segunda-feira, 11 de março de 2013
XXXIX - Aspectos da vida de Jesus > a política
Antes de entrarmos no mérito do que Jesus disse ou não disse a respeito da vida política, convem definir que seja 'política'.
Segundo Aristoteles ser político implica tomar parte da administração da cidade ou da coisa pública (res publica); algo bem próximo de nosso conceito de cidadania. Tecnicamente a política diz respeito a posse e exercício do poder.
Durante o tempo anterior aos gregos, o padrão predominante nas antigas civilizações orientais era a monarquia absoluta ou divina. A qual para os pensadores de Atenas ou Mileto não constituia exercício político mas apenas e tão somente servidão abjeta.
Seja como for nem mesmo os gregos lograram separar perfeitamente a esfera política da esfera religiosa. As quais por isto mesmo confundiam-se. Eis porque Alexandre faz-se adorar como deus, Julio César exerce o supremo pontificado e Augusto institui a mestra das Virgens vestais...
Na Judéia do mesmo modo dos asmoneus detem simultaneamente o poder espiritual e temporal.
Lastimavelmente o apóstolo Paulo jamais logrou transcender a este esquema confusionista.
Asseverando, como aprendera junto a Gamaliel; mestre dos fariseus, que o detentor do poder civil ou temporal era uma espécie de oficial escolhido e constituido pela divindade.
Os déspotas, tiranos, ditadores e condutores de povos, agradeceram; e o padrão mais avançado de sociedade Cristã; sublime sobre quase todos os aspectos, teve de pagar tributo a monarquia dos Basileus.
Bem pudera ter Bizâncio adotado a policracia... Paulo no entanto havia sacralizado as formas do poder.
Paulo sim mas não Jesus.
Pois ao contrário de Paulo, que era humano e falivel; fariseu filho de fariseu; Jesus o divino Jesus; nosso homem póstero e para além de seu tempo, estabeleceu com prioridade absoluta a distinção existente entre as duas esferas, religiosa e política, ao dizer:
"A Deus o que é de Deus e a César o que é de César."
Implica isto dizer: nem o divino, o religioso ou o sacerdotal; exerce e usurpa o poder de César; nem César é divino.
Assim o controle do poder político não pertence a Deus ou a Igreja; nem o controle da espiritualidade ou da religião pertence ao Estado. Ocupando cada um a esfera que lhe é própria: a religião cuidando de Deus e do além túmulo e o Estado das coisas ou melhor das necessidades que são comuns como habitação, trabalho, direito, educação, saúde, etc
A raiz do moderno secularismo no que possui de legítimo é sagrada pois esta fincada no terreno do Evangelho correspondendo a um mandamento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Convém agora examinar brevemente o regime político que foi imposto a Igreja por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Primeiramente devemos convir que se a Igreja, devido a seu elemento divino e transcendente; recebeu forma aristocrática ou episcopal; nem por isto deixou de pagar tributo a policracia.
Destarte verificamos que durante o primeiro concilio, de Jerusalem: "Pareceu bem aos antigos, aos apóstolos COM TODA IGREJA." At 15,22
E embora hoje os Bispos Ortodoxos sejam escolhidos por patriarcas; sabemos que no passado os Bispos eram eleitos pela comunidade ou seja por todo povo; após o que eram consagrados por seus pares. Havia portanto um elemento humano na escolha que precedia o elemento divino das ordens sagradas e tal elemento era democrático.
Tais os indicios de que como os antigos gregos estava a mente de Cristo voltada para o dom divino da liberdade.
Marcadores:
A liberdade,
A policracia na Igreja primitiva,
Igreja e estado,
Laicismo,
secularização
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário