto não recebemos nossa doutrina de um mero homem, de um simples mortal, de uma criatura ordinária, mas de Deus mesmo, o qual auto comunicou-se a nós pelo Mistério da Encarnação.

No entanto, sabendo que este mesmo Jesus regressou corporalmente ao mundo espiritual donde veio - Tomando assento a mão direita do Pai e tornando a ser envolvido pela glória de que havia abdicado - como haveremos de ter acesso a ele?

Lendo seu Evangelho, o Evangelho escrito?

De fato coisa excelente é ler os Santos Evangelhos. Que pensar no entanto a respeito daqueles que desde sua manifestação até estes nossos dias não haviam aprendido a ler ou que não tinham dinheiro para comprar um manuscrito? Que pensar sobre as culturas pré letradas? Deveríamos adotar o gradualismo/etapismo dos marxistas ortodoxos e antes de evangelizar as nações alfabetiza-las??? De fato os sectários protestantes chegaram a conceber semelhante monstruosidade... Não a Igreja antiga.

Dificultaria Jesus de tal modo a salvação deles? Acaso o Evangelho não foi feito para todos???

Certamente. Pois a vontade de Deus É que todos os homens sejam salvos pelo conhecimento da verdade plena.

Neste caso que veículo adotou ou adotaria com o objetivo de facilitar o conhecimento da boa doutrina?

É coisa que por sinal podemos achar - lendo ou ouvindo - no próprio Evangelho.

QUEM RECEBE UM LEGATÁRIO DE DEUS É COMO SE A DEUS TIVESSE RECEBIDO e noutro passo Quem vos escuta a mim escuta, quem vos despreza a mim despreza!

E ainda: Não fostes vós que me elegestes eu vos elegi. 

E por fim: IDE E ENSINAI OS POVOS A CREREM EM TUDO QUANTO EU VOS ENSINEI!!!

Percebeis como optou não por um livro ou por qualquer leitura mas por um elemento vivo, no caso a pregação ou o anúncio oral? Enfim por seres humanos aos quais comissionou e aos quais concedeu autoridade?

Daí ser a igreja cognominada antes de tudo APOSTÓLICA, não bíblica ou literária, ou livresca, mas apostólica.

Segundo lemos no santo Evangelho achegamo-nos do Verbo Encarnado Jesus Cristo aproximando-nos dos apóstolos, ou seja, dos vigários, dos emissários, dos arautos, dos comendadores que ele mesmo escolheu, instruiu, santificou, abençoou e enviou em seu nome. NADA MAIS CRISTÃO, NADA MAIS EVANGÉLICO!!!
Estarás tu certo disto?

Tão certo quando cônscio de que o primeiro Evangelho, o de S Marcos, só veio a ser escrito por volta do ano 45 desta Era, i é, mais de uma década após a fundação da Igreja, a qual passou dez anos sem que houvesse Evangelho ou Novo Testamento escrito. Agora se a existência de um Novo testamento escrito é absolutamente necessária, como dizem os protestantes, e se tudo é Bíblia e apenas Bíblia, como pode ter existido igreja por dez anos sem que houvesse Evangelho Escrito ou Igreja antes do Novo Testamento?

Aqui, meu querido Ortodoxo, nosso amigo protestante cai no ridículo, por observar que já havia antigo testamento escrito... Grande! Grande! Afinal desde quando o antigo testamento é manual ou livro de Doutrina Cristã que dispensa a Revelação e a Manifestação de Jesus Cristo??? Desde quando contém ele todos os elementos da Revelação Cristã??? Desde quando contém todos os nossos Dogmas como a Trindade Excelsa ou a Comunicação de bens??? Onde topamos com a Eucaristia ou o Batismo no antigo testamento??? Onde damos com o Pai Nosso no antigo testamento??? Onde encontramos o Sermão do Monte ou ao menos as Bem aventuranças em suas páginas???

Dirá 'meu' pastor que tudo isto é acessório ou supérfluo... Neste caso não estamos de acordo sobre o que seja Cristianismo...

Claro que a Instituição Cristã em termos de algo Escrito demanda por uma Escritura Cristã, ou pelo Evangelho, pelas palavras de Cristo! E que por dez anos, a falta delas, houve um anúncio oral deste Evangelho, o qual era suficiente, como ainda o é. Mesmo que Diocleciano tivesse logrado queimar e destruir todos os exemplares do Novo Testamento a Igreja ou o Cristianismo não deixariam de existir. Seria um duro golpe, uma desgraça, mas a igreja sobreviveria pela sucessão apostólica e pela pregação. Porque a instituição divina foi firmada sobre ela...
Ide e ensinai as nações...


Eis o caminho - Eis o caminho fixado. O padrão apostólico!

Mas eu não aceito o padrão apostólico, não admito intermediários entre mim e Jesus, quero aproximar-me de Jesus sozinho, quero tomar outro caminho... prefiro examinar as escrituras e extrair 'meus' dogmas ou o que creio ser a verdade.

Caso você esteja mesmo disposto a discutir, a debater ou a altercar com Jesus Cristo não sou eu quem irá impedi-lo. Caso deseje resistir e obstinar-se face a autoridade do Mestre não sou eu quem irá proibi-lo.
Julgo porém que aqueles que teem este Jesus em conta de divino devam conformar-se com o que ele determinou, ensinou, decretou, escolheu; tomando o caminho indicado por ele. Afinal não podemos honorifica-lo discordando dele ou supondo que estivesse equivocado. É nosso dever supor que Jesus sempre procedeu da melhor maneira possível e que tomou decisões absolutamente perfeitas, as quais nos devemos submeter com toda reverência.


É como se nosso Pai ou nossa Mãe recomendassem que tomássemos uma tal direção e tomássemos a oposta. Estaríamos neste caso exercendo a obediência? Claro que não... Assim obedecemos e honramos a Jesus quando nos conformamos de fato com os instrumentais ou veículos que ele escolheu com o objetivo de comunicar a sua santa doutrina e este veiculo,. no caso, é a pregação apostólica ou o anúncio oral (Não escrito) feio pelos apóstolos em seu nome.

Penso que não seríamos corteses ou educados ao repudiar aqueles que ele enviou e demandar por um registro escrito subordinado a nossa apreciação individual e subjetiva. Creio que nada disto é muito reverente... Temos de ser honestos, conformar-se com a simplicidade do Evangelho implica excluir o Biblismo ou o livre exame... Pois durante dez longos anos não houve mensagem Cristã escrita e o Novo Testamento só se completou meio século depois, cerca do ano 85 d C, quando foram feitos os esboços do quarto Evangelho. Por mais de sessenta anos não houve uma Bíblia Cristã completa e tampouco um Cânon Cristão de registros inspirados, imperando relativa confusão.


Acontece, dirás tu, que os apóstolos, sendo mortais, também foram recolhidos e já não se acham mais entre nós!

Todavia, orientados pelo Supremo Ajudador, os apóstolos não deixaram de escolher sucessores para si mesmos e determinaram que fossem reconhecidos como Bispos por cada congregação, após terem sido cuidadosamente instruídos.

Eis porque Simeão, Lúcio e Manaém após terem jejuado e rezado impuseram as mãos sobre Paulo e Barnabé antes de envia-los. É possível que algum insensato questione sobre o porque de Paulo não ter sido ordenado por um grande apóstolo como João ou Tiago ou ainda Pedro. Acaso ele não havia sido enviado a Ananias para ser curado, ao invés de ter sido enviado a um super apóstolo?

Alias o próprio Paulo refere a respeito de Timóteo:

"Não descuides do dom e da graça que em ti existem e que te foram concedidos... pela imposição das mãos do presbítero." I Tm 4,14 


Tais os presbíteros, apresentados por Paulo como guardiães suscitados pelo Espírito Santo. Atos 20,17 e 28.

A seu tempo cada Bispo ao morrer teve outro homem sábio e perito na tradição posto em seu lugar, sucessivamente, até os dias de hoje... Geração após geração perpetuou-se o mistério da fé e foi mantida a santa doutrina, como que por elos de uma mesma cadeia. Que nos leva e conduz até Jesus Cristo Encarnado, Sacramento de nossa reconciliação.

"O que de mim ouvistes diante das testemunhas comunica-o a homens fiéis e idôneos de modo que possam instruir a outros." II Tm 2,2

Fixem o pensamento nisto - Paulo não determinou a seus colaboradores que distribuíssem Bíblias ou folhetos para que fossem lidos, examinados ou interpretados pelos fiéis; mas que fossem constituídos HOMENS idôneos e empossados com o intuito de instruir a todos conforme a pregação oral (o que tinham ouvido) ou a tradição. TAL O MÉTODO FIXADO PELO DIVINO MESTRE!
Afinal o ofício de ensinar as nações e batizar as criaturas não devia prolongar-se por séculos a fio???

Assim o ofício dos mestres e batizadores, ou seja, dos apóstolos; os quais deveriam, necessariamente, constituir sucessores para si, lançando fundamentos ao episcopado.

Destarte é Cristo mesmo que fala por intermédio dos legítimos sucessores dos apóstolos e que continua ensinando as nações e povos da terra, como se aqui estivesse, visivelmente até a consumação dos séculos e sem interrupção. É Cristo mesmo que continua vivo no corpo da Igreja que fundou e que se prolonga através dela, a ponto de apresenta-la como esposa imaculada e sem ruga! Esteio e coluna da verdade. dirá S Paulo a respeito dela.

Dos Bispos aos apóstolos, dos apóstolos ao Cristo e do Cristo ao Pai. Porque os Bispos são sucessores dos apóstolos, os apóstolos legatários do Cristo e o Cristo manifestação do Pai neste mundo. É o que diz Clemente romano.

Quando todos os Bispos Ortodoxos estão de acordo (idjima) a respeito de determinado ponto de doutrina - Como a presença real do Senhor no Sacramento, a Virgindade perpétua de Maria ou a comunhão dos Santos - devemos receber este ponto de doutrina como se procedesse dos lábios do próprio Mestre e aprecia-lo com ternura filial. Quanto ao mais, tome-se a regra de Agostinho: Unidade quanto ao que é essencial, liberdade quanto ao que não é essencial e caridade em todas as coisas. 

Para tornar ainda mais claro este acordo e salientar esta unidade face ao mundo os Santos Bispos, Mestres e doutores, desde o segundo século desta Era, congregaram-se em sínodos regionais e depois em concílios gerais ou ecumênicos onde elaboraram listas ou elencos (AMANAs) contendo parte das doutrinas uniformemente recebidas por todos em todos os lugares (Cf S Vicente de Lerins 'Commonitorium'). Essas listas constituem um dos 'lugares comuns' ou testemunhos a respeito da fé Ortodoxa e Católica que todos os Cristãos devem professar, como penhor daquela unidade solicitada e conquistada pelo Redentor - Que eles sejam um, como eu e tu, oh Pai, somos um... Conserva-os na unidade e torna-os perfeitos nela. Nem poderia o Reino de Cristo ser um Reino dividido em inúmeros reinos e perecível.

Assim as teologumenas ou conclusões teológicas a respeito da fé, por mais antigas e veneráveis que sejam não pertencem ao depósito imutável da fé.

Grande parte dos Ortodoxos aceita a doutrina da assunção da Virgem aos céus ou da dormição. Nem por isso constitui a assunção elemento da fé. Havendo quem ainda hoje a opine com Usuardo que o corpo da Mãe de Deus se ache incorrupto, mas sepultado (Ortodoxo algum admite que o Corpo da Mãe de Deus se tenha corrompido ou convertido em pasto de vermes) e esta opinião é autorizada, e Cristão algum pode ser molestado por professa-la. Assim o uso de ázimos pelos latinos é um costume deles, o qual devemos nós respeitar, tomando por norma e regra a sentença de Ambrósio: Cada um se subordine aos costumes peculiares a igreja em que se encontre. Um costume legítimo também deve remeter a antiguidade, do contrário será tido em conta de novidade profana, como o corte da barba pelos latinos i é pelos clérigos e monges. Mas ainda aqui, com caridade, devemos levar em conta a força da cultura.

Importa saber ainda que - Ao contrário do que dizem os protestantes e os neo católicos - os Concílios Ecumênicos, de modo geral, não produzem ou criam qualquer doutrina. Já o dissemos e agora como bom professor, repeti-mo-lo.

Antes limitam-se a reconhecer solene e publicamente aquilo que sempre foi crido por todos em todos os lugares. É profissão externa e pública de fé, não uma invenção ou alteração. Por isso a Igreja bem pode passar sem Concílios - e sem patriarcas. São úteis, mas não necessários.

O primeiro concílio ecumênico congregou 318 Bispos no ano 325 desta Era e explicitou formalmente - Face as exigências do Império Bizantino - a doutrina da Divindade de Cristo, contestada pelos judaizantes, canonizando o termo Consubstancial ou da mesma substância com o intuído de expressar da melhor maneira possível o estado de igualdade existente entre as pessoas da Trindade Santíssima.

Em 381 cerca de 150 Bispos, congregados em Constantinopla, explicitaram formalmente a fé da Igreja na divindade do Espírito Santo, infirmada pelo patriarca Macedônio.

Cerca de cinquenta anos depois Cirilo congregou cerca de 250 bispos na grande Metrópole de Éfeso, contra alguns inovadores que repudiavam a comunicação de bens entre as categorias. Ele fez prevalecer a doutrina antiga; mas recorrendo a artimanhas e sacrificando a caridade. Seja como for a Ortodoxia não pode negar comunhão de bens como parte essencial da divina Revelação.

Vinte anos depois, sob Marciano César; Anatolio, Juliano e Sabino lideraram o grande Concílio de Calcedônia, cujo objetivo foi condenar publicamente as blasfêmias do monge louco Eutiques (E por extensão do petulante Juliano de Halicarnasso, chefe dos aftardocetas). Este sínodo congregou cerca de 630 doutores os quais confessaram a perfeita humanidade do Senhor Jesus Cristo e a distinção entre as categorias.

Em 681, 174 Bispos presididos por Girgis congregaram-se em Constantinopla para afirmar solenemente, contra os monotelitas, a doutrina das duas vontades de Cristo.

Por fim em 787 Tarasios, o grande, congregou 350 doutores e Mestres uma segunda vez em Niceia que é a Edirna dos turcos. Este Concílio geral explicitou formalmente a fé da Igreja Cristã nos Iquna ou Icones, que são as representações do Senhor Jesus Cristo, de sua mãe e dos apóstolos e que patenteiam a doutrina da Encarnação do Verbo. Esta decisão foi tão importante para a Cristandade antiga que sua data passou a ser comemorada como a festa da Ortodoxia. Todavia os Cristãos já empregavam representações, mosaicos e pinturas nas Catacumbas desde o século I e com toda naturalidade.

Sobre o valor ou merecimento de cada um deles, os participantes poderiam ter empregado as palavras dos próprios apóstolos: "A NÓS NO ESPIRITO SANTO APROUVE DECRETAR." 

De nossa parte empregados as do teóforo Ambrósio: Nem o exílio nem a espada poderão apartar-me do Concílio niceno.
E de nenhum dos supracitados concílios.





Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, Augusta, Excelsa e Santíssima Trindade!





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